Alguns anos atrás, um pouco
depois de nossa reaproximação, você me disse uma frase que, lembro, no momento
achei das mais descabidas: “Você não nasceu mesmo para esse ‘jogo’.”
Ultimamente, por motivos que
não vale a pena comentar aqui, voltei a refletir sobre isso e (você adoraria
ouvir pessoalmente, eu sei!) posso afirmar: a sua versão sobre o meu verdadeiro eu não está
muito longe da realidade.
Não sei exatamente o porquê..
ou talvez eu saiba, mas não queira desperdiçar ainda mais tempo pensando sobre
isso e chegar a conclusões que me desanimariam além do possível.
A verdade é que eu certamente
não sei como se “joga” isso. E ninguém pode dizer que foi por falta de
tentativa, de paciência ou mesmo oportunidades satisfatórias. Não.
Talvez seja minha timidez excessiva..
Talvez seja o fato de não
querer mais ter aquela postura arrogante e desafiadora de outrora..
Talvez seja apenas a minha
mente lógica em conflito constante com sentimentos que, por algum motivo além
das estrelas, não consigo mensurar..
Talvez. Minha vida, de alguns
anos para cá, virou um grande “sei lá”. Parece que estou desaprendendo a jogar este também.
A única certeza que tenho
(além da óbvia) é que você está fazendo mais falta do que nunca. Você saberia o
que dizer, mesmo a milhares de quilômetros e certa de que eu não gostaria das
suas palavras. Esse era o “nosso jogo”. Eu não gostava, mas, ao menos, sabia
jogar.
H (let's poker!)
P.s.: segunda-feira vou te
visitar. Daí conversamos mais ;)
Quanto tempo, não é? Sim, eu
sei que sou o culpado pela demora. Na verdade, nem sei se este é o lugar
apropriado para fazer o que estou prestes a fazer, mas preciso “colocar no
papel” os inúmeros entrelaces que minha mente vem me impondo ultimamente.
Não quero dizer que isso é
ruim. Muito pelo contrário. Porém, como alguns pontos acabam afetando outra
pessoa, a complicação torna-se evidente. Daí minha dúvida.
Certo.. lá vai: estou
apaixonado! Calma, ainda não é o momento de ir direto ao ponto. Preciso, por
questão contextual, relembrar algumas particularidades do meu passado.
Seis anos atrás, escrevi um
texto bobinho
sobre minhas escolhas amorosas. Quase um ano depois disso, lá estava eu
novamente me remoendo
por uma paixonite cavalar. Pela intensidade da situação em si, decidi me fechar
para essas coisas e tentar focar minha vida em assuntos estritamente
necessários como minha carreira, família e amigos.
Posso até demonstrar, às vezes,
um certo arrependimento quanto a isso. Mas não é assim que me sinto realmente. Esses
cinco anos desde então, me ajudaram a confirmar que o sentimento alcunhado por
muitos de amor, o mais puro e tocante dos sentimentos que poderíamos nutrir por
desconhecidos, não passa de um embuste. Bom, essa é a minha opinião e, na verdade,
já ando um pouco cansado de explica-la.
Vivi até muito bem durante
esse tempo. Claro que não me entreguei ao completo celibato sentimental. Tive
meus “lances”. Prazos curtos a preços irrisórios.
Porém, de uns 9 meses para cá,
venho sentindo um pequeno comichão. Desacostumado a lidar com essas coisas,
procurei minha terapeuta (um beijo, Dra. Regina!) e, numa das nossas últimas
sessões, fui direto: seria possível nos apaixonarmos por alguém com quem (quase)
não convivemos? Baseado apenas em alguns gostos correlatos e (principalmente!) por
um dos sorrisos mais bonitos que já vi?
Bom, se estou escrevendo este
texto, vocês podem imaginar qual foi a resposta dela. Claro que ela me deixou
com os dois pés no chão. A (possível) certeza só viria quando estivéssemos frente
a frente. E, depois de ensaiar por meses, tirei esse feriado prolongado para
isso. EXCLUSIVAMENTE!!!
Que fique bem claro: escrevi
tudo isso (depois de uma caminhada na calada da noite) apenas para reforçar o
que eu já desconfiava. Continuo achando que o amor não passa de ficção. E sim,
estou apaixonado. Mas não espero o mesmo de volta. Seria ótimo, lógico! Porém,
o que não consigo deixar de me perguntar (se for recíproco) é ‘será que estou
pronto para sair da minha zona de conforto’? E, para essa pergunta, eu ainda
não tenho resposta...
“O
que acontece quando morremos?”. Por motivos óbvios e, agora, irrelevantes para
uma explicação aprofundada, essa foi a frase que mais vezes abarcou minhas
sinapses nas últimas duas semanas. Pensamentos fugidios que se concluíam, não
por acaso, na maior parte do tempo da mesma forma: em círculos. Elipses, para
ser mais exato.
Afinal,
o que acontece quando nós passamos? Tentei encontrar respostas em minhas
leituras. Porém, nem toda a filosofia que já vislumbrei foi suficiente para
elucidar tamanho mistério. Aqui abro um parêntese: preciso voltar a ter
interesse por isso. Deixar de lado leituras rupestres e me inteirar pelos mais
diversos pensadores. Voltar a lê-los por interesse, como fazia antes de entrar
na faculdade. Naquela época de ouro, Foucault e Nietzsche colidiam com Platão e
Jean-Paul Sartre de forma harmoniosa. Sem cobranças, realmente me deliciava a
cada página passada. Fecho o parêntese.
Talvez,
no momento mais lógico de minha vida, resolvi parar de destrinchar imaginários
alheios e cheguei a uma bifurcação: ou ninguém sabe satisfatoriamente, ou
ninguém dignamente letrado jamais regressou.
Minha
insignificante sapiência apenas me permite listar o que fica: sentimentos
interrompidos, entes queridos corroídos, credores enraivecidos (sim, eu os tenho), projetos em stand by.
A
verdade é essa: sou todo curiosidade. Com algumas pitadas de saudade e cansaço.
