segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Bibliote... com o quê???

Filme "Peixe Grande e suas histórias maravilhosas", de Tim Burton.


Continuando:

Quando prestei minha primeira Fuvest, em 2002 (ano que voltei para São Paulo que, se comparada com a outra cidade onde morei, posso chamar de "paraíso com ressalvas"), eu estava 2 anos "parado", sem estudar um dia sequer. Não eram meus planos, mas meu velho insistiu para que a minha irmã e eu fizessemos. Até hoje, acho que foi um tipo de "raiva disfarçada" por eu não ter entrado no Exército.

Mesmo tendo acertado mais da metade das questões, vi que seria bem difícil prestar para Jornalismo. Daí eu me lembrei da Biblioteconomia e, pesquisando um pouco mais, descobri que os 2 cursos ficavam na mesma faculdade, o que tornaria mais fácil uma transferência interna, que um tio meu já tinha me falado sobre. Pois bem, em 2003, prestei para Biblioteconomia, mas ainda não era do jeito como eu gostaria: devido ao trabalho que tinha na época, tinha estudado pouco, lido só metade dos livros exigidos. Fui novamente junto com a minha irmã (aqui, vale ressaltar que ela tinha feito cursinho durante o ano todo!) e, para minha surpresa, consegui acertar pouco mais da metade das questões e, beneficiado pela nota de corte baixa de Biblioteconomia, passei para a temida Segunda Fase! Aquela que separa os homens dos meninos; os preparados dos inexperientes; os japoneses dos quase-japoneses... rsrs

Mas não passei.. fiquei desanimado. Naquele ano de 2004 comecei meu cursinho. Era questão de honra entrar na USP! Na verdade, era um sonho que tinha desde os 10 anos. Eu precisava daquilo! Chegada a hora, a mesma história do ano anterior. Meus professores do cursinho deram aulas intensivas uma semana antes da Segunda Fase. Fiz as provas de português e história com conjuntivite nos 2 olhos! Um sofrimento a mais. Daquele dia em diante, comecei a acreditar que nenhum bom resultado vem sem (grande) esforço...

A lista dos aprovados sairia em 10/02. Um dia antes, tinha ido no cinema ver Jogos Mortais, assim que o filme acabou, minha tia liga me dando os parabens. E ainda faltavam 3 meses para o meu aniversário! Daí ela me disse que eu tinha passado.. fiquei branco. Não conseguia acreditar! Precisei ir na casa dela e ver com meus olhos a lista completa!

Aqui vou resumir: nos 2 primeiros anos de faculdade, fiquei enrolando para fazer transferência para Jornalismo. Quando finalmente tomei coragem para fazê-la, descobri que eram 147 pessoas por vaga! Simplesmente desisti. Em contra partida, comecei a me interessar mais pelo curso (graças ao meu estágio, claro!).

Os professores, com raras excessões, ou não têm didática, ou são picaretas o bastante para fingir que não a têm quando, na verdade, são uns frustrados que estão nesse barco porque a aposentadoria já está perto. A área não é reconhecida nacionalmente, muito disso, culpa de nós mesmos. E ainda somos fadados a aguentar aquelas piadinhas infames de "estudar 4 anos para aprender a tirar pó de livros", ou "4 anos para saber colocar os livros em ordem alfabética ou por tamanho" etc. Infelizmente, organizar a informação não é o importante hoje, "fabricá-la" sim. Uma pena... Mas me sinto muito mais útil fazendo Biblio, do que fazendo Administração, por exemplo, que nada mais é do que a escolha de que está indeciso!

Voltando a Biblioteconomia: certa vez, depois de sair de uma dessas aulas picaretas ao extremo, enquanto descia as escadas do CBD (Corredor da Bobiça Dosada! rs), perguntei a todos os meus colegas que estão por ali: "Por que eu ainda tô fazendo Biblio?"... essa questão ficou sem resposta até que, um dia, uma veterana me disse a melhor de todas as respostas: "Por causa de todo o pessoal que você tá vendo aqui. É por nós que você ainda não desistiu, nem se transferiu! E assim acontece com a maioria!". Grande Irenita! Só ela para decifrar os maiores mistérios desse curso...

That`s all..


H (não acredito em Papai Noel, mas Bibliotecário-Presidente, quem sabe.. rs)

Um comentário:

The Owl disse...

Estou chegando à conclusão de que ninguém escolhe Biblio como primeira opção..rsrs. É tudo na base do "num tem tu, vai tu mesmo".
Muito legal sua "saga" e ótima essa resposta da Irene! Um dos motivos de eu não sair dessa droga de curso e ir pra FFLCH fazer Filosofia é ter me apegado às pessoas tb.
"CBD (Corredor da Bobiça Dosada)"...rsrsrs