domingo, 30 de novembro de 2008

Momento poesia V - J. G. de Araújo Jorge


J. G. de Araújo Jorge nasceu em 20 de maio de 1914, na Vila de Tarauacá, Estado do Acre. Passou sua infância no Acre, em Rio Branco, onde fez o curso primário no Grupo Escolar, 7 de Setembro. No Rio, realizou o curso secundário nos Colégios Anglo-Americano e Pedro II. Colaborou desde menino na imprensa estudantil. Com irrefreável vocação política, foi candidato a vários cargos públicos. Elegeu-se Deputado Federal em 1970 pela Guanabara, reelegendo-se já para o seu terceiro mandato em 1978. Ocupou a vice-liderança do MDB e a presidência da Comissão de Comunicação na Câmara dos Deputados. Foi conhecido como o Poeta do Povo e da Mocidade, pela sua mensagem social e política e por sua obra lírica, impregnada de romantismo moderno, mas às vezes, dramático. Foi um dos poetas mais lidos, e talvez por isto mesmo, o mais combatido do Brasil. Faleceu em 27 de Janeiro de 1987.

Segue uma das minhas favoritas dele (que reflete bem o momento):


Eterno Drama*

Por que esse desencontro tão constante?
Por que tão raro o amor completo, inteiro?
Sempre uma alma a se dar toda, exultante,
e um frio coração por companheiro.

Sempre um a querer mais, a cada instante,
o desejo a queimar como braseiro;
e o outro apenas seguindo, ao lado, e adiante,
quase como um estranho caminheiro.

Um, tranqüilo, confiante, satisfeito;
o outro, o ciúme a levar no coração
como um cão a rosnar dentro do peito;

eis, a toda hora, o drama que desponta:
- há sempre um que ama, escravo da paixão,
e o que se deixa amar... sem se dar conta.


* (Poema originalmente publicado no livro "O Poder da Flor", de 1969)


H (cansado de compreender)

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

BFF: Best Friends Forever!


Martin Buber, grande filósofo austríaco, dizia que do encontro de duas pessoas nascia uma terceira: a cumplicidade. Isso através do diálogo, do encontro e da responsabilidade. Eu vou além. Digo que a amizade também pode ser explicada dessa forma.

Nunca fui do tipo que faz muitas amizades, ou que consegue mantê-las por um certo tempo considerável. Quando entrei na faculdade (2005), eu tinha decidido não deixar minha frustração com meu nome interferir na minha futura relação com as pessoas que tinha certeza que conheceria dali para frente. Sem sombra de dúvidas, foi uma das decisões mais acertadas que já tomei na vida.

Conheci pessoas e fiz amizades que espero realmente que durem por muitos anos. Que perpetuem por muitas gerações. Muitas dessas pessoas tenho não só como simples amigos, mas como irmãos que me ajudaram a ser o que sou hoje. Pois bem, essas mesmas pessoas e eu, depois de 4 anos e percebendo a chegada daquele que parecia ser o último ano realmente juntos, resolveram fazer um amigo secreto.

Apesar de saber que se tratava de uma “semi-despedida”, ninguém se deixou abater. Todos nos entregamos ao clima de descontração e alegria, relembrando momentos e histórias divertidas que nos perseguiram e nos integraram nesses 4 anos. Nada de histórias trovadorescas, repletas de fantasia. Não. Eram histórias compartilhadas, hilárias, que serviram para unir ainda mais todos.

O importante não era o presente que cada um iria ganhar, mas ter a certeza que a pessoa gastou um tempo dela, se dedicou o tanto que pode, para comprar algo para você. Isso é amizade. “[Amizade é] aquilo que antes era solidão em nós e que depois, pela força do encontro, é iluminado, multiplicado e maravilhosamente partilhado.” (MELO, 2007).

Para expressar melhor o que é um amigo para mim (ou como diria a Michelli, BFF.. rs), citarei um trecho do livro do Fábio de Melo, "Amigo: somos muitos, mesmo sendo dois":

Se da minha vida eu sou o sujeito, você é um adjetivo. Você me empresta qualidade... Você me devolve quando sou roubado... Você me encontra quando estou perdido. Pode ser que um dia a gente venha a se perder nas distâncias deste mundo... Pode ser que um dia a gente se separe... Nem sempre a vida respeita o que a gente quer. Mas uma coisa é certa...
[...]
Mesmo que você perca toda a sua utilidade... Dentro de mim você continuará tendo significado...
[...]
Eu não gostaria que a morte nos alcançasse sem antes poder lhe dizer... Que nas miudezas dos meus dias que passam você é um grande acontecimento que permanece.
[...]
Neste instante em que seus olhos se ocupam das palavras que meu coração resolveu improvisar... Eu gostaria de lhe agradecer pelas inúmeras vezes que você me enxergou melhor do que sou.

Para aqueles que participaram, virtual ou pessoalmente, podem conferir algumas fotos que tirei desse encontro antológico, que contou ainda com a presença e participação do “ser” Luciana Meira para animar ainda mais.

Ah, e quero dizer que a minha falta de jeito no final foi apenas porque me dei conta de que aquela poderia ser a última vez que estaríamos reunidos como uma classe. Mas passou logo. E, como só poderia vir dele, um pouco antes de ir embora, Carlos (JC para os íntimos) chega até mim e diz: “Obrigado por você ser assim como é”. O que eu poderia dizer? Fui o mais sincero que pude: “Imagina Carlos, eu sou apenas o reflexo daqueles que me rodeiam”.


