Não sei exatamente quando o conheci. Talvez numa Quinta & Breja, no distante ano de 2010. Talvez
antes. Colegas e conhecidos em comum tínhamos aos montes. Apesar de convivermos num
departamento pequeno na faculdade, naquela época, sempre era mais fácil
encontrar o pessoal na prainha da ECA.
Hoje, eu sinto muito por isso.
Não estava passando pelo melhor dos meus momentos e, além disso, torcia para
conseguir sair o quanto antes daquele lugar.
Quando realmente posso dizer
que conheci o Saladino, foi numa viagem para o EREBD Sul, em Londrina/2011.
Três semanas depois da minha colação de grau, tinha decidido encerrar o ciclo por
ali participando dessa viagem de quase 8 horas com desconhecidos e entusiastas
do curso.
Na nossa primeira noite por
lá, enquanto todos se aprontavam para uma das várias festas noturnas que
teríamos, ficamos nós dois terminando um litrão. Ali, naqueles poucos minutos, percebi o quão humano ele era. Num dado momento, depois de muita conversa, ele
me apontou o dedo em riste e disse “grandes coisas ainda acontecerão à você, se
você se permitir.”
Mesmo brincalhão, ele tinha um
lado conselheiro, amigo para com todos. Assim foi comigo, ali naquela mesa e
pelos 4 anos seguintes. Sempre que nos encontrávamos, demonstrava uma
preocupação legítima com meus assuntos pessoais e profissionais. Era mútuo. Logo, chamá-lo de Sal, Salada,
Saladino ou qualquer outro termo variado era pouco. Luis Rodrigo, para mim, era
(e sempre será) o Mestre!
Infelizmente, de 2016 para cá,
perdemos o contato. A vida adulta nos compele a isso. Queria muito ter sido um veterano melhor, um amigo mais presente,
alguém mais útil. Às vezes, acabamos dando importância para coisas que, mais
tarde, percebemos que nem eram tão importantes assim. E eu sinto muito por
isso, amigo!
Guardarei até o fim da minha
sanidade seus conselhos e ensinamentos. O principal deles? Que a vida não lhe
deve nada. Se você quer algo, se realmente almeja algo, cabe a você (e a você
apenas) correr atrás desse algo.
Na minha opinião, esse era
você: alguém que não esperava nada. Porque tinha (e sabia de) tudo que
precisava; nem mais, nem menos. Um desbravador, um poeta, um amigo. Meu
Mestre.
“O
que acontece quando morremos?”. Por motivos óbvios e, agora, irrelevantes para
uma explicação aprofundada, essa foi a frase que mais vezes abarcou minhas
sinapses nas últimas duas semanas. Pensamentos fugidios que se concluíam, não
por acaso, na maior parte do tempo da mesma forma: em círculos. Elipses, para
ser mais exato.
Afinal,
o que acontece quando nós passamos? Tentei encontrar respostas em minhas
leituras. Porém, nem toda a filosofia que já vislumbrei foi suficiente para
elucidar tamanho mistério. Aqui abro um parêntese: preciso voltar a ter
interesse por isso. Deixar de lado leituras rupestres e me inteirar pelos mais
diversos pensadores. Voltar a lê-los por interesse, como fazia antes de entrar
na faculdade. Naquela época de ouro, Foucault e Nietzsche colidiam com Platão e
Jean-Paul Sartre de forma harmoniosa. Sem cobranças, realmente me deliciava a
cada página passada. Fecho o parêntese.
Talvez,
no momento mais lógico de minha vida, resolvi parar de destrinchar imaginários
alheios e cheguei a uma bifurcação: ou ninguém sabe satisfatoriamente, ou
ninguém dignamente letrado jamais regressou.
Minha
insignificante sapiência apenas me permite listar o que fica: sentimentos
interrompidos, entes queridos corroídos, credores enraivecidos (sim, eu os tenho), projetos em stand by.
A
verdade é essa: sou todo curiosidade. Com algumas pitadas de saudade e cansaço.
A
vontade? Reticências
“Não
tenho coragem para tirar minha própria vida. Eu rezo todas as noites para
encontrar a força para fazê-lo, mas a coragem me escapa. [...] Minha vida é um
constante estado de medo de alguém ou de algo. É impossível nadar contra a
corrente. Vale a pena viver a vida?”
(Shirley
Harrison, ‘O diário de Jack, o Estripador’)
*Antes de começar, urge
informar: o texto a seguir não é uma reflexão sobre o supracitado livro de um
dos meus autores prediletos. Apenas fiz uso de uma pequena referência bibliográfica
e, porque não, de cor. Leiam e vocês entenderão. Aliás, voltei a escrever, mas
isso não é um fato digno de comemoração.
