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domingo, 16 de outubro de 2016

Happy Birthday, beautiful stranger

Nosso último filme 


Gostaria de escrever aqui uma história engraçada que passamos juntos. Ou, até, contextualizar alguma de suas inúmeras lições de ética e moral, exemplificada sempre de uma maneira debochada e simplória. 

Porém, cheguei a conclusão que nossas histórias não servem aos outros. Foram nossas e assim serão até que o Alzheimer ou a morte me visitem. Talvez, um dia, eu decida escrever algo mais elaborado sobre. Um livro anônimo ou um post multifacetado, quem sabe?!

Contudo, por enquanto, o quê posso dizer é: feliz aniversário, bela estranha. Esteja você onde estiver. E obrigado por esbarrar, propositalmente, em mim naquela festa. Infeliz daquele que nunca levou um esbarrão seu.




H (Miss you)

sábado, 19 de outubro de 2013

"O que acontece quando morremos?"



“O que acontece quando morremos?”. Por motivos óbvios e, agora, irrelevantes para uma explicação aprofundada, essa foi a frase que mais vezes abarcou minhas sinapses nas últimas duas semanas. Pensamentos fugidios que se concluíam, não por acaso, na maior parte do tempo da mesma forma: em círculos. Elipses, para ser mais exato.

Afinal, o que acontece quando nós passamos? Tentei encontrar respostas em minhas leituras. Porém, nem toda a filosofia que já vislumbrei foi suficiente para elucidar tamanho mistério. Aqui abro um parêntese: preciso voltar a ter interesse por isso. Deixar de lado leituras rupestres e me inteirar pelos mais diversos pensadores. Voltar a lê-los por interesse, como fazia antes de entrar na faculdade. Naquela época de ouro, Foucault e Nietzsche colidiam com Platão e Jean-Paul Sartre de forma harmoniosa. Sem cobranças, realmente me deliciava a cada página passada. Fecho o parêntese.

Talvez, no momento mais lógico de minha vida, resolvi parar de destrinchar imaginários alheios e cheguei a uma bifurcação: ou ninguém sabe satisfatoriamente, ou ninguém dignamente letrado jamais regressou.

Minha insignificante sapiência apenas me permite listar o que fica: sentimentos interrompidos, entes queridos corroídos, credores enraivecidos (sim, eu os tenho), projetos em stand by.

A verdade é essa: sou todo curiosidade. Com algumas pitadas de saudade e cansaço.

A vontade? Reticências

Não tenho coragem para tirar minha própria vida. Eu rezo todas as noites para encontrar a força para fazê-lo, mas a coragem me escapa. [...] Minha vida é um constante estado de medo de alguém ou de algo. É impossível nadar contra a corrente. Vale a pena viver a vida?

(Shirley Harrison, ‘O diário de Jack, o Estripador’)


H (live and let die)

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Obituário


Sinto falta. Muita falta de como a vida era, 12, talvez 13 anos atrás. Ela não é injusta, como muitos dizem. Possui, na verdade, uma face vil e misteriosa que, para aqueles de pensamento pacatamente inclinado para o lógico e limitado, fica mais fácil e é muito mais reconfortante rotulá-la maldita do que bendizê-la. Nada é culpa, tudo é conseqüência.

Da mesma maneira, a vida também não é cruel. Crueldade é substantiva-la em excesso, como numa tentativa utópica de reescrever a fábula de Pinóquio e Geppetto. Vida deveria ser, frequentemente, mais verbo e adjetivo.

Confesso que é difícil. Extenuante, às vezes. O impossível não é peça de coleção, mas vocábulo de uso desregrado. Até um coração de pedra pode sangrar. Sim, pode.

Você tem o direito de se arrepender de muitas coisas, atos e ações. Contudo, nem meio mundo e três oceanos são obstáculos plausíveis para engavetar-se à comiseração. Acordado também se sonha. Não raro, imperceptivelmente. Tempo é invenção do ser humano, esse animal irracional que, mesmo podendo falar, prefere por inúmeras vezes o silêncio. E se arrepende quando o céu já está estrelado. Distância são grades autoimpostas, amarras invisíveis de uma consciência subconsciente.

Sinto falta do início. O fim, já conheço muito bem. E seu sabor na boca, impregnado entre meus dentes é nauseante. Agridoce.

De herança, aquela que realmente vale, ficaram as imagens. Cenas em um devaneio reprisado. Já desbotadas, esbranquiçadas nas pontas, levemente turvas pelo restante do quadro. Fazer o quê?! O projetor está velho e o restaurador está morto.. por dentro.

E se há algo que se possa contar, que valha a pena ser repassado, é que a vida, esse adjetivo fugaz e lisonjeiro, perdeu um pouco de graça. Seu foco, a partir de agora, minguará em qualidade. O brilho se perdeu, de repente.

E pela segunda vez, minha despedida foi encenada com um objeto inanimado. Sentirei falta das palavras mortas na ponta da língua e dos sentimentos semicerrados. De escrever cartas que nunca serão lidas, ensaiar encontros de reconciliação, temer previamente por tapas que não serão mais deferidos.

A vida, minha vida na verdade, foi outra com você. E será outra sem. Insossa, opaca e assustadoramente previsível. Foi-se a lima que arredondou meus cantos. Entretanto, como diz um ditado italiano, que meu avô repetia sempre, “quem nasce quadrado não morre redondo”.

Vida não é culpa. É consequência. Agora eu sei. Você, sempre soube. Fim.