H (Dedicado aos 4 melhores anos que tive na vida)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A maldade que existe em nós

"Basta apertar para se desligar do mundo"


Hoje estou meio aéreo. Entenda-se sossegado. Acho que o motivo deve ser porque amanhã não vou trabalhar. Não sei. Mesmo assim, quando passei por uma banca de jornal perto do ponto do ônibus, vi a capa da Folha de São Paulo. Uma foto bem grande do que parecia ser uma estação ferroviária. Uma senhora era levada pelo braço por um policial. E sangue por todos os lados. Senti repulsa na hora.


Pode parecer irônico: eu, fã de Jogos Mortais; que já assisti filmes de terror como Sexta-feira 13, Hallowen, O albergue, etc.., me senti enojado por uma foto de uma estação na Índia! Por que, afinal? Talvez porque aquilo era verdade, não uma ficção sanguinolenta.

Depois, lendo (por cima) a matéria no jornal, vi a razão que, na verdade, já me parecia óbvia: a junção de poder e religião. Duas vertentes que só servem para mostrar até que ponto chegou a estupidez humana através dos tempos. Como pode, em pleno século XXI ainda existir essa intolerância e falta de consenso em relação a religião alheia?! Para que se vangloriar se eu posso mais ou menos do que Fulano ou Cipriano? É uma balburdia total! Às vezes tenho vergonha de dividir o mesmo espaço com pessoas assim, de cérebro reduzido, com opiniões medíocres e justificativas pífias para seus atos extremos.


Essa banalização toda me lembrou de um livro que comprei, mas que infelizmente ainda não tive tempo de ler: "Diante da dor dos outros", da Susan Sontag. Pelo que me lembro, a autora faz uma reflexão de como encaramos as imagens de dor e guerra que abarrotam os meios de comunicação todos os dias.

Hoje decidi que vou começar minhas leituras de férias por esse livro. Agora me senti tentado a saber mais sobre essa maldade que nos espreita, domina e corrompe.

"Se pudesse receber de volta a taxa de inscrição, eu pediria demissão da raça humana"
Fred Allen, comediante norte-americano – 1894-1956.


H ("que mundo é esse?")

domingo, 23 de novembro de 2008

Cabeceira do H: sobre a menina

"Um bom livro não é aquele que a gente lê; mas o que lê a gente". Não me lembro muito bem de quem é a frase. Acho que devo ter lido ou ouvido em algum lugar um tempo atrás. Pois bem, esse livro que vou falar hoje se encaixa exatamente nessa frase. É uma história simples, porém, ao mesmo tempo, você fica imaginando "como é que ninguém pensou nisso antes?!"

Antes, vamos a história de como eu cheguei até ele (ou vice-versa): relembrando o que eu já havia dito no útimo post com esse nome, não me deixava influenciar tanto pelas dicas de livros que as outras pessoas me passavam. Com esse livro não foi diferente. Duas amigas tinham me falado dele logo que foi lançado, no começo de 2007. Contaram um pouco da história e eu, com toda a minha arrogância e ignorância, perguntei: "e daí?!". Algum tempo depois, o pessoal da minha sala me deu um vale-compras da Siciliano (aqueles que compareceram!) de presente de aniversário. No final de semana seguinte fui até a loja para decidir o que comprar. E vi esse livro. A capa toda branca, uma pessoa de preto caminhando com um guarda-chuva vermelho. Mas o que me fez comprá-lo mesmo foram os dizeres da contra-capa: "Quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler". Não esperei nem chegar em casa! No ônibus já tirei todo o plástico e comecei a ler.

"A menina que roubava livros" (The book thief), do australiano Markus Zusak, conta a história da pequena Liesel Meminger numa Alemanha nazista perto do colapso. Na verdade, como diz a contra-capa, a narradora é a própria morte que, depois de encontrar um dos livros que Liesel sempre carregava, começa a contar os três encontros que teve com a menina. Uma menina que não tinha uma vida interessante, mas fazia de cada fato novo seu apogeu. Não vou contar toda a história. Não. Apenas digo que foi um dos únicos livros que conseguiu prender minha atenção durante um mês inteiro.

Procurando pelo Youtube, encontrei o trailer do que parece ser o filme baseado nesse livro. Os direitos já haviam sido comprados pela Fox Films logo após o lançamento do livro nos Estados Unidos. É esperar para ver. Mas uma coisa tenho certeza: dificilmente conseguirão me fazer sentir tanta admiração por Liesel como eu senti lendo o livro. Até meu choro na parte final, se acontecesse novamente, não seria igual.

Boa leitura. Esse post foi escrito enquanto ouvia "Love is the end", música do novo CD (Perfect Symmetry) do Keane.


H ("Os seres humanos me assombram")

sábado, 22 de novembro de 2008

Stress por stress


Reclamar do trabalho. Para variar, esse post é sobre isso. Ou melhor, boa parte dele é sobre isso. Hoje, sábado, enquanto estou vendo/ouvindo a última palestra do IX EREBD, fingindo que estou trabalhando, aproveito para escrever esse post sobre algo que aconteceu antes do feriado.

Por falar em feriado, o que custava emendar esse final de semana? Hein, Dona Tereza?? Tenho certeza que nada. Mas beleza. Meu arrependimento mesmo foi maior depois do que vi ontem durante a palestra VIRTUALIDADE do IX EREBD. Tinha muita coisa a ver com meu TCC. Porém, eu tinha que trabalhar! Senão, essa porra toda pára, né!

