quinta-feira, 26 de maio de 2011

Esse tal "homem moderno"



Os primeiros filetes de luz começam a se embrenhar pelos lençóis. Assumem formas segundo os relevos destoantes da cama. O recinto, aos poucos, vai adquirindo uma tonalidade alaranjada, como se a alvorada estivesse espiando pela janela, porém, sem medo de ser descoberta.


Mas nosso personagem, ali servindo de recheio para esse lanche têxtil, ignora tais fatos. Encontra-se semi-desfalecido, apreciando o sono dos campeões. Afinal, ele se deu muito bem ontem!


O celular vibra sobre o móvel junto a cabeceira. O incômodo que tal som provoca, misturado a preguiça, faz com que ele afunde ainda mais a cabeça no travesseiro. “Logo ele pára”, pensou. Mas o aparelho parecia ter ganhado vida! Não havia outra solução: abriu apenas um dos olhos, medindo bem a distância até seu desafeto. Alcançou-o, num esforço hercúleo, com a mão direita. “Reunião em duas horas”. É, segunda-feira era mesmo um dia amaldiçoado para um “caçador”.


Esticou o braço em direção a outra metade da cama. Gostava quando elas tomavam a iniciativa de saírem de fininho. “Mais uma para a coleção”, refletiu com um sorriso maroto nos lábios.


Enquanto se espreguiçava, já sentado na beirada da cama, o celular foi tragado pelo redemoinho que há poucos instantes era seu aconchego. Piscou as pálpebras várias vezes até se acostumar com a luminosidade do quarto. Viu suas roupas dobradas no braço da poltrona. Ela estava ganhando pontos.. ele tinha certeza que, na noite anterior, as roupas formaram uma trilha pelo corredor até a porta do quarto.. essa merecerá uma ligação. Daqui umas três semanas. Ou mais.


Durante o banho, iniciou o ritual: barba, água não muito quente, sabonete líquido hidratante, shampoo anti-queda e condicionador. Metrossexual?! Não. Apenas gostava de se cuidar, porque era o mínimo que uma mulher moderna exigia para transar logo no primeiro encontro. Ah, e como ele adorava esse tipo!


Percorreu o curto caminho entre o banheiro e o quarto com uma toalha enrolada na cintura (D. Thereza, a sua mãe, costumava levantar cedo e ele não queria ser surpreendido “do jeito que veio ao mundo” por uma senhora de 62 anos!).


Assoviando a marcha de “A ponte do rio Kwai” (coisa que gostava de fazer quando estava alegre), de repente, estancou na porta do quarto. Havia algo errado ali. Aliás, muito errado! Aquele não era seu quarto! Estava tudo muito arrumado: chão e paredes limpíssimos. Cortinas, poltrona?! Seu quarto não tinha nada disso!


Saiu de lá aos berros: “Mãe?! Mãe?! Onde você está? Mãe?!”. Ao chamar a genitora pela última vez, acabara de adentrar a cozinha. E, definitivamente, aquele não era seu apartamento. Ao contrário da sua, aquela era do tamanho de um campo de futebol! Olhou ao redor boquiaberto, porém mantendo a porta em seu campo de visão. Estava temeroso em se perder no meio de tantos utensílios. A sua cozinha tinha, no máximo, uma geladeira e um microondas. Aquela ali, só não tinha mobília. Porque, de resto...


Tentou se lembrar de como havia parado ali, naquele apartamento enorme. Em vão. Num ato automático, e já demonstrando um princípio de descontrole, começou a apalpar seu abdômen, na ânsia de encontrar a marca de uma cicatriz recente. Nessas horas, nada mais o surpreenderia.


Bom, mas já que estava na cozinha, resolver vasculhar atrás de comida. Logo localizou a geladeira. Da porta pendia um pequeno bilhete onde pode ler: “olá estranho. Desculpe não tê-lo acordado, mas tive um vôo logo cedo. Tem pão e frios na geladeira, fique à vontade. Apenas me faça um favor: hoje a minha empregada não vem. Então, você poderia levar o lixo quando sair? Obrigada. P.s.: quase esqueci! Como você havia me pedido, tem dinheiro para o táxi na gaveta da escrivaninha. Deixe seu telefone que ligarei, assim que chegar”.


Modernidade demais, não é, ‘homem moderno’?!




