"Expor roupa suja ao público, por meio da arte, nunca leva a uma obra-prima". [F. T.]
François Truffaut nasceu na cidade de Paris, em 6 de fevereiro de 1932. Filho de Roland Lévy e Jeanine de Montferrand, foi criado pelos avós maternos, já que a mãe o tinha como filho bastardo. Foi a avó quem despertou no menino a paixão pela literatura e música. Com sete anos, François viu o primeiro filme no cinema ("Paradis perdu", de Abel Gance).
Aos 10 anos, após perder a avó, foi morar com a mãe, que estava casada com Roland Truffaut, um arquiteto católico. Este acabou registrando o garoto com o seu sobrenome. Rechaçado tanto pelo pai adotivo quanto pela mãe, seu espírito rebelde transformou-o em um mau aluno na escola, levando-o a cometer alguns atos de delinqüência, como pequenos furtos. Naquele tempo, François Truffaut costumava matar aula para assistir a muitos filmes secretamente. A paixão pelo cinema fez o jovem Truffaut largar os estudos e fundar, em 1947, um cine-clube, chamado "Cercle cinémane".
Apesar de modesto, seu cine-clube acabou por atrair a atenção do escritor e crítico de cinema André Bazin. Este tornaria-se uma espécie de "mestre" para François. Sua influência na vida de Truffaut foi decisiva. O jovem tornou-se autodidata, esforçando-se para ver três filmes por dia e ler três livros por semana. Ele até chegou a fazer um acordo com o pai adotivo, que lhe custearia despesas derivadas de sua vida cinéfila. Em troca, Roland Truffaut exigiu que François arrumasse um emprego estável e abandonasse o seu cine-clube de vez. Mas o garoto descumpriu o acordo, e Roland Truffaut internou-o em um reformatório juvenil e passou sua custódia para a polícia.
Quando Truffaut completou 18 anos, Andre Bazin o contratou como seu secretário pessoal. Bazin continuou a lhe dar a formação adequada em cinema, introduzindo-o no "Objectif 49", um seleto grupo de jovens estudiosos do novo cinema da época, como Orson Welles e Roberto Rossellini. Em abril daquele ano (1950), François Truffaut foi contratado como jornalista pela revista “Elle” e passou a escrever seus primeiros textos como crítico de cinema.
Em 1953, Bazin ajudou Truffaut a entrar para sua nova revista, “Cahiers du cinéma”. Sua participação nessa publicação foi de suma importância para o desenvolvimento da sua famosa "Politique des auteurs" (teoria autoral, em português). Neste conceito, o filme é considerado uma produção individual, como uma canção ou um livro. Truffaut defendia que a responsabilidade sobre um filme dependia quase que exclusivamente de uma única pessoa (em geral o diretor).
A "Politique des auteurs" foi a base para o surgimento de um movimento que revolucionaria o cinema francês. Criada por jovens cineastas franceses, a Nouvelle Vague defendia tanto a produção autoral como também uma produção intimista e a baixo custo. Porém, havia uma dúvida: será que um crítico era capaz de fazer um filme? Truffaut estava disposto a provar que sim. Em 1956, foi assistente de produção de Rossellini e, no ano seguinte, fundou sua própria companhia de cinema, a “Les films du Carrosse”.
Contudo, apenas no ano seguinte, quando se casou com Madeleine Morgenstern, filha do rico distribuidor Ignace Morgenstern é que Truffaut conseguiu garantir plena independência artística-financeira para os seus trabalhos.
Em 1973, um de seus maiores sucessos, “A Noite Americana”, vence o Oscar® na categoria de Filme Estrangeiro. Quatro anos depois, atua com perfeição no filme “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”, do seu amigo e diretor Steven Spielberg.
Um dos fundadores do movimento Nouvelle Vague e um dos maiores ícones da história do cinema do século XX, Truffaut conseguiu conciliar um grande sucesso de público e de crítica na maior parte das suas produções. Os temas principais de sua obra foram as mulheres, a paixão, mas, principalmente, a infância. Muito recorrente em seus filmes, Antoine Doinel, um alter-ego do diretor, tornou-se uma de suas marcas registradas.
Em quase 25 anos de carreira como diretor, Truffaut dirigiu 26 filmes. Começou a escrever sua autobiografia, juntamente com seu amigo Claude de Givray, porém, devido a problemas de saúde, não conseguiu concluí-la. Faleceu em 21 de outubro de 1984, na cidade de Neuilly-sur-Seine, França, vítima de um tumor cerebral, causado pelo vício do cigarro.
Alguns de seus filmes que eu recomendo:
* Os Incompreendidos (1959)
* Jules e Jim (1962)
* Fahrenheit 451 (1966)
* A Noiva Estava de Preto (1967)
* Beijos Proibidos (1968)
* O Garoto Selvagem (1970)
* A Noite Americana (1973)
* O Homem que Amava as Mulheres (1977)
* O Último Metrô (1980)
* De Repente, Num Domingo (1983)
H (hoje, dia mundial do cinema.. em breve, post especial!)
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