Voltando ao tema do post: até meus 14 anos, fui sempre o tipo que não reagia a nenhuma brincadeira em relação ao meu nome ou qualquer outro tipo de provocação. Simplesmente ignorava ou guardava para mim mesmo. Depois de algum tempo, não sei o real motivo, meu sangue começou a ferver com uma certa facilidade. Brigava muito (apanhava na maioria das vezes! rs), xingava, discutia, mas nunca levava nada para casa. Insinuação nenhuma.

Pois bem, na última quarta-feira (19/11), certa "pessoa" do meu trabalho, num ataque de rebeldia sem causa, insinuou que eu não estaria fazendo a minha parte em relação a um procedimento rotineiro que, a um bom tempo, vinha dando problema. Juro que não parei para pensar muito na hora. Talvez só o bastante para não cair no pescoço da "pessoa" e separar a cabeça do restante do corpo. Mas o sangue subiu! Retruquei logo: "Reclamar qualquer um pode.. mas chegar mais cedo para conferir o procedimento não tem um, né!? Se você está duvidando do meu trabalho, então por que não chega mais cedo para conferir? Ou melhor, por que você mesmo não faz o meu trabalho?!"

A frase foi mais ou menos essa. Tirando alguns palavrões e o nome da "pessoa". Nem levei em consideração que a tal pessoa tinha um cargo mais elevado que o meu. Apenas levei a cabo o meu lema de sempre: nunca leve provocação para casa! E assim foi. Dois dias depois, essa mesma "pessoa" quis continuar o assunto. Parece que o que eu tinha falado não tinha sido o bastante, ainda quis ouvir mais. E eu falei. Tirei a rolha da boca e soltei tudo!

Agora estou aliviado.. e o Anticristo continua falando em "filhos da elite branca" e "pensar em grandes ganhos e não em pequenas perdas".. francamente! Desculpem-me pela imagem.. mas é meu temperamento agora.


H (irritabilidade é fichinha!)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

De volta ao reino dos blogs


Não. Apesar do título, esse não é um post fantasia do tipo "Era uma vez...". Até porque, não sou muito bom para inventar essas historinhas ilusórias, repletas de falsas felicidades e revira-voltas típicas de novelas mexicanas. Não! Esse post é uma resposta a um pedido feito por um "ser" inspirador (!) que, depois de ler meu post "Metablog", me pediu para relacionar alguns blogs citados na matéria da revista Época, "80 blogs que você não pode perder".

Achei tão justo o pedido dela (Valeu Lu!), que resolvi trazer aqueles que conheço e, por conseguinte, sei que são bons. A maioria é de humor, mas como o assunto de cada é bem diversificado, apenas coloquei um resumo e o link:

1) Brainstorm #9: para quem se liga em publicidade e propaganda ao redor do globo (e não estou falando da TV!), esse é um dos melhores. On-line desde 2002, também traz posts sobre cultura e literatura em geral;

2) Brogui: além de trazer muitas dicas sobre como manter um blog, esse também é um grande passatempo, já que relaciona tudo aquilo que adoramos nos momentos de ócio: curiosidades, jogos, comentários e promoções;

3) Dr. Pepper: sob o lema "piadas ruins é que são boas", Daniel MT cria tirinhas bem simples, mas com um humor que beira o negro. Desaconselho para aqueles politicamente corretos e defensores da ética e dos bons costumes. Quem não se enquadra nisso, deleite-se!

4) Grandes tolices do orkut: o nome, num primeiro momento, pode remeter a algo esdrúxulo. E realmente é disso que se trata. Sabe aqueles emails que entopem a sua caixa com fotos e comentários sem noção de pessoas no orkut? Pode ter certeza que a maioria sai desse blog! Ótimo para dar boas risadas. Afinal, "pimenta no zóio dos outro, é tang!" rsrs

5) Jacaré banguela: as piadas são inteligentes. Os vídeos e telas do MSN com suas conversas horripilantes também são muito engraçados. Conta muito com a ajuda de outros internautas;

6) Kibeloco: talvez o mais antigo e conhecido blog de humor do Brasil. Faz comentários hilários sobre as "Notícias que vão mudar o mundo". Tem também um quadro de comparações entitulado "Separados no nascimento". Recomendo;

7) Sedentário e hiperativo: cinco autores, cada um com uma visão diferente. Isso faz do blog um mix interessante e bizarro sobre a cultura pop da web.

Esses são meus recomendados. Ainda tem o do Marcelo Tas, que já está nos meus blogs favoritos aqui do lado. E o do Juca Kfouri, que consulto algumas vezes para saber de jogos e campeonatos de futebol.

Acho que é isso. Mas a revista traz muitos outros. Assim que ver algum outro, eu indico.


H ("degustem com parcimônia")

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Dica cultural


Estou inspirado hoje! Acabo de ver na Folha online uma dica que, para quem é cinéfilo e curte também uma caminhada, é demais. Um evento chamado "Container art", do artista Artur Lescher, que assina a montagem do espaço junto com o escritório de arquitetura carioca Bernardes + Jacobsen.

A idéia é simples: 20 contêineres (com ar-condicionado, sofás e toda a mordomia necessária) exibindo vídeos de 49 artistas. Ao todo, serão 62 trabalhos apresentados nos próximos 10 dias.

Quem quiser mais detalhes, é só clicar link no "Folha online".

CONTAINER ART
Quando: abertura hoje, às 15h; de seg. a dom., das 10h às 18h30; até 28/11
Onde: parque Villa-Lobos (Av. Professor Fonseca Rodrigues, 2001)
Quanto: entrada franca


H (também é "curtura")

Metablog


Resolvi tirar uma pausa do trabalho árduo agora pela manhã, e decidi pegar uma revista para ler. Escolhi a Época dessa semana, “80 blogs que você não pode perder”. E realmente vi quanta coisa bacana estou perdendo!