Alguns anos atrás, após um
longa discussão, que não me lembro de muitos detalhes por agora, minha mãe me
questionou sobre os motivos da minha insônia. Pois é, eu sofro de insônia há
mais tempo do que consigo recordar.
Respondi que a causa mais
provável seria o excesso de pensamentos que circundavam minha mente.
Obviamente, como é o costume de toda mãe zelosa (para não dizer “curiosa”), ela
quis saber quais os assuntos recorrentes de tais aforismos.
Sobre tudo, mãe. Mas sobre o
nada, principalmente.
Penso tanto que já cheguei a
ter “metapensamentos”.
Eu sei, não sou normal.
E quando isso é feito? Bom, além
da minha cama, janelas de ônibus são meus locais favoritos. Funcionam como
espelhos, mostrando-me soluções inexequíveis para questionamentos
inverossímeis. Por questões ambientais, evito meu horário de banho. Minhas
horas de leitura também estão fora de cogitação.
Sempre procurei priorizar o
factível, a maneira mais prática. Hoje, isso não basta.
Ultimamente, venho me
sentando aqui, num desses bancos vermelhos, diante de tantos outros
bancos iguais, procurando alento para a maior das minhas batalhas: a busca da paz.
Difícil de imaginar tal
coisa, ainda mais se levarmos em conta que meu homônimo mais famoso está
descrito na história por promover uma das maiores guerras da Mitologia.
Novamente: eu sei, não sou normal.
Sentar aqui, praticamente
todos os dias, proporcionou-me (recentemente) chegar a uma conclusão: a paz que
tanto almejo só virá depois de concluir meu último projeto. O derradeiro e mais
audacioso projeto que já tive em mãos. Em contrapartida, com a metodologia mais
simples que já ousei refletir sobre. Que seja breve. E que eu não o tema.
"Quando você elimina o
impossível, o que sobra, por mais improvável que pareça, só pode ser a
verdade." (Sir Arthur Conan Doyle)
Acho que é uma das qualidades mais normais de nossa sagaz curiosidade começar a nos questionar sobre o porquê de cada peculiaridade de nossa personalidade. Sou assim até quando não percebo.
Uma dessas minhas qualidades, visível inclusive aqui no blog, é a mania de criar "Tops". Imaginar listas sobre tudo que possa ser classificado. Músicas, filmes, livros, bebidas, comidas etc. Recentemente, tentei elucidar esse mistério. Debrucei-me sobre este questionamento aparentemente insolúvel com o empenho de um investigador criminal. Pena meu QI não chegar a 120.. rsrs
O mais perto de uma solução que cheguei foi descobrir quando essa mania se tornou tão corrente e, principalmente, imperceptível. No fim de 2003, depois de um fim um pouco tumultuado de namoro, fui até a locadora do bairro atrás de alguma novidade. Cego devido ao turbilhão de pensamentos, pedi alguma (boa) indicação da atendente. Sai de lá 10 minutos depois, com "Alta fidelidade" nas mãos e 8 números anotados num papel surrado.
Para quem ainda não teve o prazer de assistir este filme, uma pequena sinopse: baseado no romance homônimo de Nick Hornby, a história gira em torno da fracassada vida amorosa de Rick Gordon, o dono de uma loja de discos e aficionado por criar listas de 5 quaisquer coisas. Depois de um pé-na-bunda dos mais sofríveis, ele resolve especular quais seriam os 5 finais mais trágicos de seus inúmeros relacionamentos. Juro que rever este filme, de vez em quando, me ajuda mais do que qualquer sessão de terapia com minha psicóloga (desculpa, D. Regina, mas é verdade! rs).
Digamos, e apenas isso que podemos fazer por hora, que já o revi MUITAS vezes. Contudo, nunca havia pensado em agir como o tal Rick Gordon. Sei lá, mas acho que pessoas propriamente ditas não possuem essências quantificáveis o bastante para serem comparadas. É um pouco bizarro de explicar isso. Só sei que não me sinto muito confortável julgando, pesando e/ou analisando detalhes individuais para efeito comparativo.
Entretanto, e esse enfim é o tema do post, no primeiro domingo deste mês de fevereiro (dia 3, para ser mais preciso), algo muito peculiar me aconteceu. Diria mais: foi o fato mais bizarro da minha vida. Num intervalo de mais ou menos 5 horas, "encontrei" 5 ex-namoradas (na verdade, 3 ex-namoradas e 2 ex-ficantes). Usei o termo encontrei entre aspas porque, em um dos casos, a dita cuja foi apenas avistada, já que a educação e os bons modos, infelizmente, não são qualidades extensíveis a todos (as).