H (uma tentativa de resposta ao desafio desse post)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Tudo ao seu tempo


Vanessa Paradis e Romain Duris


Diferentemente de um dos meus ídolos, não sou um dos mais exímios admiradores do cinema francês. Exceto um Truffaut aqui, um Godard ali, posso contar 3 (talvez até 4) obras cinematográficas de tal escola que tenham me chamado a atenção nos últimos 5 anos.


Ontem, mais como uma desculpa para preencher um tempo vago do que por gosto e/ou curiosidade, resolvi assistir uma de suas produções mais recentes em cartaz por aqui. Uma comédia romântica. Bom, pelo menos tem os seus momentos de risos (mesmo forçados). O texto é tediante e pouco inventivo. Utiliza muitas repetições e até faz uma referência completa a outro filme (que eu acho piegas demais). Não pensem que estou escrevendo isso como se não quisesse (obrigatoriamente) indicá-lo. Não.


Por mais incrível que possa parecer, gostei do filme. E o motivo está relacionado com o título do post. Durante boa parte da minha (já longa) vida, tive essa premissa de que deveria me relacionar (amorosa ou fraternamente) com pessoas que compartilhassem gostos e opiniões semelhantes aos meus. Porém, depois de assistir à cena final desse tal filme (transcrição do diálogo logo abaixo), saí do cinema pensando: qual a graça de passar os seus dias com alguém que é praticamente uma “cópia” sua?! As conversas seriam repetições; os filmes, livros, músicas, programas.. tudo igual! Logo, viria a rotina. (É, eu sei. Uma coisa bem clichê. Preciso refletir mais sobre isso).


O que realmente quero dizer, é que a graça (química, sucesso ou qualquer outro termo de escolha livre) de uma relação (e quem assistir ao filme entenderá isso melhor) não está no excesso de afinidades, mas nas discrepâncias. As experiências destoantes, os rumos diferentes, os gostos distintos. Porém, que de alguma forma, conseguem se completar.


Assistam ao filme, e vocês entenderão. Ou não.. rsrs


Eu detesto queijo Roquefort; Nunca assisti ‘Dirty Dancing’; Acho George Michael uma merda; Sou pobre. Não tenho carro, nem apartamento; Durmo no meu escritório; A única coisa da qual estou certo é que tenho essa necessidade de te ver.. todos os dias”. (Alex Lippi – “Como arrasar um coração”)



terça-feira, 17 de maio de 2011

Momento poesia XLI


Resíduo¹

De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?

Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.

De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.

(Carlos Drummond de Andrade)


H (só para matar um pouco a saudade.. rs)


¹ Poema presente no livro "A rosa do povo", com primeira edição em 1945.


* Imagem retirada daqui

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Erebd - Acróstico último



Eu poderia fazer aqui um pequeno relato introspectivo da minha relação com a poesia: como tudo começou, de onde surgiu a inspiração, quais os escritores que me influenciaram etc. Poderia.. mas não vou. A poesia nasceu em mim por acaso. Surgiu de um anverso do que já existia, completando minha moeda da escrita.


No começo, você se esmera em regras básicas. Independente do formato, luta com a métrica em busca da perfeição. Coisa de principiante, né? Todos aprendemos, cedo ou tarde, que a perfeição é um estado variável, delimitado pelo (s) ponto (s) de vista.


Lê um ou outro autor que está em voga para se inspirar e/ou aprimorar o vocabulário. Consulta dicionário de sinônimos só para pagar de intelectual abastado linguisticamente. A razão chega a se sentir diminuta diante de tantos obstáculos. O porquê do poema morre de asfixia se perguntando “por onde andarão aqueles fins de tarde, quando só era preciso ele, uma folha de papel, um lápis e eu?”


Pois bem, esse é o último acróstico (que postarei) da série “Erebd”. Espero que tenham gostado:




Longo foi o caminhar até ter o vislumbre de tua figura no horizonte,
Omitida em parte pela fina bruma matinal de um feriado heróico.
Norteados pela curiosidade, fizemos de ti moradia e (principalmente) festa,
Dando vazão a desejos e anseios, entoados por risos e cantoria. Logo, fomos
Recebidos de braços abertos, aceitos no teu seio candente de fim de tarde.
Iniciamos a viagem de volta com aquele pesar que jaz sobre os saudosistas:
No pouco tempo de convívio, confidentes nos tornamos, ao ponto de,
Assim, poder dizer em uníssono: Londrina, que saudades sentiremos de ti!