A revista divide os blogs em 5 linhas de interesse: Ciência/tecnologia, Comportamento, Cultura, Humor e Política. A seleção é composta por 50 blogs nacionais de grande repercussão, 20 internacionais e 10 de pessoas ligadas à revista Época. Esses últimos, achei um equívoco tremendo! Podiam usar o espaço para escolher outros blogs nacionais, talvez até trazer uma explicação de como manter e/ou fazer um blog de sucesso. Mas, enfim, a revista é deles e seus colaboradores e jornalistas precisam de uma publicidade, coitados.

Cada dia que passa, me sinto mais confiante quanto a esse tema para o meu TCC. Claro que estou a anos-luz de conseguir ler e absorver tudo que o tema pode oferecer. Mas acho que um dia eu chego lá. Preciso, né! Senão, tchau TCC.. rs

Lendo essa matéria, comecei uma auto-análise funcional, coisa de divã, sabe? Tipo: será que um dia meu blog vai fazer tanto sucesso quanto esses relacionados na Época? Será que eu tenho tanta coisa interessante assim para colocar no meu blog? Será que eu quero mesmo que o meu blog tenha tamanha repercussão? Será...?

Acho que vou dar um up grade nele logo, logo. Ah, também preciso explicar os quadros novos que estou lançando, inclusive o “Hora H”, minha criação mais ousada! Hahaha.. hahaha.. hahaha..



H (minha "máfia no divã")

sábado, 15 de novembro de 2008

Momento poesia IV


Ainda um pouco inspirado no post anterior, e depois de explicar a história dos poemas autobiográficos que o Michel e eu escrevemos algum tempo atrás, comecei a vasculhar nas minhas tralhas os trabalhos incompletos ou aqueles que ele me deu. Encontrei algumas raridades que nem eu mesmo sabia que haviamos escrito. Vai ver por causa do efeito do álcool na época.. rsrs

Mas, também consegui encontrar o poema "As coisas da vida" que escrevemos juntos. Faziamos muito isso. Às vezes, eu chegava na casa dele e já ia falando ".. consegui escrever um verso legal, mas não acho uma rima para dar sentido..". Podia ser a hora que fosse, ele parava o que estava fazendo e procurava entender o que eu estava tentando transmitir naquele verso. Sinto falta disso tudo.. muita falta mesmo. Bom, mas nem tudo pode ser como queremos.

"Se tudo na vida seguisse uma lógica pessoal,
como uma trajetória lineat própria;

Se tudo fosse como gostaríamos,

a vida não teria graça:

seríamos gênios previsíveis,

como livros já relidos."


Bom, mas vamos ao que interessa. Segue o poema que entitulamos "As coisas da vida":

"Um palhaço descontente;
Um rabugento risonho;
Meu papel nesse mundo não conheço, mas, enfim, quem conhece o seu?!
Sou feliz pelo que sou e por tudo que fiz.

Arrependimento existe em toda a parte.
O meu é ter feito coisas demais por outras pessoas e nada por mim.
Defeitos todos temos; perfeito ninguém é...
sou teimoso, indefeso, romântico demais, um patético por completo,
mas, acima de tudo, sou feliz...

Feliz porque descobri (um pouco tarde é verdade) que me amo.
E sei que ninguém merece mais o meu afeto e atenção do que eu mesmo.
Decepções tive muitas... também já decepcionei algumas pessoas...
mas, se pudesse voltar atrás, teria dado mais valor a uma pessoa que ainda gosto muito...

Meu passado me condena; meu presente ajuda a apagar algumas falhas;
meu futuro, não me revela nada além da minha extinção.
Sei que o meu fim de história será como o de todos: triste.
Por isso aproveito para ser feliz agora...

Porque o final da história de cada um é a sua própria morte...
e isso são coisas da vida: nascer, crescer, ser feliz (ou não) e morrer... (enfim!)"


H (precisando de inspiração URGENTE!)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Viradas e dobraduras


Não é que eu tenha medo de morrer. Apenas não quero estar vivo quando acontecer”. Começo esse post com essa frase magnífica do Woody Allen, para ilustrar (ou tentar ilustrar) como nós, seres humanos, demonstramos a nossa preocupação com o dia de amanhã. Porém, antes, para variar, vamos a um flashback:

Ontem, durante uma “mini-sessão bobiça”, ouvimos (não vou citar nomes para não comprometer a integridade física e mental das pessoas envolvidas) do “ser”, num determinado momento da conversa: “... coisas que eu quero fazer antes de morrer...”. Eu não consegui me conter. Ali, de pé, na porta da salinha, tendo aquela sessão extraordinária de bobiça, não pude resistir! Assim, lancei a pergunta: “E você sabe quando vai morrer?”.

Apesar de o comentário ter surtido algumas risadas e certo desconforto para o “ser” (desculpa!), algum tempo depois, durante a aula nada repetitiva da tia, fiquei pensando em como criamos listas ou agendamos eventos para um futuro que nem sabemos se existirá.