Nesse dia, bêbado e ensopado, acabei perdendo minha última condução e precisei pegar um táxi para chegar até esse fim de mundo chamado Morro Doce. Durante a viagem de táxi, aproveitando o milagroso silêncio de seu condutor, comecei a divagar sobre o quê havia acontecido naquelas poucas horas. Acabei chegando no papel de Rick Gordon mais rápido do que minha sanidade poderia imaginar. Montei minha própria lista, meu "Top 5". Porém, como sou uma pessoa temorosa pela repercussão que a divulgação de nomes e detalhes poderia trazer, decidi levantar uma lista de 5 músicas que me vieram à cabeça logo que as revi. Para ajudar um pouco na identificação, limitei-me a acrescentar o local onde encontrei cada uma, bem como o tempo de namoro/rolo, a razão do término e uma pequena explicação sobre o motivo da música selecionada. Segue a lista:
1ª)Local: saída da estação Consolação do metrô Tempo de namoro: 1 ano e 4 meses Término: ela tomou a iniciativa. Foi traumático. Chorei, engordei e tentei suicídio. Conversamos por 2 minutos, só por educação. Motivo da escolha musical: é cafona, eu sei. Mas era uma música que tocava muito nas rádios em 2002 e logo virou nossa música (podem me julgar, eu não ligo!).
2ª)Local: barzinho na Rua Augusta Tempo de namoro: 4 meses Término: ela também tomou a iniciativa. Lembro de ter sido BEM repentino. Fiquei muito mal. Para evitar encontrá-la na faculdade (sim, éramos do mesmo curso), comecei a frequentar outros departamentos. Conversamos por 5 minutos, sem grandes novidades. Motivo da escolha musical: sou sincero ao dizer que não a conhecia. A ex em questão foi quem me apresentou a esta música.
3ª)Local: outro barzinho na Rua Augusta Tempo de namoro: 1 ano de "ficadas", idas e vindas Término: deixemos em branco devido a complexidade do caso.. rsrs Motivo da escolha musical: digamos que temos estilos de vida antagônicos. E, em contrapartida, seriados favoritos em comum.
4ª)Local: barzinho na Rua Matias Aires Tempo de namoro: 2 semanas Término: para variar (e isso não me surpreende!), foi uma decisão dela. Digo que superei, mas até hoje ainda sofro um pouco. Estava no último ano da faculdade (sim, ela também era uma colega de curso) e pensei em abandonar tudo. Me apaixonei de verdade e me fodi bonito. Nessa ocasião, não teve nem a decência de me olhar na cara. Não a culpo. Motivo da escolha musical: aquela típica "afunda fossa". Repeat and repeat again.
5ª) Local: escada rolante dentro da estação República do metrô Tempo de namoro: 2 meses Término: finalmente, foi minha a iniciativa. Porém, foi uma decisão muito difícil. Era uma garota divertida e cinéfila. O problema era comigo mesmo. E o pensamento que ainda estava na citada anteriormente. Conversamos por uns 15 minutos e até marcamos algo (!). Motivo da escolha musical: era uma de suas músicas favoritas.
Foi divertido. Sofri muito por 3 delas. E fiz uma delas sofrer muito também. Coisas que não deveriam, mas acontecem pelo simples fato de sermos os ignorantes e egocêntricos que somos. Incapazes de enxergarmos recomeços, desatarmos nós e vivermos o presente. Apenas conseguimos ver as limitações alheias e nos achamos deuses por isso. Tsc, tsc.
Cá estou de volta. E digo logo: não esperem que os anos vindouros retornem. Não sou mais o mesmo e duvido muito que volte a ser uma centelha daquilo que fui. Paciência é só o que posso almejar. Um pouco mais. Porque a morte, essa maléfica advogada, deve andar com a agenda cheia para honrar seu compromisso para comigo.
Mas deixemos os assuntos funestos de lado, ao menos por alguns instantes, e falemos de algo agradável. Ou melhor tragável. Como bem sabem, dadas raras exceções, os temas abordados aqui no blog vêm perdendo a pouca qualidade que tinham. Isto não é opinião, mas fato. O principal culpado, eu, sempre enfrentei problemas com a minha veia criativa.