“A meia distância

Claridade infusa na sombra,
treva implícita na claridade?
Quem ousa dizer o que viu,
se não viu a não ser em sonho?

Mas insones tornamos a vê-lo
e um vago arrepio vara
a mais íntima pele do homem.
A superfície jaz tranqüila.

(Carlos Drummond de Andrade, ‘Como encarar a morte’, 1984)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"O tempo dá-se em fragmentos"


Daqui algumas horas, tudo perderá sentido. Doze anos de (imaginado) conhecimento mútuo limitar-se-á ao nada.

Nos conhecemos numa época bem estranha de nossas vidas. Você, uma forasteira, fugia de uma vida que não era sua. Eu, ainda imerso no turbilhão da adolescência, vivia cada dia sem qualquer perspectiva. Em meio a uma multidão bêbada e surda, nos trombamos. Meio sem quer, talvez de propósito. E assim seguimos.

Colhemos o que plantamos, isso é bem verdade. Mas quem é o felizardo que consegue colher EXATAMENTE o fruto que idealizou?! Pois é...

Você vagou o mundo. Disse, certa vez, que procurava o lugar mais longe possível de mim. Eu ri. Você não. Confesso: existem mais brasileiros vencedores do prêmio Nobel do que momentos em que me lembro de ter arrancado uma gargalhada de seus lábios.

Daqui algumas horas, você será mais sozinha. Terá um não-sei-quem para dividir os passos pela areia molhada da praia. Não espero que você entenda minha reação quando soube. Da mesma forma, não estou aqui pedindo desculpas pelas coisas que disse. Borracha alguma é capaz de apagar tais atos impensados.

Também não espero vê-la, ouvi-la ou mesmo ter notícias suas daqui em diante. Você terá toda uma vida dividida, de dedicação e afeto. Eu.. bom, sei lá. Estarei por aí, como sempre, me remoendo pelos cantos, chutando pedrinhas pelas calçadas, esperando despertar a qualquer momento, na minha cama, 12 anos mais jovem.

Sempre me lembrarei de você da maneira como a conheci: uma menina, pouco mais de um metro e meio, magrinha, aparentando uma fragilidade externa tão proporcional quanto o olhar de decisão que lançava aos desafios.

Daqui algumas horas, sei que meu celular irá tocar. E, mais uma vez, não irei atendê-lo. Por vergonha (de não saber como consertar um erro antigo). Por inveja (de não-sei-quem que estará ansioso, lhe esperando num altar). Por medo (de mim).

Não desejarei que você seja feliz. Isso você já, seja sozinha, seja acompanhada. Apenas peço (se eu ainda tiver esse direito): não desista de mim. Porém, se decidir fazê-lo, continue.. sem olhar para trás.


H ("Uma doença grave / esse amor sem braços / e toda a carga leve / que súbito me arde.")


* Imagem retirada daqui

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Preocupação


Por onde posso começar?

Apesar de sempre responder de forma afirmativa a tal pergunta, talvez por imaginá-la retórica, não me lembro de não ter me esforçado uma única vez para segurar a palavra "não", libertina, ziguezagueando na ponta da minha língua.

Estar bem, ao meu ver, vai além da condição física. Tem muito mais relação com o estado de espírito. E o meu anda trôpego, como há muito não ficava. Não digo isso para chamar a atenção ou para me promover como eterna vítima. Digo, simplesmente, porque é a verdade.

Não faz muito tempo, um amigo [agora] próximo disse que a minha principal característica era o sorriso, o transparecer de sempre estar feliz. Coitado. Fiquei triste por ele, incapaz de ver além da minha máscara. E feliz por mim. Afinal, todo o esforço para parecer quem não sou, foi reconhecido com a sua afirmação.

A bem da verdade, ando descrente. Cansado de confiar, acreditar e/ou creditar as pessoas que me cercam. Logo elas se mostram tão "fingidas" quanto eu. Reconheço que não estou na posição privilegiada de juiz supremo, para apontar meu julgamento de caráter contra quem quer que seja. Apenas gostaria que elas fossem sinceras, desde o início.

Já prometi meu coração a uma bela dezena de garotas (o adjetivo está no lugar correto). Fui apressado e precipitado na grande maioria dos casos. Porque "isso" eu não sei fingir: o contentamento que o amor consegue transmitir.

Fica difícil acreditar em algo que raríssimas vezes você pôde sentir entre os dedos. Gostaria muito, mas sei que ele não existe mais.

Como representante (não muito digno, diga-se de passagem) do universo masculino, soaria até piegas dizer o que vem a seguir. Meu maior desejo, hoje, é me apaixonar de novo. Talvez, e nisso sim eu gosto de acreditar piamente, só assim conseguiria esquecer de vez como foi a última, exatamente um ano atrás. Junte a isso o fato de a sua melhor amiga, uma pessoa pela qual você é apaixonado há mais de 11 anos, estar de casamento marcado. E ainda lhe convidar para ser padrinho! Aqui nasce e morre o meu cansaço.

Mas contos de fadas são reservados apenas para os livros. E para entreter meninas. Homens demonstrando tal necessidade latente, denotam fragilidade. Não que eu me importe com isso. De maneira alguma. Depois de um certo tempo, não se liga para mais nada. E disso sim eu tenho medo.


H ("cego")


* imagem retirada daqui

sábado, 4 de junho de 2011

Per te, nonno


Quatro de junho. O segundo dia mais triste do ano. Para mim.