Agora pare e pense. Sim, apenas continue lendo e responda mentalmente: quantas vezes você deixou de fazer algo que era cabivelmente capaz naquele momento, para o dia seguinte, para o outro final de semana, para o próximo mês? Quantos filmes você deixou de assistir na semana de estréia, e continuou adiando essa ida ao cinema até ela virar uma visita à locadora? Quantos encontros você desmarcou por motivos banais, repassando (ou não) para uma outra data? Tenho certeza que você respondeu SIM pelo menos duas vezes. Agora continue pensando: quantas vezes você imaginou que não estaria lá, naquela data remarcada fictícia por alguma fatalidade que não pudesse controlar? Isso mesmo. Quantas vezes você imaginou a sua morte? Quando, como, por que, com quem.. essas coisas.. quantas vezes?? Acho que nenhuma, não é?

Mas isso, apesar de funesto, é uma das coisas mais naturais da vida. Afinal de contas, é nossa única certeza. Morremos a partir do momento que nascemos. (Nossa, tá parecendo mais o programa do Dráuzio Varella! rs). Enfim, mesmo sendo essa “certeza-incerta”, é difícil praticar, por exemplo, aquilo que o Renato Russo disse: “.. é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã..”. E é essa dificuldade toda porque vai contra a nossa natureza, contra o nossa sistema de sobrevivência. Lutamos para não morrer e/ou ignoramos a existência da morte porque faz parte do nosso instinto.

Nessas horas (e quando o assunto é esse), me lembro de uma frase do Miéle que, quando perguntado qual seria o seu epitáfio, soltou a pérola: “Aqui jaz, absolutamente contra a vontade, Luis Carlos Miéle”.


H (rindo da morte antes que ela ria de mim)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

História com "H"

Hoje, durante meu momento quase sono, estava ouvindo na Transamérica o programa jornalístico Transnotícias, daí o locutor começou a falar de alguns fatos importantes que aconteceram nessa data de hoje e dois, particularmente, me chamaram a atenção: o aniversário de nascimento de Auguste Rodin e da morte de Augusto dos Anjos. Eu sei, dois Augustos. Se pudesse escolher, talvez me chamasse Augusto... mas isso não vem ao caso.

Voltando: já tinha lido algumas coisas sobre os dois. E achei tão interessante que resolvi pesquisar um pouco mais para escrever algo sobre eles:

* François-Auguste-Rene Rodin: nasceu em Paris, em 12/11/1840. Considerado o “pai da escultura moderna”, ele foi um dos primeiros artistas a ser patrocinado pelo governo francês. Em 1870, como num ato de “retribuição” segundo algumas pessoas, ele se alista para ajudar a França na guerra contra a Prússia. Dá baixa um ano depois, devido à miopia. Sofreu duras críticas durante sua vida, algumas pelo realismo “explícito” de suas obras, outras pelos traços que pareciam inacabados. Sua obra mais conhecida, “Le Penseur”, foi terminada em 1881. Morre em 17/11/1917, de complicações depois de contrair uma pneumonia. Antes de sua morte, disse a seguinte frase sobre sua obra-prima: “O que faz meu ‘Penseur’ pensar é que ele pensa não só com o cérebro, com o cenho franzido, com as narinas dilatadas, com os lábios apertados, mas também com cada músculo do braço, das costas, das pernas, com o punho cerrado, com os pés agarrados ao chão”.

* Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos: nasceu no Engenho Pau-d’Arco (Paraíba), em 20/04/1884. Um poeta diferente, como muitos dizem, já que suas poesias trazem vocábulos e tratam de temas até então distintos para a época (e até depois dela!). Muitos críticos relacionam esse estilo único a sua relação com o pai, um advogado psedo-cientificista. Assim como seu estilo (entre o simbolismo e o parnasianismo/realismo), também lançou um único livro (e vice-versa), “Eu”, em 1912. Morreu dois anos depois, em 12/11/1914, devido a uma gripe forte.

Encerro com uma poesia do mesmo Augusto dos Anjos, uma das minhas favoritas:



Psicologia de um Vencido

"Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Êste ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!"


-> Referências que me ajudaram nesse post:

ANJOS, Augusto dos. Augusto dos Anjos: poesia. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1968. (Nossos clássicos; 46).

MARLOW, Tim. Rodin. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1995.

SILVA, Demócrito de Castro e. Augusto dos anjos: o poeta e o homem. Belo Horizonte-MG: [s.n.], 1954.


H ("senta que lá vem a história")

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Cabeceira do H: as ruínas


Depois de muito tentar, porém sem grande sucesso, resolvi dar uma pausa nas minhas "leituras obrigatórias" e voltei a ler um livro que realmente me surpreendeu. Eu diria até mais: me assustou. Mas não é qualquer sustinho não! Susto digno de Stephen King & filho (logo, logo coloco um livro dele como dica)! Vamos as minhas impressões (que não são digitais.. rs Sem graça, eu sei):

Tenho que confessar: geralmente, não me deixo influenciar por dicas de leitura que as pessoas próximas a mim dão. Eu sei que isso é errado, mas estou tentando mudar, tá bom?! (rs) A maioria dos livros que comprei até hoje, foram baseados em críticas e resenhas que vi em jornais e revistas. Se me interesso, se prende a minha atenção, já estou comprando! Foi assim com Dennis Lehane (sensacional), Calvin & Haroldo (já estou atrás de outro!), Giulio Leoni, entre outros.

Pois bem. Certa vez, um amigo me recomendou o livro "As ruínas" do Scott Smith. Achei o nome um pouco "pueril" demais. Por isso, talvez (além do motivo que disse antes), eu tenha deixado de lado a dica por um tempo. Passando por uma livraria, alguns meses atrás, vi esse livro exposto. A capa não me chamou a atenção, até porque não tem nada além do título e do nome do autor. Mas na contra-capa, uma frase fez ligar meu sinal de alerta: "Um longo e desesperado grito de horror". Essa era a frase de ninguém menos que Stephen King para definir o livro! Sem pensar muito, entrei e comprei o bendito.