Pode até parecer novidade para alguns, porém, a verdade é que nunca fui muito bom nisso. Por inúmeras vezes me senti como um intruso nesse "lar". A raíz criativa deste lugar sempre pertenceu a outra pessoa. Um ser iluminado e vital para a existência e prorrogação de tudo que veio a seguir.
Sinto-me, assim como este blog, orfão. A ficha, lentamente, está caindo. Sem causa, coragem ou mesmo personalidade, às vezes me olho no espelho e vejo apenas o reflexo do seu inverso. Cores nítidas e vivas representando apenas objetos inanimados. Ah, e ambientes, claro!
Que falta você faz, Criatividade! E que pouco valor fui capaz de lhe atribuir. Caminhos injustos esses nossos, prerrogativas de um final nada feliz. É isso, exatamente a isso que fui reduzido: um desafortunado clichê. Um lugar comum dos mais vulgares e mefistos.
Tenho pena daqueles que lerão isso e pensarão coisas do tipo "nossa, esse cara é um gênio" ; "que expressão, que forma de escrita magnífica" ou outras frases do gênero. Eu sou uma fraude! Novamente, não é uma opinião, mas fato. Corroborem com essa afirmativa e tudo ficará mais fácil. Para todos.
Talvez eu volte. Talvez não. As decisões são indiferentes e injustificáveis quando partem de contestações.
Apesar de sempre responder de forma afirmativa a tal pergunta, talvez por imaginá-la retórica, não me lembro de não ter me esforçado uma única vez para segurar a palavra "não", libertina, ziguezagueando na ponta da minha língua.
Estar bem, ao meu ver, vai além da condição física. Tem muito mais relação com o estado de espírito. E o meu anda trôpego, como há muito não ficava. Não digo isso para chamar a atenção ou para me promover como eterna vítima. Digo, simplesmente, porque é a verdade.
Não faz muito tempo, um amigo [agora] próximo disse que a minha principal característica era o sorriso, o transparecer de sempre estar feliz. Coitado. Fiquei triste por ele, incapaz de ver além da minha máscara. E feliz por mim. Afinal, todo o esforço para parecer quem não sou, foi reconhecido com a sua afirmação.
A bem da verdade, ando descrente. Cansado de confiar, acreditar e/ou creditar as pessoas que me cercam. Logo elas se mostram tão "fingidas" quanto eu. Reconheço que não estou na posição privilegiada de juiz supremo, para apontar meu julgamento de caráter contra quem quer que seja. Apenas gostaria que elas fossem sinceras, desde o início.
Já prometi meu coração a uma bela dezena de garotas (o adjetivo está no lugar correto). Fui apressado e precipitado na grande maioria dos casos. Porque "isso" eu não sei fingir: o contentamento que o amor consegue transmitir.
Fica difícil acreditar em algo que raríssimas vezes você pôde sentir entre os dedos. Gostaria muito, mas sei que ele não existe mais.
Como representante (não muito digno, diga-se de passagem) do universo masculino, soaria até piegas dizer o que vem a seguir. Meu maior desejo, hoje, é me apaixonar de novo. Talvez, e nisso sim eu gosto de acreditar piamente, só assim conseguiria esquecer de vez como foi a última, exatamente um ano atrás. Junte a isso o fato de a sua melhor amiga, uma pessoa pela qual você é apaixonado há mais de 11 anos, estar de casamento marcado. E ainda lhe convidar para ser padrinho! Aqui nasce e morre o meu cansaço.
Mas contos de fadas são reservados apenas para os livros. E para entreter meninas. Homens demonstrando tal necessidade latente, denotam fragilidade. Não que eu me importe com isso. De maneira alguma. Depois de um certo tempo, não se liga para mais nada. E disso sim eu tenho medo.
"Not to be reproduced", René Magritte (1937) - Museu Boijmans Van Beuningen, Roterdã
Quando se é jovem, comete-se erros aos zilhões. No meu caso, acho que aproveitei bem a minha cota.. rsrs Aliás, sob alguns aspectos que não compete aqui citá-los, devo confessar que ultrapassei os limites do moralmente aceitável algumas vezes.
Meu avô, um dos muitos sábios que cruzaram meu caminho, dizia que o erro possui predicados como os de um imã: além de ter um lado negativo (óbvio) e outro positivo (às vezes, nem tão óbvio assim), também tem a propriedade de atração.
Não raro, falamos e/ou fazemos algo que, depois de algum tempo, seja por pressão alheia ou pelo nosso próprio julgamento, imaginamos como um desacerto, um passo mal dado, um deslize. Os mais preocupados, vêm na admissão da culpa e, consequentemente, na auto-punição a única saída para o caso. Já os prosaicos, pessoas naturalmente desprovidas de senso de convivência, conseguem apenas enxergar o erro alheio, acreditando serem isentas de falhas tão banais.
