Quando estamos a sós, ela e eu, as coisas parecem ficar diferentes. Não quero dizer com isso, ingenuamente, que o mundo todo se transforma. Não. O exterior continua imutável.
O que se transforma mesmo é a nossa relação. Tornamo-nos confidentes. O restante do planeta continua lá, seguindo seu rumo. Contudo, quando estamos juntos, ele não passa disso: o resto.
Com ela, posso desabafar sobre meu dia, meus problemas, minhas angustias. Porém, em nenhum momento ela me prometeu que teria resposta para todos os meus questionamentos. Muitas vezes, faz apenas repetir a mesma frase, sem mudar uma vírgula de lugar: “você já sabe a resposta para isso”.
Poderia achar tudo monótono, chato ao extremo. Mas não. Arrisquei ao dizer, recentemente, que essa parece ser a relação mais igualitária e transformadora de toda a minha (já longa) vida.
Em troca das minhas palavras, ela somente pede a minha fidelidade. Claro que tenho liberdade para escolher nossos encontros, as datas e horários. Ainda assim, mesmo em dias que não estou “no clima”, sinto-me tentado a encontrá-la. Se existe algo que ela aprendeu perfeitamente sobre mim é como me hipnotizar.
Nosso diálogo é franco. Nossos carinhos, sinceros. Deslizo pela sua pele com suavidade. Ela sempre me pede mais, que o nosso contato dure pelo tempo que ficarmos por ali, juntos. Nada de eterno. Apenas o momento. É isso que ela quer e faz questão de me exigir.
Com ela consigo ser o mais transparente. Não preciso usar máscaras, gírias, falsos sentimentos. Por um curto período, sou completo – por estarmos só nós. E, ainda assim, tenho a sensação de que falta algo.
A sensação permanece. Pelo menos, até o nosso próximo encontro... Num fim de tarde, quente e purificante. Ou numa madrugada qualquer, gélida e acolhedora.
H (just do it)
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