sábado, 23 de maio de 2009

Diretores - Alfred Hitchcock

"Parece que temos uma compulsão atualmente em enterrar cápsulas do tempo para dar às pessoas do próximo século alguma idéia do que somos. Eu preparei uma das minhas próprias cápsulas do tempo. Coloquei umas amostras de dinamite, pólvora e nitroglicerina. Minha cápsula do tempo vai até o ano 3000. Ela mostrará a eles o que realmente somos." [A. H.]

Quando pensei em criar esse quadro, não tinha me passado pela cabeça o tamanho da responsabilidade que estaria assumindo. Ainda mais para falar de personas tão fantásticas quanto essa que falarei agora. Seres extraordinários que já faziam muito sucesso antes mesmo dos meus pais nascerem.

Antes, preciso ser honesto com vocês: não assisti muitos filmes desse diretor. Logo, a maioria das coisas que citarei aqui, serão informações retiradas de sites e/ou livros que li nessas últimas duas semanas. Foi difícil criar um texto uniforme, sucinto, porém, informativo ao nível que ele merece. Aqueles que repararem na falta de algo, por favor, escrevam nos comentários. Afinal, esse Mundo também é de vocês. Crescemos mais com as críticas do que com os elogios...

Sir Alfred Hitchcock (título que recebeu das mãos da Rainha Elizabeth II, em 1980) nasceu em Londres, no dia 13 de agosto de 1899. Filho de Emma e William Hitchcock, recebeu uma rígida educação católica na escola londrina St. Ignatius College, cuja a estrutura escolar era baseada nos ensinamentos do jesuíta Inácio de Loyola. Aos 14 anos, perdeu o pai, deixou a escola e começou a trabalhar na companhia Henley, como fabricante de cabos elétricos, onde desenvolveu trabalhos em design gráfico de publicidade.

A sua carreira cinematográfica começou em 1920, com um emprego na Famous Players-Lasky, filial da Paramount Pictures e, durante dois anos, ele fez o "cartão" que aparecia em dialógos de filmes mudos. Logo aprendeu a criar roteiros e a editar. Em 1922, tornou-se cenógrafo e assistente de direção. Nesse mesmo ano, fez o seu primeiro filme, chamado "Number Thirteen", mas o projeto foi abandonado. Até o início de 1925, Hitchcock trabalhou em Berlim, na UFA (Universum Film AG). A sua criatividade surpreendeu os dirigentes do estúdio, que decidiram promovê-lo a diretor e, assim, ele ganhou a primeira chance no filme "The Pleasure Garden", no fim daquele ano.

Mas só no ano seguinte, na sua terceira realização, ''O Inimigo das Loiras'', é que ele abordou o suspense. A partir daí, Hitchcock faria pelo menos uma aparição em cada uma de suas produções, o que se tornaria uma das suas marcas. Esse gênero ele nunca mais abandonou. Assim como Alma Reville, (assistente de diretor que trabalhava com ele na Paramount) com quem se casou em 1926. O casal teve uma filha, Patricia, nascida em 1928, e que fez algumas pontas em filmes do pai (''Pacto Sinistro'', ''Psicose'').

A fase inglesa do realizador já tinha as mesmas características dos filmes norte-americanos. Falsos culpados, seres normais diante da incredulidade ou agindo descontroladamente sob o domínio do mal, entre outras características. Neste período, ele usa uma técnica chamada de MacGuffin (às vezes de McGuffin ou Maguffin), que designa uma desculpa argumental que motiva os personagens a desenvolver uma história, um pretexto para avançar na trama sem que ele tenha muita importância no conteúdo da mesma.

Em 1939, Hitchcock e família se instalavam em Hollywood a convite do produtor David O'Selznick, que lhe contratou para dirigir “Rebecca, a Mulher Inesquecível”, adaptado de um livro da escritora Daphné Du Maurier. O filme foi um sucesso e ganhou o Oscar de melhor, além de valer uma indicação para Joan Fontaine como melhor atriz e para o próprio Hitchcock como melhor diretor.

"Estilo é plagiar a si mesmo" [A. H.]. Com histórias dos mais diversos escritores (Robert Bloch, Cornell Woolrich, Patricia Highsmith etc) e trabalhando com produção modesta (''Psicose''), cenário limitado (''Festim Diabólico''), trucagens (''Os Pássaros''), com fartos recursos cênicos (''O Homem que Sabia Demais'') e cenários belíssimos (''Intriga Internacional''), ou mesmo com conflitos teológicos (''A Tortura do Silêncio''), Alfred Hitchcock transitou entre fracassos de crítica e criações notáveis que até hoje, passados tantos anos, ainda oferecem um prazer intenso para quem as assiste.

O suspense de Hicthcock distinguia-se do elemento surpresa mais característico do cinema de horror. O suspense é acentuado pelo uso de música forte e dos efeitos de luz. Nos filmes hitchcockianos, a ansiedade do espectador aumenta pouco a pouco enquanto, o personagem não tem consciência do perigo. São apresentados dados ao telespectador que o personagem do filme não sabe, criando uma tensão no espectador em saber o que acontecerá quando o personagem descobrir. Além disso, era recorrente em seus filmes o personagem agir como se soubesse que o telespectador está observando sua vida. Daí os constantes closes dos atores com expressões perplexas e/ou dissimuladas.

Bonachão, sarcástico e bem humorado, certa vez, perguntado sobre uma declaração sobre os atores de Hollywood e a dificuldade de se conseguir um bom elenco para seus filmes, respondeu: "Walt Disney tem o melhor elenco. Se não gosta de um ator, ele simplesmente o apaga."

Apesar de indicado cinco vezes ao prêmio máximo da Academia, recebeu apenas o Irving G. Thalberg Memorial Award, em 1968, prêmio dado às pessoas que contribuíram para o desenvolvimento da arte cinematográfica.

Morreu em 29 de abril de 1980, na cidade de Los Angeles, de insuficiência renal. Em mais de 50 anos de trabalho, produziu o incrível número de 53 filmes, verdadeiras obras primas da sétima arte.

Alguns de seus filmes que recomendo (e que também pretendo assistir.. rs):

* O Homem que Sabia Demais (1934)
* Os 39 Degraus (1935)
* Rebecca, a Mulher Inesquecível (1940)
* Quando Fala o Coração (1945)
* Interlúdio (1946)
* Festim Diabólico (1948)
* Pacto Sinistro (1951)
* Disque M para Matar (1954)
* Um Corpo que Cai (1958)
* Intriga Internacional (1959)
* Psicose (1960)
* Os Pássaros (1963)
* Frenesi (1971)

E os livros que me ajudaram a escrever esse post:

ARAUJO, Inácio. Alfred Hitchcock: o mestre do medo. São Paulo: Brasiliense, 1982.

TRUFFAUT, François. Hitchcock/Truffaut: entrevistas. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.


H ("A única forma de me livrar de meus medos é fazer filmes sobre eles." [A. H.])

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