Confesso que sou um misto de ambos. Contudo, por um lado, não chego ao ponto crível do arrependimento. Se me arrependesse a cada erro, estaria, na verdade, expugnando a mim mesmo, já que esses (os erros) também foram (são e serão) imprescindíveis para a minha formação como ser social. Porém, e principalmente quando relacionados a mim, costumo sim exigir a cabeça das pessoas numa bandeja ao tomar conhecimento de seus erros. É o meu verso parasitando o anverso. Procuro não pender para nenhum dos lados (ser imparcial sempre foi uma de minhas características mais marcantes! rs).
Até os meus 15 anos, eu era um arrogante que pouco ligava para aquilo que as pessoas pensavam ou sentiam. Era frio mesmo! Um verdadeiro porco chauvinista!
Tudo mudou quando conheci o Michel, em agosto de 1998. Com a nossa amizade, aprendi que existiam muitas outras razões em jogo quando o assunto era socialização. Muitas vezes, o seu ponto de vista (que você achava indefectível) não passava de uma falácia quando comparado ao dos demais.
Comecei a me importar mais com aqueles ao meu redor; a tomar mais cuidado com minhas palavras e ações; não que eu tenha deixado de ofender as pessoas, me tornando um “santo” da noite para o dia. Apenas parei para analisar quem realmente merecia meu desdém.
Enfim, esse é mais um daqueles posts escritos de forma reflexiva e egocêntrica. Não se dispõe a chegada num lugar especifico. Apenas se faz presente para constar na (minha) lista.
Talvez não exista nada mais comum (e irritante) do que o nosso constante autoquestionamento. Seja para o bem ou para o mal, mais cedo ou mais tarde, ele sempre está por lá, rondando sua consciência (e, às vezes, até seu subconsciente) atrás de algum traço de fraqueza para se alimentar.
No meu caso, excetuando o caso do meu nome, ele teve início nas cercanias dos 10 anos. A maldita da professora (na época, da 4a série) inventou de passar um questionário com perguntas do tipo “O que você quer ser quando crescer?”; “Qual seu maior sonho?”, e daí para pior. Um subjetivismo e particularidade de dar inveja a qualquer BBB. E, para piorar mais, ainda tínhamos que devolver assinado pelos pais. Ou seja, meus velhos teriam que ler a merda que eu iria escrever!
Eu, ingênuo demais, nem fazia ideia do que gostaria de ser. Por outro lado, sabia muito bem o que não queria: servir ao exército e seguir a profissão do meu pai. E foi isso que escrevi. Nem preciso dizer a porcaria que deu, né?! Aqui teve início a nossa épica e angustiante “guerra dos 8 anos”, que, por ser irrelevante ao tema desse post, deixarei maiores explicações para um próximo (se ele existir, lógico!).
Apesar de pouco elucidativo, essa passagem remete bem aquilo que quero dizer: algumas vezes, somos (forçadamente) compelidos a prerrogativas nada saudáveis. Pelo amor de Deus! Vocês hão de concordar comigo que 10 anos não é, nem de longe, a idade adequada para se começarem esses questionamentos existenciais.
Ao comparar minhas respostas com as dos demais colegas de classe, instintivamente, me senti como um alien; uma anomalia escrota, distinto (e no pior significado que o termo remete) de qualquer coisa viva que já habitou esse planeta. Mesmo assim, não me arrependo do que fiz. Graças a isso, não me tornei um vândalo, grafiteiro, drogado ou (e pior de todos!) pagodeiro.
Hoje, me considero normal (coisa que, por si só, já é muito genérico) justamente por não ter sido “comum”. Minha diferença foi desencadeada pelos autoquestionamentos que se sucederam ao citado no princípio do post. Comecei a não aceitar o geral, o mediano como regra básica para meu desenvolvimento. Eu até poderia não saber exatamente qual (ou quais) seriam os caminhos que gostaria de seguir a partir de um certo ponto. Mas, por outro lado, tinha bem claro qual eu nem tentaria seguir.
Posso não curtir muito o estágio em que minha vida se encontra agora (pois é, afinal, biblioteconomia não foi uma escolha). Porém, se estou assim, é porque o fiz sozinho. Minhas escolhas não foram influenciadas pelo gosto “da maioria”. Teria, realmente, seguido o rumo errado se soube o que fazer do meu futuro.
Mas, enfim, sapiência e arrogância nunca foram os verbetes mais consultados do meu dicionário.