A
vontade? Reticências
“Não
tenho coragem para tirar minha própria vida. Eu rezo todas as noites para
encontrar a força para fazê-lo, mas a coragem me escapa. [...] Minha vida é um
constante estado de medo de alguém ou de algo. É impossível nadar contra a
corrente. Vale a pena viver a vida?”
(Shirley
Harrison, ‘O diário de Jack, o Estripador’)
*Antes de começar, urge
informar: o texto a seguir não é uma reflexão sobre o supracitado livro de um
dos meus autores prediletos. Apenas fiz uso de uma pequena referência bibliográfica
e, porque não, de cor. Leiam e vocês entenderão. Aliás, voltei a escrever, mas
isso não é um fato digno de comemoração.
Alguns anos atrás, após um
longa discussão, que não me lembro de muitos detalhes por agora, minha mãe me
questionou sobre os motivos da minha insônia. Pois é, eu sofro de insônia há
mais tempo do que consigo recordar.
Respondi que a causa mais
provável seria o excesso de pensamentos que circundavam minha mente.
Obviamente, como é o costume de toda mãe zelosa (para não dizer “curiosa”), ela
quis saber quais os assuntos recorrentes de tais aforismos.
Sobre tudo, mãe. Mas sobre o
nada, principalmente.
Penso tanto que já cheguei a
ter “metapensamentos”.
Eu sei, não sou normal.
E quando isso é feito? Bom, além
da minha cama, janelas de ônibus são meus locais favoritos. Funcionam como
espelhos, mostrando-me soluções inexequíveis para questionamentos
inverossímeis. Por questões ambientais, evito meu horário de banho. Minhas
horas de leitura também estão fora de cogitação.
Sempre procurei priorizar o
factível, a maneira mais prática. Hoje, isso não basta.
Ultimamente, venho me
sentando aqui, num desses bancos vermelhos, diante de tantos outros
bancos iguais, procurando alento para a maior das minhas batalhas: a busca da paz.
Difícil de imaginar tal
coisa, ainda mais se levarmos em conta que meu homônimo mais famoso está
descrito na história por promover uma das maiores guerras da Mitologia.
Novamente: eu sei, não sou normal.
Sentar aqui, praticamente
todos os dias, proporcionou-me (recentemente) chegar a uma conclusão: a paz que
tanto almejo só virá depois de concluir meu último projeto. O derradeiro e mais
audacioso projeto que já tive em mãos. Em contrapartida, com a metodologia mais
simples que já ousei refletir sobre. Que seja breve. E que eu não o tema.
"Quando você elimina o
impossível, o que sobra, por mais improvável que pareça, só pode ser a
verdade." (Sir Arthur Conan Doyle)
Trecho de diálogo ocorrido em 17 de dezembro, num café na região da Av. Paulista:
- E então..?
- Então o quê?!
- O que você queria me falar? Foi você quem me chamou aqui, não foi? Disse que tinha algo importante para dizer – ela fez uma pausa para saborear o café que tinha acabado de chegar.
- Eu acho que cheguei naquele ponto – disse ele enquanto apreciava a rotina alheia pela janela – Aquele ponto que ele tanto comentava..
- Limen vitae* – completou ela.
Ele não confirmou, mas ela sabia que estava certa. O movimento rápido do pomo-de-Adão e o suspiro prolongado após a pronuncia dessas palavras só veio corroborar. Ela era uma ótima observadora. Não gostava de se gabar, é verdade. Mas estava ciente de que os outros também a julgavam como tal.
- Você se lembra como ele era?
- Altura mediana, bonito, um tanto arrogante quando versava sobre um assunto de seu domínio. Autodestrutivo, às vezes. Uma pessoa acima da média.
- Não estou falando física ou psicologicamente. Perguntei se você se lembra como era estar na presença dele.
- Ah, isso.. – ela parou para pensar um pouco – Eu, particularmente, me sentia estranha. De uma maneira boa, claro! Ele tinha um magnetismo e uma atitude que me fazia sentir capaz de tudo. Como uma super-heroína, sabe?!
- Sei.. comigo era a mesma coisa.
Os dois ficaram um minuto em silêncio. Ele observava, distraidamente, o movimento matutino fora do café. Evitou encará-la não por medo, mas por saber da capacidade que essa tinha em ler no olhar das pessoas qualquer indício de intempérie emocional. Ela, por sua vez, enquanto formulava algo apropriado para dizer, resolveu brincar com os pequenos farelos do pão que havia comido minutos atrás.
- Olha, eu sei que algo está lhe preocupando. E até sou capaz de imaginar o que seja. – ela o encarou por um longo instante – Mas antes vou lhe dizer uma coisa: você não chegou ao tal ponto...
- Como você pode ter tanta certeza dis... ?
- Por favor – ela elevou a mão espalmada em sua direção – não me interrompa novamente, ou vou lhe dar um tapa aqui mesmo! Conheço você há mais de 12 anos.. e ele, antes mesmo de você conhecê-lo. Acho que isso basta como resposta. – disse, apontando o dedo em riste – Nem você nem ele chegaram ao tal Limen Vitae. Se ele lhe explicou bem, Limen Vitae é um estado de espírito em que a pessoa não se sente ligada a ninguém, permanecendo isolada emocionalmente de qualquer outro ser vivo com quem mantinha relações. Sem lembranças, sem remorsos, sem sentimentos. Um completo vegetal.
- Eu sei disso – defendeu-se – E é assim que me sinto agora.
- Não! Não e não! E vou provar: ele, em algum momento, lhe tratou como um estranho? Deixou de lhe ajudar ou se importar com você? Não! – ela se antecipou com um soco na mesa – Da mesma forma, você sempre teve a mim. Apesar da distância, é claro, mas nunca deixou de atender minhas ligações, responder minhas cartas e se importar com meus problemas..
- Acho que você não me entend... – o barulho do tapa abafou o restante da palavra.
