Mais um post musical. E, assim como os demais, o assunto deste é
muito especial. Algo que venho postergando há anos. Porém, levando em
consideração minha falta de inspiração e mote para assuntos particulares,
decidi que já era chegada a hora de colocar esta lista em cena.
Quem me conhece de longa data sabe que sou movido por música. Aprendi cedo e,
já na turbulência adolescente, fiz disso uma das facetas mais importantes da
minha jornada. Desde o antigo vinil da trilha do filme “Easy Rider”, que ouvi
por tardes infinitas na casa do avô de um amigo, passando pelos discos do Raul
Seixas e da época da Jovem Guarda que meus pais tinham, além do fascínio de meu
avô por Chico Buarque, culminando com a influência rockeira dos meus anos de
colégio.
Este post, assim como inúmeros antes dele, nasceu de uma dica.
Alguém por quem tenho um carinho e que influenciou muito esse mundo. O meu,
principalmente. Antes mesmo do primeiro post musical escrito para esse blog, a
ideia deste de hoje já tinha me sido passada.
Como
disse no post anterior, a lista se baseia nas lembranças deflagradas após uma “conversa”
mórbida sobre gostos musicais e vergonhas alheias. Citarei apenas as dez (de
muitas outras) músicas que mais me envergonho de dizer que gosto. Por prática
biblioteconômica, elas foram listadas em ordem alfabética. Divirtam-se me
julgando.
Depois de passar 2 dias completos pensando apenas nela, decidi faltar ao trabalho e fazer
algo de mais útil no último feriado: fui ao seu encontro. E, a palavra que
melhor pode defini-lo é “estranho”.
Foi estranho revê-la sem contar com sua presença física. Foi
estranho ler seu nome, acocorar-me diante dele e refletir sobre o que dizer.
Talvez não devesse dizer nada. Não sei se meu silêncio faria alguma diferença.
Para ela, certamente não faria. Mas desabafar foi crucial para mim.
Fiquei ali, aos seus pés, por mais de duas horas, relatando tudo que
julguei relevante. Pessoas me circundavam o tempo todo, algumas estavam
absortas em seus próprios pensamentos; outras, curiosas à distância; haviam
alguns fantasmas também. Mas esses surgiam e morriam conforme as frases
atravessavam minha boca e pegavam carona na suave brisa linense.
Tive inúmeros instantes de silêncio constrangedor até perceber que
minha teatralidade não passava de um monólogo. Uma morbidez inspirada por outrem. Não estou acostumado com isso. Sempre, em nossas conversas, fiz o
papel de bom ouvinte. Porém, desta vez, o roteiro me pertencia. Logo, cabia a
mim fazer a escolha certa de palavras. Ou não.
Nosso encontro (que nunca chamarei de visita) rendeu muito. Claro
que não me senti aliviado como pessoas próximas me afirmaram que me sentiria.
Contudo, relembrar momentos passados juntos me rendeu alguns risos sinceros e uma
recordação musical das mais inusitadas: canções das quais tenho vergonha de
dizer que gosto. Sinto-me envergonhado ao relembra-las, principalmente, por
retratarem momentos embaraçosos que passamos juntos. E por serem artistas dos
quais nunca nutri a menor fração de admirador. Essa é e sempre será ela: alguém
que me inspira e vexa, mesmo ausente fisicamente.
Mas antes de enumera-las (o que ficará, devido
ao tamanho deste, para um próximo post), acho essencial abrir aqui um parêntese
para falar diretamente com ela: fiz
uma visita rápida aos seus pais. Eles continuam como da última vez que os vi.
Como imaginei, talvez pelo sofrimento ainda recente, evitaram mencionar seu
nome. Certamente, já sabiam o motivo da minha aparição repentina. Seu pai me
ofereceu café e se mostrou interessado pelo meu trabalho. Sua mãe me acompanhou
até o portão da casa, deu-me um beijo na bochecha e sussurrou um “obrigada por
ter vindo”. Prometi ligar quando terminasse a jornada de volta. Por uma boa
causa, quebrei minha promessa. E estou prestes a quebra a outra que lhe fiz.