O livro conta a história de 4 amigos em viagem pela costa mexicana. Depois de conhecerem um turista alemão, resolvem ajudá-lo na busca pelo seu irmão desaparecido a alguns dias num sítio arqueológico da região. Aí, não posso contar mais! Senão, acabo contando tudo! Mas a história é fascinante, repleta de revira voltas e acontecimentos que, muitas vezes, vão além da nossa compreensão lógica das coisas.

É o típico livro que precisamos de tempo (e concentração mental) para lermos e, por conseguinte, conseguirmos absolver tudo que a história tem para nos contar. Qualquer deslize é fatal. E essa semana, fiquei sabendo que a adaptação para o cinema, feita pelo próprio autor, estreiou nos EUA em abril. Por aqui, veio direto em DVD. Quem quiser ver o trailer, é só clicar aqui.

Bom, fica aí minha dica. Boa leitura a todos!


H ("você pode gritar [...] mas não significa que alguém vai te ouvir!")

sábado, 8 de novembro de 2008

Momento poesia III


A muito tempo atrás, o Michel e eu lançamos o desafio de escrevermos alguns contos autobiográficos intitulados "As coisas...". O final era por nossa conta. Assim, escrevemos "As coisas da vida", "As coisas do mundo" e "As coisas sobre mim". Esses dias achei "As coisas do mundo" que ele escreveu. Resolvi colocar aqui para vocês lerem, nessa data que comemora (ou melhor, iria comemorar) 10 anos da nossa amizade. Segue:


"Viver é uma dádiva;
Morrer, uma certeza;
Alegria é finda;
Tristeza, infinita;
Nada sobre mim é verdade;
Tudo sobre mim é questionável;

Todos tem a liberdade para pensar o que quiser sobre mim...
O que mais me importa não é a imaginação alheia, mas minha auto-ignorância..
É ela que me diz o que sou e o que poderia ser.. o que fiz e o poderia ter feito..
o que me tornei e o que sei que nunca vou ser...

Sou feliz pelo que sou.. senão o fosse, quem o seria por mim?! NINGUÉM..
Não sinto pena por ninguém, isso é degradante..
gosto de todos (alguns mais que outros) ao meu redor..
Sinto admiração por alguns, seres que sei que merecem bem mais do que a vida lhes deu ate agora..

Sei o que sou.. uma metamorfose em câmera lenta..
uma eterna mutação com começos, meios e fins sobrepostos..
Não preciso de ninguém me dizendo o que é bom ou importante para mim..
porque nem eu mesmo sei dessas coisas..

Por isso sou feliz do jeito que sou: alegre, arrogante, sozinho, inquieto..
mas acima de tudo.. um grande 'desconhecedor' das coisas do mundo!"



H ("Infelizmente, faz parte")

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Esperar.. eis a verdadeira audácia!


Quem me conhece, sabe bem que sou do tipo que simplesmente detesta discutir sobre política. Porém, como nos últimos dias não se fala em outra coisa em qualquer mídia que existe, então me senti tentado a falar não sobre, mas reclamar sobre. Antes, um momento flashback:

Ontem, depois de um bom tempo, quando cheguei na faculdade, encontrei minha bixete favorita, a Aline. Ela é do tipo de pessoa politizada até o último fio de cabelo. Gosto muito de conversar com ela. Assim, mantenho meu interesse político em um nível aceitável o bastante para eu não cometer a loucura de me lançar candidato de algo. Ela é empolgada nesse assunto. Invejo isso. Gostaria muito de ter essa mesma postura em relação a algum assunto. Mas esse não é o caso. Vamos continuar...

Beleza, o Barack Obama é o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, a maior privada a céu aberto do mundo. Grande coisa! Alguns meses atrás, quando ainda concorria com a Hillary Clinton (a chifruda conformada!) para ser o candidato democrata nessas eleições, todos falavam que ele não ia conseguir apoio nem para convencer o partido. Quando conseguiu, os céticos já diziam que a disputa entre Hillary e Obama enfraqueceu o partido, o que só fez fortalecer o candidato republicano John “boneco de madeira” McCain (reparem como ele fica com os braços estendidos!).

E agora, que o tal do Barack consegue o tão sonhado feito, acabo de ver no site do Submarino o lançamento do livro dele “A audácia da esperança”! O cara mal chegou na Casa Branca e já dizem que ele é “o Grande Salvador”. Que vai rever os acordos comerciais com Cuba, Venezuela e o restante da América Latina (Brasil incluso). E para completar, o cara lança um livro para falar sobre sua (curta) vida política! Pelo amor de Deus!

A verdade é que o país (EUA) está uma bosta! Cada dia que passa tem mais merda indo descarga a baixo. Aí vem um bando de jornalistas (nem um pouco sensacionalistas) dizendo que o Obama tem um pacote econômico que vai tirar o MUNDO (repito: o MUNDO!) da crise. E se o tal “pacote” se mostrar um embuste? E se nada se resolver e tudo piorar ainda mais? Aí, vai chover retardado (jornalistas) xingando o Barack, rechaçando a sua candidatura, falando horrores da sua postura governista, etc.

