sexta-feira, 30 de abril de 2010

Top 10 filmes (não americanos) que todo cinéfilo deveria ver


Lembro-me de, em algum post passado, ter feito uma pequena reflexão sobre meu percalço cinéfilo. Algo bobo, sem nenhum embasamento ou mesmo comprometimento com o ato informacional em si.

Porém, deixei claro que tal ponderação proporcionar-me-ia (valeu novamente, Word!) conflitos internos que questionariam não só minha forma de admirar a sétima arte, como, também, atribuiria valores presentes, mas até então adormecidos entre tantos outros que permeiam meu gosto ficcional fílmico.

Pois bem, é como uma conclusão ao citado problema acima, além de uma pergunta feita recentemente por uma amiga, que apresento a resposta na forma de um dos quadros que mais gostei de ter elencado “neste mundo”: o “Top 10 filmes (não americanos) que todo cinéfilo deveria ver”.

Procurei não me render às tentações para inflar tal listagem num número infinito de possibilidades, praticamente um clichê para qualquer um nessa situação. Limitei-me a escolhas simples e, ao mesmo tempo, enriquecedoras. Por outro lado, precisei me ater a alguns pequenos detalhes: são filmes até a década de 1980 (talvez, numa outra oportunidade, posso fazer uma parte 2, com filmes mais recentes), nenhum diretor foi sugerido mais de uma vez e eles estão por ordem de (minha) preferência. Filmes que, num primeiro momento, não valorizei o quanto mereciam, mas, hoje, tenho-os como, se não favoritos, imprescindíveis.

Contudo, como me disse Maristela Lira algumas semanas atrás, “como pode um cinéfilo não gostar de rever filmes?!”. Quando o replay sugere um maior prazer que o play, acho que vale a empreitada.

10) Danton: o processo da revolução (Danton) – Andrzej Wajda, França e Polônia, 1983.




Um ponto que talvez ainda seja pouco explorado pelos europeus é a representação dos seus principais fatos históricos. Danton, entretanto, é um capítulo à parte. Um filme francês, dirigido por um polonês e que, da forma mais fidedigna (até 1989), conseguiu ilustrar não o clichê da Revolução Francesa, mas o momento de euforia, liberdade e falta de rumo em que se encontrava o país logo ao fim desta. Pouquíssimas produções foram tão nacionalistas e, ao mesmo tempo, tão críticas do que Danton. Nota: 8,2


9) Mulheres à beira de um ataque de nervos (Mujeres al borde de un ataque de nervios) – Pedro Almodóvar, Espanha, 1988.




Ele não podia ficar de fora dessa lista. Também é a única comédia que você verá por aqui. Esse não é meu filme favorito dele. Mas foi o que mais me fez rir até hoje. Seu entendimento sobre o universo feminino é algo digno de George Cukor! Nesse filme, Almodóvar extrapola, revelando quais seriam as conseqüências de um enfrentamento de três amigas, aparentemente, fora de controle. Não é a grande produção de sua carreira, porém, foi o filme que abriu as portas cinematográficas às demais produções espanholas. Nota: 8,3


8) Alphaville (Alphaville: une étrange aventure de Lemmy Caution) – Jean-Luc Godard, França, 1965.




Três anos antes do épico Kubrickiano “2001: uma odisséia no espaço”, Jean-Luc Godard lança sua aventura sci-fi de um futuro sob o controle das máquinas. Qualquer semelhança com o livro “1984” de George Orwell (ou qualquer livro de Isaac Asimov) pode não parecer mera quando analisado mais profundamente. As raízes estão ali: ele disserta sobre o tempo, sociedade de e sob controle e os desmandos da alma humana. Tem bela fotografia em preto-e-branco e alguns dos diálogos mais inteligentes da década de 1960. Nota: 8,5


7) Z – Costa-Gavras, Argélia e França, 1969.




“Baseado em fatos reais”. Taí um motivo a mais que me faz apreciar um (bom) filme. “Z” não foge a essa regra. Assim como acontece com outros diretores, essa também não é minha produção favorita assinada por Costa-Gavras. Indico pelos diálogos, pela trilha sonora e, principalmente, pelas impressionantes tomadas de câmera. Nota: 8,6


6) Outubro (Oktyabr) – Sergei Eisenstein, União Soviética, 1928.




Até hoje não há um diretor na imensa Rússia que chegue ao nível de primor ao qual Eisenstein se encontra. Um visionário do cinema mudo, alguém capaz de criar um épico utilizando como personagens os próprios participantes da revolução bolchevique de 1917. Poucos diretores souberam explorar tão bem o cinema mudo quanto Charles Chaplin. Contudo, Sergei Eisenstein chegou bem perto. Assim como a maioria de seus filmes, Outubro não foi concebido apenas para comemoração de uma data, mas para mostrar ao mundo do que a União Soviética era capaz. Nota: 8,8


5) 8 ½ – Federico Fellini, Itália e França, 1963.




Assim como os outros, esse também não é meu filme favorito de Fellini. Gostaria, na verdade, de recomendar toda a filmografia desse mestre italiano. Porém, nenhum outro expressa melhor a magnitude que o cinema italiano conseguiu a partir da década de 1960 do que esse. Uma interpretação invejável de Marcelo Mastroianni e uma trilha de Nino Rota que valem assisti-lo mais de uma vez. Nota: 9,0


4) O triunfo da vontade (Triumph des Willens) – Leni Riefenstahl, Alemanha, 1935.



Assim como o filme de Eisenstein, a produção única da diretora Leni Riefenstahl é uma obra nacionalista ao extremo, utópica. Um dos primeiros filmes de propaganda ideológica que, na verdade, surgiu por acaso, da mente mais bitolada da Europa na década 1930. Um objeto ufanista, marcando os passos do que viria a ser o nazismo, e que tinha um público-alvo certo: todas as demais nações. Nota: 9,1


Bom, por enquanto é isso. Num próximo post, o pódio desse Top.


H (façam suas apostas)

Um comentário:

The Owl disse...

Nunca tive muito acesso a filmes não americanos e de qualquer forma meu gosto não é lá essas coisas, então não posso "julgar" a sua lista.

Só comecei a ver umas coisinhas melhores depois que me mudei pra SP, e por isso só posso dizer que do Fellini e do Almodóvar eu gosto.

Para o pódio aposto em Ingmar Bergman e Truffaut, talvez.