- Não diga que eu não avisei, querido. Eu ainda não acabei! A burrada que aquela outra fez a você foi horrível e imperdoável. Ponto. Mas não use a atitude dela como um esconderijo, por favor. Você não é tão frio quanto julga ser. Você é uma pessoa que se apaixona facilmente. Só isso.
- Era – disse ele com o rosto entre as mãos, prevenindo-se da possibilidade de outro tapa.
- Olhe para mim, cabeçudo! – pediu duramente – Não para o meu decote, nem para a minha testa! Olhe aqui, nos meus olhos. O que lhe aflinge? Me diz o nome desse incômodo.
- Não é incômodo, Beka. É só medo, eu acho. – continuou, depois de uma pequena pausa - Eu gosto dela. Muito. Mas sinto que ainda estou apaixonado pela outra..
- Você sempre foi assim, né? Não consegue se desprender totalmente de alguém, mesmo quando a decisão pelo fim cabe a você. – ela soltou um longo suspiro – Preste atenção, porque não vou repetir: você não está apaixonado pela outra. Você está alimentando uma fantasia! Vocês dois não são mais os mesmos. – envolveu as mãos dele entre as suas – Siga sua vida, querido! Não viva de ilusões e desejos fictícios. Apenas.. – parou para pensar melhor numa conclusão – viva, ok? Deixe as coisas acontecerem, sem planejamento prévio.
- Ok. Vou tentar.
- Promete?
- Só se você me contar como está seu casamento – disse ele, já abrindo um sorriso.
- Ah, vai se foder! – e afastou as mãos dele para longe enquanto os dois caiam no riso.
* Limen Vitae era um conceito defendido por essa pessoa. Depois de assistir “No limiar da vida” (Nära Livet), do diretor Ingmar Bergmar, e combinar com algumas leituras suas de Platão e Socrátes, ele formulou uma ‘tese’ de que, em algum momento de nossas vidas voltamos ao princípio emocional de desligamento e solidão, como nos poucos instantes entre o corte do cordão umbilical e o primeiro contato entre mãe e filho, ao acontecer novamente, em idade adulta.
E aqui está mais um Top. Provavelmente o mais especial deles. Porque, como vocês podem confirmar aqui e aqui também, essa já é a terceira edição do "Top 10 músicas que mais ouvi". Mas, o que ele é afinal?!
Bem, o "Top 10 músicas" foi uma ideia sugerida por uma amiga, lá por meados de 2009. Segundo palavras dela, eu não sou um viciado em música. Eu, simplesmente, vivo por música. Tudo, absolutamente tudo, que faço tem uma canção como mote e/ou pano de fundo. E quem sou eu para desmenti-la?
Dando continuidade a essa tradição, o ano de 2011 foi aquele em que a música se fez mais presente e, consequentemente, mais necessária no meu dia-a-dia. Contrariando os anos da minha adolescência, o silêncio não me inspira mais. Somente a música (além do cigarro) é capaz de ordenar o turbilhão de pensamentos diários. Afastar meus demônios, fortalecer minhas defesas e desacreditar minhas dúvidas e decepções.
Como de costume, cabe fazer algumas ressalvas quanto a essa lista: 1) nenhum artista, apesar de ter acontecido e, isso eu explicarei a seguir, se repete; 2) tentei ao máximo não ofender (ou mesmo citar) pessoas e eventos durante as explicações; 3) pelo grau de dificuldade durante a escolha, inclui algumas ‘menções honrosas’ no final do post. Segue a lista:
10) Passion Pit – Little secrets
Acho que peguei a dica dessa banda no site do Chongas (mas não é certeza!). Na época, lá pelos idos de junho, a música indicada era essa. Pesquisando um pouco mais, encontrei a responsável pelo fim dessa lista. Gostei da cadência e letra. Virou hit na minha playlist. Porém, logo deu lugar a outras. Ou melhor, nove outras. Na sequência.
9) Jamiroquai – Smile
Não tenho muito que falar dessa. Se não me falha a memória (afinal, idade e condições físicas para isso eu já tenho), se encaixa no mesmo caso da música citada anteriormente. Não é raro eu ficar zanzando por inúmeros sites, navegando pelos diversos links compartilhados e acabar por encontrar algo realmente bom e, no mesmo instante, me esquecer completamente onde estou ou como cheguei ali.
Jamiroquai é uma banda que curto desde que vi o clipe da música Deeper Underground pela primeira vez na MTV. Ver o Jay Kay dançando numa sala de cinema inundada foi pirante! A partir daí, a banda se tornou habitué das minhas playlists.
8) Intergalactic Lovers – Delay
Uma das melhores surpresas do ano, a banda lançou em março o disco Greetings & Salutations. Uma amiga me passou o link da versão acústica dessa música em meados de abril. Virou presença constante nas minhas andanças auditivas.
Surgiram como um meteoro. A letra ad eternum agradou alguns, irritou outros e, logo, se tornou viral, parodiada n vezes.
Eu, sinceramente, gostei. Durante um tempo. Depois parti para outras canções do grupo. Confesso que já tinha uns três ou quatro meses que não a ouvia. E, hoje, descobri que ela ainda me encanta. Mas vamos com parcimônia, certo?
6) Incubus – Love hurts
Uma das letras mais bonitas que ouvi nesses últimos meses. Faz parte do álbum Light Grenades, de 2006. Achei por acaso, no YouTube, enquanto procurava por novidades sobre a banda. Que, aliás, lançou o disco If Not Now, When? em julho desse ano. Ainda não tive tempo para ouvi-lo, mas algo me diz que é por um bom motivo.
A música (Love hurts), em si, não significa nada. Apenas uma constatação (ele realmente machuca). Durante algumas semanas de agosto e setembro, foi minha música de dormir (sem maiores explicações!).
5) Foo Fighters – I should have know / These days
Foi uma escolha muito difícil. E, como não consegui chegar a um acordo, decidi dividir esse 5º lugar entre as duas do álbum Wasting Light que mais ouvi. Ambas têm relação com a música citada anteriormente e, também, com o 1º lugar (quem me conhece, dispensa maiores explicações).