Pois é, um círculo vicioso. É isso que a política é para mim. Parafraseando Martin Luther King (esse sim seria um grande presidente!): “Eu tenho um sonho. Que um dia o Anarquismo prevalecerá. [...] Que ninguém mais precisará discutir política. [...] Ah, e que, no dia que o Bin Laden resolver pessoalmente explodir outro avião, que seja com o mesmo em que Lula e George W. Bush estejam. ”

Para terminar, sobre esse assunto maçante, indico três filmes (divertidíssimos):

1) Bob Roberts, do (e com) Tim Robbins (hilário)
2) O candidato, do Michael Ritchie (revelador)
3) Silver city, do John Sayles (impactante)


H (“Confio em 4 seres: Coelho da Páscoa, Duendes, Papai Noel e políticos honestos” M.F.)

Zumbis, estátuas e amigos... miscelânea

Filme "Todo mundo quase morto"


“Hoje eu acordei um porre!”. Provavelmente essa não é a melhor frase para se começar um post, mas resume bem como estou e até o que imagino que vai acontecer durante esse meu dia ma-ra-vi-lho-so de quinta-feira que eu torço muito para que, na verdade, seja um feriado disfarçado e eu apenas esteja sonhando (ou tendo um pesadelo, melhor dizendo!) que estou trabalhando nas minhas atuais condições física e mental.

Acordar cedo é uma bosta! Devia ser proibido, isso sim. Ou reservado às pessoas com dívidas cabais junto à sociedade: presos, políticos, palhaços de circo, jornalistas, apresentadores de programas infantis, etc. Sinceramente, não fui feito para isso. Arrisco afirmar que muito da massa cinzenta que já perdi nos últimos 5 anos tem uma relação proporcional às horas perdidas e/ou interrompidas de sono gratificante.

Apesar de tudo isso, foi engraçado entrar no busão hoje de manhã e ver aqueles rostos inertes, como zumbis, fixos em pontos de “além-mar”, como diria Fernando Pessoa. Pensando na morte da bezerra, ou dormindo o sono dos valentes, assim como estátuas (sem coletes salva-vidas! rs).

Tenho certeza que, se eu gritasse “Viva! O Obama foi eleito!” dentro daquele ônibus, sairia de lá só os caquinhos ou, na melhor das hipóteses, o par de velhinhas sentadas na minha frente viraria, fazendo “ssshhhhh!”. Realmente eu não estou bem.. rs

Ontem, durante o debate da aula da Asa (um tédio de tão interessante!), fui fazer o sorteio do amigo secreto da minha sala. Como é tudo mais moderno hoje! Bastou um clique e pronto. Todos receberam por e-mail o nome de seus respectivos. Quando era menor (na idade, não no tamanho!), gastávamos folhas e mais folhas de caderno anotando nomes e cortando tudo igual para não ter do que reclamar. Sem contar as espertezas! Sempre tinha um que, se tirasse alguém que não gostava, logo gritava “tenho que trocar.. tirei eu mesmo!”

Olhando o tempo, parece que hoje vai chover bastante. Não estou nada bem hoje mesmo. Com sono, dor de cabeça, totalmente desconexo e, para completar a desgraça, ainda estou falando sobre coisas que velhos adoram! Desejo muito que esse dia acabe logo!


H (complexo)³ = (sono de mais + engraçado de menos)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Tributo aos livros (que realmente li)

Capa do primeiro livro da Agatha Christie que li.


Muitos dizem que gostariam de ler o tanto de livros que já li. Bom, acho que até eu gostaria! rsrs. Parei para pensar nesses números e cheguei à conclusão: fora os livros da Agatha Christie, não li tantos assim. Acho que ficaria bem mais explicado com uma historinha. Vamos a ela:

Era uma vez... rsrs Não, não é assim que começa. Vamos tentar assim: O ano era 1998. Já havia me ambientado com a biblioteca municipal da cidade onde morava na época (Leme), afinal, tinha-a usado para meus estudos relacionados ao vestibular da Escola Técnica do ano anterior e, como minha escola não tinha biblioteca, fazia meus trabalhos por ali mesmo. Era um lugar agradável, silencioso e bem organizado. A ajuda dos funcionários se tornava quase desnecessária, já que as estantes eram organizadas por grandes assuntos e os periódicos e novas aquisições ficavam destacados em um expositor. Eu a visitava muito. Mais para ler revistas e jornais, devo admitir. Porém, certo dia, como todas as revistas e jornais estavam sendo lidos, resolvi passear pelas estantes a procura de algo que cativasse meus jovens olhos, ávidos por informação rápida e fútil. Depois de muito vasculhar, cheguei a estante dedicada a literatura britânica, especialmente a Agatha Christie. Eram tantos livros que realmente precisaram de uma estante inteira só para ela! E de uma atenção maior da minha parte. Peguei lápis e papel e me pus a anotar todos os títulos escritos por ela. Cheguei ao incrível número de 80. Oitenta! Num ataque de fúria biblioteconômica (coisa que eu nem sabia que tinha na época! rs) e total descaso com o meu futuro, prometi a mim mesmo que faria o possível para ler TODOS eles! Algumas pesquisas depois, descobri que o número correto era 88. Oitenta é oito livros que eu li com muito gosto nos 2 anos e meio seguintes.

Durante esses mesmos 2 anos e meio, no colegial, tive uma ótima professora de português que, no começo de cada ano letivo, preparava uma lista de livros (geralmente de autores brasileiros) que deveríamos ler no decorrer do ano (9 no total) e fazer fichamento de cada um. Além da representação teatral de um outro escolhido por ela. Tudo isso numa escola pública! Eu sei, fica difícil de acreditar. E é. Mas foi assim que conheci Machado de Assis, Drummond de Andrade, Fernando Pessoa entre muitos outros. Lembro-me que algumas vezes, cheguei a ler 4 livros simultaneamente num mesmo mês.