“O
que acontece quando morremos?”. Por motivos óbvios e, agora, irrelevantes para
uma explicação aprofundada, essa foi a frase que mais vezes abarcou minhas
sinapses nas últimas duas semanas. Pensamentos fugidios que se concluíam, não
por acaso, na maior parte do tempo da mesma forma: em círculos. Elipses, para
ser mais exato.
Afinal,
o que acontece quando nós passamos? Tentei encontrar respostas em minhas
leituras. Porém, nem toda a filosofia que já vislumbrei foi suficiente para
elucidar tamanho mistério. Aqui abro um parêntese: preciso voltar a ter
interesse por isso. Deixar de lado leituras rupestres e me inteirar pelos mais
diversos pensadores. Voltar a lê-los por interesse, como fazia antes de entrar
na faculdade. Naquela época de ouro, Foucault e Nietzsche colidiam com Platão e
Jean-Paul Sartre de forma harmoniosa. Sem cobranças, realmente me deliciava a
cada página passada. Fecho o parêntese.
Talvez,
no momento mais lógico de minha vida, resolvi parar de destrinchar imaginários
alheios e cheguei a uma bifurcação: ou ninguém sabe satisfatoriamente, ou
ninguém dignamente letrado jamais regressou.
Minha
insignificante sapiência apenas me permite listar o que fica: sentimentos
interrompidos, entes queridos corroídos, credores enraivecidos (sim, eu os tenho), projetos em stand by.
A
verdade é essa: sou todo curiosidade. Com algumas pitadas de saudade e cansaço.
A
vontade? Reticências
“Não
tenho coragem para tirar minha própria vida. Eu rezo todas as noites para
encontrar a força para fazê-lo, mas a coragem me escapa. [...] Minha vida é um
constante estado de medo de alguém ou de algo. É impossível nadar contra a
corrente. Vale a pena viver a vida?”
(Shirley
Harrison, ‘O diário de Jack, o Estripador’)
*Antes de começar, urge
informar: o texto a seguir não é uma reflexão sobre o supracitado livro de um
dos meus autores prediletos. Apenas fiz uso de uma pequena referência bibliográfica
e, porque não, de cor. Leiam e vocês entenderão. Aliás, voltei a escrever, mas
isso não é um fato digno de comemoração.
Alguns anos atrás, após um
longa discussão, que não me lembro de muitos detalhes por agora, minha mãe me
questionou sobre os motivos da minha insônia. Pois é, eu sofro de insônia há
mais tempo do que consigo recordar.
Respondi que a causa mais
provável seria o excesso de pensamentos que circundavam minha mente.
Obviamente, como é o costume de toda mãe zelosa (para não dizer “curiosa”), ela
quis saber quais os assuntos recorrentes de tais aforismos.
Sobre tudo, mãe. Mas sobre o
nada, principalmente.
Penso tanto que já cheguei a
ter “metapensamentos”.
Eu sei, não sou normal.
E quando isso é feito? Bom, além
da minha cama, janelas de ônibus são meus locais favoritos. Funcionam como
espelhos, mostrando-me soluções inexequíveis para questionamentos
inverossímeis. Por questões ambientais, evito meu horário de banho. Minhas
horas de leitura também estão fora de cogitação.
Sempre procurei priorizar o
factível, a maneira mais prática. Hoje, isso não basta.
Ultimamente, venho me
sentando aqui, num desses bancos vermelhos, diante de tantos outros
bancos iguais, procurando alento para a maior das minhas batalhas: a busca da paz.
Difícil de imaginar tal
coisa, ainda mais se levarmos em conta que meu homônimo mais famoso está
descrito na história por promover uma das maiores guerras da Mitologia.