Poucas pessoas sabem, mas, como [péssimo] baterista que sou, sempre procurei me inspirar no Dave Grohl quando assumia as baquetas. Acompanhei o surgimento da banda, desde o primeiro clipe. Porém, confesso que deixei de ouvir os dois últimos álbuns. Tudo mudou quando soube do lançamento de Wasting Light.
Foi o álbum mais ouvido, o documentário mais assistido (Back & Forth) e o show mais esperado (Lollapalooza, em abril/2012).
4) Daft Punk – Derezzed
Não sou fã dessa dupla francesa, mas tenho que admitir: Derezzed é foda pra caralho! Provavelmente por isso tenha sido tão difícil classificá-la. Ouço sempre! E só não entrou na lista do ano passado porque comecei a ouvi-la no final de novembro, depois de assistir ao filme do qual ela faz parte da trilha (Tron: Legacy). Uma pequena bobagem (a trilha do filme), que foi apenas considerado o melhor disco de música eletrônica de 2010, pela Billboard.
3) Beady Eye – The roller
Antes mesmo do lançamento do álbum (Different Gear, Still Speeding), que aconteceu no final de fevereiro, esse clipe já circulava no YouTube. Sou suspeito para dizer, mas é um dos meus discos favoritos desse ano.
Bom, o que posso dizer? Essa música é especial! (sério?! Pensei que você tivesse escolhido essa lista ao acaso! rs). Não, é sério. Ela é especial porque surgiu num dos momentos em que mais precisei de inspiração: a finalização do meu TCC. As pessoas, às vezes, me perguntam de que eu me lembro com relação ao mês de janeiro. E a minha resposta é sempre a mesma: essa música. Talvez, porque o TCC tenha sido o meu “rolo”.. rs
2) Kings of Leon – Back down south
Está no álbum mais recente da banda americana, Come Around Sundown, lançado em outubro de 2010. Ouço em todas as minhas viagens. E até quando não estou em trânsito. Sua cadência me faz lembrar muito a sensação de juntar os amigos e pegar a estrada, sem um destino programado.
Foi “a” música do 2º bimestre, repetida incessantemente durante a volta do ErebdSul, em Londrina.
1) Ellie Goulding – Your song
Quando me dei conta de que estava chegando o momento de montar essa lista, essa música [linda] foi a primeira escrita no meu rascunho. Eu sei, eu sei! Como pode um cara metidão a roqueiro, se dizendo tão másculo etc., ter uma canção melosa dessas como a mais ouvida do ano?! Não tentarei explicar porque acabarei caindo num assunto que já me cansou (e muito!).
Apesar de ser fã do bom e velho rock’n’roll, sempre precisei de uma música de “descarga” (não nesse sentido!), para chorar mesmo, sabe?! Já é o segundo ano seguido que o topo dessa lista é dedicado a “ela”. Merda! Espero não precisar de outra música assim em 2012.. de verdade.
Principal representante do arcadismo português, Manuel Maria Barbosa du Bocage, ou apenas Bocage, na verdade, foi uma pessoa de transição, tanto na vida quanto na escrita. Viajante errante, quase morto pela Inquisição, passou pelas principais terras da Coroa Portuguesa, inspirando-se por donzelas (a maioria, nem tão donzelas assim) e bebidas. No próximo dia 21, comemora-se 206 anos de sua morte, por aneurisma, na cidade de Lisboa. Segue um de seus sonetos mais conhecidos:
Contrição
Meu ser evaporei na lida insana Do tropel de paixões, que me arrastava: Ah, cego eu cria, ah mísero eu sonhava Em mim quase imortal a essência humana:
De que inúmeros sóis a mente ufana A existência falaz não me doirava! Mas eis sucumbe a Natureza escrava Ao mal, que a vida em sua origem dana.
Prazeres, sócios meus, e meus tiranos, Esta alma, que sedenta em si não coube, No abismo vos sumiu dos desenganos.
Deus... oh Deus! Quando a morte a luz me roube, Ganhe um momento o que perderam anos, Saiba morrer o que viver não soube.
Apesar de sempre responder de forma afirmativa a tal pergunta, talvez por imaginá-la retórica, não me lembro de não ter me esforçado uma única vez para segurar a palavra "não", libertina, ziguezagueando na ponta da minha língua.
Estar bem, ao meu ver, vai além da condição física. Tem muito mais relação com o estado de espírito. E o meu anda trôpego, como há muito não ficava. Não digo isso para chamar a atenção ou para me promover como eterna vítima. Digo, simplesmente, porque é a verdade.
Não faz muito tempo, um amigo [agora] próximo disse que a minha principal característica era o sorriso, o transparecer de sempre estar feliz. Coitado. Fiquei triste por ele, incapaz de ver além da minha máscara. E feliz por mim. Afinal, todo o esforço para parecer quem não sou, foi reconhecido com a sua afirmação.
A bem da verdade, ando descrente. Cansado de confiar, acreditar e/ou creditar as pessoas que me cercam. Logo elas se mostram tão "fingidas" quanto eu. Reconheço que não estou na posição privilegiada de juiz supremo, para apontar meu julgamento de caráter contra quem quer que seja. Apenas gostaria que elas fossem sinceras, desde o início.
Já prometi meu coração a uma bela dezena de garotas (o adjetivo está no lugar correto). Fui apressado e precipitado na grande maioria dos casos. Porque "isso" eu não sei fingir: o contentamento que o amor consegue transmitir.
Fica difícil acreditar em algo que raríssimas vezes você pôde sentir entre os dedos. Gostaria muito, mas sei que ele não existe mais.
Como representante (não muito digno, diga-se de passagem) do universo masculino, soaria até piegas dizer o que vem a seguir. Meu maior desejo, hoje, é me apaixonar de novo. Talvez, e nisso sim eu gosto de acreditar piamente, só assim conseguiria esquecer de vez como foi a última, exatamente um ano atrás. Junte a isso o fato de a sua melhor amiga, uma pessoa pela qual você é apaixonado há mais de 11 anos, estar de casamento marcado. E ainda lhe convidar para ser padrinho! Aqui nasce e morre o meu cansaço.
