Não faz muito tempo, uma amiga me perguntou qual seria meu filme favorito. Diante da minha expressão de dúvida, ela logo se convenceu da gafe: “nossa, mas que pergunta, não é mesmo?! Afinal, deve ser muito difícil para um cinéfilo ter um filme favorito”.
Realmente, é muito difícil. Principalmente quando nos acostumamos a ver de tudo e reparar em detalhes que um mero olho-amador deixaria passar batido.
Qualquer cinéfilo de verdade não cria uma lista de filmes favoritos. Cria várias! E não somente boas preferências, mas, também, sobre destaques imperceptíveis à primeira vista. É um ato deveras complicado, já que envolve inúmeras variáveis que, por sua vez, vão muito além do “gosto desse, não gosto daquele”.
“Gosto não se discute”, já diz o dito popular. Apesar de ser composto quase basicamente de influências exteriores, ele não é aberto a debates porque faz parte da individualidade de cada um e, como tal, tem o direito de ser respeitado.
Assim sendo, um cinéfilo não se baseia em gostos. Ele formaliza preferências, influências, citações, enfim, conecta situações. Afinal, um filme surge como se fosse uma briga: ela só acontecerá se ambas as partes assim a quiserem. Dessa forma, o filme se apresenta para transmitir uma mensagem. Porém, essa só será possível se você estiver no mesmo momento dessa produção.
Está aí o motivo para explicar melhor a complexidade que compõe o gosto por um filme.
Sei que certa vez, nos primórdios desse mundo, levantei uma lista de 50 filmes que julguei serem meus favoritos. Admito que pequei na escolha de alguns. E outros, pelo simples fato do passar do tempo, caíram por terra, dando lugar a produções que vi ultimamente. Foi um trabalho ousado e que não penso em repetir tão cedo.
Contudo, por não conseguir ficar longe de uma lista, formalizei esse “Top 10 filmes (não americanos) que todo cinéfilo deveria ver” como parte de uma lista substituta para a citada anteriormente. E, sem mais delongas, assim como prometido, segue o pódio da tal lista:
3) Kagemusha, a sombra do samurai (Kagemusha) – Akira Kurosawa, Japão, 1980.
Nenhum outro diretor foi tão imitado e serviu de inspiração para a categoria do que Kurosawa. É outro diretor do qual indico toda a filmografia. Kagemusha é o que mais gosto porque o considero mais inspirador. Como a frase que define o temível dono do feudo Takeda: “Rápido como o vento, silencioso como a floresta, poderoso como o fogo, imutável como as montanhas”. Nota: 9,3
2) Os incompreendidos (Les quatre cents coups) – François Truffaut, França, 1959.
Truffaut é, sem sombra de dúvida, o melhor diretor francês de todos os tempos. Ousou iniciar uma carreira “do zero” apenas para ilustrar aos demais diretores franceses da época que era sim possível mudar a forma como os filmes do país eram conduzidos. Os incompreendidos foi o primeiro desafio que o, até então, crítico de cinema assumiu. E o filme está nessa lista por ser aquele onde se encontra a maior parte da essência criativa de Truffaut, que depois se “espalharia” pelas suas demais produções. Nota: 9,5
1) Fanny e Alexander (Fanny och Alexander) – Ingmar Bergman, Suécia, França e Alemanha, 1982.
Imaginem condensar toda a obra de um diretor em pouco mais de três horas de um filme em que os personagens principais não têm mais do que 10 anos de idade. Difícil de acontecer, não é?! E se esse diretor for um dos mais admirados e respeitados de todos os tempos? Provável, não?! E que tal Ingmar Bergman? Ah, agora sim! Ele foi um gênio. Revisitando os mesmos assuntos, porém, sempre de maneiras diferentes. Influenciado pelo cinema francês das décadas de 1940/50, seus primeiros filmes foram experimentos. Aos poucos, ajustados aqui e ali até a perfeição: Fanny e Alexander. Não preciso dizer mais nada. Nota: 9,8
Até o próximo..
H (corta!)
2 comentários:
Anotados :)
AEOLS!
Aqui é o Fabiano Alves,estudo na ETEC Basilides com o Ricardo, e ele me indicou esse blog!
Salve manos!
É nozes!
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