segunda-feira, 19 de abril de 2010

Meu caos calmo


Sempre que tenho oportunidade, gosto de me sentar diante da janela do meu quarto para ver as gotas de chuva que vem de encontro a ela, como numa dança agonizante. Sozinhas entre tantas outras, entretanto, elas parecem buscar um mesmo propósito em sua fatídica missão.

Não pensem que faço desses momentos meus únicos (e tão raros) instantes de reflexão. Não, não sou tão fútil assim. A realidade não me proporciona tamanha sensação. Pelo menos, não se comparada aos meus cine-pipocas, onde a ficção, essa sim, sempre me agracia com idéias e questionamentos sobre o que é o real. Ou melhor, o que eu gostaria que ele fosse.

Aprecio a chuva porque, mesmo parecendo um caos, tudo acaba correndo seu ciclo natural. Não há desespero. Cada coisa está em seu lugar e segue seu caminho sem atravessar ou atrapalhar o trajeto de ninguém.

Adoraria poder ver minha vida dessa maneira. Na bagunça que ela me aparenta, gostaria de enxergar um mínimo vestígio de ordenação. Talvez ordenação seja desejar muito. Acho que só a visualização de uma seqüência logicamente satisfatória já me deixaria contente.

Talvez seja por isso que os principais eventos da minha infância/juventude estejam ligados a ela. Adorava andar de bicicleta durante um aguaceiro. Jogar futebol debaixo de uma tempestade. Passear de mãos dadas (isso quando encontrava uma louca disposta a tal!) diante de uma garoa.

Ou apenas ficar aqui, do outro lado da janela, inerte, assistindo a chuva, criando coragem para uma volta, trazendo um pouco de calmaria ao meu pequeno caos.

Como dica, procurem assistir ao filme abaixo. Ele simplifica bem o que tentei dizer em tal reflexão.





H (simples)

Um comentário:

The Owl disse...

Acho que essa lógica a gente só encontra com o devido distanciamento histórico, infelizmente.

Belo post...