Mas contos de fadas são reservados apenas para os livros. E para entreter meninas. Homens demonstrando tal necessidade latente, denotam fragilidade. Não que eu me importe com isso. De maneira alguma. Depois de um certo tempo, não se liga para mais nada. E disso sim eu tenho medo.
"Definitivamente, tomar decisões não é o seu ponto forte, filho!", já dizia minha psicóloga de longa data. E qual seria a minha capacidade para refutar tal afirmação?! Nenhuma, lógico!
Por mais racional que o mundo exija que você seja, suas emoções gostam de às vezes dar um olá, só para ajudar a disfarçar o gosto do fracasso na sua boca.
Arrependido?! O típico adjetivo errado para o momento certo. Não. E estou seguro quando digo que o passado foi 90% da inspiração para o meu "sucesso". Coloco as aspas nesse caso por ser algo ainda incomensurável. Demos tempo ao tempo. Quando sinto o comichão do arrependimento espreitando pelo meu cerebelo, coloco-o sentado e dou-lhe uma aula com infinitos slides históricos. "E que isso não se repita novamente, ok?!"
Porra nenhuma! E isso nenhum psicólogo, professor ou amigo pode afirmar em meu nome, porque, ao se tratar do canal de TV das minhas decisões, "Vale a pena ver de novo" ocupa boa parte da grade. Com direito a exibições periódicas de "Acredite, se quiser" fechando a programação noturna.
Quando penso em características marcantes sobre a minha pessoa, a primeira que me vem a cabeça é o medo. Sim, pode não parecer, mas sou uma das pessoas mais medrosas que conheço.
Não me importo muito em refletir sobre os motivos para tal fato. Sei que, de alguma forma, a baixa auto-estima devido aos inúmeros anos de preconceito sofrido quanto ao meu esdrúxulo nome é a causa mais justificável.
Algumas semanas atrás, conversando com um amigo de longa data, tive meus olhos abertos para algo dentro desse assunto que ainda não havia atentado: mesmo sendo esse medroso irremediável, não deixei de fazer coisas que desafiam a coragem de qualquer um por conta disso. Aventurei-me por sepulcros na calada da noite durante boa parte da minha juventude, mesmo temendo e muito esse tipo de ambiente; aceitei fazer parte de uma banda de garagem, mesmo mal sabendo tocar e suando frio a cada ensaio por causa disso; saltei de pára-quedas, mesmo com o meu pavor de voar e de altitude.
E por que sentir medo?! A única conclusão que consegui chegar foi o fato do receio. Receio de dar “um passo maior do que a própria perna”, como bem diz o dito popular. De não ser capaz de prever as conseqüências, logo, não saber como lidar com o desconhecido. Consequentemente, acabar decepcionando, tanto outras pessoas quanto a mim mesmo. Foi assim quando tirei minha carteira de motorista; quando consegui meu primeiro emprego; quando passei no vestibular; quando comecei a estagiar na Cásper.
Porém, como esse amigo que citei me disse, temer algo não significa que você é um medroso. Apenas é o artifício utilizado por alguns para congelar a cena e, assim, poder analisá-la de vários ângulos.
Isso é bom ou ruim?! Prematuramente, julgaria ruim. Mas seria uma avaliação errônea, baseada na inveja que sinto de pessoas aventureiras, que conseguem desvirtuar qualquer imagem de um futuro, aceitando o desafio de peito aberto, sem neuras ou impedimentos cataclísmicos.
Cada um é como deve ser. Impulsivo ou cuidadoso, o trajeto a seguir pode até ser bem diferente, porém, o trecho final, é semelhante para todos. Sem exceção.
Diferentemente de um dos meus ídolos, não sou um dos mais exímios admiradores do cinema francês. Exceto um Truffaut aqui, um Godard ali, posso contar 3 (talvez até 4) obras cinematográficas de tal escola que tenham me chamado a atenção nos últimos 5 anos.
Ontem, mais como uma desculpa para preencher um tempo vago do que por gosto e/ou curiosidade, resolvi assistir uma de suas produções mais recentes em cartaz por aqui. Uma comédia romântica. Bom, pelo menos tem os seus momentos de risos (mesmo forçados). O texto é tediante e pouco inventivo. Utiliza muitas repetições e até faz uma referência completa a outro filme (que eu acho piegas demais). Não pensem que estou escrevendo isso como se não quisesse (obrigatoriamente) indicá-lo. Não.
Por mais incrível que possa parecer, gostei do filme. E o motivo está relacionado com o título do post. Durante boa parte da minha (já longa) vida, tive essa premissa de que deveria me relacionar (amorosa ou fraternamente) com pessoas que compartilhassem gostos e opiniões semelhantes aos meus. Porém, depois de assistir à cena final desse tal filme (transcrição do diálogo logo abaixo), saí do cinema pensando: qual a graça de passar os seus dias com alguém que é praticamente uma “cópia” sua?! As conversas seriam repetições; os filmes, livros, músicas, programas.. tudo igual! Logo, viria a rotina. (É, eu sei. Uma coisa bem clichê. Preciso refletir mais sobre isso).
O que realmente quero dizer, é que a graça (química, sucesso ou qualquer outro termo de escolha livre) de uma relação (e quem assistir ao filme entenderá isso melhor) não está no excesso de afinidades, mas nas discrepâncias. As experiências destoantes, os rumos diferentes, os gostos distintos. Porém, que de alguma forma, conseguem se completar.
Assistam ao filme, e vocês entenderão. Ou não.. rsrs
“Eu detesto queijo Roquefort; Nunca assisti ‘Dirty Dancing’; Acho George Michael uma merda; Sou pobre. Não tenho carro, nem apartamento; Durmo no meu escritório; A única coisa da qual estou certo é que tenho essa necessidade de te ver.. todos os dias”. (Alex Lippi – “Como arrasar um coração”)
Tentei de várias formas pensar em algo original para escrever nesse dia. Porém, e agora entendo alguns de meus amigos mais pessimistas, chega um certo momento que até mesmo essa data, celebrada tantas e outras tantas vezes de forma especial, perde a graça.
