segunda-feira, 30 de março de 2009

Momento poesia XIV


Dia após dia*

Um dia difícil
pode começar com um tropeço;
vinte minutos a mais de sono;
um banho gelado;
uma roupa manchada;
um ônibus lotado.

Esse mesmo dia pode continuar difícil
com um atraso;
com uma bronca do chefe;
um almoço rápido;
uma reunião sem contexto;
aquele trabalho urgente minutos antes do fim do expediente.

E esse mesmo dia pode permanecer difícil
nas três horas de trânsito na volta para casa;
numa ligação desejada num momento inoportuno;
na chuva que nos pega desprevinidos;
no jantar solitário e insosso;
na insônia das altas horas.

Esse dia difícil pode
com tudo e com todos;
a única coisa com a qual ele não pode
é com a nossa vontade de enfrentá-lo.. dia após dia


H (I'm back, baby!)

* escrita em 25/03/2009

domingo, 29 de março de 2009

Cabeceira do H: quatro ases


Antes de começar realmente esse post, gostaria de dizer que está difícil, mas muito difícil mesmo manter esse blog funcionando. Vários problemas (que não cabe aqui mencioná-los), faculdade, stress no trabalho e demais preocupações vêm ocupando praticamente todo meu tempo disponível.

Mas não desistirei! E, aproveitando que um dos meus livros favoritos foi devolvido recentemente, resolvi citá-lo como dica. Sim, parece que domingo é do dia das dicas. Vamos lá, para o momento flashback:

Já falei aqui sobre "A Menina que Roubava Livro". Esse, como eu disse, não foi o primeiro livro publicado pelo autor Markus Zusak. Mas, como no Brasil, ordem só escrito na bandeira mesmo, então nada me surpreendeu quando, logo que terminei minha leitura sobre o Best-Seller do autor australiano, descobri pela internet o lançamento de seu segundo livro no país. Geralmente, quando recebo e-mail desses sites de compra, o apago automaticamente. Porém, quando vi a capa do novo livro de Markus Zusak, me senti mais do que tentado a ir até a livraria mais próxima. O título parecia enigmático além da conta. E realmente é.

"Eu sou o Mensageiro" (The Messenger), foi lançado em 2007, pela editora Intrínseca. Conta a história do jovem Ed Kennedy que, já aos 19 anos, se considera um fracassado de marca maior. E, pode acreditar, ele é. Mora com um cachorro tão fedorento quanto o Vale do Anhangabaú; taxista, passa os dias jogando cartas com três amigos tão derrotados quanto ele e, para completar, tem uma mãe amarga e rancorosa que só o trata mal. Como eu disse, um fracassado. Mas tudo muda quando ele, de maneira que nem ele sabe explicar, impede um assalto a banco. Logo ele vira capa de jornais como herói da cidade.

Todavia, essa não foi a principal mudança na sua vida. A história tem início mesmo quando ele percebe, no meio da sua correspondência uma ás de baralho com três endereços e horários. O que isso poderia significar? Afinal, o que ele precisava fazer? E, por que ele? Com o passar do livro, Ed descobre que a importância da vida pode estar em pequenos gestos, e esses, nem sempre precisam vir de pessoas conhecidas.

"Eu sou o Mensageiro" é o tipo de livro que apareceu no momento certo na minha vida. E o recomendo para todos aqueles que acham que não são importantes, ou se sentem incapazes de promover qualquer "macro-mudança".

Boa leitura.


H (às vezes, só precisamos de um empurrãozinho)

Dica de sites

Jolie: "sou H desde criancinha" rs

Dando um tempo nas minhas experimentações e pesquisas, incluindo aí trabalho e faculdade, resolvi navegar em alguns sites que me foram passados ultimamente por pessoas que entendem bem mais disso do que eu. Uma delas é direcionada para aqueles que têm muitas fotos digitais e gostam de fazer uma montagem engraçada com elas:


* Photofunia: você pode escolher entre 92 molduras diferentes para inserir o seu rosto (ou, dependendo do efeito, aquela foto com a galera no seu aniversário) em pontos turísticos, e vários momentos da história, para fazer qualquer Forrest Gump e Benjamin Button morrerem de inveja. Entre as minhas favoritas (fora as três que já coloquei para vocês verem) estão a da nota de Dólar, Jack Sparrow, Presidiário e do Superman. Vale para fazer inveja com os amigos (e os inimigos também! rs).

A outra dica é uma ótima para esses dias em que dificilmente você vê as pessoas usando sua verdadeira caligrafia para escrever um texto com mais de 3 parágrafos:

* Your fonts: já pensou como seria legal ter a sua letra de forma e a sua assinatura como fonte do Word?! Tenho certeza que já.. eu mesmo já pensei várias vezes sobre isso. Recentemente fiquei sabendo desse site que conseguiu por fim a minha curiosidade. O próprio site traz os passos que você precisará seguir até o fim. Fique atento (a) para o que você vai precisar: uma multifuncional, uma caneta piloto preta e meia hora de bobeira (rs). Entrando no site, clique em 'Print Template'; imprima as duas folhas que o site disponibiliza. Preencha todos os campos, procurando manter todos os caracteres numa mesma altura (na lateral dos quadros existe uma escala para ajudar nisso); a segunda folha é opcional, já que só traz letras acentuadas; depois de preencher as folhas, escaneie-as (escolha a opção colorida para ter um acabamento melhor) e salve no seu pc; entre novamente no site e clique em 'Upload Template', selecione o lugar onde você salvou as folhas escaneadas e clique em 'Upload'. Em poucos minutos o site dá uma prévia da sua nova fonte. Daí é só clicar em 'Download' e salvar a sua fonte com o nome que você preferir. Para incluir sua nova fonte no Word, basta ir até o 'Painel de Controle', 'Fontes', 'Arquivo', 'Instalar Nova Fonte' e escolher o local onde você a baixou do site. Agora é só brincar e parar de vez de escrever a mão... rs

Olhem bem p/ o lado esquerdo

Bom divertimento para todos. Assim que possível, trago mais dicas.


H (reaprendendo a rir)

sábado, 28 de março de 2009

Minha música-chiclete


Eu sei que já comentei sobre o filme "O Lutador" aqui. E também já falei sobre a trilha que o Bruce Springsteen fez especialmente para essa película. Mas, nos últimos dias, não tenho conseguido ouvir outra música que não seja essa. Então resolvi trazer a letra completa dessa música, que me faz sempre pensar que o ruim pode ainda ficar pior. Qualquer hora:

The Wrestler

"Have you ever seen a one trick pony in the field so happy and free?
If you've ever seen a one trick pony then you've seen me
Have you ever seen a one-legged dog making its way down the street?
If you've ever seen a one-legged dog then you've seen me

Then you've seen me, I come and stand at every door
Then you've seen me, I always leave with less than I had before
Then you've seen me, bet I can make you smile when the blood, it hits the floor
Tell me, friend, can you ask for anything more?
Tell me can you ask for anything more?