Não sou muito bom com datas comemorativas. Aniversários, festejos, namoros, primeiras vezes. Quase sempre passam batido, devido meu déficit de atenção para essas coisas. As poucas as quais dispenso alguma atenção, logo perdem o propósito com a passagem dos anos. Para essas, e algumas mais, ao menos (agora) tenho a tecnologia como suporte.

Mesmo assim, existem aquelas que, alheias a qualquer vontade ou transpor do tempo, continuam lá, firmes e fortes, gravadas no calendário das minhas lembranças.

Pois bem, hoje é uma dessas. Se nossos mais sinceros desejos e vontades fossem realmente passíveis de alcance, hoje, meu avô materno estaria completando 80 anos. Nascido no interior do estado do Paraná, no seio de uma família nem de longe abastada financeiramente, aprendeu desde muito cedo a lidar com os trabalhos do campo, ajudando meus bisavós no sustento da casa.

Assim como seus outros 11 (!!) irmãos, teve uma educação básica. Afinal, o que mais um homem do campo precisava saber além de ler, escrever e fazer alguns cálculos?

Casou-se pela primeira vez em 1952, com Ludovina Ricordi, com quem teve dois filhos (minha mãe e meu tio mais velho). Porém, complicações de um câncer fizeram o casamento durar apenas quatro anos. Casou-se novamente em 1959, com Angelina Piaí. Com ela, teve mais cinco filhos. A família toda se mudou para São Paulo no final da década de 1970.

Assim que conseguiu sua aposentadoria e a maior parte dos filhos já se encontrava encaminhada na vida, desistiu do “agito” da cidade grande e mudou-se novamente, com a esposa e os dois filhos mais novos para o interior do Estado (Leme). E foi aqui, durante mais de cinco anos que tive um contato com meu avô digno de apontamento.

Era um homem simples, sem grandes ambições. Apenas queria ver os filhos bem resolvidos, seus netos felizes e a esposa sempre disposta a lhe preparar um belo sanduiche de mortadela.. rsrs. Não era fanático por nenhum esporte ou time de futebol. Evangélico fervoroso, não gostava muito de discutir religião com os demais (talvez eu tenha “puxado” isso dele.. rs).

Até os 60 anos, tinha uma disposição física invejável. Porém, como era de se esperar, aos poucos os músculos já não podiam corresponder a sua disposição. Foi definhando até chegar ao ponto de só conseguir levar da cama e alcançar a cadeira que deixava na garagem, de onde podia tomar um pouco de ar, ver o movimento na rua de sua casa e trocar “dois dedos de prosa” com quem gostasse de ouvi-lo falar.

E como falava bem! Contava histórias das quais (de alguma forma) havia tomado parte com uma vitalidade e paixão que até hoje me invejam.

De 1995 a 2000, o período entre o Natal e Ano-Novo era uma verdadeira festa naquela casa: sete filhos, genros e noras, dez netos.. todos reunidos! No último amigo-secreto em família que organizamos, ele tirou o meu nome. Recebi um dos abraços mais afetuosos que me recordo. Dois meses e meio depois, na noite de 11 de março de 2001, ele nos deixou.

Bisneto do primeiro Picolli que desembarcou no Brasil, não era muito versado no italiano. Sabia um ou outro palavrão. Herança dos pais.. rs

Se ele estivesse vivo, gostaria de lhe dizer tantas coisas que nem sei por onde começar: que consegui realizar meu maior sonho; que (como prometido) ainda não me casei; que desfrutei sim os inúmeros momentos de alegria proporcionados; que (ainda) não cheguei a 1 milhão de amigos, mas considero os poucos que possuo como uma multidão tão grande quanto; porém, principalmente, gostaria de dizer que tenho muito orgulho de descender de sua linhagem; que sou muito grato pelos ensinamentos; que, esteja onde estiver, espero tê-lo orgulhado em vários instantes da minha caminhada; e, por fim, que sinto muita, mas muita saudade mesmo, das nossas conversas vespertinas, regadas a gelinho e risos sinceros.

Espero, um dia, chegar a ser um décimo da pessoa maravilhosa que o senhor foi. Nesse dia, poderei (enfim) escrever no meu caderninho mental: “Hoje, sou um ser humano.. completo”.


H (parabéns, meu velho!)

sábado, 4 de setembro de 2010

Deep in my dark


Se você realmente pretende ler esse post, antes tenha em mente duas coisas:

1) Ele foi escrito num momento de pura raiva e questionável sanidade. Porém, por transmitir 90% daquilo que pretendo, pouquíssimas mudanças posteriores foram feitas;

2) Como ele não cita (abertamente) fatos ou pessoas, quem se sentir ofendido ou retratado em algum momento, tem a liberdade de se sentir "homenageado". Ou não.

Agora pode seguir a leitura.


Revisitar partes tenebrosas do passado não é um dos exercícios mais gratificantes que alguém perto da casa dos 30 anos pode querer para o seu fim de noite.

Pouco mais de quatro anos atrás, numa época em que Orkut era uma febre, o Youtube não passava de uma idéia maluca e Facebook e Twitter ainda nem tinham saído da prancheta, fui marcado por uma dessas bestas-feras que, só porque possuem alguns neurônios a mais e um par de olhos verdes, se achou no direito de me usar como peão no seu já doloroso joguinho de xadrez.