Como já dizia Vinícius de Moraes:
"Queira-se antes ventura que aventura À medida que a têmpora embranquece E fica tenra a fibra que era dura."
Bom, nem tudo são flores, mas também não precisam ser dissabores. Se pudesse realmente escolher uma maneira única para comemorar tal dia, acho que seria como no vídeo abaixo: entre amigos, fazendo o que mais sei e gosto. Sem pressa ou cobrança. Apenas meus amigos, eu e um violão.
Os mais puristas (ou arrogantes, na minha opinião), proclamam pela métrica e rima. Exageram em detalhes e perfeições e chegam a irritar tanto quanto os parnasianos.
Imagino que a beleza do acróstico está na sua funcionalidade. A pobreza poética não significa, necessariamente, uma pobreza de recursos utilizados. Pode-se sim dizer tudo usando-se apenas o essencial.
Nada de floreios, rodeios ou qualquer outro termo que os rime. Um acróstico (mais uma vez, na minha modesta opinião!) deve ser uma sequência simples e imutável. Atingir o ponto que almeja e se retirar, de fininho, como se (numa analogia rasa), ao passar, sujasse o chão na tentativa de chamar a atenção para si. Contudo, também trouxesse a tira colo sua vassoura e assim, desfizesse o serviço, oferecendo-o por completo.
Mas também tenho meus momentos de exceção.. rsrs
Fiquem com o segundo da série:
Com o ávido desejo pela amarga e fina fumaça, Ignoro os trêmulos reflexos que seu excesso Galgou em meu semelhante, prolixo e achaque. Acendo um na (derrocada) esperança de não mais ser Refém de uma lembrança impregnada, tal como o Ralo amarelar entre meus dedos, no seu doce apoiar. Em vão. Obrigado é o que digo a quem, num simples gesto (esse sim!), Salvou-me da lembrança, fazendo-me, assim, do vício repulsar.
Quando ouvi aquela frase “você está, oficialmente, fora da universidade”, vibrei de alegria, pensando “putz, até que enfim!”. Mas algo me dizia que não seria assim tão simples.
Na verdade, acho que estou curtindo mais a universidade agora do que nos últimos seis anos. Um nítido reflexo disso é o dia da semana conhecido como quinta-feira que, nos moldes acadêmicos, também pode ser alcunhado de “Quinta & Breja” pelo povo ecano.
Há poucos dias atrás, numa dessas minhas aparições para “prestigiar” tal evento, uma amiga resolveu desabafar comigo sobre um caso amoroso recente. Não entrarei em detalhes aqui. Fazendo um resumo geral, por n motivos, ela disse que, no momento, não gostaria de ser a “ficante” de alguém, mas sim, ter um namorado.
Sinto-me incomodado quando as pessoas me perguntam se eu entendo o que elas estão dizendo. Porque, na grande maioria dos casos, eu não compreendo. Contudo, pelo bom andamento da conversa, quem nunca disse um “claro!” ou um “entendo sim” para evitar uma digressão ainda maior do seu interlocutor?!
Já ficou claro o que essa amiga me questionou, né? No calor do momento, soltei um “eu entendo seu caso” baseado (confesso), superficialmente, nas experiências semelhantes que tive. Porém, a verdade, é que não consigo entender! A situação em que ela se encontra, tudo bem, não é nenhuma novidade. Já vivenciei zilhões de vezes.
Contudo, o que não entendo mesmo é a razão da outra pessoa. Putz, direto ouve-se uma pessoa dizer que adoraria encontrar alguém que a goste como realmente é, sem cobranças, perseguições, brigas etc. Daí, quando a tal pessoa aparece: “podemos ser só amigos?”; “o problema não é com você, sou eu!”, entre muitas outras.
Fico chateado quando isso acontece com alguém que conheço mais do que comigo. Talvez porque, na minha visão reverberantemente altruísta, sinto-me incapaz de ajudar de alguma forma. A sensação é frustrante.
Voltando a essa amiga, pensei em lhe dizer que, depois de tantos anos desperdiçados erroneamente nesse tópico estúpido da vida de todo ser humano, compartilho do mesmo desejo. Mas me contive. Quando envelhecemos, suplantamos essa mania esquizofrênica de passar sermões e/ou dar conselhos.
Achei melhor não dizer absolutamente nada. Apenas concordei que era uma situação esdrúxula e angustiante. Porém, eu poderia muito bem ter-lhe dito: “o amor é um jogo sem lógica, com um regulamento opaco e juízes nada confiáveis. Não se distraia, nem se acomode. Sue, mas não demonstre. Esteja preparado para correr em círculos, percorrer exorbitantes distâncias sentado debaixo de uma árvore durante um furacão. Tudo, ao final, acaba se transformando naquilo que não deveria ser mas que, de alguma forma, já estava previsto: solidão”. [Michel Ferrera]
Quando estamos a sós, ela e eu, as coisas parecem ficar diferentes. Não quero dizer com isso, ingenuamente, que o mundo todo se transforma. Não. O exterior continua imutável.
O que se transforma mesmo é a nossa relação. Tornamo-nos confidentes. O restante do planeta continua lá, seguindo seu rumo. Contudo, quando estamos juntos, ele não passa disso: o resto.
Com ela, posso desabafar sobre meu dia, meus problemas, minhas angustias. Porém, em nenhum momento ela me prometeu que teria resposta para todos os meus questionamentos. Muitas vezes, faz apenas repetir a mesma frase, sem mudar uma vírgula de lugar: “você já sabe a resposta para isso”.
Poderia achar tudo monótono, chato ao extremo. Mas não. Arrisquei ao dizer, recentemente, que essa parece ser a relação mais igualitária e transformadora de toda a minha (já longa) vida.