Have you ever seen a scarecrow filled with nothing but dust and wheat?
If you've ever seen that scarecrow then you've seen me
Have you ever seen a one-armed man punching at nothing but the breeze?
If you've ever seen a one-armed man then you've seen me

Then you've seen me, I come and stand at every door
Then you've seen me, I always leave with less than I had before
Then you've seen me, bet I can make you smile when the blood, it hits the floor
Tell me, friend, can you ask for anything more?
Tell me can you ask for anything more?

These things that have comforted me, I drive away
This place that is my home I cannot stay
My only faith's in the broken bones and bruises I display

Have you ever seen a one-legged man trying to dance his way free?
If you've ever seen a one-legged man then you've seen me"

A tradução (livre) dela, vocês podem conferir aqui.


H (pronto para o meu ataque do coração)

quarta-feira, 25 de março de 2009

O silêncio bate a nossa porta


Falar do que não sabemos é mais tentador do que ficar calado. E generalizar é mais fácil do que procurar saber a verdadeira realidade.

Hoje, como todo dia, não consegui pegar o jornal Metro. Mas, como é um jornal gratuito, sempre dou um jeito de pegar emprestado de alguém para me manter informado. E assim foi. A leitura estava transcorrendo bem até que cheguei na penúltima página, na coluna do Luis Antonio Giron. De longe, o título já me chamou muito a atenção: “O fim das bibliotecas municipais”. Fiz questão de lê-la três vezes para me certificar que entendi o que ele estava relatando.


O jornalista contou um caso específico (o seu, claro!) sobre uma determinada biblioteca municipal, que ele acertadamente fez questão de não deixar claro qual era. No seu momento "nostalgia", como ele mesmo diz, relata a sua volta, depois de longos anos, a biblioteca que já tinha sido seu refúgio inúmeras vezes. As lembranças que ainda estavam frescas de tempos que não voltam, etc.


Porém, numa parte, sobre a época presente, Luis Antonio fala como foi o tratamento que recebeu durante seu retorno triunfante. Como sempre, e aqui entra a frase inicial desse post, a generalização foi o melhor que ele conseguiu fazer ao se referir a "bibliotecária" que o atendeu. O olhar sanguinário, pouco convidativo, as perguntas 'no-sense' dirigidas a um usuário que apenas resolveu passar por ali. Um estereótipo, uma imagem de falta de ação e animosidade que já virou praxe para nossa área biblioteconômica.


Fico chateado com isso. Certo que os jornais gratuitos ainda são uma novidade para o cotidiano brasileiro. Fica difícil até de saber seu alcance, justamente pela gratuidade do material. Mas, mesmo assim, é um formador de opinião como qualquer jornal. A maneira como ele relata um caso ISOLADO faz parecer que em todas as outras bibliotecas municipais acontece exatamente a mesma coisa. E ainda encerrar dizendo que não é à toa que a prefeitura quer fechar grande parte delas?!


Claro que não estou absolvendo a culpa que cabe a nós, profissionais e futuros-profissionais de biblio, na situação atual das bibliotecas municipais e públicas. Mas ajudaria muito saber o que realmente acontece com elas, Luis Antonio!


Sempre que fiz uso de alguma biblioteca municipal/pública, fui bem atendido, com cortesia e atenção. Não as frequento já faz um bom tempo. Mas, hoje, trabalhando numa biblioteca, percebo o quão estressando pode ser o dia-a-dia numa. Como eu disse, é fácil falar sem conhecimento de causa. Ainda vou falar mais sobre isso..




H (Por que todo jornalista se acha dono da verdade?!)

terça-feira, 24 de março de 2009

Compositores - Max Steiner


Um dos maiores compositores de trilhas sonoras de todos os tempos, Max Steiner, nasceu em Viena, Áustria, no dia 10 de maio de 1888 (um dia perfeito para se nascer, diga-se de passagem.. rs). Filho e neto de empresários do entretenimento, ele herdou o nome Maximilian do avô, dono do Teatro de Viena, onde foram apresentadas operetas clássicas de Johann Strauss Jr. e Franz Lehár. Uma criança prodigiosa, Steiner completou o curso de quatro anos da Imperial Academy of Music em apenas um. Além disso, aos 16 anos de idade, escreveu trilha (música e letra) e libretto de The Beautiful Greek Girl, opereta apresentada durante um ano na capital austríaca. Após anos trabalhando como maestro no teatro inglês - com a Primeira Guerra, teve que abandonar a Inglaterra – ele imigrou para os Estados Unidos. Pouco tempo depois de sua chegada à Nova York, Steiner estabeleceu-se como orquestrador e regente da Broadway, onde, durante quinze anos, esteve envolvido com os shows de alguns dos principais nomes do teatro musical americano, como George Gershwin. Durante esse período, seu único trabalho significativo como compositor foi a fracassada comédia musical Peaches (1923). Com a chegada do cinema sonoro, em 1927, houve, naturalmente, uma demanda por músicos, e foi assim que Max Steiner chegou à Hollywood. Logo, Max foi nomeado chefe do departamento musical do estúdio RKO.

Em 1931, Steiner teve a oportunidade de musicar Cimarron, faroeste que acabou ganhando o Oscar de Melhor Filme. Ele não foi creditado por sua eficiente contribuição, mas era o início de uma das mais admiráveis carreiras da história do cinema e da música. Inicialmente, a maioria nos inúmeros filmes musicados por Steiner só tinha alguns compassos de abertura e encerramento, pois o recurso da trilha sonora ainda não era prática comum. Dois anos depois, ele musicou o famoso King Kong, um de seus trabalhos mais celebrados. Sua trilha ajuda a transformar um filme potencialmente risível numa aventura de fantasia envolvente, de final clássico. Com A Patrulha Perdida (The Lost Patrol, 1934), Steiner assinou a primeira trilha não proveniente de um musical a concorrer ao Oscar. 1935, o último ano de Max Steiner na RKO, foi glorioso. Além de ser diretor musical de O Picolino (com Fred Astaire e canções de Irving Berlin), ele escreveu três trilhas memoráveis: Ela, a Feiticeira (She), Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers) e O Delator (The Informer), que deu ao compositor o primeiro de seus três Oscars. No ano de 1936, Steiner trabalhou para a empresa do produtor David Selznick. Grande admirador de Steiner, Selznick requisitou seus serviços quando produziu seus filmes mais ambiciosos: E o Vento Levou (Gone With the Wind, 1939, o trabalho mais famoso de Max Steiner, e cujo tema principal, parte de uma trilha riquíssima, é imortal), e Desde que Partiste (Since You Went Away, 1944, Oscar pela belíssima música de Steiner).

