quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um medroso aventureiro



Quando penso em características marcantes sobre a minha pessoa, a primeira que me vem a cabeça é o medo. Sim, pode não parecer, mas sou uma das pessoas mais medrosas que conheço.


Não me importo muito em refletir sobre os motivos para tal fato. Sei que, de alguma forma, a baixa auto-estima devido aos inúmeros anos de preconceito sofrido quanto ao meu esdrúxulo nome é a causa mais justificável.


Algumas semanas atrás, conversando com um amigo de longa data, tive meus olhos abertos para algo dentro desse assunto que ainda não havia atentado: mesmo sendo esse medroso irremediável, não deixei de fazer coisas que desafiam a coragem de qualquer um por conta disso. Aventurei-me por sepulcros na calada da noite durante boa parte da minha juventude, mesmo temendo e muito esse tipo de ambiente; aceitei fazer parte de uma banda de garagem, mesmo mal sabendo tocar e suando frio a cada ensaio por causa disso; saltei de pára-quedas, mesmo com o meu pavor de voar e de altitude.


E por que sentir medo?! A única conclusão que consegui chegar foi o fato do receio. Receio de dar “um passo maior do que a própria perna”, como bem diz o dito popular. De não ser capaz de prever as conseqüências, logo, não saber como lidar com o desconhecido. Consequentemente, acabar decepcionando, tanto outras pessoas quanto a mim mesmo. Foi assim quando tirei minha carteira de motorista; quando consegui meu primeiro emprego; quando passei no vestibular; quando comecei a estagiar na Cásper.


Porém, como esse amigo que citei me disse, temer algo não significa que você é um medroso. Apenas é o artifício utilizado por alguns para congelar a cena e, assim, poder analisá-la de vários ângulos.


Isso é bom ou ruim?! Prematuramente, julgaria ruim. Mas seria uma avaliação errônea, baseada na inveja que sinto de pessoas aventureiras, que conseguem desvirtuar qualquer imagem de um futuro, aceitando o desafio de peito aberto, sem neuras ou impedimentos cataclísmicos.


Cada um é como deve ser. Impulsivo ou cuidadoso, o trajeto a seguir pode até ser bem diferente, porém, o trecho final, é semelhante para todos. Sem exceção.




H (t[r]emendo)




* Imagem retirada daqui

Um comentário:

The Owl disse...

Assim que terminei de ler o seu texto me lembrei da citação que acompanha esta imagem: http://tinyurl.com/3zkd2tc