terça-feira, 22 de janeiro de 2013

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Várias pessoas, por n vezes, já me perguntaram porque estou sempre sorrindo. Apesar de ser a dedução mais lógica, digo logo: eu não sou bobo. Mesmo diante de todas as adversidades que a vida me proporciona, assim como deve contemplar a todos, procuro enxergar o lado positivo das coisas.

Mas não fui assim sempre. Tive meus anos de feições amarradas e cara de poucos amigos. Sabe onde isso me levou? Isso mesmo. Lugar nenhum!

Aprendi, a duras penas (vale ressaltar), que um sorriso não é o bastante para abrir portas, muito menos derrubar muros. Porém, nos deixa a meio caminho para isso.

Desde pequeno, fui criado dentro dos princípios de uma certa religião. Se não a sigo e porque não a sigo são questões particulares que aos demais cabe apenas especular. Contudo, muitas de minhas crenças hoje ainda são baseadas em alguns desses princípios.

Acredito, e tenho isso como uma filosofia de vida, que tudo acontece por um motivo. O acaso, como alguns gostam de alcunhar o desconhecido, o incomensurável e/ou o incompreensível, nada mais é (numa analogia rasa) como a ponta de um iceberg.

Algumas semanas atrás, quando ainda estava mergulhado num dos turbilhões que me acometeram no último trimestre de 2012, tive uma breve conversa com um dos meus tios mais novos. Criado numa outra religião, ele me disse algo que, apesar de óbvio, eu nunca havia parado para refletir: “se você plantar feijão, não espere um dia colher milho”. Essa frase (percebi isso depois) corrobora minha filosofia de vida que já citei antes: nada acontece por acaso! (parece título de livro de auto-ajuda, eu sei).

Mas, afinal, por que estou fazendo essa (longa) introdução? Não é uma das perguntas mais perspicazes. Entretanto, é o mote deste post e respondê-la é a única forma de explicar satisfatoriamente o título que dei.

Em outubro, às vésperas de completar 32 anos, perdi minha melhor amiga e a maior de todas as paixões que já tive. Dizer que foi traumático e doloroso é clichê. Ninguém em sã consciência está realmente preparado para uma notícia dessas. Depois de 10 noites mal dormidas me questionando sobre minhas decisões de 13 anos atrás, abracei afetuosamente a ajuda profissional que se fez presente. Não entrarei em detalhes do ocorrido porque ainda custo a acreditar. Conformei-me porque sei que nenhum pensamento ou ação tem o poder de revertê-lo.

Entretanto, o processo foi demorado. Durante meu mês de luto, abusei da benevolência de uma pessoa muito especial que reencontrei em 2012. Por razões que fogem de qualquer explanação justificável, não consegui ser totalmente honesto com ela. O fim foi célere e irremediável. O recomeço, sei bem, só depende de mim.

Pois bem, dois meses depois, num evento que poderia facilmente classificar como tragicômico, a casa dos meus pais foi invadida e saqueada. Entre as perdas, meu HD com tudo que acumulei durante minha vida: poemas, fotos, trabalhos da faculdade, rascunhos e esboços de meus 5 livros, filmes entre outras coisas.

Não posso dizer que não fiquei puto com isso. Fiquei sim e muito. Mas logo me perguntei: “Para quê?”. Nutrir raiva e frustração nesses momentos é natural. Entretanto, de que adianta? É triste, claro. Mas a vida segue. Aos poucos vamos retomando as rédeas.

E, quando a idade já se apresentar avançada, tudo não passará de lembranças. Boas ou ruins. Chorosas ou risíveis. Apenas lembranças de dois dias de uma mesma numeração que tiveram seus motivos para acontecer.



H (just smile)