Já na Warner, o compositor continuou exibindo versatilidade, produtividade e talento espantosos, e ajudou a estabelecer, definitivamente, o padrão da música orquestral "hollywoodiana" da primeira metade do século. Praticante do estilo “europeu clássico”, Steiner escrevia trilhas melodiosas, ricamente orquestradas. Seu contrato com o estúdio foi até 1953, mas o fim do contrato pouco mudou a trajetória do compositor. Excetuando-se alguns trabalhos para a Columbia Pictures e a Republic, por exemplo, ele musicou filmes do seu antigo estúdio até o final da carreira. E embora sua produtividade tivesse começado a diminuir, a capacidade para criar trilhas sonoras arrebatadoras permaneceu.

Em 1959, Steiner trabalhou em Amores Clandestinos (A Summer Place, 1959), do veterano diretor Delmer Daves, que eliminou qualquer possível dúvida quanto ao apelo que a música do compositor ainda poderia exercer; o tema do filme chegou ao primeiro lugar na parada de sucessos na gravação da orquestra de Percy Faith. Os trabalhos de Steiner na década de 60 incluem algumas de suas mais encantadoras criações: Sombras no Fim da Escada (The Dark at the Top of the Stairs”, 1960), O Erro de Susan Slade (Susan Slade), Candelabro Italiano (Rome Adventure, 1962), cujo tema é usado em cerimônias de casamento, e O Preço da Ambição (Youngblood Hawke, 1964). Em 1965, foram lançados seus dois últimos filmes: Somente os Fracos se Rendem (Those Calloways, da Disney), e o terror Sete Noites de Agonia (Two on a Guillotine). O genial Max Steiner morreu no dia 28 de dezembro de 1971, deixando uma autobiografia (“Notes to You”) inacabada.

Algumas de suas composições:


* King Kong (1933)

* Jezebel (1938)


* Casablanca (1942)






H (Maldito Youtube!)

sábado, 21 de março de 2009

Momento especial: dia mundial da poesia


Hoje, que segundo a UNESCO é o dia mundial da poesia, aproveito para postar um momento especial. Pensei em várias sobre a dura arte de "poetizar". Cecília Meireles, Antero de Quental, Olavo Bilac, Fernando Pessoa, entre outros. Porém, de todos esses, escolhi um que consegue, de maneira única, expressar não só a dificuldade do "fazer poesia", mas, principalmente, do próprio fato de ser um poeta. Se você pensou em Augusto dos Anjos, acertou (como ele mesmo já escreveu) no "urubu" (rsrs):


Vencedor*

Toma as espadas rútilas, guerreiro,
E à rutilância das espadas, toma
A adaga de aço, o gládio de aço, e doma
Meu coração — estranho carniceiro!

Não podes?! Chama então presto o primeiro
E o mais possante gladiador de Roma.
E qual mais pronto, e qual mais presto assoma,
Nenhum pode domar o prisioneiro.

Meu coração triunfava nas arenas.
Veio depois um domador de hienas
E outro mais, e, por fim, veio um atleta,

Vieram todos, por fim; ao todo, uns cem...
E não pode domá-lo, enfim, ninguém,
Que ninguém doma um coração de poeta!



H (retomando as rédeas)


* poesia retirada do site Jornal de Poesia
imagem retirada do blog A graça do meu universo

sexta-feira, 20 de março de 2009

Eu tive um sonho...


Alguns dias atrás, tive um sonho estranho: eu estava num programa do tipo talk show sendo entrevistado por (pasmem!), ninguém mais, ninguém menos que Angelina Jolie! Era o tipo de coisa que até em sonho é difícil de acontecer! Eu era a celebridade e ela uma simples apresentadora de emissora quase-falida.. e as perguntas, modéstia a parte, não eram lá as melhores que se poderia fazer a uma “celebridade como eu”.. rsrs

O sonho nem durou tanto, mas num momento totalmente egocêntrico, comecei a ensaiar o que poderia ser uma verdadeira entrevista valiosa, caso isso acontecesse aqui, “in the real world”, como diria Morpheu*. Tentei pensar em várias perguntas interessantes e, por conseguinte, em respostas ainda mais interessantes.

Vou relatar agora um pequeno trecho da minha “entrevista imaginária”:

AJ: Voltamos agora como o nosso entrevistado que se auto-intitula...
EU: .. o futuro bibliotecário mais sarcástico que existe! Isso mesmo, Jolie.

AJ: Por que esse título?
EU: Acho que é por causa do meu excesso de humor.. acabo ficando sarcástico demais, mas só algumas vezes [risos]...

AJ: E quais são as novas na biblioteconomia?
EU: Bom, as novas são que as “velhas” estão demorando cada vez mais para morrer [risos] e, assim, liberar espaço para os novos formandos.. culpa da expectativa de vida.. maldita saúde brasileira! [risos]

AJ: Qual a razão de você ter escolhido esse curso?
EU: Não sei.. quanto mais eu penso sobre isso, mais eu chego a conclusão que deveria ter escolhido algo mais rentável ou divertido.

AJ: Então é uma área onde se ganha pouco?
EU: Não exatamente. Na verdade, é uma área esquecida, renegada por nós mesmos, profissionais e futuros profissionais.. existe muito conformismo, sabe? Daquele tipo: “ah, está bom aqui e assim, e assado, então para quê reclamar?!”. Sem contar que é uma área que não dá lucro. Lucratividade hoje é criar informação, e não organizá-la.

AJ: Mas as pessoas vêm mudando essa mentalidade sobre vocês, biblioteconômicos, não é?
EU: Claro que sim! Lentamente.. na velocidade de uma lesma [riso], mas vêm sim. Uma pena que, ao mesmo tempo em que uma lesma tenta atravessar uma estrada, um filhinho de pai com o carro esportivo da vez, passa a 300 km/h e acaba por atropelar essa mesma lesma. E desculpe ter que lhe corrigir, Jolie, mas o certo é “vocês, bibliotecários”. Você não se importa que eu te chame de Jolie, né?

AJ: Não, claro que não. Posso lhe chamar só de H?
EU: Eu até prefiro. Nunca fui muito fã desse nome, sabe? As crianças podem ser muito malvadas quando querem.. tive que agüentar muita provocação por causa dele.. hoje já me acostumei.. assim que crio uma certa intimidade com a pessoa, já peço para me chamar só por H.. assim fica fácil para ambos [risos]

AJ: Bom, mas agora vamos falar um pouco sobre sua vida pessoal. Vamos fazer um tipo bate-e-volta? Tudo bem pra você?
EU: Como você quiser, querida.

AJ: Então vamos lá.. qual seu maior medo?
EU: Envelhecer.

AJ: Sua maior frustração.
EU: Ter 25 anos e ainda morar com meus pais.. [suspiro]

AJ: Uma paixão.
EU: Pão de queijo.

