domingo, 8 de maio de 2011

O código


Transcrição de (parte de uma) conversa telefônica ocorrida em 11 de abril p.p.:

“Alô..”

“Que horas são aí?”

“Hã.. deixa eu ver aqui... 2h15... da manhã!”

“Aí, cabeçudo.. me desculpa! Ainda não to acostumada com esse fuso de 13 horas.. rs”

“Tudo bem.. o que você quer?”

“Nossa! Eu também to morrendo de saudades de você, viu!”

“Desculpa.. peraí, me deixa jogar um pouco de água no rosto.. não desliga!”

2 minutos depois.

“Pronto, meu anjo.. como é que você está?”

“Você se lembra do nosso código?!”

“Código? Claro! Como eu poderia esquecer? ‘O tempo dá-se em fragmentos’”

“Quem foi que o escolheu mesmo? Conte-me a história toda, porque ando meio esquecida.. rs”


Ok, vamos lá. Rebecca e eu namoramos durante 9 meses. Bom, ‘namoramos’ não é o termo exato, mas fiquemos com esse por enquanto.. rs Pois bem, diferente dos outros casais, nunca tivemos uma música ou filme favoritos. Tivemos um código!

Foi em maio de 2000. Mais precisamente, meu 17º aniversário. Lembro-me de ter recebido apenas um presente palpável: um livro. ‘A rosa do povo’, do Drummond. Algumas noites depois, entre várias interrupções, lemos juntos alguns dos poemas ali impressos. Pela manhã, ela me perguntou se, hipoteticamente, não continuássemos mais juntos, ainda assim seríamos amigos. Eu disse ‘não vejo motivo para não sermos’ ou algo parecido. ‘Então, que tal pensarmos num código? Algo que representasse nossa história, sob qualquer circunstância, seja ela boa ou ruim’. Apesar de sonolento, gostei da ideia.

Bem disposta como em toda manhã, ela saiu da cama, saltitando na ponta dos pés até a cabeceira (devo confessar, foi lindo!), ficando ali parada naquela posição de oradora, com aquela camiseta enorme do INXS servindo de bata. E disse solenemente: ‘Eu, Rebecca Letícia de Albuquerque Ruiz, declaro que, de hoje em diante, teremos um código secreto.. que será...’ e ela puxou para si o objeto mais próximo de onde poderia extrair meia dúzia de palavras ‘o tempo dá-se em fragmentos’.

Essa frase, retirada do poema “Assalto”, refletiria não apenas nossa situação atual na época (que não intitulamos de amor!), mas também nossa relação no futuro. Além disso, toda vez que algum assunto delicado precisava ser discutido em particular, bastava invocá-la. Ninguém ao redor entenderia, apenas nós.

Refletindo bem agora, aquilo estava mais para um “eu te amo” disfarçado.. rs Pelo menos, era isso que ela dava a entender, visto os momentos que ela gostava de sussurrá-la.


“Qual é o assunto que está te incomodando, Beka?”

“Por que você nunca me disse?!”

“Disse o quê?”

“Que me amava.. acabei de ler o texto no seu blog. Por que você nunca me disse nada?!”

“Você sabe o porquê.. eu lhe expliquei quando terminamos.. foi medo! Você estava se limitando por minha causa! Seria uma baita injustiça deixar isso acontecer”

“Você não respondeu minha pergunta.. por que você nunca me disse? Uma única vez!?”

“Porque eu sabia que você sentia o mesmo.. e isso culminaria no que eu acabei de dizer..” Alguns segundos depois: “Sei que te magoei omitindo isso, mas seria egoísmo da minha parte se eu tivesse dito”

“Você é mesmo um cabeçudo, sabia?! rsrsrs”

“Que você gosta muito e não sabe viver sem.. rs”

“Gosto nada! Eu te amo, seu bobo!” Depois de alguns segundos: “Você acha que, se eu resolvesse voltar para casa, ainda encontraria a chave debaixo do tapete?”

“Ela ainda está lá, baixinha.. não sei até quando, mas ela ainda está lá”

“Essa conversa daria um belo post, não acha? rs”

“Olha que eu escrevo, hein! Do jeito que anda minha inspiração ultimamente, tô usando tudo! rs”

“Eu tô voltando pra casa, baby.. em breve”


H (e eu não sei se continuo esperando)

2 comentários:

Juliana Almeida disse...

Agora tudo faz sentido!..rs

Grande Beka! Sou fã dessa menina..rs

E olha que a gente ainda nem se conhece, né Aga?! ¬¬

Aga(menon) disse...

Como assim "Agora tudo faz sentido!"??

Que sentido é esse? Explica aí, Bial! rs

Bj