Em troca das minhas palavras, ela somente pede a minha fidelidade. Claro que tenho liberdade para escolher nossos encontros, as datas e horários. Ainda assim, mesmo em dias que não estou “no clima”, sinto-me tentado a encontrá-la. Se existe algo que ela aprendeu perfeitamente sobre mim é como me hipnotizar.
Nosso diálogo é franco. Nossos carinhos, sinceros. Deslizo pela sua pele com suavidade. Ela sempre me pede mais, que o nosso contato dure pelo tempo que ficarmos por ali, juntos. Nada de eterno. Apenas o momento. É isso que ela quer e faz questão de me exigir.
Com ela consigo ser o mais transparente. Não preciso usar máscaras, gírias, falsos sentimentos. Por um curto período, sou completo – por estarmos só nós. E, ainda assim, tenho a sensação de que falta algo.
A sensação permanece. Pelo menos, até o nosso próximo encontro... Num fim de tarde, quente e purificante. Ou numa madrugada qualquer, gélida e acolhedora.
"Not to be reproduced", René Magritte (1937) - Museu Boijmans Van Beuningen, Roterdã
Quando se é jovem, comete-se erros aos zilhões. No meu caso, acho que aproveitei bem a minha cota.. rsrs Aliás, sob alguns aspectos que não compete aqui citá-los, devo confessar que ultrapassei os limites do moralmente aceitável algumas vezes.
Meu avô, um dos muitos sábios que cruzaram meu caminho, dizia que o erro possui predicados como os de um imã: além de ter um lado negativo (óbvio) e outro positivo (às vezes, nem tão óbvio assim), também tem a propriedade de atração.
Não raro, falamos e/ou fazemos algo que, depois de algum tempo, seja por pressão alheia ou pelo nosso próprio julgamento, imaginamos como um desacerto, um passo mal dado, um deslize. Os mais preocupados, vêm na admissão da culpa e, consequentemente, na auto-punição a única saída para o caso. Já os prosaicos, pessoas naturalmente desprovidas de senso de convivência, conseguem apenas enxergar o erro alheio, acreditando serem isentas de falhas tão banais.
Confesso que sou um misto de ambos. Contudo, por um lado, não chego ao ponto crível do arrependimento. Se me arrependesse a cada erro, estaria, na verdade, expugnando a mim mesmo, já que esses (os erros) também foram (são e serão) imprescindíveis para a minha formação como ser social. Porém, e principalmente quando relacionados a mim, costumo sim exigir a cabeça das pessoas numa bandeja ao tomar conhecimento de seus erros. É o meu verso parasitando o anverso. Procuro não pender para nenhum dos lados (ser imparcial sempre foi uma de minhas características mais marcantes! rs).
Até os meus 15 anos, eu era um arrogante que pouco ligava para aquilo que as pessoas pensavam ou sentiam. Era frio mesmo! Um verdadeiro porco chauvinista!
Tudo mudou quando conheci o Michel, em agosto de 1998. Com a nossa amizade, aprendi que existiam muitas outras razões em jogo quando o assunto era socialização. Muitas vezes, o seu ponto de vista (que você achava indefectível) não passava de uma falácia quando comparado ao dos demais.
Comecei a me importar mais com aqueles ao meu redor; a tomar mais cuidado com minhas palavras e ações; não que eu tenha deixado de ofender as pessoas, me tornando um “santo” da noite para o dia. Apenas parei para analisar quem realmente merecia meu desdém.
Enfim, esse é mais um daqueles posts escritos de forma reflexiva e egocêntrica. Não se dispõe a chegada num lugar especifico. Apenas se faz presente para constar na (minha) lista.
Como faço desde 2007, esse meu Natal foi um dia de silêncio. Não uma meditação espiritual ou com qualquer ligação religiosa. Não. Apenas um momento de reflexão pelo ano que passou.
Pois é.. logo eu que, alguns post atrás disse (ou escrevi, sei lá! rs) não acreditar nessa "mística" pausa. Envelhecer realmente não pode fazer bem para ninguém.. rsrs
Bom, não será agora que transcreverei minha retrospectiva e avaliação do ano. Este é apenas meu post agradecimento a todas as pessoas com as quais convivi nesses últimos 365 dias. Conversas, discussões, e-mails, fotos, olhares, momentos, experiências.. enfim, sou grato a todos e todas (sem exceções).
Sei que a música a seguir é por demais brega, mas representa muito bem esse agradecimento.
“Um dia, meu filho, quando você já estiver bem próximo da minha idade, você olhará para essas mesmas lembranças e sentirá falta de tudo relacionado; Porém, e é o mais provável que aconteça, talvez você simplesmente nem as recorde, daí você apenas perceberá que sente falta de algo, sem saber ao certo de quê.”
No feriado mais recente, pela primeira vez eu anos, sentei-me com minha mãe para conversar. Não foi nada programado, até porque, se o fosse, certamente não funcionaria. Mesmo morando juntos todos esses anos, nossas conversas deixaram de ser rotina há pelo menos uma década.
Talvez pelo próprio momento de ambos, foi quase inevitável esse “encontro”. Eu precisava de um “colo” (e minha mãe é ótima pra isso) e ela precisava de dois ouvidos. As palavras brotavam com naturalidade. Mais emotiva do que eu, não demorou muito para ela estar aos prantos. Eu parei de falar. Fiquei ali só olhando para seu rosto já marcado por profundos vincos de sofrimento e auguras. E aqui eu quero abrir um parêntese:
Minha mãe, a primeira de sete filhos, nasceu no interior do Paraná. Perdeu a mãe logo cedo (aos 4 anos) e foi criada pela avó materna. Uma educação rígida: mulher não tinha que estudar; tinha que aprender tudo relacionado ao lar: cozinhar, lavar, passar, cuidar das crianças. O máximo de liberdade que ela conseguiu foram as aulas de costura, isso já com quase 20 anos. Nessa mesma época, surgiu o primeiro pretendente a marido. Ela não o quis. Não queria ficar presa aquela cidade, às lembranças que só lhe faziam mal. Não queria levar uma vida de dona de casa. Tinha o sonho de ser professora. Porém, destino escrito não tem como ser ludibriado. Anos mais tarde, ela conheceu meu pai. Como já estava (segundo a própria) naquela idade crítica onde não choviam tantas opções, resolveu se casar com ele mesmo. E daí já se vão 30 anos como dona de casa. Criando filhos, agüentando desaforos, engolindo revoltas.
