Cinéfilo que se preze, adora uma lista. Mais ou menos um mês atrás, uma das minhas melhores amigas, sabendo o quão difícil seria para mim (sim, ela sabe ser malvada!), me propôs um desafio: levantar uma lista com 10 filmes que, de alguma forma, mudaram a minha vida.
Tentei discutir com ela que achava a explicação do repto meio, digamos, óbvia. Bastava fazer uma lista com meus 10 filmes favoritos e pronto. Depois de muito discutirmos (e bebermos), chegamos a algumas conclusões: 1) Não bastava a identificação com a película; era preciso um "contexto", alguma experiência que tivesse ficado gravada com o filme; 2) Aprendizados e primeiras vezes são aceitas; 3) Nenhum diretor devesse se repetir; 4) Faz-se necessário uma gradação ("1" para um menor importância; "5" para um maior destaque), enfatizando, assim, a importância que cada filme teve.
Dessa forma, resolvi trazer informações adicionais, como os anos de produção e da sua primeira exibição a minha pessoa. Além, é claro, de um pequeno comentário sobre o porquê de seu destaque perante tantos outros que já vi. Vale ressaltar que eles não são, obrigatoriamente, meus filmes favoritos. Segue a lista:
Jurassic park (Steven Spielberg)
Produção: 1993
Ano em que assisti: 1995
Ensinamento nenhum, na verdade. Mas eu não poderia deixar de fora dessa lista o primeiro filme que vi numa sala de cinema. Às vezes, quando entro numa sala depois de um longo período de “jejum”, algumas lembranças daquele dia ainda me invadem. É um filme que tenho como especial por ser o precursor desse meu vício cinéfilo.
Baseado naquilo que disse sobre precursor, a nota fica em 4,8.
Aracnofobia (Frank Marshall)
Produção: 1990
Ano em que assisti: 1996
O mérito desse está no pavor que me causou. Sim, pavor! Quem me conhece bem, sabe que o meu maior medo com relação ao mundo animal é de aranhas. Precisei de três “tentativas” para conseguir assisti-lo até o fim. Foi realmente uma superação quando consegui chegar aos créditos finais.
Pela persistência e superação, 4,2.
Amadeus (Milos Forman)
Produção: 1984
Ano em que assisti: 1996
Foi, durante um curto espaço de tempo, meu filme favorito. Hoje, ainda preciso refazer as contas, mas, provavelmente, nem figure entre os “10 mais” (rsrs). Mesmo assim, é um dos filmes biográficos que mais gosto, por conseguir aliar soberbas atuações (como a de F. Murray Abraham no hospício, logo no princípio) com uma trilha esplêndida. Depois desse, música clássica se tornou outro vício em minha vida.
Por tudo que já foi escrito, 4,4.
O carteiro e o poeta (Michael Radford)
Produção: 1994
Ano em que assisti: 1999
O assisti dias antes de me apaixonar pela primeira vez. Lembrar das tais “metáforas” foi inevitável. Um dos filmes que mais me inspirou nos meus poemas. E quantas vezes não me identifiquei com a cena em que o carteiro Mario chega todo esbaforido para Pablo Neruda: “Don Pablo, aconteceu algo gravíssimo! Estou apaixonado!”; “Mas isso não é tão grave, existe remédio.”; “Mais que remédio!? Eu não quero remédio! Quero continuar doente!”.
Pela identificação e inspiração, 4,7.
Matrix (Wachowski Brothers)
Produção: 1999
Ano em que assiti: 2000
Apesar da diferença de um ano, eu o vi na sua estréia. Tanto se falou sobre sua produção, seus efeitos inimagináveis, que não consegui esperar alguns dias mais. Logo virou “cult”. E abriu as portas para o meu gosto por filmes repletos de efeitos especiais.
4,1.
A língua das mariposas (José Luis Cuerda)
Produção: 1999
Ano em que assisti: 2002
Assisti esse no cursinho que a minha namorada na época freqüentava. O filme é horrível. Mas a história tem seus momentos interessantes. No final, para quem prestou atenção, ficou evidente o quão difícil foi para o pequeno Mocho fazer a escolha que fez. Um filme sobre amizade que, no ato, me remeteu a minha relação de “aprendiz e mestre”, “filho e pai” com o Michel.
Pelas lembranças, 4,3.
Jogos mortais (James Wan)
Produção: 2004
Ano em que assisti: 2005
Esse é realmente especial. Lembro até da data exata: 09 de fevereiro de 2005. O filme em si até que é inteligente (pelo menos, até o terceiro). Mas o que marcou mesmo foi o contexto: logo que saí da sala do cinema, recebi a ligação de uma tia dizendo que eu havia passado na Fuvest! A partir daí, não teve jeito. Toda vez que revejo esse filme, só consigo pensar na sensação de “estar na USP”.
Pela sensação, 4,6.
Carros (John Lasseter)
Produção: 2006
Ano em que assisti: 2006
A primeira animação que vi no cinema. Minha namorada na época (sim, era outra!) me convenceu a assisti-lo, usando de todas as artimanhas que as mulheres possuem. Eu só fiz uma ressalva: não assistiria dublado. E assim foi. Fora isso, ainda há o fato de ter uma das músicas que mais gosto como parte de sua trilha (Rascal Flatts – Life is a highway) e a frase que, com pequenas modificações, se tornou meu “bordão”: “Eu sou assim. Desperto nos carros os instintos mais primitivos”. Foi, na minha opinião, o melhor filme que assistimos no (curto) tempo que ficamos juntos. Taí outro motivo para estar aqui.
Pela frase (e otras cositas mas), 4,5.
Brilho eterno de uma mente sem lembranças (Michel Gondry)
Produção: 2004
Ano em que assisti: 2006
Quando a pessoa citada no texto anterior me deu um pé-na-bunda, uma amiga me indicou esse filme, dizendo que me ajudaria a transpor a sensação de dor e perda. Realmente o auxílio foi enorme. Tanto que, dali em diante, virou meu “filme-salvação” nas demais vezes em que situações como essa se repetiram (e quantas vezes!).
Pela ajuda (sempre), 4,8.
Nós que aqui estamos por vós esperamos (Marcelo Masagão)
Produção: 1998
Ano em que assisti: 2006
Lembro-me de ver o trailer desse filme no (para mim, extinto) “Fantástico” em 1998. Mal sabia eu, mas ali teve início a minha paixão por filmes com apelo pela narração de fatos históricos. Tentei de todos os modos vê-lo na telona, porém, sem sucesso. Até que, oito anos depois, quando comecei a estagiar no meu atual trabalho, o descobri entre os vários títulos da dvdteca. Fiquei fascinado. Não só pela maneira como foi produzido, mas, principalmente, depois que soube do contexto: fazer um documentário, em meados da década de 1990, usando apenas imagens de arquivo (ficcionais ou não, pouco importa) e música incidental, numa época em que os recursos tecnológicos não eram tão avançados. Achei bárbaro. Até hoje, tenho como o melhor filme dirigido por um brasileiro.
Sem mais comentários, 4,7.
H (cada qual com seu vício)
2 comentários:
Nossa, gostei muito desse post! Nunca tinha pensado nessa distinção entre os filmes favoritos e os filmes que mudam a vida. Posso roubar o tema?
Pode não.. DEVE! Sabe que sou muito curioso c/ relação a essas coisas.. rs
Aliás, preciso te indicar 1 filme: "A vida durante a guerra", do mesmo diretor de "Bem-vindo à casa de bonecas".. gostei tanto que já vi duas vezes..
Espero pelo post.. ;)
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