AJ: Eu quis dizer uma paixão no sentido de uma pessoa..
EU: Ah, desculpe.. [depois de pensar um pouco] Próxima pergunta, por favor! [risos]

AJ: Se pudesse ter um “superpoder”, qual seria?
EU: Teletransporte, com certeza. Detesto perder tempo me deslocando de um lugar para outro. Ou, quem sabe, até a invisibilidade.. já pensou o que eu poderia fazer com isso?! [risos]

AJ: E, para finalizar, [aaaahhhh, exclama a platéia].. pois é, eu sei que vocês gostariam que durasse um pouco mais, porém, nosso entrevistado tem outros compromissos. Bom, mas para finalizar, tem algum ditado ou ensinamento que você segue?
EU: Boa pergunta, Jolie. Muito boa mesmo. [alguns risos da platéia] Na verdade, existe uma frase que um amigo meu dizia, que era mais ou menos assim: “o importante na vida não é a maneira como caímos, mas sim o motivo que nos faz levantar a cada queda”.

AJ: Muito obrigado pela entrevista, H.. sucesso na sua carreira.
EU: Obrigado, Jolie. Eu é que agradeço a oportunidade. Felicidades para você e para o sortudo do Brad. [risos e aplausos da platéia]


H (aproveitando enquanto não inventam um imposto para sonhos)


* Papel de Lawrence Fishburne na trilogia Matrix

terça-feira, 17 de março de 2009

A falsidade gira-mundo


Desde que o mundo é mundo, mas principalmente, desde que o homem se tornou esse ser civilizado (coitado do Darcy Ribeiro e cia.!), "sedentário ativo" (entenda-se por preguiçoso e refém da própria comodidade).. não.. isso poderia ser o começo de outro post que escrevi esse ano.

Na verdade, eu quero falar sobre uma das características mais perturbadoras e recorrentes em nossos dias: a falsidade. Hoje é tão difícil encontrar uma opinião sincera vinda de alguém próximo, que até me pergunto se realmente posso (e devo) confiar nas outras pessoas. Todos os gestos, frases, olhares.. enfim, tudo. Parece tão falso.

Tenho certeza que não sou o único nessa situação. Todos os dias, ouço o que as pessoas têm para me falar. E tudo soa tão arrogante, cínico, desmedido que não consigo levar mais nada a sério. Muito pior que isso! Já me entreguei também a esse hábito. Aliás, hoje, acho que é uma das minhas características mais marcantes. Logo de cara, as pessoas que me conhecem pela primeira vez, já me olham com aquela cara "ou ele é muito falso ou, muito cínico!"

Antes, não me importava tanto com isso, com esse olhar de esgueira (sempre quis escrever isso! rs) alheio. Mas, na minha atual situação, não sei bem porquê, simplesmente não consigo deixar de reparar (e me autocensurar). Claro que seria bem mais fácil tentar mudar, deixar meus comentários arrogantes e cínicos de lado! Mas quem disse que consigo?! Já está impregnado em mim! Com certeza, e se Deus for tão injusto comigo (!!!), passarei essa característica para meu (s) filho (s)! Agora estou com medo! Porém, acho que ainda não sou um caso terminal...

Voltando ao assunto: agora, pense você; quantas vezes você não se viu rodeado por comentários, insinuações, elogios, indiretas esnobes, com aquela pitada de mentira? Mas, afinal, ser falso implica só em mentir?! Não, claro que não! Talvez a principal prerrogativa de um indivíduo falso seja mais a omissão do que a mentira em si. Uma pessoa que vê na falsidade um meio de "subir na vida", nem que seja pisando nas outras pessoas, não precisa necessariamente usar da mentira ou de insinuações falsas para isso. Basta omitir dados, fatos, indícios etc. Se a mentira em si já faz a criatura que a utiliza parecer o inverso do que realmente é, com o ato da omissão não é diferente.

Isso é triste, mas é o faz o mundo girar hoje. E é o que fará ele continuar girando por um bom tempo. Rui Barbosa, certa vez, disse que "de tanto ver triunfar a mentira e a falsidade, tenho até vergonha de ser honesto". Sorte dele não estar vivo!


H ("Nossa, mas como você emagreceu!")

segunda-feira, 16 de março de 2009

Compositores - Maurice Jarre


Maurice Jarre nasceu em 12 de setembro de 1924, em Lyon, França. Filho do diretor técnico de uma estação de rádio local, ele ainda não optara pela carreira musical, até que, aos 16 anos, ouviu a Rapsódia Húngara No. 2, de Lizst. Imediatamente, decidiu que ainda seria um grande regente de orquestra. Estudou percussão no Conservatório de Música de Paris, e tornou-se timpanista na maior orquestra sinfônica da cidade. Posteriormente, estudou composição com Jacques de la Presle, Louis Aubert e Arthur Honegger. Seus profundos estudos de música étnica (especificamente Russa, Indiana, Japonesa, Sul-americana e Árabe) seriam de grande utilidade em seu trabalho no cinema. Após a formatura, Jarre colaborou com Pierre Boulez, compondo música para a companhia teatral de Jean Louis Barrault, e depois tornou-se diretor musical do Teatro Nacional Francês, posição que ocupou por doze anos.

Em 1952, ele compôs o seu primeiro score cinematográfico para o documentário anti-belicista de Georges Franju Hotel des Invalides. Jarre continuou a compor para o teatro nos anos 50 e 60, incluindo vários balés (entre eles, Notre Dame de Paris, constante do repertório tanto do Balé Kirov como da Ópera de Paris), uma ópera para o rádio (Ruiselle, 1954), um concerto para percussão e cordas (1956), Mobiles para Violino e Orquestra (1961), e uma cantata para soprano, contralto, coral e orquestra (Cantates pour une Emente, 1964). A música de Jarre acompanhou um impressionante número de filmes notáveis nos últimos quarenta anos, que incluem triunfos artísticos e muitos sucessos comerciais. Foi agraciado com indicações ao Oscar pelo misticismo de Ghost (1990), sua música majestosa para as gentis criaturas de Na Montanha dos Gorilas (1988), a partitura dramática de A Testemunha (1985), sua música de grande escala para o épico Mohammad, Messenger of God (1977), uma deliciosa canção para Roy Bean, O Homem da Lei (1972) e seu score para o oscarizado filme francês Sundays and Cybele (1963). O terror de Atração Fatal (1987), o charme de Sociedade dos Poetas Mortos (1989), e o humor de Luar Sobre Parador (1988) foram em muito acentuados pela música de Jarre. Em 1994, Jarre foi condecorado como Oficial da Ordem Nacional da República da França pelo Presidente Francois Mitterand. Para a ocasião - que comemorava o qüinqüagésimo aniversário da libertação da França da ocupação nazista, durante a II Guerra Mundial - ele compôs a obra de 15 minutos Liberátion.

Até os dias de hoje, apesar de não compor há mais de 7 anos, ainda é considerado o maior compositor cinematográfico francês.

