Alguns dias atrás, tive um sonho estranho: eu estava num programa do tipo talk show sendo entrevistado por (pasmem!), ninguém mais, ninguém menos que Angelina Jolie! Era o tipo de coisa que até em sonho é difícil de acontecer! Eu era a celebridade e ela uma simples apresentadora de emissora quase-falida.. e as perguntas, modéstia a parte, não eram lá as melhores que se poderia fazer a uma “celebridade como eu”.. rsrs
O sonho nem durou tanto, mas num momento totalmente egocêntrico, comecei a ensaiar o que poderia ser uma verdadeira entrevista valiosa, caso isso acontecesse aqui, “in the real world”, como diria Morpheu*. Tentei pensar em várias perguntas interessantes e, por conseguinte, em respostas ainda mais interessantes.
Vou relatar agora um pequeno trecho da minha “entrevista imaginária”:
AJ: Voltamos agora como o nosso entrevistado que se auto-intitula...
EU: .. o futuro bibliotecário mais sarcástico que existe! Isso mesmo, Jolie.
AJ: Por que esse título?
EU: Acho que é por causa do meu excesso de humor.. acabo ficando sarcástico demais, mas só algumas vezes [risos]...
AJ: E quais são as novas na biblioteconomia?
EU: Bom, as novas são que as “velhas” estão demorando cada vez mais para morrer [risos] e, assim, liberar espaço para os novos formandos.. culpa da expectativa de vida.. maldita saúde brasileira! [risos]
AJ: Qual a razão de você ter escolhido esse curso?
EU: Não sei.. quanto mais eu penso sobre isso, mais eu chego a conclusão que deveria ter escolhido algo mais rentável ou divertido.
AJ: Então é uma área onde se ganha pouco?
EU: Não exatamente. Na verdade, é uma área esquecida, renegada por nós mesmos, profissionais e futuros profissionais.. existe muito conformismo, sabe? Daquele tipo: “ah, está bom aqui e assim, e assado, então para quê reclamar?!”. Sem contar que é uma área que não dá lucro. Lucratividade hoje é criar informação, e não organizá-la.
AJ: Mas as pessoas vêm mudando essa mentalidade sobre vocês, biblioteconômicos, não é?
EU: Claro que sim! Lentamente.. na velocidade de uma lesma [riso], mas vêm sim. Uma pena que, ao mesmo tempo em que uma lesma tenta atravessar uma estrada, um filhinho de pai com o carro esportivo da vez, passa a 300 km/h e acaba por atropelar essa mesma lesma. E desculpe ter que lhe corrigir, Jolie, mas o certo é “vocês, bibliotecários”. Você não se importa que eu te chame de Jolie, né?
AJ: Não, claro que não. Posso lhe chamar só de H?
EU: Eu até prefiro. Nunca fui muito fã desse nome, sabe? As crianças podem ser muito malvadas quando querem.. tive que agüentar muita provocação por causa dele.. hoje já me acostumei.. assim que crio uma certa intimidade com a pessoa, já peço para me chamar só por H.. assim fica fácil para ambos [risos]
AJ: Bom, mas agora vamos falar um pouco sobre sua vida pessoal. Vamos fazer um tipo bate-e-volta? Tudo bem pra você?
EU: Como você quiser, querida.
AJ: Então vamos lá.. qual seu maior medo?
EU: Envelhecer.
AJ: Sua maior frustração.
EU: Ter 25 anos e ainda morar com meus pais.. [suspiro]
AJ: Uma paixão.
EU: Pão de queijo.
AJ: Eu quis dizer uma paixão no sentido de uma pessoa..
EU: Ah, desculpe.. [depois de pensar um pouco] Próxima pergunta, por favor! [risos]
AJ: Se pudesse ter um “superpoder”, qual seria?
EU: Teletransporte, com certeza. Detesto perder tempo me deslocando de um lugar para outro. Ou, quem sabe, até a invisibilidade.. já pensou o que eu poderia fazer com isso?! [risos]
AJ: E, para finalizar, [aaaahhhh, exclama a platéia].. pois é, eu sei que vocês gostariam que durasse um pouco mais, porém, nosso entrevistado tem outros compromissos. Bom, mas para finalizar, tem algum ditado ou ensinamento que você segue?
EU: Boa pergunta, Jolie. Muito boa mesmo. [alguns risos da platéia] Na verdade, existe uma frase que um amigo meu dizia, que era mais ou menos assim: “o importante na vida não é a maneira como caímos, mas sim o motivo que nos faz levantar a cada queda”.
AJ: Muito obrigado pela entrevista, H.. sucesso na sua carreira.
EU: Obrigado, Jolie. Eu é que agradeço a oportunidade. Felicidades para você e para o sortudo do Brad. [risos e aplausos da platéia]
H (aproveitando enquanto não inventam um imposto para sonhos)
* Papel de Lawrence Fishburne na trilogia Matrix
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