Novamente: eu sei, não sou normal.
Sentar aqui, praticamente
todos os dias, proporcionou-me (recentemente) chegar a uma conclusão: a paz que
tanto almejo só virá depois de concluir meu último projeto. O derradeiro e mais
audacioso projeto que já tive em mãos. Em contrapartida, com a metodologia mais
simples que já ousei refletir sobre. Que seja breve. E que eu não o tema.
"Quando você elimina o
impossível, o que sobra, por mais improvável que pareça, só pode ser a
verdade." (Sir Arthur Conan Doyle)
Comecei a escrever esse texto no fim de outubro passado. E,
desde então, venho postergando a sua conclusão.
Numa tentativa exagerada de exorcizar meus demônios, resolvi
retomá-lo alguns dias atrás e, numa avaliação totalmente descarnada, continuo
achando-o difícil de concluir. Porém, o dever é maior, e urge ser resolvido.
Sou uma pessoa do tipo saudosista. Isso desde a tenra idade.
E, se tem algo que evidencia ainda mais tal característica, pode-se dizer que é
o correr acelerado do tempo.
Não é certo dizer que SEMPRE tive problemas com o fato de
envelhecer. Até meus 10, 11 anos, os ponteiros do relógio giravam num ritmo
perceptivelmente mais lento. Talvez pela falta de responsabilidades, talvez
pelo modo simplista com o qual a vida nos é apresentado.
Tomei conta disso (velhice), pela primeira vez, quando
reparei nas primeiras rugas que surgiam no rosto de minha mãe e,
consequentemente, na sua falta de ânimo para nossas brincadeiras (minhas e da
minha irmã). Lembro de ter questionado uma de minhas professoras sobre isso. E
ela foi seca em sua resposta: minha mãe estava envelhecendo.
Pode parecer pueril agora, analisar isso de forma tão
prosaica. Mas, na época, senti medo. Medo de um dia acordar e não conseguir ver
em minha mãe uma centelha da mulher forte que ela havia sido durante minha
primeira década de vida.
Durante muito tempo procurei ser uma pessoa alegre. Uma
decisão controversa se levarmos em conta que sofri bullying por quase toda
minha vida escolar. Não sei mesmo explicar o porquê. Apenas posso teorizar
nesse ponto: meu pai sempre foi um ranzinza. Um reclamão de marca maior. Brigava,
xingava, nunca estava contente com nada. Não fazia meu tipo favorito. Eu
gostava mesmo eram das pessoas que conseguiam me fazer rir. Consequentemente,
julguei que o mesmo gosto caberia a todos que gostaria de ter em volta.
E a tática tem dado certo até agora. Porém, as pessoas
esquecem que não tenho como tirar leite de pedra. Minha “irradiação” de alegria
depende de uma fonte primária. E o meu sol se apagou, mais ou menos quando
comecei a escrever esse texto. As estrelas que sobraram, pela distância,
conseguem causar algumas cócegas esporádicas. Mas nada que me faça gargalhar.
Estou ficando ranzinza.
Agora, falando sobre o último giro de 365 dias: não tenho
muito que comemorar! Estou numa situação financeira melhor, vida amorosa
praticamente nula, vida social reduzida a pó, vontade de escrever quase zerada.
Todos os motivos para ser uma péssima data, não é? Daí, lembrei de uma promessa que fiz, uns cinco anos atrás, a uma pessoa muito importante (aquele sol que citei anteriormente): não me deixar abater e, por conseguinte, me tornar um alguém amargurado.
Para concluir essa delonga, uma das principais lições
que tomei da vida nessas três décadas se resume a música a seguir,
provavelmente a canção que mais ouvirei nas próximas 24 horas:
Acho que é uma das qualidades mais normais de nossa sagaz curiosidade começar a nos questionar sobre o porquê de cada peculiaridade de nossa personalidade. Sou assim até quando não percebo.
