sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Descascando o abacaxi



Desde que saí da Cásper Líbero, de forma intempestiva, em 2011, decidi não escrever mais sobre o tema trabalho. Não para tentar satisfazer as vontades de um ou outro. Apenas julguei que o assunto não merecia mais créditos no blog.

Logo o próprio blog perdeu também a graça, então achei irrelevante me explicar sobre isso ou aquilo. Deixei tudo seguir seu rumo e pronto.

Porém, atualmente, como minha terapeuta vem me incentivando a colocar tudo que me incomoda no papel, ponderei ser este o momento para comentar sobre algo tão complexo.

Comecemos pelo início: por que pedi demissão da Cásper Líbero? Não posso dizer que nunca gostei daquele lugar. Trabalhei ali por mais de 5 anos e engoli inúmeros sapos. Tudo em prol de uma carreira que eu ainda não sabia se gostaria de seguir. Do mesmo modo, também não posso negar que foi o período de estágio (11 meses) ali que me auxiliou suportar a conclusão de um curso tão teórico e engessado quanto o da biblioteconomia. Não sei se fiz amigos por lá. Trabalhar com 12 mulheres era algo surreal. Era como conviver com a iminência de um ataque nuclear, tamanho o nível de progesterona no ar. O ambiente era descontraído em datas pontuais como aniversários, copas do mundo, natais e aos sábados (este último, principalmente pelo fato da minha ex-chefe não estar presente). Porém, a pressão desmedida que minha ex-chefe gostava de imprimir em alguns de nós (eu incluso) era algo que beirava o sádico. O clima logo começou a ficar pesado demais para alguém caricato como eu. Depois de me formar, em abril de 2011, passei a buscar novos rumos para minha vida profissional.

Nesse meio tempo, fiz algumas pesquisas sobre a área de consultoria e me empolguei com a possibilidade de por em prática toda a carga teórica acumulada durante a graduação. E, dessa forma, em julho de 2011, por indicação de um grande amigo da biblio, comecei a prestar serviço a um dos maiores jornalistas do país. Ele estava em fase de mudança e gostaria que sua biblioteca ficasse pronta ao mesmo tempo que a reforma de seu novo apartamento, na região de Higienópolis. Trabalhei por 6 meses juntamente com outros dois colegas. Fizemos a higienização e organização de aproximadamente 10 mil volumes, entre livros, CDs e DVDs.

Hoje, considero este um dos mais exaustivos trabalhos que já participei. Mas foi gratificante ver todo o projeto tomar forma. O fato de fazer meus próprios horários e me lançar em algo desconhecido, foram questões que enriqueceram ainda mais a conclusão de tal projeto.

Além deste, prestei consultoria para um colecionador de gibis, sobrinho de uma das minhas professoras da graduação (que foi a responsável por me indicar). Por 4 meses, fiz a higienização e preparo técnico de 5 mil exemplares. Arrependo-me um pouco deste porque me comprometi a cumprir um prazo curto enquanto trabalhava sozinho e, mais de uma vez, precisei revê-lo. Porém, foi igualmente gratificante ver ordem no caos. Além, é claro, de conseguir trabalhar com um material tão incomum na área de biblioteconomia. Aprendi muito sobre higienização e preservação e, até, um pouco sobre homework.

Depois disso, passei por um período de vacas magras. E isso é perigoso. Principalmente para alguém que trabalha nessa área de humanas. Num momento de desespero, com contas acumuladas e pressão de outras pessoas pouco familiarizadas com as suas qualificações, torna-se normal aceitar a primeira empreitada que surge à frente.

E daí chego, enfim, ao São Paulo Futebol Clube. Outro fator que pesava bastante durante o período que trabalhei na Cásper Líbero era o trabalho aos sábados (revezamento). Achava o fim da picada ter de ficar lá, enfurnado até às 17h. Ao sair, prometi que nunca mais aceitaria me subjulgar a isso. Porém, como eu disse no parágrafo acima, o perigo reside na escassez. Depois de três meses sem movimentação positiva de caixa, acabei aceitando uma vaga para trabalhar no cu do submundo luxuoso da cidade, no período noturno, de terça a domingo. O que o desespero não faz com nossos princípios, não é?

No começo, achei ótimo. Seria uma nova experiência profissional, já que se tratava de uma biblioteca dentro de um clube esportivo. Qual seria a demanda? Que tipo de público teria de atender? E qual público teria de (re)conquistar? Várias perguntas me surpreenderam durante os primeiros dias.

