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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Pequenópolis revisitada



No longínquo ano de 2003, enquanto me recuperava de um inequívoco namoro terminado depois de 15 meses e, além disso, procurava me readequar a uma nova vizinhança e me preparar para prestar a Fuvest pela 2ª vez, meu primo mais velho, durante uma bebedeira na festa de 19 anos da minha irmã (ainda viva na época), passou quase duas horas comentando sobre um seriado novo que ele estava acompanhando.

Apesar de bêbados, nossos risos não ressoaram tanto quanto a nossa calorosa discussão acerca de super-heróis e suas ricas mitologias. Era evidente que ele entendia (e ainda entende) de tais assuntos muito mais do que eu. Dessa forma, fiz o que sei fazer de melhor diante dessas situações: ouvir mais do que falar.

Seu fascínio pelo tal seriado surtiu efeito: pedi o box com a 1ª temporada emprestado e, correndo contra o tempo (já que trabalhava quase todos os dias, sem horários fixos) e o espaço (o pouco tempo que sobrava, eu dedicava à leitura dos livros do vestibular), fiz o melhor que pude nas três semanas seguintes: finalizei a temporada sedento por mais. Afinal, segundo meu primo, o seriado já estava em sua 3ª temporada.

Cabe explicar que, naquela época, seriados para mim eram, basicamente, limitados aos exibidos pela TV aberta: “Três é Demais”, “Jack & Jill”, “Desaparecidos”, “Simpsons”, “MacGyver”, “O Mundo de Beakman”, “Anos Incríveis”, “Arquivo X”, só para citar alguns. Tinha comprado meu primeiro DVD Player há pouco. E nem ganhava tanto assim! Logo, maratonar um seriado ainda era algo fora dos meus padrões.

Mesmo assim, decidi começar minha coleção. E, ano após ano, adquiri todas as dez temporadas do tal seriado. Algumas vezes, as comprei ainda em pré-venda, pagando valores absurdos para os dias atuais.

Cada vez que nos reencontrávamos, meu primo e eu, recomeçávamos nossas discussões sobre o seriado: “em qual episódio você está?”; “o que achou da temporada passada?”; “onde conseguiu comprar esse box tão barato?” etc. Infelizmente, de 2009 para cá, perdemos contato.

E como uma coisa leva a outra, por não encontrar ninguém tão entusiasmado para discutir sobre, apesar de adquirir as 9ª e 10ª temporadas logo, nem procurei retirá-las do invólucro. Somado a isso, meu interesse por outros seriados despertou.

E assim foi por 4 anos até que, recentemente, assisti ao documentário Look, up in the sky!: the amazing story of Superman. Bateu aquela sensação de algo por concluir. Em duas semanas, aproveitando um pouco do tempo extra que tenho agora, consegui rever todas as 8 primeiras temporadas (alguns episódios ainda considero meio que inéditos rsrs) e, com aquele frio na barriga típico de estreias, lancei mão das embalagens plásticas que envolviam as duas últimas e, com lágrimas abundantes, finalizei o seriado.

Fazendo uma análise rápida, não concordo com alguns que reclamam (ou melhor, reclamavam) acerca do excesso de episódios obsoletos e falta de objetividade no seriado. Fellas, o seriado mostra o amadurecimento de um super-herói! Um jovem alienígena que, naturalmente, por ser criado como um ser humano, também tem seus momentos de rebeldia, angústia e turbulência adolescente. Acho todo o desenvolvimento dessa transposição da juventude para a fase adulta muito bem estruturada durante o seriado. É impossível montar e exibir todo o desenrolar dos 16 aos 26 anos em apenas uma ou duas temporadas.