Algumas de suas composições:

* Lawrence da Arábia (1962)

* Dr. Jivago (1965)

* Passagem para a Índia (1984)

* Mad max: além da cúpula do trovão (1985)

* A Testemunha (1985)

* Atração Fatal (1987)

* Sociedade dos Poetas Mortos (1989)

* O céu se enganou (1989)

* Ghost: do outro lado da vida (1990)





H (logo acaba)


sábado, 14 de março de 2009

Deus e o diabo na terra do trânsito


Quinta-feira. Mais um dia lastimável para Adriano*. Como em toda manhã, ele ouve o despertador tocar com um misto de sono e decepção. Sua tentativa diária de enrolar mais alguns minutos na cama fica cada vez mais evidente como um ato de desespero. Um ato que demonstra apenas que, apesar da imensa vontade, ele não comanda sua vida.

O segundo toque do despertador se assemelha a uma voz macabro, chamando-o para o paraíso. Ele levanta ainda de olhos fechados. Se abri-los, sabe que verá esse paraíso imaginário se transformar naquilo que realmente é: o inferno!

Duas horas de viagem em ônibus lotados e vários planos frustrados de fulga depois, e lá está ele naquele emprego enfadonho, tendo que aguentar filhinhos de papai ignorantes, colegas de trabalho folgados até o último fio de cabelo e uma chefe arrogante e mesquinha.

Isso é a rotina. E, depois de passar mais de 9 horas ‘trancafiado’ nesse que poderia ser seu único inferno terreno, Adriano se vê ‘livre’ para ir até a faculdade e picaretar um pouco. A aula seria curta. Antes de se dar conta, ele já estaria em casa. Ele passa pela recepção do prédio onde trabalha com um grande sorriso nos lábios. Quem não o conhecesse bem, diria que é a pessoa mais feliz do mundo. Ledo engano!

Quarenta minutos depois e lá está ele, ainda esperando pelo ônibus que o levaria a faculdade, com uma cara que poderia resumir o termo mal-humor em qualquer dicionário ilustrado. Assim que o dito cujo chega, começa aquela briga por ‘um lugar ao sol’. De preferência, na janela. E ele consegue. Apesar de cansado de tanto esperar, se sente realizado. Liga seu MP3 e tira um cochilo. Sabe que será coisa rápida, porém, nessas horas, os olhos ignoram qualquer relógio criado pelo homem e simplesmente se fecham. Adriano só desperta quando a pilha acaba e a música pára de tocar. A única solução é o celular, que também tinha algumas músicas na memória.

Mas, e agora ele repara, por quê o ônibus ainda está no meio do caminho? No relógio do celular ele confere que já faz uma hora que subiu no ônibus! Como pode? Trânsito em plena quinta-feira!? Essa cidade só pode ser ‘movida’ a trânsito!

Ele já nem consegue mais se concentrar na música. Logo, ele vê várias pessoas nas calçadas, provavelmente desceram pelo caminho, correndo como se fugissem de algo. Adriano quase que instintivamente olhou para trás para ver se alguma onda gigante ou animal pré-histórico estava atacando a cidade. Seria um alívio! Mas não. Aquelas pessoas estavam apenas tentando recuperar o tempo perdido, tempo que não volta mais.

Seu ônibus o deixou na faculdade exatamente duas horas e meia depois de pegá-lo no trabalho! Assistir quarenta minutos de aula seria o mínimo para terminar um dia que começou horrível e seguiu essa receita até aquele momento.

Chegou em casa acabado. Dores nas costas, pernas e pés. Tudo isso para quê? Para levar uma vida digna, porque um idiota há milênios atrás disse que só ‘o trabalho dignifica o homem’... faça-me o favor! Comer e, principalmente, descansar, ficam em segundo plano então?!

Hoje, no aniversário de nascimento do grande cineasta brasileiro Glauber Rocha, faço essa pequena homenagem, na forma do título do post, e lhe digo (onde quer que ele esteja): parabéns Glauber, você está muito melhor que nós todos! “Deus e o diabo na terra do sol”?? Por que não gravou “Inferno na terra da garoa”?! Tenho certeza que seria um sucesso!


H (trabalhar é ruim; trabalhar e estudar é péssimo; mas perder 2h30 no trânsito de São Paulo é o fim!)

* nome fictício.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Momento poesia XIII


Há exatos 8 anos, perdi uma pessoa muito especial da minha família. Um verdadeiro ponto de referência. Alguém que admiro por ter conseguido criar 7 filhos, ver nascer 10 netos. Capaz de rir e nos fazer rir muito. Um ser humano que, entre as muitas coisas que me ensinou, me mostrou que podemos chegar mais longe sendo humildes, sabendo ouvir mais e demonstrando a real importância que as pessoas que nos cercam têm em nossa vida. Assim que fiquei sabendo da morte do meu avô, não chorei, porque sabia que não era isso que ele gostaria de ver. Para expressar meu pesar, escrevi esses versos:


V. P.

Caiu o último Cedro;
Ruiu a melhor Coluna de sustentação;
Foi-se, viver no lugar certo,
deixando aqui tua criação.

De teu sangue corre
a Força, a Vontade, a Determinação;
E, desse mesmo sangue
padeceste pelo teu coração.

Um coração tão grande,
capaz de perdoar o pior pecador,
de amar a quem jamais te amou.
Porém, o mesmo, não suportou a dor.

A dor de ver teu ninhado
contaminado pelo mal da sociedade.
Ora, como tu erás preocupado;
Ouvias a Mentira, mas sabias a Verdade.

Agora, aí de cima, olhai
por todos que de ti descendem, meu capaz.
Foste um trabalhador, irmão e pai
que agora, enfim, descansa... na Santa Paz!


Valdemar Picolli
04-06-1931
11-03-2001



H (Obrigado por tudo! Saudades suas..)

terça-feira, 10 de março de 2009

Aprendendo com a vida - Slumdog Millionaire

"Se quiser, você pode consultar os universitários de Biblioteconomia..."


Estou cansado. Sinto-me esgotado até não poder mais. [...] Porém, essa foi a vida que escolhi. Foi o que aprendi com o rumo que a ela seguiu. Tropeços existiram, momentos de desânimo, angústia, revolta. [...] Mas o arrependimento, sinal de fraqueza e desgosto, esse nunca cruzou meu caminho. Sou grato por tudo que me aconteceu.” (M. F.)

Deixando o desabafo do paragráfo anterior de lado, esse final de semana, apesar de um pouco contra vontade, fui assistir o filme “Quem quer ser um milionário?”, como todos devem saber, vencedor de 8 Oscar, incluindo melhor filme, diretor e roteiro adaptado. Depois de um sábado trabalhado (pois é, as tristezas voltaram!), nada como uma volta pela Paulista com a namorada para desestressar, colocar o papo em dia e pegar um cineminha para fechar a noite. Se alguém não gosta de spoilers, sugiro parar por aqui.