Uma dessas minhas qualidades, visível inclusive aqui no blog, é a mania de criar "Tops". Imaginar listas sobre tudo que possa ser classificado. Músicas, filmes, livros, bebidas, comidas etc. Recentemente, tentei elucidar esse mistério. Debrucei-me sobre este questionamento aparentemente insolúvel com o empenho de um investigador criminal. Pena meu QI não chegar a 120.. rsrs
O mais perto de uma solução que cheguei foi descobrir quando essa mania se tornou tão corrente e, principalmente, imperceptível. No fim de 2003, depois de um fim um pouco tumultuado de namoro, fui até a locadora do bairro atrás de alguma novidade. Cego devido ao turbilhão de pensamentos, pedi alguma (boa) indicação da atendente. Sai de lá 10 minutos depois, com "Alta fidelidade" nas mãos e 8 números anotados num papel surrado.
Para quem ainda não teve o prazer de assistir este filme, uma pequena sinopse: baseado no romance homônimo de Nick Hornby, a história gira em torno da fracassada vida amorosa de Rick Gordon, o dono de uma loja de discos e aficionado por criar listas de 5 quaisquer coisas. Depois de um pé-na-bunda dos mais sofríveis, ele resolve especular quais seriam os 5 finais mais trágicos de seus inúmeros relacionamentos. Juro que rever este filme, de vez em quando, me ajuda mais do que qualquer sessão de terapia com minha psicóloga (desculpa, D. Regina, mas é verdade! rs).
Digamos, e apenas isso que podemos fazer por hora, que já o revi MUITAS vezes. Contudo, nunca havia pensado em agir como o tal Rick Gordon. Sei lá, mas acho que pessoas propriamente ditas não possuem essências quantificáveis o bastante para serem comparadas. É um pouco bizarro de explicar isso. Só sei que não me sinto muito confortável julgando, pesando e/ou analisando detalhes individuais para efeito comparativo.
Entretanto, e esse enfim é o tema do post, no primeiro domingo deste mês de fevereiro (dia 3, para ser mais preciso), algo muito peculiar me aconteceu. Diria mais: foi o fato mais bizarro da minha vida. Num intervalo de mais ou menos 5 horas, "encontrei" 5 ex-namoradas (na verdade, 3 ex-namoradas e 2 ex-ficantes). Usei o termo encontrei entre aspas porque, em um dos casos, a dita cuja foi apenas avistada, já que a educação e os bons modos, infelizmente, não são qualidades extensíveis a todos (as).
Nesse dia, bêbado e ensopado, acabei perdendo minha última condução e precisei pegar um táxi para chegar até esse fim de mundo chamado Morro Doce. Durante a viagem de táxi, aproveitando o milagroso silêncio de seu condutor, comecei a divagar sobre o quê havia acontecido naquelas poucas horas. Acabei chegando no papel de Rick Gordon mais rápido do que minha sanidade poderia imaginar. Montei minha própria lista, meu "Top 5". Porém, como sou uma pessoa temorosa pela repercussão que a divulgação de nomes e detalhes poderia trazer, decidi levantar uma lista de 5 músicas que me vieram à cabeça logo que as revi. Para ajudar um pouco na identificação, limitei-me a acrescentar o local onde encontrei cada uma, bem como o tempo de namoro/rolo, a razão do término e uma pequena explicação sobre o motivo da música selecionada. Segue a lista:
1ª)Local: saída da estação Consolação do metrô Tempo de namoro: 1 ano e 4 meses Término: ela tomou a iniciativa. Foi traumático. Chorei, engordei e tentei suicídio. Conversamos por 2 minutos, só por educação. Motivo da escolha musical: é cafona, eu sei. Mas era uma música que tocava muito nas rádios em 2002 e logo virou nossa música (podem me julgar, eu não ligo!).