Não é fácil para ninguém admitir que se tem um vício. Até porque, a própria alcunha do termo surge da visão alheia sobre algo que age sofregamente sobre nossos sentidos. Para quem a faz uso (ou é usado), tal ato é tido apenas como uma escapatória, ou ainda, uma maneira prazeirosa de curtir alguns instantes de vida.
Muitas vezes para facilitar uma interação grupal, desafiar parentes ou somente para chamar a atenção (fazendo algo estúpido, na maior parte do tempo), somos compelidos a tomar partido de substâncias duvidosas e tentadoras, verdadeiros chafarizes do convívio sociocultural de uma fase conturbada da vida.
Eu admito. Vivi vários desses momentos, fazendo uso de algo que não me orgulho nem um pouco. Tudo começou como na maior desses casos: influência de amigos. Aos 16 anos, em uma busca desnorteada por identificação, acabei por aceitar tal vício como um passe de entrada para um universo paralelo. Meu universo.
Não foi a mais sábia das decisões. Porém, pior do que o início foi a sua continuação. Porque tudo age como num poço sem fundo. Prevendo que a descoberta de tal malefício por parte dos meus pais seria o fim do paralelismo dos meus universos, tive que inventar e recriar mentiras para justificar meias-verdades ensaiadas com precisão cirúrgica. Cheguei ao ponto de não comentar meus trabalhos de meio-período como office-boy e meu estágio numa escola de informática que, na verdade, era remunerado. Tudo isso para garantir as provisões de sustento do meu vício.
Vivi dessa forma por quase 2 anos, até que uma perda muito significativa me fez rever alguns fatores do que eu gostaria para o meu futuro. Assim, claro, depois de muito custo, abandonei esse artifício questionável.
Contudo, ainda hoje sofro de remorso por não haver contado aos meus pais sobre isso quando tive chance. Talvez tenha sido melhor assim.
Minha mãe sempre me dizia que o mais surpreendente dos seres humanos somos nós mesmos. Maria como 90% das mulheres da mesma faixa etária, tinha uma vitalidade e paz de espírito de dar inveja a qualquer monge budista.
Ela e meu pai se casaram ainda numa época em que a escolha cabia aos pais da moça. Mas ela teve sorte, segundo ela própria me disse certa vez: “logo que pus os olhos no seu pai, sabia que ele era para toda a minha vida”.
Juntos, eles tiveram três filhos. Como toda adolescente que se preze, dei tanto trabalho para os dois (meus pais), que fugi de casa quando fiz 16 anos.
Nunca liguei para os seus ensinamentos. Tudo que saía da boca deles, para mim, soavam como broncas e sermões.
Porém, mesmo estando longe, mandava uma carta por trimestre, só para dar notícias. Provavelmente, repensando hoje, o fazia por um remorso estúpido, do tipo que magnetiza ao ponto de garantir saudade o bastante para não eu atravessar a fronteira da volta para casa. Ficava ali, estagnada na vontade. Eles, talvez prevendo que o mundo iria me “endireitar”mais cedo ou mais tarde, nunca me pediram para retornar.
E eu não vou dizer que ele (o mundo) conseguiu. Muito pelo contrário! Ele me permitiu ser aquilo que tinha vontade, voar até onde as minhas asas me sustentassem. Ele me garantiu a subsistência de lucidez que, tenho certeza, a proteção familiar nunca nutriria.
De mãos dadas com o mundo, experimentei um pedaço de cada sentimento; cada sofrimento; cada indivíduo que cruzou meu espaço. Aprendi a amar o hoje e respeitar a liberdade. Passei por tantos lugares que deixaria Gengis Khan no chinelo.
E, depois de 7 anos distante da lagoa onde fui gerada, retornei para aquilo que nunca me pertenceu. Não fui recebida com toda a pompa de chefe de Estado, mas com um carinho que me surpreendeu. Havia saído tal como um anticristo e voltei como uma canonizada. E, pela primeira vez na vida, senti vontade de ficar, de ter um lugar para chamar de meu e moldá-lo “à minha imagem e semelhança”.
Porém, não demorou muito para a realidade dar o ar de sua graça, esbofeteando minha face, avisando que a fantasia só faria mal a minha vida.
Saí novamente, carregando comigo o ensinamento de que o lado ruim da vida não é provar da existência da maldade, mas alegar desconhecer sua abrangência, sua totalidade, nas mais variadas formas.