Quem quer ser um milionário?” conta a história de Jamal Malik, um ex-morador de uma favela indiana (em inglês, chamados de Slumdogs. Daí o nome original do filme "Slumdog Milionare") que perde a mãe ainda criança e passa a viver junto com o irmão mais velho Salim. Mas claro que não é assim que o filme começa..

Jamal é um participante de um dos programas mais vistos da Índia, um tipo de “Show do Milhão” adaptado. Mas como ele conseguiu? Como ele sabe todas as respostas? Antes da pergunta final, que poderia lhe garantir o prêmio de 20 milhões de rúpias, ele é levado à delegacia onde é torturado para confessar que trapaceou durante todo o programa. E é a partir daí que ele começa sua verdadeira digressão, contando ao delegado suas aventuras e percalços, quase sempre vividos ao lado do irmão e de sua futura paixão, Latika.

Talvez esse seja o principal ‘momento’ do filme (talvez até o único!): a história de Jamal nos mostra que toda vivência é válida, seja ela boa ou má. Tudo que passamos, que aprendemos, pode até parecer irrelevante naquele instante. Mas, uma hora ou outra, todas as nossas experiências são exigidas e, por conseguinte, resgatadas.

Fora isso, “Quem quer ser um milionário?” não deixa de ser um romance. Um romance bollywoodiano, é verdade, com música e dança, trajes, costumes e pontos turísticos. Depois da sessão, conversando com a minha namorada, chegamos a uma conclusão que, até o momento faz bastante sentido: esse filme só ganhou o Oscar porque é o mais completo de todos os outros concorrentes. As doses de romance, humor, tragédia, suspense são muito bem distribuídas. Não existem sobras. Nem exageros. Pelos menos, não aos moldes de Hollywood.. rsrs

A indústria falida do cinema mundial finalmente se rendeu ao jeito indiano de se fazer “sonhos”.


H (seguindo.. sabe Deus para onde..)

sábado, 7 de março de 2009

História com "H" - VII


Stanley Kubrick: nasceu em Nova Iorque, em 26 de julho de 1928. Em sua infância, o garoto do Bronx não era o que se podia chamar de "aluno exemplar". Raramente fazia as lições de casa e suas notas não eram das melhores. Mas apesar disso, tinha reconhecimento do pai em sua mente criativa. Foi este quem o encorajou a aprender xadrez (se tornou um especialista no esporte) e lhe deu sua primeira máquina fotográfica. Ainda na adolescência, visando a carreira como fotógrafo, conseguiu emprego na conceituada revista Look, mas logo Kubrick descobriu que o seu futuro estava ligado a outro tipo de câmera. Estreou como cineasta de curta-metragens aos 22 anos. Aos 25, obteve uma grande ajuda financeira do pai, que penhorou a casa para a produção de Fear and Desire (1953), seu primeiro longa-metragem. Considerou o trabalho amador e, mesmo com algumas boas críticas, logo tratou de retirá-lo de circulação. Mas é a partir de O Grande Golpe (1956) que sua carreira começa a funcionar. A trama, estrelada por Kirk Douglas, sobre um plano de assalto ganhou a atenção de alguns produtores. Foi o mesmo Kirk Douglas quem o chamou para dirigir o épico Spartacus (1960) após a tensa demissão do veterano diretor Anthony Mann. A boa relação com Douglas viria por água a baixo quando diferenças criativas se confrontaram. Kubrick perdeu a batalha e se viu obrigado a filmar sem poder colocar algumas de suas idéias em prática. Mesmo com o sucesso do filme, ele decidiu que dali por diante só iria aceitar projetos que pudesse ter total liberdade criativa. E foi com esse pensamento que se muda para a Inglaterra em 1962. Sua primeira indicação ao Oscar veio em 1964, com Dr. Fantástico. Tendo como o tema a ameaça nuclear, o filme é uma comédia de humor negro com atuações e roteiro primorosos. Para atuar, Kubrick chamou o comediante inglês Peter Sellers, que se desdobra em três papéis, incluindo o de presidente dos EUA. Cinco anos de produção foram necessários para o desenvolvimento de 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), para muitos, a melhor ficção científica já filmada. Até hoje possui em sua força maior as músicas de Richard Strauss, Assim falou Zaratustra. Os efeitos especiais, inovadores para a época, garantiram ao filme um Oscar da categoria. Novamente indicado a melhor diretor, Kubrick vê o seu prêmio escapar. Laranja Mecânica (1971) causou grande polêmica na época de seu lançamento e foi acusado de incitar a bárbarie. Na história, quatro jovens de classe média passam o dia cometendo as maiores atrocidades: brigar, roubar, estuprar... são apenas algumas delas. A vida de um deles, Alex, (Malcolm McDowell) toma um rumo diferente quando o mesmo vai para a cadeia. Disparado o trabalho mais controverso do diretor, que lhe rendeu outra indicação ao prêmio da Academia e outra derrota. Outros filmes-adaptações que merecem destaque: Barry Lyndon (1975), baseado numa novela de William Makepeace Thackeray; O Iluminado (1980), adaptação da obra de Stephen King; Nascido Para Matar (1987), saído do livro de Gustav Hasford. De Olhos Bem Fechados (1999), precisou de dois anos de filmagem, tempo que o perfeccionismo de Kubrick achou necessário para a conclusão do filme, mas não o necessário para agradar a crítica e público. O último projeto cinematográfico em que esteve envolvido, mas que por questões de saúde não dirigiu, foi AI:Inteligência Artifícial, de Steven Spielberg. Kubrick morreu exatamente 666 dias antes de 2001, em Hertfordshire, Inglaterra, em 7 de março de 1999.