Não posso dizer que “quase” fiquei louco porque, na verdade, eu realmente enlouqueci. Lógico que não como um todo, graças a baixa exposição, mas numa ínfima (porém, importante) parte. Nesses tempos de #InceptionFeelings, tentemos compreender melhor com a seguinte analogia: imaginem um grande cesto com maçãs. Conceitualmente, tenha cada maçã como uma sinapse, uma lembrança, conflito, interação etc. do seu cérebro. Um cesto bem grande, não é verdade?! No caso de uma loira, não deve passar de um pote para sobremesa.. rsrs

Vocês conhecem aquela máxima que diz “uma maçã podre pode contaminar todas as demais”, não é?! No meu caso, ainda seguindo com a lógica proposta anteriormente, trancafiei todas as “estragadas” que consegui coletar numa caixa. Porém, por fazer parte da minha vivência e já que idéias como as de filmes como “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” e “O Pagamento” não passando de ilusões, tive que deixar essa mesma caixa juntamente com as demais maçãs.

A “contaminação” era uma questão de tempo. Mesmo assim, contando com esporádicas ajudas aqui e ali, a tal caixa se tornou cada vez mais um item supérfluo (como muitos outros) da minha mente. Ela simplesmente ficou lá, esquecida, perdendo importância e envelhecendo como todo o meu restante.

Sofri muitos outros reveses na sequência desse citado. Mas nenhum chegou ao ponto de ressuscitar essa vontade quase incontrolável de revisitar tais lembranças como esse mais recente. Provavelmente, por compartilhar ingredientes e situações tão igualmente envolvidos, isso fosse realmente impossível de não acontecer. Mas não improvável de prever.

Pois é, se eu sofro hoje, assim como já sofri antes, o único que pode ser culpado sou eu mesmo. Acabo tomando minhas decisões baseadas em emoções fantasmas, sentimentos estúpidos e assim me fodo por precipitação.

Eu não quero pagar uma de eterna vítima, mas estou farto de ser "perfeito", "bom demais", "tudo", "a melhor foda da minha vida" ou sei lá mais o quê de alguém! Frases e adjetivos quase tão vazios quanto o termo "amigo". Ao mesmo tempo, sinto uma raiva imensa da minha pessoa por me permitir entregar rapidamente e de maneira tão profunda a relacionamentos que não vingam. Dividir particularidades com garotas que (pela minha sanidade mental, prefiro desconhecer os motivos!) não conseguem enxergar uma oportunidade de recomeço nem se esta lhes fosse apresentada em neon piscante!

Entretanto, e como este post já está longo demais para o meu gosto, só consigo chegar a uma conclusão (que nem sei se pode ser tida como tal): tenho pena de pessoas que não o conseguem.


H (Por que é tão difícil?!)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Happy birthday


“Tudo parecia dentro da normalidade naquela sexta-feira, 10 de maio de 1991. As crianças brincavam sobre o tapete da sala enquanto o pai assistia ao noticiário na TV. A mãe que, de vez em quando, dava uma olhadela por cima dos óculos na direção dos filhos, estava entretida no tricotar de um cachecol que, por sua vez, a filha insistia que só usaria quando chovesse sorvete de chocolate.

Mesmo sendo o aniversário do filho mais velho, esse era um dia como outro qualquer. Os pais, sempre preocupados em garantir que o mínimo não faltasse dentro de casa, pouca atenção davam para essas comemorações. Um bolo simples e um tapinha nas costas já bastavam.

Entretanto, aquele dia estava sendo diferente. O primogênito sabia que algo estava errado. Seus pais estavam estranhos. A mãe havia dito que se esquecera de comprar os ingredientes para o bolo, então ele só ficaria pronto no dia seguinte. A luz do lado de fora da casa estava acesa, coisa essa que nunca seria tolerada pelo pai que, depois de um resmungo, diria “será que sou o único a desconhecer essa minha prodigiosa habilidade de defecar dinheiro?!”.

Claro que, como toda criança da sua idade, o primogênito sonhava com algo mais. Uma grande festa, com todos os seus amiguinhos, um bolo gigantesco, brigadeiro, refrigerante, flash e mais flash, parabéns etc.

Porém, mal sabia ele que, alguns quilômetros dali, num conjunto de casas quase vizinhas, um batalhão se preparava como se uma guerra estive por começar. Caixas e mais caixas eram empilhadas no porta-malas de três veículos. Todo trabalho era feito num silêncio ímpar. No máximo, quando algo precisava ser dito, ouvia-se um breve sussurro aqui e acolá. Aquele que aparentava ser o chefe do grupo, logo tomou conhecimento das horas e sinalizou para que todos tomassem seus lugares. Os carros saíram em disparada, quebrando o silêncio que se mostrava sorrateiro naquela noite fria.”

Sempre que preciso passar por essa data do ano, esta é a lembrança que gosto de recordar: a romanceada comemoração do meu oitavo aniversário. Minha primeira festa surpresa.

Não foi lá grande coisa, nada que já cheguei a sonhar. Mas preciso concordar que meus tios fizeram um excelente trabalho. Colocaram um sorriso enorme na minha cara (nítido nas fotos) que durou por quase uma semana.

Hoje, mais um desses dias, entendo bem o que minha mãe quis dizer quando, pela primeira vez, me disse "algumas vezes, eu adoraria não fazer aniversário". Depois de uma certa idade, perde-se aquela inocência dos primeiros anos. E, com ela, uma comemoração tal como esta perde todo o sentido lúdico. Torna-se apenas um marco (ilusório) da passagem sem parada do tempo.

Envelhece-se, apenas..


H (nostalgia #modeon)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Congratulations, perfect stranger...


É quase tragicômico verificar o quão supérfluas e abismais são nossas relações humanas. E não estou falando apenas das amorosas.

Dez anos atrás eu tive uma dessas amizades que nos fazem pensar que a importância de tudo está na convivência. Uma experiência diferente de muitas outras, já que se tratava de uma amizade entre um adolescente e uma mulher.