2ª)Local: barzinho na Rua Augusta Tempo de namoro: 4 meses Término: ela também tomou a iniciativa. Lembro de ter sido BEM repentino. Fiquei muito mal. Para evitar encontrá-la na faculdade (sim, éramos do mesmo curso), comecei a frequentar outros departamentos. Conversamos por 5 minutos, sem grandes novidades. Motivo da escolha musical: sou sincero ao dizer que não a conhecia. A ex em questão foi quem me apresentou a esta música.
3ª)Local: outro barzinho na Rua Augusta Tempo de namoro: 1 ano de "ficadas", idas e vindas Término: deixemos em branco devido a complexidade do caso.. rsrs Motivo da escolha musical: digamos que temos estilos de vida antagônicos. E, em contrapartida, seriados favoritos em comum.
4ª)Local: barzinho na Rua Matias Aires Tempo de namoro: 2 semanas Término: para variar (e isso não me surpreende!), foi uma decisão dela. Digo que superei, mas até hoje ainda sofro um pouco. Estava no último ano da faculdade (sim, ela também era uma colega de curso) e pensei em abandonar tudo. Me apaixonei de verdade e me fodi bonito. Nessa ocasião, não teve nem a decência de me olhar na cara. Não a culpo. Motivo da escolha musical: aquela típica "afunda fossa". Repeat and repeat again.
5ª) Local: escada rolante dentro da estação República do metrô Tempo de namoro: 2 meses Término: finalmente, foi minha a iniciativa. Porém, foi uma decisão muito difícil. Era uma garota divertida e cinéfila. O problema era comigo mesmo. E o pensamento que ainda estava na citada anteriormente. Conversamos por uns 15 minutos e até marcamos algo (!). Motivo da escolha musical: era uma de suas músicas favoritas.
Foi divertido. Sofri muito por 3 delas. E fiz uma delas sofrer muito também. Coisas que não deveriam, mas acontecem pelo simples fato de sermos os ignorantes e egocêntricos que somos. Incapazes de enxergarmos recomeços, desatarmos nós e vivermos o presente. Apenas conseguimos ver as limitações alheias e nos achamos deuses por isso. Tsc, tsc.
Cá estou de volta. E digo logo: não esperem que os anos vindouros retornem. Não sou mais o mesmo e duvido muito que volte a ser uma centelha daquilo que fui. Paciência é só o que posso almejar. Um pouco mais. Porque a morte, essa maléfica advogada, deve andar com a agenda cheia para honrar seu compromisso para comigo.
Mas deixemos os assuntos funestos de lado, ao menos por alguns instantes, e falemos de algo agradável. Ou melhor tragável. Como bem sabem, dadas raras exceções, os temas abordados aqui no blog vêm perdendo a pouca qualidade que tinham. Isto não é opinião, mas fato. O principal culpado, eu, sempre enfrentei problemas com a minha veia criativa.
Pode até parecer novidade para alguns, porém, a verdade é que nunca fui muito bom nisso. Por inúmeras vezes me senti como um intruso nesse "lar". A raíz criativa deste lugar sempre pertenceu a outra pessoa. Um ser iluminado e vital para a existência e prorrogação de tudo que veio a seguir.
Sinto-me, assim como este blog, orfão. A ficha, lentamente, está caindo. Sem causa, coragem ou mesmo personalidade, às vezes me olho no espelho e vejo apenas o reflexo do seu inverso. Cores nítidas e vivas representando apenas objetos inanimados. Ah, e ambientes, claro!
Que falta você faz, Criatividade! E que pouco valor fui capaz de lhe atribuir. Caminhos injustos esses nossos, prerrogativas de um final nada feliz. É isso, exatamente a isso que fui reduzido: um desafortunado clichê. Um lugar comum dos mais vulgares e mefistos.
Tenho pena daqueles que lerão isso e pensarão coisas do tipo "nossa, esse cara é um gênio" ; "que expressão, que forma de escrita magnífica" ou outras frases do gênero. Eu sou uma fraude! Novamente, não é uma opinião, mas fato. Corroborem com essa afirmativa e tudo ficará mais fácil. Para todos.