Joseph-Maurice Ravel: nasceu em Ciboure, França, em 7 de março de 1875. Poucos meses depois, em junho de 1875, a família Ravel se mudou para Paris. As afirmações insistentes de que a influência da Espanha sobre o imaginário musical de Maurice Ravel está vinculada a suas origens bascas são, então, exageradas, ainda mais porque o músico não retornou ao País Basco antes dos 25 anos. Entretanto, mais tarde regressaria regularmente para residir em Saint-Jean-de-Luz, para passar as férias ou trabalhar. A infância de Ravel foi feliz. Seus pais, atentos e cultos, freqüentaram o meio artístico, fomentando os primeiros passos de seu filho que tão logo se revelou um talento musical excepcional. Começou os estudos de piano aos seis anos, sob a guia de Henry Ghys. Criança ajuizada, ainda que também caprichoso e teimoso, logo demonstrou seu talento natural para a música, ainda que, para desespero de seus pais e professores, reconheceu mais tarde ter adicionado a seus numerosos talentos “a mais extrema preguiça.” De fato, no início seu pai, para obrigá-lo a praticar o piano, tinha que lhe prometer pequenas gorjetas. Em 1887, recebeu precocemente aulas de Charles René (harmonia, contraponto e composição). O clima artístico e musical prodigiosamente fértil de Paris do fim do século XIX não podia, senão, estimular o desenvolvimento do jovem. Ao ingressar no Conservatório de Paris em 1889, Ravel foi aluno de Charles de Bériot. Ali conheceu o pianista espanhol Ricardo Viñes, que acabou sendo um grande amigo e o intérprete escolhido para suas melhores obras. Os dois participariam do grupo conhecido como Les Apaches que casou agitação na estréia de Pelléas et Mélisande de Claude Debussy, em 1902. Admirador de Mozart, Saint-Saëns e Debussy, influenciado pela leitura de Baudelaire, Edgar Allan Poe, Condillac, Villiers de L’Isle-Adam e, sobretudo, de Stéphane Mallarmé, Ravel manifestou precocemente um caráter firme e um espírito musical muito independente. Suas primeiras composições provavam que eram já demonstrações de uma personalidade e uma maestria tal que seu estilo só evoluiria com o tempo. É mundialmente conhecido pelo seu Bolero (parte 1 e parte 2), ainda hoje a obra musical francesa mais tocada no mundo. A composição foi encomendada pela bailarina Ida Rubistein e estreou na Ópera de Paris em 1928. Maurice Ravel faleceu das conseqüências de um acidente de táxi ocorrido em 1932. Durante o período que precedeu a sua morte, havia perdido parte da sua capacidade de compor devido às lesões cerebrais causadas pelo acidente. A sua inteligência sempre se manteve intacta, mas o seu corpo já não respondia adequadamente tendo sofrido de graves problemas motores.



H (dois ícones)

quinta-feira, 5 de março de 2009

O "semi-cego" e seus 40 babacas


De volta ao colegial. Foi assim que me senti na minha primeira aula desse semestre que promete competir bem de perto com os 2 de 2006 e o 1º de 2008 para ser o pior de todo o meu curso.

Porém, talvez tenha sido apenas um desânimo momentâneo, já que nunca curti nada relacionado a filosofia. Não curto muito essas ‘viagens’ estáticas, pirações na maionese, e daí por diante. E o povinho de RP (Relações Públicas) ainda ajuda mais a deixar a aula totalmente desinteressante. É um falatório de dar inveja a qualquer uma das nossas vizinhas fofoqueiras (elas existem em todos os lugares, podem acreditar!). Como a minha namorada disse, parece que eles vivem eternamente no Ensino Médio.

O professor até que se esforçou para passar algo novo. Contudo, o máximo que ele conseguiu comigo foi me deixar com tédio. Tanto tédio que fiz questão de sair 40 minutos antes do fim da aula. Não sei se é uma unanimidade entre os professores de filosofia (seja ela qual for!), mas será que todos eles precisam fitar o teto enquanto estão expondo algo para a classe? Esse professor, por exemplo, fugia a todo custo de fixar o olhar em algum aluno. Era como se, para ele, só existisse o teto da sala e nada mais.

Juntando a isso, uma mania dele de ficar balançando a cabeça de um lado para o outro. Lembrei-me do Steve Wonder na hora! Acho que na próxima aula vou levar meus óculos escuros para ele.. rs Quem sabe ele não dá uma palinha!

Agora, vocês devem estar se perguntando: “e não teve nada de bom nessa aula?” E eu respondo: “Claro!”. A única (!) coisa boa foi que o ar-condicionado já estava ligado antes da aula começar. Logo, enquanto as outras pessoas que estavam do lado de fora viviam no inferno do fim do verão brasileiro, nós estávamos no paraíso.

Também descobri que terei várias leituras insossas para esse semestre. Entenda-se como insossas: Foucault, Wittgenstein, Habermas, Baudrillard e cia. Pensei que conseguiria chegar aos 50 anos com orgulho de dizer que nunca havia lido qualquer um deles, mas parece que vou decepcionar meus filhos e netos. Que pena.. rs


Bom, hoje tenho mais um capítulo. Fiquem atentos para os próximos episódios da minha saga.




H (antes tarde do que agora)

segunda-feira, 2 de março de 2009

Informe geral: época das vacas magras


Esse é o primeiro informe geral deste blog. Apesar do assunto não ser de total ineditismo, venho através deste post para dizer que, mesmo com a alta produção dos últimos 2 meses, quando consegui fazer uma atualização quase diária do “Fantástico Mundo do H”, a partir desse mês de março e por alguns mais que não saberia quantificar nesse exato momento, precisarei pisar um pouco no freio. É chegada a épica das vacas magras...

Gostaria muito de manter o mesmo ritmo de janeiro, por exemplo, mas com o início das aulas e até eu entrar nos eixos das optatórias, imagino que as atualizações deste blog ficarão restritas a períodos de 3 ou 4 dias. Provavelmente, também farei bastante uso dos meus “quadros”: Cabeceira do H, História com “H”, Compositores, Momento Poesia e Dica Cultural. Tenho muitas idéias de outros quadro e temas de post, porém, eles me custarão empenho e tempo para pesquisa que não terei nesse início de semestre.

Reitero que não é minha maior vontade no momento, mas foi a única forma que encontrei de não parar de vez ou, e mais radicalmente, deletar o Meu Mundo.

Gostaria, ainda, de abrir um parêntese para agradecer a todos que acompanharam e ainda acompanham o Mundo do H. Sem seus comentários, críticas, sugestões, posts inspiradores ou simplesmente o fato de saber que vocês estão por aqui, dificilmente eu conseguiria chegar ao meu 100º post. Poderia citar alguns nomes, mas sei que acabaria por deixar alguém de fora. Façamos assim, então: se você estiver lendo esse post, considere-se, por mim, grato.

Como uma pessoa me disse certa vez, depois de certo tempo, o blog acaba adquirindo uma vida própria, independente da vontade de seu criador. Muitas vezes, influenciado por aqueles que o acompanham. E não é diferente com esse. Estou sempre aberto a sugestões.

Muito mais que um vício, esse blog tem sido uma necessidade, um sopro de ar fresco para minha racionalidade. Mas, não só com ele. Com os outros blogs que acompanho também. Aprendi e me diverti bastante nesses últimos 7 meses.

Acho melhor parar por aqui antes que isso pareça uma despedida piegas! Não, isso não é uma despedida. É apenas um “posso não estar sempre aqui, mas se precisar, é só chamar!” rsrs





H ("Live and let die")

domingo, 1 de março de 2009

Compositores - John Williams: 100º post!