Não era uma mera amizade, essa é a verdade. Era como um amor platônico. Uma paixão impossível, uma admiração exacerbada. Ela, assim como muitas outras antes e após, serviu-me de inspiração para compor poemas piegas e auto-flagelantes. Mesmo assim, éramos amigos. Respeitávamos um ao outro e essa troca de poemas só o deixava (o respeito) ainda mais evidente.

Porém, infelizmente em alguns casos, a vida segue seu rumo que nem sempre nos é o mais benquisto. Ficam para trás nossas interações, nossas conversas sem sentido, nossos votos de felicidade, nossos sorrisos desconfortáveis, nossas palavras semi-ditas.

Em abril de 2001, como uma forma singela de marcar seu aniversário, dediquei-lhe um dos meus melhores poemas, cujo original ficou sumido até duas semanas atrás quando ressurgiu numa das minhas limpezas trimestrais. Foi constrangedor reler aqueles versos pueris, aquela caligrafia hieroglífica, aquela inocência que não se faz mais sentida:


Querida musa dos falsos pastores,
quem diria, então, logo eu
que, diga-se, não tenho nada de Dirceu,
seria mais um de teus admiradores.

Meu coração, que por anos como múmia viveu,
hoje já não morre, mas suspira de amores.
E, agora, abobalhado, enfeita-se de flores
para receber apenas um enigmático sorriso teu.

Coitado do pobre e gentil querido
que só conhece felicidade se for contido
e com nenhuma mais.

E cada vez que vê a Lua, ele berra seu canto esquecido:
Marília, por ti seria eu um mendigo,
para de grão em grão, te amar demais!

E, qual não foi a minha surpresa ao conhecer, seis anos depois, alguém com o mesmo nome. Claro que me aproveitei do fato e, por meio de uma mentira, apreciei os piores 16 meses de toda a minha vida.

Ontem foi seu aniversário. Novamente. E me deu aquela vontade de ligar, questionar sobre sua vida, saber sobre suas realizações, sobre as novidades que permeiam sua rotina. Contudo, faltou-me coragem.

As lembranças das palavras refreadas, tornando obscuro nosso convívio, as atitudes incompreensíveis, que levavam a discussões infinitas, as ações não concretizadas, gerando desconfortos insuportáveis, enfim, todas essas coisas, afastaram qualquer resquício da coragem que ainda existia em mim.

Foi melhor assim. Hoje, eu vivo outro momento. Não sou completamente feliz ainda, mas estou contente com o repouso que encontrei aqui. Sinto-me o mais perto de casa que já estive.


H (Congratulations, my perfect stranger)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Há dias


Há dias em que, por mais improvável que seja, rezo para que meus cinco minutos de praxe, logo cedo, durem pouco mais de uma hora. Na esperança de que alguém me atenda, percebendo o quão grande é a minha mórbida vontade de permanecer aninhado na temperatura amena que emana de meu aconchegante reduto repousante.

Há dias em que peço encarecidamente por uma dor lacerante pelo meu corpo, daquelas que tornam inconcebível qualquer tentativa de um movimento abrupto, quiçá, moderado.

Há dias em que, já entregue aquela nauseante sensação de derrota, ainda entre a rotina e a lucidez, suplico para que nenhuma surpresa desagradável venha ao meu encontro, para transformar o que já é um suplício num caminho de espinhos.

Há dias em que, quando surge uma dessas surpresas, bate aquele arrependimento, aquele anseio incontrolável de gritar a plenos pulmões para que metade do planeta ouça: “mas que po*** de vida é essa!?”.

Daí, como uma resposta repleta de mensagens subliminares, Ele me envia vários noticiários sobre tragédias, desastres e outros momentos perturbadores, como se Ele estivesse me precavendo, passando Seu sermão: “agradeça por você não estar no meio dessas intempéries”.

No fim das contas, posso dizer que, por pior que seja a minha vida, ela só é ruim pelo meu prisma. Se não estiver contente, basta girar o meu caleidoscópio para ter outras visões.


H (dia ruim tem dessas coisas)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Uma verdade de cada vez - 2a parte


Não sou o tipo clássico de pessoa comunicativa que podemos encontrar em qualquer repartição e/ou escritório de telemarketing. Acho que isso deve ser um reflexo da pressão psicológica sofrida durante a minha infância problemática em questão ao fardo humilhante que meu pai se encarregou (brilhantemente!) de me conceder.

Claro”, alguns dirão, “é fácil jogar a culpa em algo que já se encontra fora de alcance. Uma típica atitude de fracassado!”. Não negarei que é realmente isso que me vem em mente quando repasso trechos nebulosos da minha primeira idade. Era uma criança retraída pelo simples fato de não querer para mim uma atenção que acabaria minguando ao ter que explicar o “que diabo de nome é esse?!” para todos que me olhavam com aquela cara zombeteira, misto de deboche e asco.

Sei que não será nenhuma novidade o que escreverei agora, mas, preciso dizer mesmo assim: infância é uma época boa para acumularmos traumas que nos perseguirão pelo restante de nossas vidas. E aqueles que nos cercam e, obviamente, já passaram por essa fase, ao invés de nos ajudar numa transição menos caótica, parecerem sentir prazer ao nos transmitir ainda mais ódio e decepção.

Às vezes, ficava com uma vergonha enorme de corrigir uma professora substituta (parida numa esquina e criada num beco qualquer!) que insistia em transformar meu nome numa paroxítona. Isso quando esses projetos rabiscados de analfabetas conseguiam pronunciá-lo!

