No
longínquo ano de 2003, enquanto me recuperava de um inequívoco namoro terminado
depois de 15 meses e, além disso, procurava me readequar a uma nova vizinhança
e me preparar para prestar a Fuvest pela 2ª vez, meu primo mais velho, durante
uma bebedeira na festa de 19 anos da minha irmã (ainda viva na época), passou
quase duas horas comentando sobre um seriado novo que ele estava acompanhando.
Apesar
de bêbados, nossos risos não ressoaram tanto quanto a nossa calorosa discussão
acerca de super-heróis e suas ricas mitologias. Era evidente que ele entendia
(e ainda entende) de tais assuntos muito mais do que eu. Dessa forma, fiz o que
sei fazer de melhor diante dessas situações: ouvir mais do que falar.
Seu
fascínio pelo tal seriado surtiu efeito: pedi o box com a 1ª temporada
emprestado e, correndo contra o tempo (já que trabalhava quase todos os dias,
sem horários fixos) e o espaço (o pouco tempo que sobrava, eu dedicava à
leitura dos livros do vestibular), fiz o melhor que pude nas três semanas
seguintes: finalizei a temporada sedento por mais. Afinal, segundo meu primo, o
seriado já estava em sua 3ª temporada.
Cabe
explicar que, naquela época, seriados para mim eram, basicamente, limitados aos
exibidos pela TV aberta: “Três é Demais”, “Jack & Jill”, “Desaparecidos”,
“Simpsons”, “MacGyver”, “O Mundo de Beakman”, “Anos Incríveis”, “Arquivo X”, só
para citar alguns. Tinha comprado meu primeiro DVD Player há pouco. E nem
ganhava tanto assim! Logo, maratonar um seriado ainda era algo fora dos meus
padrões.
Mesmo
assim, decidi começar minha coleção. E, ano após ano, adquiri todas as dez temporadas
do tal seriado. Algumas vezes, as comprei ainda em pré-venda, pagando valores absurdos
para os dias atuais.
Cada
vez que nos reencontrávamos, meu primo e eu, recomeçávamos nossas discussões
sobre o seriado: “em qual episódio você
está?”; “o que achou da temporada
passada?”; “onde conseguiu comprar
esse box tão barato?” etc. Infelizmente, de 2009 para cá, perdemos contato.
E
como uma coisa leva a outra, por não encontrar ninguém tão entusiasmado para
discutir sobre, apesar de adquirir as 9ª e 10ª temporadas logo, nem procurei
retirá-las do invólucro. Somado a isso, meu interesse por outros seriados
despertou.
E
assim foi por 4 anos até que, recentemente, assisti ao documentário Look, up in the sky!: the amazing story of Superman. Bateu aquela sensação de algo por concluir. Em duas
semanas, aproveitando um pouco do tempo extra que tenho agora, consegui rever
todas as 8 primeiras temporadas (alguns episódios ainda considero meio que
inéditos rsrs) e, com aquele frio na barriga típico de estreias, lancei mão das
embalagens plásticas que envolviam as duas últimas e, com lágrimas abundantes,
finalizei o seriado.
Fazendo
uma análise rápida, não concordo com alguns que reclamam (ou melhor,
reclamavam) acerca do excesso de episódios obsoletos e falta de objetividade no
seriado. Fellas, o seriado mostra o amadurecimento
de um super-herói! Um jovem alienígena que, naturalmente, por ser criado como
um ser humano, também tem seus momentos de rebeldia, angústia e turbulência
adolescente. Acho todo o desenvolvimento dessa transposição da juventude para a
fase adulta muito bem estruturada durante o seriado. É impossível montar e
exibir todo o desenrolar dos 16 aos 26 anos em apenas uma ou duas temporadas.
Fora
isso, tenho de ressaltar os vários momentos em que os produtores do seriado me
surpreenderam, incluindo participações especiais ligadas de alguma forma a todo
o percalço televisivo e cinematográfico do Superman. Só para citar alguns:
Annette O’Toole (Martha Kent), que em 1983, deu vida a jovem Lana Lang no
desnecessário filme Superman III;
Terence Stamp (voz de Jor-El), que em Superman,
o filme e Superman
II, personificou o temido
General Zod;
Margot Kidder (Bridgette Crosby), a estabanada Lois Lane dos 4 filmes
clássicos das décadas de 70 e 80;
Dean Cain (Curtis Knox) e Teri
Hatcher (Ella Lane), o casal título do emblemático seriado da década de 90,
As novas aventuras do Superman;
Michael McKean (Perry White), que fez uma pequena participação na já
citada série televisiva acima;
Christopher Reeve (Dr. Virgill Swann), que dispensa maiores apresentações.
Minha
ode à Pequenópolis não poderia ser completa sem alguns agradecimentos: meu
primo, Wellington, por ter me
apresentado o seriado; Alfred Gough e
Miles Millar, não só por
desenvolverem um ótimo seriado, mas também por criarem uma nova atmosfera para
a Liga da Justiça. A breve inclusão do Esquadrão Suicida talvez necessitasse de
mais uma temporada para ser melhor apresentada; Kristin Kreuk, por ser uma das minhas primeiras paixonites
impossíveis; Michael Rosenbaum, por
não ter aceitado renovar seu contrato e, dessa forma, ajudado a melhorar (e
muito) os roteiros das 3 temporadas finais; Jerry
Siegel e Joe Shuster, por criarem
o maior super-herói do universo DC; Mark
Snow, por sonorizar tão perfeitamente o seriado; e, um pouco fora deste contexto, mas não
menos importante, John Williams, o
mestre supremo e meu herói das trilhas sonoras, por ter criado a mais perfeita
música tema a representar um super-herói:
Enfim, quem
ainda não assistiu, fica a dica. Sei que a música tema pode irritar depois da 3ª ou 4ª temporadas. E até aí, o clima do seriado é um pouco parecido com "Arquivo X" (o que não chega a ser um ponto negativo! rs). Se quiserem discutir sobre, basta usarem
os comentários.