Fora isso, tenho de ressaltar os vários momentos em que os produtores do seriado me surpreenderam, incluindo participações especiais ligadas de alguma forma a todo o percalço televisivo e cinematográfico do Superman. Só para citar alguns:


Annette O’Toole (Martha Kent), que em 1983, deu vida a jovem Lana Lang no desnecessário filme Superman III;
Terence Stamp (voz de Jor-El), que em Superman, o filme e Superman II, personificou o temido General Zod;
Margot Kidder (Bridgette Crosby), a estabanada Lois Lane dos 4 filmes clássicos das décadas de 70 e 80;
Dean Cain (Curtis Knox) e Teri Hatcher (Ella Lane), o casal título do emblemático seriado da década de 90, As novas aventuras do Superman;
Michael McKean (Perry White), que fez uma pequena participação na já citada série televisiva acima;
Helen Slater (Lara-El), a Supergirl do filme de 1984;
Christopher Reeve (Dr. Virgill Swann), que dispensa maiores apresentações.


Minha ode à Pequenópolis não poderia ser completa sem alguns agradecimentos: meu primo, Wellington, por ter me apresentado o seriado; Alfred Gough e Miles Millar, não só por desenvolverem um ótimo seriado, mas também por criarem uma nova atmosfera para a Liga da Justiça. A breve inclusão do Esquadrão Suicida talvez necessitasse de mais uma temporada para ser melhor apresentada; Kristin Kreuk, por ser uma das minhas primeiras paixonites impossíveis; Michael Rosenbaum, por não ter aceitado renovar seu contrato e, dessa forma, ajudado a melhorar (e muito) os roteiros das 3 temporadas finais; Jerry Siegel e Joe Shuster, por criarem o maior super-herói do universo DC; Mark Snow, por sonorizar tão perfeitamente o seriado; e, um pouco fora deste contexto, mas não menos importante, John Williams, o mestre supremo e meu herói das trilhas sonoras, por ter criado a mais perfeita música tema a representar um super-herói:




Enfim, quem ainda não assistiu, fica a dica. Sei que a música tema pode irritar depois da 3ª ou 4ª temporadas. E até aí, o clima do seriado é um pouco parecido com "Arquivo X" (o que não chega a ser um ponto negativo! rs). Se quiserem discutir sobre, basta usarem os comentários.



H (para o alto e avante!)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O melhor do enlatado japonês


Dia da TV. Não consegui encontrar a fonte, muito menos se é uma "comemoração" instituída nacional ou mundialmente. Só sei que está aqui escrito no calendário de mesa da empresa, então, vamos respeitar!

Como minha singela homenagem a uma das minhas babás preferidas, resolvi resgatar um rascunho de post que a muito estava guardado entre as minhas anotações. Lendo as pequenas notas informativas que coloquei junto desse rascunho, reparei na frase "deixar para postar numa data importante e pertinente". Bom, não vejo outra melhor! Então vamos a história:

Para quem nasceu entre 1980 e 1984, numa (agora) longínqua época fervilhante por democracia e direito ao voto direto, a televisão foi a primeira forma de contato com o mundo externo. Usada como diversão, distração e união entre a típica "família brasileira", esse meio de comunicação, desde que Assis Chateaubriand trouxe o primeiro para cá, sempre teve um quê de novidade misturado com desconfiança. Mas isso ficou mais no começo. Logo ela se tornou item indispensável nos lares do país. Novelas, noticiários, futebol. Tudo era motivo para se reunir pais e filhos na frente da telinha.

Aqui, abrirei um parêntese: não é minha intenção fazer um relato fidedigno, extensivo e chato sobre a televisão. Por isso, pulemos algumas décadas, partindo para um lado mais pessoal com relação ao assunto... entre as poucas redes de TV existentes no país no fim da década de 1970, a TV Tupi, uma das precursoras na transmissão nacional, não estava muito bem das pernas. Não demorou para que surgissem interessados na sua compra, afinal, seu poderio de transmissão era tão grande quanto a Rede Globo e a Record. Tornou-se uma questão política séria, só resolvida em meados de 1980, quando os empresários Senor Abravanel e Adolpho Bloch dividiram os direitos da TV Tupi, além da cassada TV Excelsior¹, fundando nos anos seguintes, respectivamente, o SBT e a Rede Manchete ².