Fiz amigos, briguei e batalhei por melhorias. Viabilizei projetos simples, porém de importância ímpar. Porém, não foi fácil. Por várias vezes, vi-me tendo de explicar coisas que, até pouco tempo, achava óbvias. Acumulei novos conhecimentos e até uma nova função que nunca imaginei ser bom o bastante (pretendo escrever mais sobre em breve). 


E hoje foi meu último dia. Apesar de proveitosa, considero que saí de lá derrotado. Vencido pela arrogância e prepotência de alguns tubarões, pessoas que gostam de impor suas vontades às demais, sem levar em consideração suas qualificações, vida particular ou princípios. Nada do que fiz foi com a intenção de focar holofotes sobre mim. Afinal, sou tímido e abomino todo tipo de atenção excessiva. Por outro lado, não sou idiota ao ponto de aceitar que pessoas "empata-fodas" levem créditos por projetos dos quais não contribuíram com nenhuma gota de suor.

Saí, também, por considerar meus domingos sagrados ao ócio e porque acho que minhas qualidades extra-profissionais merecem mais do que a esmola recebida todo dia 5.

Foi divertido, porém estafante. Conheci inúmeras pessoas maravilhosas e uma meia dúzia detestável. Mal sabem elas, mas acabaram acendendo o pavio do meu último projeto. Abram os guarda-chuvas. O ventilador foi ligado e a merda, lançada.




H (Livre)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Fechando círculos


* O texto a seguir não é de minha autoria. Recebi, recentemente, de um amigo. Por sintetizar tudo que sinto durante esta semana, decidi compartilhá-lo com todos.




É
 preciso saber sempre quando se acaba uma etapa da vida.
Se insistirmos em permanecer nela, depois do tempo necessário, perderemos a
alegria e o sentido do resto. Fechando círculos, fechando portas ou
fechando capítulos, como queiras chamar, o importante é poder fechá-los,
 
deixar ir momentos da vida que se vão enclausurando.
Terminou seu trabalho? Acabou a relação? Já não mora mais nessa casa? Deve
viajar? A amizade acabou? Você pode passar muito tempo do seu presente
dando voltas ao passado, tentando modificá-lo... O desgaste será infinito,
 
porque na vida, você, seus amigos, filhos, irmãos, todos estamos destinados
a fechar capítulos, virar páginas, terminar etapas ou momentos da vida, e
seguir adiante.
Não podemos estar no presente sentindo falta do passado. O que aconteceu,
 
aconteceu. Não podemos ser filhos para sempre, nem adolescentes eternos,
 
nem empregados de empresas inexistentes, nem ter vínculos com quem não quer
estar vinculado a nós. Os acontecimentos passam e temos que deixá-los ir!
Por isso, às vezes é tão importante esquecer de lembrar, trocar de casa,
 
rasgar papéis, jogar fora presentes desbotados, dar ou vender livros... As
mudanças externas podem simbolizar processos interiores de superação.
Deixar ir, soltar, desprender-se...
Na vida ninguém joga com cartas marcadas, e tem que aprender a perder e a
ganhar. O passado passou: não espere que o devolvam. Também não espere
reconhecimento, ou que saibam quem você é. A vida segue para frente, nunca
para trás. Se você anda pela vida deixando "portas abertas", nunca poderá  
desprender-se, nem viver o hoje com satisfação. Namoros ou amizades que não
se fecham, possibilidades de "regresso" - pra quê? -, necessidade de
esclarecimentos, palavras que não foram ditas, silêncios... Se você pode
enfrentá-los agora, que o faça!
Não por orgulho ou soberba, mas porque você já não se encaixa ali, naquele
lugar, naquele coração, naquela casa, naquele escritório, naquele cargo...
Você já não é o(a) mesmo(a) que foi há dois dias, há três meses, há um
ano... portanto, nada tem que voltar.
Feche a porta, vire a página, feche o círculo! Você nunca será o mesmo, nem
o mundo à sua volta, porque a vida não é estática. É saúde mental, amor por
você mesmo, desprender-se do que já não está em sua vida. Lembre-se de que
nada, nem ninguém, é indispensável. É um trabalho pessoal aprender a viver
com o que dói, deixar-se ir. É processo de aprender a desprender-se. E isso
ajudará definitivamente a seguir para frente com tranqüilidade. Essa é a
vida!

H (Seguindo em frente)