Mal conseguia fazer novas amizades, sempre imaginando que tal intento vindo da outra pessoa só poderia ser uma tentativa futura de escárnio mais elaborado. Entregue a esse circuito fechado, foi instintivo transferir toda a responsabilidade por tal entrave na pessoa que, imaginava eu, era a verdadeira culpada: meu velho. Ao fim de cada nova discussão sobre o assunto, me sentia mais e mais afundado num poço de areia movediça, sem solução para uma crise que eu mesmo criei.

Coadjuvante da minha própria vida, me cerquei por grades, tornando-me recluso num mundo que eu não queria, mas precisei inventar para me manter sóbrio, porém, fora da realidade que não quis enfrentar. Arrebentar tais grades torna-se quase impossível quando se está do lado errado. Isso porque, inconscientemente, acabamos por nos entregar àquilo que nos parece ser destino, porém, não passa de um combinado de desânimo e frustração.

Esse marasmo só é interrompido quando surge um “carcereiro”, enviado exclusivamente para abrir sua cela e lhe mostrar que o real pode ser justo, basta apenas aceitá-la (a justiça) de bom agrado, convidando-a ao nosso convívio.

Hoje, superado tal trauma e aprendido com tamanho erro alheio, tenho comigo a convicção que, se me for concedido o direito de copiá-lo, farei o máximo para não repeti-lo. Assim, uma fase de bonança será poupada. Fraturas serão evitadas. Uma relação será bem vivida.


H (a diferença que faz bem)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Momento poesia XXXIV


Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que rí e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!


(Florbela Espanca)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Minha música-chiclete IV



Mumm-ra é uma banda inglesa, criada em 2000. Teve seu nome inspirado no vilão do famoso desenho dos anos 1980, Thundercats.

Sobre a influência do indie rock britânico, a banda começou como inúmeras outras: numa garagem, tocando demos ou versões de bandas como Pink Floyd, The Clash, entre outras. O único álbum do grupo, "These Things Move in Threes" (foto), foi lançado em maio de 2007.

E, é desse disco, mais exatamente a quarta faixa do lado A, que esse post se refere. Parte integrante da trilha do filme citado no post anterior, a música fala sobre a necessidade de mantermo-nos atentos a tudo que acontece ao nosso redor, porque, por menor que possa ser um detalhe, esse também pode se tornar aquilo que mais precisamos naquele momento. Segue o vídeo original:





H (uma nova-velha fase)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dia da saudade



Hoje, dia de finados, longe de ser considerado uma comemoração, para mim é um dia de reflexão, de recordação, dedicado a todos aqueles com quem tive o privilégio da convivência, porém, que por uma fatalidade qualquer, deixaram de existir fisicamente para co-existirem em outro lugar, além de viverem em nossas lembranças.

A primeira vez que fui "convidado" pela D. Morte a sentir falta de alguém foi aos 9 anos. Alguns colegas da escola foram até a minha casa e disseram que um amigo com o qual, quase sempre, voltava para casa, havia morrido num acidente, justamente quando esse voltava da escola.

Eu não sei quanto a vocês, mas, nessa idade, não tinha a mínima noção do que a palavra "morte" significava. Meus pais, reparando que eu não demonstrava estar nem um pouco chocado, resolveram conversar comigo naquele dia sobre isso. Na segunda-feira (tudo aconteceu na sexta anterior), na primeira aula após o ocorrido, fomos todos a escola, porém, a professora resolveu discutir com os alunos o que havia acontecido. Pude perceber nos olhos da professora a emoção que lhe surgiu ao ler o nome desse amigo na lista de chamada.

Ao mudar de cidade, de 1995 a 2001, topei com a D. Morte mais 13 vezes, perdendo familiares (minha bisavó em 1995 e meu avô em 2001) e amigos (inclusive o Michel, em 2001).

Sei que, chamando-a assim de "D. Morte", pode parecer que a considero, que a respeito. Mas não chega a tanto. Apenas sei da sua existência e a julgo merecedora de certa formalidade, nada mais.

Meu avô me disse, certa vez, que o ato de sentimos saudades de alguém denota o quão importante aquela pessoa foi para a nossa formação. Em outras palavras, saudade é sinal da influência do outro em nós.

Por isso mesmo, dedico esse post a todos aqueles que passaram pela minha vida, deixando marcas através de ensinamentos, sorrisos e trejeitos, linguajares e, principalmente, sentimentos. Um dia, espero encontrá-los. Mas, hoje não. Ainda não.

"Por dentro do peito, aqui no lugar onde resguardo meu valente pulsante, sou como uma miscelânea humana, como um Frankenstein [...], sou grato a cada um de vocês porque, se sou o que sou hoje, é devido ao pedaço de cada um de vocês que carrego nesse mesmo peito." [M. F.]


H (It's complicated)

sábado, 31 de outubro de 2009

My bad choices...



O assunto que tentarei desenvolver neste post é, de longe, o mais presente, e, ao mesmo tempo, o mais discutível de todos que permeiam a minha existência. Não esperem dele uma resposta para suas auguras, pois não o será nem para as minhas! Ele será apenas uma análise, minha auto-análise, de uma maneira já esquecida por esse blog:

Ah, o amor! Essa antítese comportamental (como já dizia Camões) que anima e desgasta, conforta e agride. É o sentimento mais irracional e, em contrapartida, imperativo que alguém pode ter.