A Rede Globo, até então muito limitada à faixa etária mais adulta, com suas novelas estereotipadas, viu seu reinado ameaçado com a enxurrada de programação infanto-juvenil promovida pelas duas teles novatas no decorrer dos 10 anos seguintes. Claro que elas não conseguiram vencer a toda poderosa, mas incomodaram bastante!

E é aqui que eu entro na história. Entre 1990 e 1993, como sempre estudei em períodos diferentes da minha irmã e meus pais trabalhavam fora, ficava sozinho em casa durante um bom tempo. A televisão era minha única companheira. A Rede Manchete, meu canal favorito. Na época, as séries dubladas japonesas eram uma febre! Assistia todas só para ter assunto com a molecada da escola. Assim, para comemorar esse dia da televisão, seguem algumas informações e as aberturas das cinco séries enlatadas nipônicas que mais se fizeram presentes na minha infância (informações tiradas daqui):

* Changeman - Temendo que a ameaça do rei Bazoo, do Império Gozma, chegasse à Terra, o sargento Yu Ibucky (Jun Fujimaki) - um alien que, disfarçado de humano, busca vingar a extinção de sua raça, inicia um rigoroso treinamento entre jovens militares que nem desconfiam o motivo do árduo regime. Durante um ataque das forças alienígenas, cinco pessoas lutam e resistem bravamente. O grupo é escolhido pela misteriosa Força Terrena, que emana sempre que a Terra está em perigo. O quinteto tem sus corpos envolvidos por uma luz e desenvolve poderes oriundos de animais lendários, formando o esquadrão Changeman. Teve 55 episódios para TV e dois filmes para cinema. Os longas permanecem inéditos no Brasil. De todos os seriados do gênero, este é até hoje, um dos mais populares no Japão.




* Cybercops - Num futuro próximo, em 1999 (a série foi produzida no biênio 1988-89), o esquadrão especial da polícia de Tóquio conhecido como ZAC (Zero Section Armed Constable ou Policiais Armados da Sessão Zero) cria o Cybercop, um grupo de policiais de elite com armaduras tecnológicas. Os Cybercops passam a combater a organização criminosa Destrap (Death Trap no original) liderada pelo computador Fuhrer, uma criação de Barão Kageyama, o verdadeiro líder do grupo.




* Jaspion - A saga de Jaspion se inicia quando o sábio Edin (Edgin, na versão original japonesa) encontra o garoto entre os destroços de uma nave na qual seus pais morreram juntos por causa de um acidente. Edin cria Jaspion por vários anos sabendo que este seria o guerreiro celestial encarregado de destruir o mal criado por Satan Goss. Teve 46 episódios.




* Jiraya - foi uma das séries japonesas de TV de maior sucesso dos anos 1980. Este tokusatsu de 50 capítulos foi produzido pela Toei Company e exibido no Japão pela TV Asahi entre 24 de agosto de 1988 a 22 de janeiro de 1989. Veio ao Brasil em 1989 trazido pela falida Top Tape e exibido pela Rede Manchete; foi exibido até novembro de 1999 pela RedeTV!




* Kamen Rider (Black) - Oitava geração dos Kamen Rider, o Black foi a primeira série da franquia a ser transmitida no Brasil. A série foi produzida pela Toei Company e Ishinomori Productions, sendo exibida originalmente no Japão na TV Asahi entre 4 de outubro de 1987 e 9 de outubro de 1988. É sem dúvida alguma um verdadeiro clássico do mundo tokusatsu, fazendo enorme sucesso não só no Japão, mas em todos os outros países que foi transmitido.




¹ Para saber mais sobre a TV Excelsior, indico esse livro: MOYA, Álvaro de. Glória in Excelsior: ascensão, apogeu e queda do maior sucesso da televisão brasileira. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2004.

² E, para os cinéfilos que gostariam de saber um pouco mais sobre a história da televisão no Brasil, assistam "Muito além do Cidadão Kane", um documentário produzido pela BBC de Londres que teve sua exibição e comercialização proibida no país pela própria Rede Globo.

H (Que saudade bateu agora! Volta, Manchete!)