segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Encontros e desencontros


Acho que é uma das qualidades mais normais de nossa sagaz curiosidade começar a nos questionar sobre o porquê de cada peculiaridade de nossa personalidade. Sou assim até quando não percebo.

Uma dessas minhas qualidades, visível inclusive aqui no blog, é a mania de criar "Tops". Imaginar listas sobre tudo que possa ser classificado. Músicas, filmes, livros, bebidas, comidas etc. Recentemente, tentei elucidar esse mistério. Debrucei-me sobre este questionamento aparentemente insolúvel com o empenho de um investigador criminal. Pena meu QI não chegar a 120.. rsrs

O mais perto de uma solução que cheguei foi descobrir quando essa mania se tornou tão corrente e, principalmente, imperceptível. No fim de 2003, depois de um fim um pouco tumultuado de namoro, fui até a locadora do bairro atrás de alguma novidade. Cego devido ao turbilhão de pensamentos, pedi alguma (boa) indicação da atendente. Sai de lá 10 minutos depois, com "Alta fidelidade" nas mãos e 8 números anotados num papel surrado.

Para quem ainda não teve o prazer de assistir este filme, uma pequena sinopse: baseado no romance homônimo de Nick Hornby, a história gira em torno da fracassada vida amorosa de Rick Gordon, o dono de uma loja de discos e aficionado por criar listas de 5 quaisquer coisas. Depois de um pé-na-bunda dos mais sofríveis, ele resolve especular quais seriam os 5 finais mais trágicos de seus inúmeros relacionamentos. Juro que rever este filme, de vez em quando, me ajuda mais do que qualquer sessão de terapia com minha psicóloga (desculpa, D. Regina, mas é verdade! rs).

Digamos, e apenas isso que podemos fazer por hora, que já o revi MUITAS vezes. Contudo, nunca havia pensado em agir como o tal Rick Gordon. Sei lá, mas acho que pessoas propriamente ditas não possuem essências quantificáveis o bastante para serem comparadas. É um pouco bizarro de explicar isso. Só sei que não me sinto muito confortável julgando, pesando e/ou analisando detalhes individuais para efeito comparativo.

Entretanto, e esse enfim é o tema do post, no primeiro domingo deste mês de fevereiro (dia 3, para ser mais preciso), algo muito peculiar me aconteceu. Diria mais: foi o fato mais bizarro da minha vida. Num intervalo de mais ou menos 5 horas, "encontrei" 5 ex-namoradas (na verdade, 3 ex-namoradas e 2 ex-ficantes). Usei o termo encontrei entre aspas porque, em um dos casos, a dita cuja foi apenas avistada, já que a educação e os bons modos, infelizmente, não são qualidades extensíveis a todos (as).

Nesse dia, bêbado e ensopado, acabei perdendo minha última condução e precisei pegar um táxi para chegar até esse fim de mundo chamado Morro Doce. Durante a viagem de táxi, aproveitando o milagroso silêncio de seu condutor, comecei a divagar sobre o quê havia acontecido naquelas poucas horas. Acabei chegando no papel de Rick Gordon mais rápido do que minha sanidade poderia imaginar. Montei minha própria lista, meu "Top 5". Porém, como sou uma pessoa temorosa pela repercussão que a divulgação de nomes e detalhes poderia trazer, decidi levantar uma lista de 5 músicas que me vieram à cabeça logo que as revi. Para ajudar um pouco na identificação, limitei-me a acrescentar o local onde encontrei cada uma, bem como o tempo de namoro/rolo, a razão do término e uma pequena explicação sobre o motivo da música selecionada. Segue a lista:

1ª) Local: saída da estação Consolação do metrô
Tempo de namoro: 1 ano e 4 meses
Término: ela tomou a iniciativa. Foi traumático. Chorei, engordei e tentei suicídio. Conversamos por 2 minutos, só por educação.
Motivo da escolha musical: é cafona, eu sei. Mas era uma música que tocava muito nas rádios em 2002 e logo virou nossa música (podem me julgar, eu não ligo!).