Os ponteiros do relógio da vida, são sensacionais. Dos poucos 27 anos que tenho, vivi intensamente o suficiente para ter milhares de histórias. Não preguei o "paz e amor" dos hippies, mas, curti os Beattles; não participei da revolução da juventude de 1968, mas, colhi seus frutos de liberdade; não participei do "Diretas Já", mas, com 16 anos votei pela primeira vez. Vivi (e vivo) um mundo conquistado, mas, ainda cheio de preconceito. Lembrar é muito bom e lembro da minha pré-escola, do tênis Kichute (um misto de tênis com chuteira), do short vermelho e a camisa branca que minha mãe colocava. Já na terceira série, lembro da professora Brígida, a mais rígida professora daquela escola e de uma criança que virou anjo cedo Adeildo (in Memorian) que teve a chance de me dedurar uma falsificação de assinatura que fiz da minha mãe em um bilhete da escola. Briguei querendo ser o "Jaspion", chorei no filme "A História Sem Fim" quando o cavalo do Atraiú fica atolado na lama, quebrei a janela da igreja com estilingue (foi sem querer), me apaixonei e desapaixonei centenas de vezes na adolescência. Hoje, além das lembranças, tenho amigos que todas as vezes que nos encontramos não tem como não dizer "Você lembra...?"; é, nos ponteiros da vida não há tic tac, é um silêncio que quando você vai ver... já passou. Por falar em amigos, graças a um deles tenho o prazer de postar uma idéia, uma lembrança, uma saudade. Meu amigo master com o nome de herói grego: Agamenon. Meu amigo desde a pré-escola, que estudou com a professora Brígida junto comigo e que, com tantas, brincou de Jaspion. Obrigado pelo convite meu amigo.
Num distante post, fiz uma crítica sobre o filme Anjos e Demônios, do Ron Howard. E cheguei a comentar que, ao assisti-lo, me senti tentado a escrever sobre algo que nunca trato como um assunto pertinente. Bom, depois de enrolar por quase dois meses, é chegada a hora.
Eu sou descendente de uma família muito religiosa. Desde pequeno fui levado a crer que essa poderia ser uma das possibilidades de futuro ganha-pão. Com 8 anos, fui forçado a fazer minhas primeiras aulas de catequese. Como não gostava muito da professora (uma chata de galocha!), informei meus pais sobre a minha decisão de desistir daquilo. No início, eles aceitaram numa boa. Mas, foi apenas como um adiamento.
Por morar num bairro pequeno e afastado de todo o restante da civilização (mais ou menos como hoje.. rs), qualquer evento realizado por lá girava em torno da igreja, ou como sede do tal evento, ou com o apoio dela. Logo, eu podia dividir os meus amigos em duas categorias: aqueles que conheci na escola e encontra de vez em quando na igreja; e aqueles que conheci na igreja e os encontrava na escola. Fiz grandes amizades dessa forma, pouco vigentes hoje em dia, porém muito importantes.
Acho que meus pais tinham os sábados à noite e os almoços de domingo como momentos sagrados para a união da família. Se eles resolviam ir à igreja, então todos devíamos ir também. E continuou assim mesmo com a mudança de cidade. Uma pena eles não saberem que tudo que é forçado, cansa. E, às vezes, com muita rapidez.
Assim que terminei as aulas de catequese, concluindo a Primeira Eucarístia, e como o ganho significativo de conhecimento graças a idade, comecei a bolar planos para sabotar esses encontros familiares que, com a mudança de cidade, se tranferiram para as manhãs de domingo. Logo começaram os conflitos e batidas de frente com os meus pais.
E eu não os culpo pelo que estavam tentando fazer. Afinal, eles tiveram pouco ou nenhum estudo, ambos sendo criados por "substitutos" de seus pais. Dessa forma, acho que eles sempre imaginavam que uma família unida tinha que ser baseada nos alicerces de alguma religião (no nosso caso, na Católica Apostólica Romana).
Mas eu não desisti totalmente das nossas idas à igreja nessa época. Foi depois de assistir o filme Stigmata e, depois de algumas pesquisas minhas para a escola, descobrir que a Bíblia, na verdade, foi escrita por várias mãos e mentes, cada uma modificando a história conforme a própria vontade. Junte a isso, saber que a Igreja (maiúsculo por se tratar da instituição) não se pronunciou contra a escravidão (que só acabou porque a Inglaterra precisava de assalariados para comprarem seus produtos industrializados) e nem na época do nazismo.
Simplesmente assim, deixei de acreditar nessa instituição. Por que acreditar que preciso de alguém para emediar minhas conversas, perguntas, agradecimentos e pedidos a Deus?! A religião só se tornou mais um meio de fulano se mostrar mais poderoso do que ciclano, "porque o meu Deus é mais poderoso que o seu!". Nossa, quantas vezes ouvi essa frase!