Talvez eu volte. Talvez não. As decisões são indiferentes e injustificáveis quando partem de contestações.
Várias pessoas, por n vezes, já me perguntaram porque estou sempre sorrindo. Apesar de ser a dedução mais lógica, digo logo: eu não sou bobo. Mesmo diante de todas as adversidades que a vida me proporciona, assim como deve contemplar a todos, procuro enxergar o lado positivo das coisas.
Mas não fui assim sempre. Tive meus anos de feições amarradas e cara de poucos amigos. Sabe onde isso me levou? Isso mesmo. Lugar nenhum!
Aprendi, a duras penas (vale ressaltar), que um sorriso não é o bastante para abrir portas, muito menos derrubar muros. Porém, nos deixa a meio caminho para isso.
Desde pequeno, fui criado dentro dos princípios de uma certa religião. Se não a sigo e porque não a sigo são questões particulares que aos demais cabe apenas especular. Contudo, muitas de minhas crenças hoje ainda são baseadas em alguns desses princípios.
Acredito, e tenho isso como uma filosofia de vida, que tudo acontece por um motivo. O acaso, como alguns gostam de alcunhar o desconhecido, o incomensurável e/ou o incompreensível, nada mais é (numa analogia rasa) como a ponta de um iceberg.
Algumas semanas atrás, quando ainda estava mergulhado num dos turbilhões que me acometeram no último trimestre de 2012, tive uma breve conversa com um dos meus tios mais novos. Criado numa outra religião, ele me disse algo que, apesar de óbvio, eu nunca havia parado para refletir: “se você plantar feijão, não espere um dia colher milho”. Essa frase (percebi isso depois) corrobora minha filosofia de vida que já citei antes: nada acontece por acaso! (parece título de livro de auto-ajuda, eu sei).
Mas, afinal, por que estou fazendo essa (longa) introdução? Não é uma das perguntas mais perspicazes. Entretanto, é o mote deste post e respondê-la é a única forma de explicar satisfatoriamente o título que dei.
Em outubro, às vésperas de completar 32 anos, perdi minha melhor amiga e a maior de todas as paixões que já tive. Dizer que foi traumático e doloroso é clichê. Ninguém em sã consciência está realmente preparado para uma notícia dessas. Depois de 10 noites mal dormidas me questionando sobre minhas decisões de 13 anos atrás, abracei afetuosamente a ajuda profissional que se fez presente. Não entrarei em detalhes do ocorrido porque ainda custo a acreditar. Conformei-me porque sei que nenhum pensamento ou ação tem o poder de revertê-lo.
Entretanto, o processo foi demorado. Durante meu mês de luto, abusei da benevolência de uma pessoa muito especial que reencontrei em 2012. Por razões que fogem de qualquer explanação justificável, não consegui ser totalmente honesto com ela. O fim foi célere e irremediável. O recomeço, sei bem, só depende de mim.
Pois bem, dois meses depois, num evento que poderia facilmente classificar como tragicômico, a casa dos meus pais foi invadida e saqueada. Entre as perdas, meu HD com tudo que acumulei durante minha vida: poemas, fotos, trabalhos da faculdade, rascunhos e esboços de meus 5 livros, filmes entre outras coisas.
Não posso dizer que não fiquei puto com isso. Fiquei sim e muito. Mas logo me perguntei: “Para quê?”. Nutrir raiva e frustração nesses momentos é natural. Entretanto, de que adianta? É triste, claro. Mas a vida segue. Aos poucos vamos retomando as rédeas.
E, quando a idade já se apresentar avançada, tudo não passará de lembranças. Boas ou ruins. Chorosas ou risíveis. Apenas lembranças de dois dias de uma mesma numeração que tiveram seus motivos para acontecer.