2ª) Local: barzinho na Rua Augusta
Tempo de namoro: 4 meses
Término: ela também tomou a iniciativa. Lembro de ter sido BEM repentino. Fiquei muito mal. Para evitar encontrá-la na faculdade (sim, éramos do mesmo curso), comecei a frequentar outros departamentos. Conversamos por 5 minutos, sem grandes novidades.
Motivo da escolha musical: sou sincero ao dizer que não a conhecia. A ex em questão foi quem me apresentou a esta música.




3ª) Local: outro barzinho na Rua Augusta
Tempo de namoro: 1 ano de "ficadas", idas e vindas
Término: deixemos em branco devido a complexidade do caso.. rsrs
Motivo da escolha musical: digamos que temos estilos de vida antagônicos. E, em contrapartida, seriados favoritos em comum.




4ª) Local: barzinho na Rua Matias Aires
Tempo de namoro: 2 semanas
Término: para variar (e isso não me surpreende!), foi uma decisão dela. Digo que superei, mas até hoje ainda sofro um pouco. Estava no último ano da faculdade (sim, ela também era uma colega de curso) e pensei em abandonar tudo. Me apaixonei de verdade e me fodi bonito. Nessa ocasião, não teve nem a decência de me olhar na cara. Não a culpo.
Motivo da escolha musical: aquela típica "afunda fossa". Repeat and repeat again.




5ª) Local: escada rolante dentro da estação República do metrô
Tempo de namoro: 2 meses
Término: finalmente, foi minha a iniciativa. Porém, foi uma decisão muito difícil. Era uma garota divertida e cinéfila. O problema era comigo mesmo. E o pensamento que ainda estava na citada anteriormente. Conversamos por uns 15 minutos e até marcamos algo (!).
Motivo da escolha musical: era uma de suas músicas favoritas.




Foi divertido. Sofri muito por 3 delas. E fiz uma delas sofrer muito também. Coisas que não deveriam, mas acontecem pelo simples fato de sermos os ignorantes e egocêntricos que somos. Incapazes de enxergarmos recomeços, desatarmos nós e vivermos o presente. Apenas conseguimos ver as limitações alheias e nos achamos deuses por isso. Tsc, tsc.


Especialmente para a "senhorita nº 4"



H (a fila anda)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Ficha



Cá estou de volta. E digo logo: não esperem que os anos vindouros retornem. Não sou mais o mesmo e duvido muito que volte a ser uma centelha daquilo que fui. Paciência é só o que posso almejar. Um pouco mais. Porque a morte, essa maléfica advogada, deve andar com a agenda cheia para honrar seu compromisso para comigo.

Mas deixemos os assuntos funestos de lado, ao menos por alguns instantes, e falemos de algo agradável. Ou melhor tragável. Como bem sabem, dadas raras exceções, os temas abordados aqui no blog vêm perdendo a pouca qualidade que tinham. Isto não é opinião, mas fato. O principal culpado, eu, sempre enfrentei problemas com a minha veia criativa.

Pode até parecer novidade para alguns, porém, a verdade é que nunca fui muito bom nisso. Por inúmeras vezes me senti como um intruso nesse "lar". A raíz criativa deste lugar sempre pertenceu a outra pessoa. Um ser iluminado e vital para a existência e prorrogação de tudo que veio a seguir.

Sinto-me, assim como este blog, orfão. A ficha, lentamente, está caindo. Sem causa, coragem ou mesmo personalidade, às vezes me olho no espelho e vejo apenas o reflexo do seu inverso. Cores nítidas e vivas representando apenas objetos inanimados. Ah, e ambientes, claro!

Que falta você faz, Criatividade! E que pouco valor fui capaz de lhe atribuir. Caminhos injustos esses nossos, prerrogativas de um final nada feliz. É isso, exatamente a isso que fui reduzido: um desafortunado clichê. Um lugar comum dos mais vulgares e mefistos.

Tenho pena daqueles que lerão isso e pensarão coisas do tipo "nossa, esse cara é um gênio" ; "que expressão, que forma de escrita magnífica" ou outras frases do gênero. Eu sou uma fraude! Novamente, não é uma opinião, mas fato. Corroborem com essa afirmativa e tudo ficará mais fácil. Para todos.

Talvez eu volte. Talvez não. As decisões são indiferentes e injustificáveis quando partem de contestações.

H (Esperemos)