Sou do tipo de pessoa que se apaixona com certa facilidade. Não julguem, porém, que me aproveitei dessa facilidade para ser infiel com quem quer que seja! Contudo, também não posso dizer que nunca o fui. Mas, se a cometi (a traição), fiz consciente de que o modo como as coisas caminhavam não estava levando a lugar nenhum melhor que um abismo sentimental.

Eu, desde a minha infância, sempre fui um patético! Sim, um patético por completo. Patético porque, apesar da experiência acumulada a cada desilusão, constantemente pecava nos mesmos pontos, cometendo os mesmos erros.. sempre!

Lembro-me do cenário da minha primeira paixonite infantil: 10 anos, 4a série, mãos dadas durante o intervalo, lições (e não só as escolares!) compartilhadas; nada daquela estúpida malícia juvenil explodindo testosterona por todos os poros. Não. Era apenas a inocência e aquele insistente sorriso bobo na cara! Depois veio a mudança (de cidade) e com ela os amores adolescentes, repletos de enganos e sofrimento. Um tropeço maior que o anterior. Não direi que isso foi de todo mal, já que, a partir disso, consegui criar uma “blindagem”, retribuindo na mesma moeda a quem julgava merecedora de tal.

Mas, como nem tudo são flores no reino da arrogância, através dessa forma errada de agir, acabei por cometer erros ainda maiores, batendo de frente com entraves que eu não tinha (ainda) capacidade de enfrentar. Certa vez, no princípio dos meus 17 anos, cometi o maior de todos os pecados em relação ao amor: subestimei o afeto de uma pessoa que, depois de atentar contra si própria, me disse: “um dia, você também passará pelo que eu passei. Nesse dia, sentirei pena de você da mesma maneira que você está sentido agora por mim”.

Nos (quase) dez anos seguintes, tudo voltou a estaca zero. Aquela blindagem, por uma série de motivos (além do citado anteriormente), caiu por terra. A esperança por encontrar alguém parecido, poder compartilhar os mesmos gostos, chegava a ser sufocante. Contudo, o fim era o mesmo em todas as ocasiões: “eu não te amo mais!”.

Hoje, do alto (com 1,67m?! rs) dos meus 26 anos, aprendi que, além da efemeridade do amor, a sua busca (quase uma “caçada”) é, quase sempre, em vão. Talvez porque, para conseguir a felicidade, idealizamos um ser perfeito, nosso próprio boneco de barro, nossa princesa adormecida (ou, no caso das “calcinhas” de plantão, o príncipe encantado) esquecendo, porém, que não fomos nós os criadores do universo. Dessa forma, idealizar não é a melhor saída.

Se tem uma coisa que aprendi de todas as minhas "bad choices" é que o amor não é um jogo, já que para tanto alguém precisaria sair vitorioso sobre o outro. Tenho o amor como uma frágil relação, onde cada um cede algum espaço para chegar num equilíbrio (quase) eterno. O contrário disso, como eu disse, já conheço muito bem!


H (acho que consegui)


* Imagem retirada daqui

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Minha música-chiclete III e uma grande mentira


Homem não chora


Homem não chora
Nem por dor
Nem por amor
E antes que eu me esqueça
Nunca me passou pela cabeça
Lhe pedir perdão
E só porque eu estou aqui
Ajoelhado no chão
Com o coração na mão
Não quer dizer
Que tudo mudou
Que o tempo parou
Que você ganhou

Meu rosto vermelho e molhado
É só dos olhos pra fora
Todo mundo sabe
Que homem não chora
Esse meu rosto vermelho e molhado
É só dos olhos pra fora
Todo mundo sabe
Que homem não chora

Homem não chora
Nem por ter
Nem por perder
Lágrimas são água
Caem do meu queixo
E secam sem tocar o chão
E só porque você me viu
Cair em contradição
Dormindo em sua mão
Não vai fazer
A chuva passar
O mundo ficar
No mesmo lugar

(Frejat / Alvin L.)


H (esquecer é difícil, né!? Mas, se eu consegui, tenho certeza que você também conseguirá.. faça um esforço.. e me deixe em paz!)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Antes de começar



Antes de começar o post propriamente dito, gostaria de dedicá-lo a mocinha que me atendeu na perfumaria que vou de costume. Lembro-me que nas primeiras vezes que estive por ali, era tratado por “rapaz”; de alguns anos para cá, recebia, meio a contragosto, um malfadado “Pois não, moço?”; Contudo, o que parece impossível aconteceu e, domingo, quando adentrei o recinto, fui recepcionado com um “Posso ajudá-lo, senhor?”.

Certo que a menina parecia ter metade da minha idade (e olha que eu tenho 26!) e só estava sendo educada. Mas, poxa vida, SENHOR??!! Como é estranho percebermos que estamos envelhecendo mais rápido do que gostaríamos. Ou melhor, acho que ninguém gostaria de perceber essas coisas.

Existem aqueles falsos moralistas que dirão “não diga ficar velho.. diga ganhar experiência”. Desculpem-me, mas não consigo ser tão hipócrita assim! Concordo sim com o caso do ganho de experiência. Porém, de que ele adianta se os mais velhos (e não me refiro só a terceira idade!) não são mais respeitados nesse país?!

Há muito tempo que vejo pessoas perfeitamente saudáveis tomando lugares reservados em ônibus, metrô, trem e, quando uma pessoa que tem direito de se sentar ali, os indivíduos que já estavam simplesmente a ignoram. Ou pior, fingem que estão dormindo.