Que saudade dessa época. Saudade de ler por gosto, não por obrigação. Depois que comecei a trabalhar e me interessei realmente por um gênero literário (romance policial), iniciei “minha coleção”. Hoje, já deve estar na casa dos 50 exemplares. Ainda vou separar alguns para apresentar como dica num post futuro.

Bom, apesar de já ter lido um número significante, hoje não consigo mais. Quando consigo, é feito com tal sentido de obrigação que, ou desisto logo no primeiro capítulo, ou durmo em cima do livro, ou acabo não me lembrando de nada que li logo que o fecho. Procurar culpados para isso eu nem tento. Simplesmente os guardo. Quando aposentar, terei tempo de sobra mesmo.. rsrs


H (fazendo o possível com o que parece improvável)

domingo, 2 de novembro de 2008

Minhas manhãs de domingo...


Quatorze anos atrás, na manhã do primeiro domingo do mês de maio, eu havia decidido (muito influenciado por alguns amigos da escola, devo dizer) que começaria a assistir ao campeonato de Fórmula-1. O Ayrton Senna tinha acabado de trocar a McLaren pelos milhões da Williams. O Rubinho estava naquela surpresa que era a Jordan. E tinha ainda o Christian Fittipaldi, correndo pela FootWork. O Ayrton vinha dominando todos os treinos, largando sempre na frente. Não foi diferente naquela terceira corrida. O que aconteceu depois da largada todos já sabem.

Eu fiquei muito mal em ver aquilo. Logo na minha primeira corrida e o melhor piloto de todos os tempos morre! Passei o restante do ano e 1995 sem nem sequer querer saber como terminou uma corrida ou outra. No ano seguinte (1996), influenciado dessa vez pela transmissão do SBT do campeonato da Fórmula-Indy, resolvi dar mais uma chance à Fórmula-1.

Daí pra frente, virei realmente um fã. Até pouco tempo, colecionava recortes de jornal, fotos das corridas (aqui nasceu minha pseudo-vocação para o Jornalismo, acredito!). Assisti aos vários títulos de Michael Schumacher, a primeira vitória do Rubinho, a surpreendente ascensão de Fernando Alonso. Mas, nenhuma dessas 13 temporadas que já acompanhei me cativou mais do que essa de 2008. Devo confessar que a Fórmula-1 sem o Michael Schumacher ficou bem mais imprevisível. E talvez seja isso que tenha me agradado ainda mais. As disputas foram sensacionais, com várias trocas de liderança durante o ano. Mas eu imaginava mesmo que o título seria decidido apenas por 2: Lewis Hamilton e Felipe Massa.

Se eu disser que não torci até a última bandeirada, que não acreditei até o último instante, que não fiz figa até o último carro passar, que não prendi a respiração até a confirmação do resultado final, estarei mentindo como jamais menti na vida. Fiz tudo isso. Acreditei piamente. Mas acreditar só não basta. É preciso ter sorte também. Dois meses atrás, tive uma conversa com um dos meus tios que, num dado momento me disse:

"sorte nada mais é do que a junção de oportunidade e conhecimento. [...] Se você tiver uma chance de subir de cargo numa empresa e, ao mesmo tempo, tiver conhecimento e inteligência necessários para isso, a vaga é sua, com certeza. [...] Isso não foi só sorte. Foi oportunidade e conhecimento."

Oportunidades não faltaram ao Felipe Massa durante esse ano. Talvez um pouco de conhecimento em momentos decisivos, principalmente para o pessoal da equipe Ferrari. Mas outras oportunidades virão. Outras sortes serão construidas. E eu pretendo assisti-las.. se assim me for permitido.. rsrs


H (fanático por carros de corrida)

sábado, 1 de novembro de 2008

Uma louca família (unida)..

Brasão da família Picolli

Minha mãe fez uma cirurgia essa semana. Coisa simples. Tirou um quisto (ou cisto) do pescoço. Essa informação pode parecer irrelevante, mas primordial para entender o restante desse post. (Logo escreverei um post sobre ela).

Como bons descendentes de italianos que somos, minha família tem a mania de se reunir nas grandes comemorações. Feriados, Páscoa, Natal, Ano-novo, aniversários, etc. Só para citar alguns. E tem de tudo um pouco. Pessoas que não se suportam, comida além da conta, bebida que nunca sobra (tem sempre um "pano de pia" que enxuga tudo! rs), pessoas falando com as mãos, fofocas e revelações ("bombásticas" como eu mesmo gosto de dizer) e várias piadas e piadistas sem graça. Acho que sou o único realmente engraçado (criativamente engraçado, na verdade!).

Voltando ao início do post, fazia um bom tempo que não via tanto parente em casa. Já nem me lembro o número de vezes que o telefone tocou e do outro lado da linha vinha aquela frase "e a sua mãe como é que está?". Por mais que eu não suporte a maioria deles, é muito legal ver essa preocupação e disposição para ajudar vinda de todos. Várias vezes, eu disse "parente a gente não escolhe, a gente aceita.. ou não". Tenho pensado muito em reaver essa frase..

Sabe aquele clichê que diz "amor e ódio andam juntos". Pois é.. com os Picollis, isso sempre foi uma verdade constante. Regada com bastante "pasta", churrasco, cerveja e gargalhadas. Tudo graças ao Giuseppe..


H ("se rir sozinho é loucura, com a família, é uma desgraça!" rs)