H (guardado com carinho)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Quatro presentes



Presente, tal como qualquer bem durável, logo perde valor. Fica gasto, empueirado, sem sentido.


Mas isso não acontece (nem acontecerá!) com os quatro presentes que recebi ontem: amizade, confiança e carinho. E foram de tantas formas e pessoas que mal tive dedos para contabilizá-los. Serei eternamente grato pelas demonstrações, a distância ou presenciais, de tanto afeto. Como disse a uma amiga, espero ser capaz de retribuí-los sempre, porque é o mínimo que vocês merecem.


E vamos parando por aqui, porque isso está ficando piegas demais.. rs


Peraí! Eu disse QUATRO presentes.. mas só relacionei TRÊS! Então qual é esse quarto presente?! Esse, por ser tão especial quanto a pessoa que me presenteou, segue em separado, aqui embaixo:




Lira dos seus 28 anos


"Quisera eu te dizer
que nem sempre sera com sorrisos que a vida será alegre
Que seu choro nunca é em vão quando se reflete
Ainda que com dissabores,
Celebre
Sinta o limitrofe do maduro e do frescor,
Das amizades saiba que o que mais colhe é o amor
Ouse, quebre e chegue a frente
E ainda que do abismo esteja rente, não pense em voltar
A adrenalina da queda é do piso
Desejo que com beijos doces lhe encaminhem ao riso
Ao lugar que você mais merece
O topo de si mesmo"




H (Te adoro, Peppers!)

terça-feira, 10 de maio de 2011

28


Tentei de várias formas pensar em algo original para escrever nesse dia. Porém, e agora entendo alguns de meus amigos mais pessimistas, chega um certo momento que até mesmo essa data, celebrada tantas e outras tantas vezes de forma especial, perde a graça.

Como já dizia Vinícius de Moraes:

"Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura."

Bom, nem tudo são flores, mas também não precisam ser dissabores. Se pudesse realmente escolher uma maneira única para comemorar tal dia, acho que seria como no vídeo abaixo: entre amigos, fazendo o que mais sei e gosto. Sem pressa ou cobrança. Apenas meus amigos, eu e um violão.



H (no fim da subida)

domingo, 8 de maio de 2011

O código


Transcrição de (parte de uma) conversa telefônica ocorrida em 11 de abril p.p.:

“Alô..”

“Que horas são aí?”

“Hã.. deixa eu ver aqui... 2h15... da manhã!”

“Aí, cabeçudo.. me desculpa! Ainda não to acostumada com esse fuso de 13 horas.. rs”

“Tudo bem.. o que você quer?”

“Nossa! Eu também to morrendo de saudades de você, viu!”

“Desculpa.. peraí, me deixa jogar um pouco de água no rosto.. não desliga!”

2 minutos depois.

“Pronto, meu anjo.. como é que você está?”

“Você se lembra do nosso código?!”

“Código? Claro! Como eu poderia esquecer? ‘O tempo dá-se em fragmentos’”

“Quem foi que o escolheu mesmo? Conte-me a história toda, porque ando meio esquecida.. rs”


Ok, vamos lá. Rebecca e eu namoramos durante 9 meses. Bom, ‘namoramos’ não é o termo exato, mas fiquemos com esse por enquanto.. rs Pois bem, diferente dos outros casais, nunca tivemos uma música ou filme favoritos. Tivemos um código!

Foi em maio de 2000. Mais precisamente, meu 17º aniversário. Lembro-me de ter recebido apenas um presente palpável: um livro. ‘A rosa do povo’, do Drummond. Algumas noites depois, entre várias interrupções, lemos juntos alguns dos poemas ali impressos. Pela manhã, ela me perguntou se, hipoteticamente, não continuássemos mais juntos, ainda assim seríamos amigos. Eu disse ‘não vejo motivo para não sermos’ ou algo parecido. ‘Então, que tal pensarmos num código? Algo que representasse nossa história, sob qualquer circunstância, seja ela boa ou ruim’. Apesar de sonolento, gostei da ideia.