Respeito a religião de todos, desde que a minha escolha por uma "crença" sem necessidade de uma religião propriamente dita seja igualmente respeitada.
Para finalizar, digo isso: acredito em Deus, em algo maior que criou e rege tudo e todos. Continuo fazendo minhas orações todas as noites. Porém, uma coisa que "exerço" muito mais agora é o fato de não olhar mais para o céu e pedir por algo inalcansável. Foi uma coisa que o Michel me ensinou: "Somente os invejosos pedem. Os espirituosos agradecem por tudo que lhes é dado porque sabem que conseguiram exatamente o que precisavam".
Esse post é, assim como seu título sugere, a continuação de outro escrito há pouco tempo. Uma continuação curta, diga-se de passagem. Servirá apenas para constar, pois, como já disse antes, não irei impor limites insanos nas minhas digitadas dirigidas a esse blog.
Claro que todo o fim é triste. São consequências. Só um ser desprovido de coração e sentimentos, além de respeito alheio, pode suportar um corte sem derramar uma única lágrima.
Alguns são difíceis. Outros são encarados com mais naturalidade. Mas, de uma forma ou de outra, trazem sempre na essência a tristeza. Escolher um ponto final só pode ser bem encarado se posto que, na verdade, o fim de algo é o começo de outro.
O importante é o aprendizado. A experiência que se leva do que foi passado, convivido durante o 'tempo útil' desse algo. Não quero me por aqui de eterna vítima, mas posso dizer sem engano algum que sofri perdas durante toda a minha vida. De diferentes formas e razões, sim. E, é com a mesma segurança que digo: essa é, sem sombra de dúvidas, a mais pesada de todas elas.
Porém, assim como os contos de fadas não passam de ilusões, ninguém consegue viver uma vida inteira baseada em expectativas. Por isso o fim. O que fica é o respeito, a gratidão e, acima de tudo, a certeza de que, foi muito bom enquanto durou.
"Espero que você aprecie sua vida a cada instante, porque, da mesma forma que ninguém pode fazê-lo por você, só você vai se arrepender de não tê-la apreciado". (M. F.)
Ainda um pouco inspirado no post anterior, e depois de explicar a história dos poemas autobiográficos que o Michel e eu escrevemos algum tempo atrás, comecei a vasculhar nas minhas tralhas os trabalhos incompletos ou aqueles que ele me deu. Encontrei algumas raridades que nem eu mesmo sabia que haviamos escrito. Vai ver por causa do efeito do álcool na época.. rsrs
Mas, também consegui encontrar o poema "As coisas da vida" que escrevemos juntos. Faziamos muito isso. Às vezes, eu chegava na casa dele e já ia falando ".. consegui escrever um verso legal, mas não acho uma rima para dar sentido..". Podia ser a hora que fosse, ele parava o que estava fazendo e procurava entender o que eu estava tentando transmitir naquele verso. Sinto falta disso tudo.. muita falta mesmo. Bom, mas nem tudo pode ser como queremos.
"Se tudo na vida seguisse uma lógica pessoal, como uma trajetória lineat própria; Se tudo fosse como gostaríamos, a vida não teria graça: seríamos gênios previsíveis, como livros já relidos."
Bom, mas vamos ao que interessa. Segue o poema que entitulamos "As coisas da vida":
"Um palhaço descontente; Um rabugento risonho; Meu papel nesse mundo não conheço, mas, enfim, quem conhece o seu?! Sou feliz pelo que sou e por tudo que fiz.
Arrependimento existe em toda a parte. O meu é ter feito coisas demais por outras pessoas e nada por mim. Defeitos todos temos; perfeito ninguém é... sou teimoso, indefeso, romântico demais, um patético por completo, mas, acima de tudo, sou feliz...
Feliz porque descobri (um pouco tarde é verdade) que me amo. E sei que ninguém merece mais o meu afeto e atenção do que eu mesmo. Decepções tive muitas... também já decepcionei algumas pessoas... mas, se pudesse voltar atrás, teria dado mais valor a uma pessoa que ainda gosto muito...
Meu passado me condena; meu presente ajuda a apagar algumas falhas; meu futuro, não me revela nada além da minha extinção. Sei que o meu fim de história será como o de todos: triste. Por isso aproveito para ser feliz agora...
Porque o final da história de cada um é a sua própria morte... e isso são coisas da vida: nascer, crescer, ser feliz (ou não) e morrer... (enfim!)"