segunda-feira, 2 de maio de 2011

Erebd - Acróstico II



Os mais puristas (ou arrogantes, na minha opinião), proclamam pela métrica e rima. Exageram em detalhes e perfeições e chegam a irritar tanto quanto os parnasianos.


Imagino que a beleza do acróstico está na sua funcionalidade. A pobreza poética não significa, necessariamente, uma pobreza de recursos utilizados. Pode-se sim dizer tudo usando-se apenas o essencial.


Nada de floreios, rodeios ou qualquer outro termo que os rime. Um acróstico (mais uma vez, na minha modesta opinião!) deve ser uma sequência simples e imutável. Atingir o ponto que almeja e se retirar, de fininho, como se (numa analogia rasa), ao passar, sujasse o chão na tentativa de chamar a atenção para si. Contudo, também trouxesse a tira colo sua vassoura e assim, desfizesse o serviço, oferecendo-o por completo.


Mas também tenho meus momentos de exceção.. rsrs


Fiquem com o segundo da série:




Com o ávido desejo pela amarga e fina fumaça,
Ignoro os trêmulos reflexos que seu excesso
Galgou em meu semelhante, prolixo e achaque.
Acendo um na (derrocada) esperança de não mais ser
Refém de uma lembrança impregnada, tal como o
Ralo amarelar entre meus dedos, no seu doce apoiar. Em vão.
Obrigado é o que digo a quem, num simples gesto (esse sim!),
Salvou-me da lembrança, fazendo-me, assim, do vício repulsar.




H (espero resistir)


* Imagem retirada daqui

Um comentário:

Natalia disse...

Há alguns anos atrás li numa biografia do Frank Sinatra que quando perguntavam à ele sobre seu vício de fumar ele sempre respondia: "I die my way, you die yours", porém, viveu até os 82 anos.
Minha mãe fumava quando eu era pequena. Eu aprendia na escola que era muito ruim, então eu entrava na sala dela escondida, roubava o pacote de cigarros e jogava-os no lixo do banheiro, sim no do banheiro, daí ela não se atreveria a tentar pegá-los de volta. Eu não era esperta o suficiente para pensar em dar descarga neles, então ela os achava no lixo e me dava bronca. Eu, com orgulho, mantinha minha costas erguidas e dizia: "Fui eu. Faz mal." Enfim, um dia, quando percebeu que ela era tudo o que me havia restado, parou.