Bem disposta como em toda manhã, ela saiu da cama, saltitando na ponta dos pés até a cabeceira (devo confessar, foi lindo!), ficando ali parada naquela posição de oradora, com aquela camiseta enorme do INXS servindo de bata. E disse solenemente: ‘Eu, Rebecca Letícia de Albuquerque Ruiz, declaro que, de hoje em diante, teremos um código secreto.. que será...’ e ela puxou para si o objeto mais próximo de onde poderia extrair meia dúzia de palavras ‘o tempo dá-se em fragmentos’.

Essa frase, retirada do poema “Assalto”, refletiria não apenas nossa situação atual na época (que não intitulamos de amor!), mas também nossa relação no futuro. Além disso, toda vez que algum assunto delicado precisava ser discutido em particular, bastava invocá-la. Ninguém ao redor entenderia, apenas nós.

Refletindo bem agora, aquilo estava mais para um “eu te amo” disfarçado.. rs Pelo menos, era isso que ela dava a entender, visto os momentos que ela gostava de sussurrá-la.


“Qual é o assunto que está te incomodando, Beka?”

“Por que você nunca me disse?!”

“Disse o quê?”

“Que me amava.. acabei de ler o texto no seu blog. Por que você nunca me disse nada?!”

“Você sabe o porquê.. eu lhe expliquei quando terminamos.. foi medo! Você estava se limitando por minha causa! Seria uma baita injustiça deixar isso acontecer”

“Você não respondeu minha pergunta.. por que você nunca me disse? Uma única vez!?”

“Porque eu sabia que você sentia o mesmo.. e isso culminaria no que eu acabei de dizer..” Alguns segundos depois: “Sei que te magoei omitindo isso, mas seria egoísmo da minha parte se eu tivesse dito”

“Você é mesmo um cabeçudo, sabia?! rsrsrs”

“Que você gosta muito e não sabe viver sem.. rs”

“Gosto nada! Eu te amo, seu bobo!” Depois de alguns segundos: “Você acha que, se eu resolvesse voltar para casa, ainda encontraria a chave debaixo do tapete?”

“Ela ainda está lá, baixinha.. não sei até quando, mas ela ainda está lá”

“Essa conversa daria um belo post, não acha? rs”

“Olha que eu escrevo, hein! Do jeito que anda minha inspiração ultimamente, tô usando tudo! rs”

“Eu tô voltando pra casa, baby.. em breve”


H (e eu não sei se continuo esperando)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Vídeo da semana

Quando o assunto é música, tirando algumas estranhezas e falta de noção, gosto muito de mistura. Aquelas que, à primeira vista, parecem improváveis. Porém, que conseguem surpreender com o resultado final.

Não sou um dos maiores fãs do duo francês de música eletrônica, Daft Punk. Mas curto muito algumas de suas criações.

Recentemente, tenho encontrado algumas "homenagens" bem interessantes, feitas sobre músicas da dupla.

Essa aqui embaixo é uma das minhas favoritas, apesar dos vocais serem sofríveis.. rs
Espero que vocês gostem.



H (one more time)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Erebd - Acróstico II



Os mais puristas (ou arrogantes, na minha opinião), proclamam pela métrica e rima. Exageram em detalhes e perfeições e chegam a irritar tanto quanto os parnasianos.


Imagino que a beleza do acróstico está na sua funcionalidade. A pobreza poética não significa, necessariamente, uma pobreza de recursos utilizados. Pode-se sim dizer tudo usando-se apenas o essencial.


Nada de floreios, rodeios ou qualquer outro termo que os rime. Um acróstico (mais uma vez, na minha modesta opinião!) deve ser uma sequência simples e imutável. Atingir o ponto que almeja e se retirar, de fininho, como se (numa analogia rasa), ao passar, sujasse o chão na tentativa de chamar a atenção para si. Contudo, também trouxesse a tira colo sua vassoura e assim, desfizesse o serviço, oferecendo-o por completo.


Mas também tenho meus momentos de exceção.. rsrs


Fiquem com o segundo da série:




Com o ávido desejo pela amarga e fina fumaça,
Ignoro os trêmulos reflexos que seu excesso
Galgou em meu semelhante, prolixo e achaque.
Acendo um na (derrocada) esperança de não mais ser
Refém de uma lembrança impregnada, tal como o
Ralo amarelar entre meus dedos, no seu doce apoiar. Em vão.
Obrigado é o que digo a quem, num simples gesto (esse sim!),
Salvou-me da lembrança, fazendo-me, assim, do vício repulsar.




H (espero resistir)


* Imagem retirada daqui