Esse não é o único, muito menos o mais lastimável, motivo que me faz ter medo de envelhecer. Talvez ter medo não seja o termo exato. Na verdade, o que eu temo mesmo é o fato de, um dia, chegar ao ponto de não vislumbrar mais um sentido para a minha vida, não possuir mais aquele ânimo característico que me permita enxergar as várias escolhas que a vida me disponha.

Medo de chegar o momento onde me restará apenas uma alternativa: esperar pela morte. Como o personagem do Morgan Freeman no início do filme “Antes de Partir”, que assisti com a Bequinha no último sábado. Medo de não encontrar uma persona como o Jack Nicholson quando eu mais precisar...


H (envelhecer.. para quê?)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Frustração - 1a parte


Como é difícil lidar com frustrações. Perceber que todo aquele suor que encharcou sua testa, todo aquele trabalho árduo que lhe consumiu por horas madrugais a fio que, por sua vez, foram regadas a litros e mais litros de energéticos e cafeína.. enfim, imaginar que todo o esforço, a batalha interna em busca da perfeição (apesar de saber que ela não existe!), da excelência em forma impressa, que tudo isso foi em vão.

É impossível que algo "construído" durante mais de seis meses, pensado e repensado, negado e renegado inúmeras vezes, venha abaixo em menos de 15 minutos. Na verdade, esse era o meu conceito, baseado em concepções que se mostraram verdadeiros engodos. Doce ilusão! Mal sabia eu que, em se tratando de idéias, a única coisa impossível é a própria crença (desmedida) nessa sua existência.

Porém, não me darei por vencido tão cedo. Aceitei a derrota, ao mesmo tempo, como um aprendizado e um novo ponto de partida. Algo bom até, eu diria. Afinal, recomeçar nunca é do zero.

Terei bagagem acumulada e conhecimento necessários para evitar ao máximo os mesmos entraves. Trilharei caminhos semelhantes. Nada de atalhos arriscados e saltos sem pára-quedas. Se encontrar as mesmas bifurcações de antes, tomarei o rumo desconhecido. Assim, errarei mais e aprenderei o suficiente. Talvez não o suficiente, mas o necessário para, um dia, trilhar os meus próprios. Que venham os novos erros!

H (avante neurônios!)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Reflexões sobre uma amizade sincera..


Não tenho motivo nenhum para mentir e/ou me iludir: jáfui porteiro de prédio residencial. Com muito orgulho, diga-se de passagem. Durante três anos! Adorava aquele ambiente. Lembro-me até hoje como foram aqueles primeiros meses. Uma delícia! Tudo era novidade para mim. E, mesmo assim, parecia que eu tinha nascido para aquilo, tamanha era a facilidade para com tudo.

Lá, naquele lugar mágico, cresci como ser humano de tal maneira difícil de imaginar em qualquer outro ambiente. Fiz amizades sinceras e aprendi coisas que convivem com o meu mundo até os dias de hoje.

Pois bem. Hoje, como estou puto da vida com essa merda de PC que resolveu travar de vez (na verdade, foi o Windows que travou e estou tendo que me adaptar ao Linux), resolvi fazer uma visita que há muito tempo devia para uma dessas pessoas que só de estar ao lado já te enchem de inspiração.

Como foi bom revê-la, bem como tantas vezes desejei que ela ficasse. Rir das mesmas coisas que ríamos anos atrás. Relembrar fatos e personagens. Brincar com a imaginação, prevendo um mundo feliz sem isso e/ou aquilo outro.

Na minha atual fase melancólica, serviu de paraquedas, adiando um pouco mais a minha viagem rumo o fundo do poço (seria cômico, se não fosse trágico!).

Despedi-me dela com aquele comichão no peito, uma vontade louca de poder voltar no tempo, de ter novamente 22 anos, entrar como se fosse a primeira vez por aqueles portões para, só agora me dando conta, me divertir ao invés de trabalhar. Tive sorte de estar chovendo, assim, não precisei me preocupar com lágrima nenhuma para enxugar.

Uma das suas frases durante a nossa conversa, me inspirou de tal forma que, assim que refletir melhor, escrevei um post sobre ela. Da maneira mais pura que assim merecer. Mas isso, fica para depois..


H (vende-se 4 anos de tristezas.. aceito VT e VR.. rs)

sábado, 27 de junho de 2009

Melancolia, férias e mais MJ


Esta noite estou triste e não sei a razão. / Vou, para espairecer minha melancolia, / Ouvir o mar”. [Ribeiro Couto].

Até que enfim, o momento mais esperado dos meus últimos três anos é chegado: Férias! E eu tinha tudo para estar pulando de felicidade. Mas, não sei explicar muito bem, sinto um grande vazio ao mesmo tempo. Acho que deve ser sinal da falta de planos "concretos" para esses próximos 30 dias.

Conversando a poucos minutos com uma amiga, ela me soltou essa pérola: "depois de tanto tempo seguindo com uma rotina, por mais chata que ela seja, acabamos acostumando com tudo. [...] é algo tão sistemático, que uma quebra nessa rotina desanda para um momento de desnorteio. [...] na verdade, eu acho que você acabou se viciando no seu trabalho".

Eu, viciado em trabalho!? Sem comentários, né Bekinha... !?

E, ainda no clima do post anterior, seguem os clipes de três das letras do Michael que eu mais gosto:






Ah, so informando vocês que, provavelmente na terça-feira, vou trazer um post-esclarecimento sobre os rumos do blog durante as minhas férias. Não vou adiantar nada agora. Vou é tirar esses dois dias para descansar um pouco, porque essa última semana foi só na base de aspirina e muita paciência.


H (bola pra frente)