Pois é. Nunca imaginei que conseguiria chegar até esse ponto. Centésimo post! Quem diria.. E para celebrar tal feito, por que não falar sobre uma pessoa de quem sou fã desde minhas sessões diárias de "Sessão da Tarde" e/ou "Cinema em Casa"? Alguém capaz de captar a essência dos sonhos e transformá-la em trilhas memoráveis, marcantes em vários momentos da minha simplória vida. Mas, deixemos de enrolar e vamos a ele:

Desde os anos 60, há um compositor cuja música não sai da cabeça dos amantes de trilhas sonoras. Sejam os temas televisivos de “Perdidos no Espaço”, “Túnel do Tempo” ou “Terra de Gigantes”; a cadência ameaçadora de “Tubarão”; as harmonias de “Contatos Imediatos de Terceiro Grau” ou ainda as épicas marchas de “Guerra nas Estrelas” e “Indiana Jones” (dentre os mais de 80 filmes e programas de TV para os quais compôs), a música de John Williams, muito imitada, mas nunca igualada, possui tanto impacto quanto as imagens que surgem na tela. O homem parece ter o toque mágico para compor a música perfeita, e isso pode ser comprovado imaginando-se como seriam os filmes citados sem sua trilha musical. Johnny Towner Williams nasceu em Long Island, Nova York, em 8 de fevereiro de 1932. Filho de um músico da orquestra da CBS, aos 18 anos já era um talentoso estudante da Julliard School of Music, tendo inclusive composto seu primeiro concerto para piano. Originalmente tencionando ser reconhecido como músico clássico, John mudou-se em 1955 para a Califórnia, onde posteriormente começou sua carreira no cinema. Sob contrato na 20th Century Fox, tocou piano sob a batuta de mestres como Alfred Newman, Dmitri Tiomkin e Bernard Herrmann, até conseguir um contrato de dois anos na Columbia Pictures, onde trabalhou na orquestração de diversos filmes, dentre os quais se destaca “Os Canhões de Navarone”. Williams logo começou sua carreira de compositor, inicialmente em comédias não muito memoráveis, mas que serviram para aprimorar a sua técnica.

A filmografia de Williams é extensa, tendo ganhado inúmeros Emmys, Grammys e recebido mais de 40 indicações para o Oscar, conquistando o prêmio maior da Academia 5 vezes (“Um Violinista no Telhado”, “Tubarão”, “Guerra nas Estrelas”, “E.T.” e “A Lista de Schindler”). Em sua brilhante carreira destaca-se o prolífico período que vai de 1975 a 1983, quando o maestro compôs, entre outras trilhas, a música dos clássicos de Steven Spielberg e George Lucas, como os já mencionados “Tubarão”, “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” e “E.T.”, além da primeira trilogia de “Guerra nas Estrelas” (“Uma Nova Esperança”, “O Império Contra-Ataca” e “O Retorno de Jedi”).

Ao longo dos anos 80, Williams continuou a compor partituras de qualidade como “O Império do Sol”, de Spielberg, e da trilogia “Indiana Jones”. Na década de 90, o compositor diminuiu seu ritmo de trabalho, limitando-se a filmes de Spielberg (“Jurassic Park”, “A Lista de Schindler”, “Amistad”) e a poucos projetos de diretores renomados, como “Nixon”, de Oliver Stone, e “Sabrina”, de Sidney Pollack. Contudo, a partir de 1999 o compositor parece ter ingressado em um novo ciclo de sua carreira, que teve início com o retorno ao universo de “Guerra nas Estrelas” em “Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma”, seguindo com “As Cinzas de Ângela” e “O Patriota”, ambos indicados para o Oscar. Já em pleno século 21, Williams continua a nos fascinar com trabalhos superiores como “A. I. - Inteligência Artificial”, e “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Além dos novos trabalhos, várias de suas trilhas mais populares foram relançadas, em novas edições remasterizadas e expandidas, mantendo assim John Williams na condição de um dos compositores de cinema mais populares da história.

Além de sua colaboração para épicos de Irwin Allen, George Lucas e Steven Spielberg, o compositor forneceu memoráveis scores para filmes como “Os Cowboys”, “Nascido a 4 de Julho”, “JFK”, “Um Sonho Distante”, “Esqueceram de Mim”, “Superman” e muitos outros. Hoje, Williams é o mais conhecido compositor de cinema, colaborador permanente de Spielberg e um dos grandes nomes da música em geral, tendo assumido a batuta da Boston Pops Orchestra em 1980. Williams também recebeu um grande número de discos de Ouro e Platina, o que atesta a sua enorme popularidade.

Williams, Spielberg e Lucas: particularidades

Em “Tubarão”, para o qual criou o famoso tema de duas notas, Williams nos mostra quão efetiva pode ser uma trilha, paradoxalmente até mesmo pela ausência de música. Na seqüência da praia lotada de turistas, no feriado, todos os truques que Spielberg utiliza para anunciar o tubarão (movimentos de câmera, etc.) estão presentes, menos a música. Realmente a cena termina em um alarme falso, com duas crianças brincando com uma barbatana falsa. Mas algum tempo depois ouvimos o tema sinistro, e agora sabemos que a ameaça é real graças ao reaparecimento da música. Já as primeiras idéias sobre a música de “Contatos Imediatos de Terceiro Grau” haviam sido discutidas por Williams e Spielberg ainda durante a produção de “Tubarão”. Sua base seria a canção de Pinóquio, "When You Wish Upon a Star", de modo a exprimir a fantasia e o encantamento infantis que a maior parte dos adultos abandona com o passar dos anos. “Contatos” teve grande parte da música composta antes mesmo de se realizarem as filmagens, com base apenas no roteiro e nos storyboards desenhados por Spielberg. O resultado, como todos sabem, foi uma obra-prima, que só não recebeu o Oscar daquele ano porque John Williams foi derrotado por um concorrente imbatível: ele mesmo, com “Guerra nas Estrelas”. Esta saga concebida por Lucas continha, em um ambiente de ficção científica tipo Flash Gordon, elementos dos antigos seriados e filmes de aventura, capa-e-espada, westerns e guerra, que ele tanto amara na infância e adolescência. E a música por certo refletia essa reciclagem de gêneros. Relembra Lucas que, expressando ao amigo Spielberg o tipo de música que queria para “Guerra nas Estrelas”, este lhe disse que sem dúvida o homem certo para o trabalho era o seu colaborador, Williams. Não devemos esquecer que eram os anos 70, época em que as grandes trilhas orquestrais da era de ouro de Hollywood haviam dado lugar à música pop, que era mais lucrativa para os estúdios.

Algumas de suas (fantásticas) composições:

* Um Violinista no Telhado (1971)
* Tubarão (1975)
* Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança (1977)
* Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977)
* Superman (1978)
* Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (1981)
* E.T. - O Extraterrestre (1982)
* De Volta Para o Futuro (1985)
* Nascido em 4 de Julho (1989)
* Esqueceram de Mim (1990)
* Hook - A Volta do Capitão Gancho (1991)
* O Parque dos Dinossauros (1993)
* A Lista de Schindler (1993)
* O Resgate do Soldado Ryan (1998)
* As Cinzas de Ângela (1999)
* O Patriota (2000)
* Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001)
* A.I. - Inteligência Artificial (2001)
* Minoriry Report - A Nova Lei (2002)
* Memórias de uma Gueixa (2005)
* Guerra dos Mundos (2005)


H (as antigas são as melhores!)