quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Vício à flor da pele - Guerra ao Terror


Meus sábados não costumam ser dos melhores a muito tempo. Serve de consolo, ao menos, o fato de as aulas na faculdade onde trabalho ainda não terem começado. Logo, meus sábados têm sido, senão justos, no mínimo, apáticos.

E não foi diferente com esse mais recente. Devido a enormes problemas que circundam meu convívio familiar, tenho tentado ao máximo permanecer pouquíssimos instantes dentro de casa. Sem grandes ideias para esse final de semana, resolvi dormir na casa da “patroa” (ainda bem que ela não sabe que eu tenho esse blog! rsrs), já que é mais fácil (e covarde) fugir de uma batalha que lutar por uma trégua.

Ambos sem o menor tato para montar um bom almoço ou algo que pelo menos parecesse comestível, decidimos de comum acordo ir almoçar fora. Como eu estava muito afim de assistir algum dos concorrentes ao Oscar®, unimos a fome com a vontade de cultura e nos dirigimos até o Shopping Bourbon (a partir daqui, contém spoilers).

Como eu disse alguns posts atrás, nada pode ser mais ilusório e inebriante do que um vício. Um (ou mais) artifício utilizado para se obter alguns poucos momentos de prazer. Um ponto recorrente no excelente drama “Guerra ao Terror” (The Hurt Locker), retrato fidedigno e violento dos soldados de elite no Iraque, que fazem o trabalho mais perigoso do mundo: desarmar bombas.

Dirigido de forma primorosa pela californiana (e filha de bibliotecária!) Kathryn Bigelow, o filme consegue transmitir de uma maneira bem próxima do real todos os elementos recorrentes em suas produções: filme de ação, com personagens e conflitos essencialmente masculinos, em uma busca constante por adrenalina.

O roteiro é assinado pelo jornalista Mark Boal que, em 2004, acompanhou o dia-a-dia de uma equipe de desarmamento de bombas no Iraque e daí tirou sua inspiração. Convidada para torná-lo realidade, Kathryn se mostrou bastante indecisa e resolveu pediu a opinião do ex-marido (ninguém menos que James Cameron!) e esse foi direto: era uma oportunidade para não deixar passar. O resultado?! Uma produção de baixo orçamento, com ar quase documental, mostrando nos mínimos (e ricos) detalhes a tensão de uma companhia militar caminhando o tempo inteiro na fronteira entre a vida e a morte. Um corte no cabo errado, um insurgente detonando o explosivo por telefone, um tiro saindo sabe-se lá de onde, e tudo acaba.

Tenho certeza que Cameron não contava com isso. Com “Inimigos Públicos” e “Invictus” fora da disputa, não vejo outro filme que mereça mais o título de Melhor na noite do Oscar® esse ano do que “Guerra ao Terror”. Uma obra prima que vale ser visto (apesar da apologia, defendendo a invasão e permanência das tropas norte-americanas no Iraque) mais de uma vez, prestando-se atenção ao diálogo próximo do fim entre o sargento James e seu filho. Justifica todo o filme.


H (mais um vício)

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