terça-feira, 15 de setembro de 2009

Uma verdade de cada vez



Uma viagem extracorporal, segundo explica a corrente espírita e até a astrológica, é a percepção de projeção da consciência para fora do corpo, muitas vezes ocorrida como resultado de um grave acidente e/ou algum tipo de trama. Muitas pessoas que vivenciaram o fato relatam como principais características a sensação de estarem flutuando e verem nitidamente a si próprios, inertes.

A minha primeira viagem extracorporal (se assim posso chamá-la) aconteceu quando eu tinha 13 anos. Tinha acabado de me mudar para aquele porre de cidade, deixando para trás tudo aquilo que sabia e/ou estava começando a aprender. Detestei meus pais de todas as formas possíveis por estarem me forçando àquilo.

Numa das primeiras noites na nova casa, logo depois de terminar uma carta (quanto tempo não faço mais isso!) que iria mandar para uma das minhas amigas que ficaram, desejei muito estar de volta. Na verdade, desejei estar em qualquer lugar, menos ali. Aconteceu poucos instantes depois que deitei na cama.

Muitos dirão que foi um sonho. E não recrimino quem pensa dessa forma. Nas primeiras vezes também pensei a mesma coisa. Porém, uma coisa ainda me intrigava: aquela sensação de leveza, de sentir realmente que aquilo, por mais incrível que parecesse, estava acontecendo.

Eu via meu corpo deitado e, mesmo assim, andava pela casa, ia até a varanda. Apesar de acontecer algumas vezes, raramente ocorria durante a noite. O rotineiro era mais na parte da tarde, quase sempre quando eu estava distraído com algo (TV ou livro).

Em uma dessas vezes, assim que passei pela porta da cozinha, reparei que estava tudo muito diferente do habitual. Uma moça e uma criança tomavam café da manhã enquanto, do quintal, um senhor as observava, sentado numa cadeira de balanço. Nem precisei chegar mais perto para me reconhecer.

Após essa vez, passei um bom tempo sem tê-las. Até ontem para ser mais exato. Enquanto estava tirando meu cochilo na ida para a faculdade, novamente pude me sentir ali, de pé, observando a mim mesmo. Poderia ter ido para qualquer lugar, descido em qualquer ponto. Porém, fiz o que me deu vontade naquele momento: me sentei ao lado do meu “corpo”, retirei um dos fones para apreciarmos a mesma música e disse bem baixinho “você está ficando careca muito rápido”. Despertei logo em seguida, com essa frase na cabeça.. e um dos fones caído, no meu ombro.


H (mais estranho é quem me diz..)

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