Enquanto ela desabafava suas mágoas, eu me perguntava quantas daquelas rugas em seu rosto não eram por minha causa. Quantas noites em claro ou mal dormidas ela não deve ter passado ao meu lado? Quantas vezes foi me defender na escola? E tantas outras coisas que não consigo quantificar agora.. e quando foi que eu lhe agradeci?! Ou, na melhor das hipóteses, tomei conta de sua dedicação?!
Percebi que os meus problemas não passavam de pequenos arranhões perto dos socos e pontapés que a vida já havia lhe dado. Meus olhos ficaram marejados diante de tal sensação. Será que, um dia, serei assim também, frustrado com o rumo que minhas escolhas me levarão?!
Resolvi, a partir daquele momento, parar de transformar meus problemas solucionáveis em obstáculos intransponíveis. Afinal, todos nós temos alguns. É a nossa forma de lidar com cada um deles que nos define.
E eu, nesse ponto, sou um fracassado. Primeiro, porque ainda não aprendi a lidar (satisfatoriamente) com meus problemas, mesmo quando eles se repetem várias e várias vezes. Arrumo fugas e escapatórias mirabolantes (algumas, bem fantasiosas). Tudo porque não tenho coragem de enfrentá-los (os problemas) de frente. Talvez porque fui criado assim: ao menor sinal de perigo, “corra para as colinas!” (rsrs). Segundo, porque tal maneira de não-enfrentamento acaba, muitas vezes, transparecendo aos demais como uma falha, uma arrogância da minha parte. E não o é. Ao menos, não de todo. É apenas o único modo de agir que conheço.
Ou melhor, conhecia! Graças a algumas pessoas (para as quais estou preparando um post-homenagem em breve), estou conseguindo aprimorar minha auto-estima, aprendendo a enxergar e, principalmente, me sentir completo pelas minhas próprias conquistas.
Assim, sinto que estou deixando de ser (apenas) aquele objeto frio e reflexivo, um ‘espelho voltado aos que me rodeiam’, um pedaço de vidro moldado alheiamente. Metamorfico-me, aos poucos, sem pressa, num quadro inacabado. Minha própria obra de arte. Minha vida de óleo em tela.
H (“O que não me mata, me fortalece”, Friedrich Nietzsche)
As noites de domingo, ultimamente, têm sido generosas em me remitir a algo que não aprecio há um bom tempo: a insônia.
Digo ‘há um bom tempo’ por não se tratar de algo inédito. Aproximadamente 10 anos atrás, numa época nobre do fim da minha adolescência, dormir era um privilégio que eu reservava (não por acaso) às aulas de química e sociologia do colégio. Minhas noites eram agitadas demais para serem desperdiçadas com horas de sono a fio.
Apesar de ter consciência que isso não é nada saudável, gosto muito desses episódios de lucubração por serem, de fato, os únicos momentos de meditação que disponho durante minha jornada cotidiana.
Inerte sobre meu leito, mão direita espalmada sobre o peito, mão esquerda apoiada sob a cabeça, olhar fixo num ponto qualquer, bem longe dali. Uma vez ou outra, um pequeno feixe de luz bruxuleante vindo da janela abre um rasgado luminoso no teto enegrecido pela noite.
À companhia dessa “brincadeira” entre luz e escuridão, surgem os primeiros vestígios das reflexões que, por motivos óbvios, não me acompanham pela minha rotina vespertina. Alcunhei-os de ‘pensamentos obscuros’ não pela sua natureza em si, mas, devido ao fato de, estando sempre escondidos, só decidirem vir à tona no instante do dia em que posso dedicar-lhes as menores porções de meu tempo.
Não obstante, são raras as vezes em que não acabo adormecendo durante uma reflexão, quando essa chega a um ponto complexo demais para o peso de minhas pálpebras suportarem. Como ocorreu nesta noite passada. E que merecerá um post muito em breve...
Sempre que tenho oportunidade, gosto de me sentar diante da janela do meu quarto para ver as gotas de chuva que vem de encontro a ela, como numa dança agonizante. Sozinhas entre tantas outras, entretanto, elas parecem buscar um mesmo propósito em sua fatídica missão.
Não pensem que faço desses momentos meus únicos (e tão raros) instantes de reflexão. Não, não sou tão fútil assim. A realidade não me proporciona tamanha sensação. Pelo menos, não se comparada aos meus cine-pipocas, onde a ficção, essa sim, sempre me agracia com idéias e questionamentos sobre o que é o real. Ou melhor, o que eu gostaria que ele fosse.
Aprecio a chuva porque, mesmo parecendo um caos, tudo acaba correndo seu ciclo natural. Não há desespero. Cada coisa está em seu lugar e segue seu caminho sem atravessar ou atrapalhar o trajeto de ninguém.
Adoraria poder ver minha vida dessa maneira. Na bagunça que ela me aparenta, gostaria de enxergar um mínimo vestígio de ordenação. Talvez ordenação seja desejar muito. Acho que só a visualização de uma seqüência logicamente satisfatória já me deixaria contente.
Talvez seja por isso que os principais eventos da minha infância/juventude estejam ligados a ela. Adorava andar de bicicleta durante um aguaceiro. Jogar futebol debaixo de uma tempestade. Passear de mãos dadas (isso quando encontrava uma louca disposta a tal!) diante de uma garoa.
Ou apenas ficar aqui, do outro lado da janela, inerte, assistindo a chuva, criando coragem para uma volta, trazendo um pouco de calmaria ao meu pequeno caos.
Como dica, procurem assistir ao filme abaixo. Ele simplifica bem o que tentei dizer em tal reflexão.