terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Auto-história: o "princípe" francês


A Europa, apesar das restrições de hoje, sempre foi apaixonada por veículos automotores. Foi o continente onde surgiu o primeiro deles e abriga, atualmente, o maior números de salões do automóvel.

Por esses e muitos outros motivos, a Europa é tida não só como laboratório para o lançamento de protótipos, mas, também, para a criação desses.

A francesa Societé Anonyme Automobiles Citroën, ou, simplesmente, Citroën, foi fundada em 1905. Durante a Primeira Guerra Mundial, fabricou armamentos. Sua vocação para os veículos automotores surgiu, de fato, a partir de 1919.

Desde a década de 1930, a montadora francesa era conhecida pela ousadia e inovação no desenho de seus carros. Foi assim com os 7CV e 11CV (da série Traction Avant) e, posteriormente, o 2CV. O que os três carros, além dos dois adjetivos já citados, tinham em comum?! As mãos e a mente que os tornaram realidade: Flaminio Bertoni e André Lefebvre.

No início da década de 1950, os dois estavam trabalhando no novo projeto da marca. Ele devia ser o sucessor final da série Traction Avant. Em outubro de 1955, no Salão do Automóvel de Paris, era apresentada ao público a nova sensação da Citroën: o DS 19. O sedã de quatro portas mais parecia ter saído de um filme de ficção cientifica, como dizia a imprensa da época. Nos três primeiros dias em que ficou exposto, a montadora registrou quase 80 mil pedidos de fabricação do protótipo.


Visto de frente, lembrava um sapo (apelido carinhoso que ficou marcado). Visto do alto, tinha forma de uma gota. O espaço interno era invejável. Tudo graças ao enorme entre-eixos de 3,13m! Algo jamais realizado na indústria automotiva de qualquer geração. E o que você acharia de dirigir um carro que tivesse um volante com apenas um raio? Impossível de imaginar?! Pois é, mas o DS tinha...

O teto (de plástico reforçado) tinha uma pequena inclinação para trás. As rodas traseiras (um charme à parte) ficavam escondidas, envolvidas pela lateral do carro. Mas ele não era revolucionário apenas no desenho. O sistema de suspensão hidropneumática possibilitava a regulagem da altura da carroceria em três níveis. Alguns garantiam que nem era preciso macaco para trocar um pneu e, ainda, que, devido a inclinação da carroceria, o DS 19 podia andar até sem uma das rodas traseiras!

Porém, nem tudo era novidade no DS 19. O motor inicial, depois de várias experiências frustradas, decidiu-se pelo mesmo do 11CV. Era um 1.911cm³, com 75cv de potência, chegando a 140km/h de máxima.


Até 1966, as novidades com relação ao DS estavam apenas no lançamento da versão perua (chamada de Break) e numa versão mais simplificada e barata, chamada ID 19. Em 1967, o DS recebia uma grande modificação em estilo. A frente ganhava novo grupo óptico, em que atrás de uma lente em forma de amêndoa estavam quatro faróis (foto acima). Os dois das extremidades eram fixos e os internos acompanhavam o movimento das rodas, recurso que foi logo proibido no continente europeu, trazido de volta mais de 20 anos depois pela própria Citroën. Nessa época, o carrinho foi dividido em várias versões (D Spécial, D Super e DS 21).

O motor mais potente que ele teve (2.347cm³ a injeção, 141cv e 195km/h de máxima) foi justamente seu último, disponível a partir de 1973. Dois anos depois, em abril de 1975, o DS dava lugar ao seu sucessor (não tão inovador) CX. Com quase 1,5 milhão de unidades vendidas, o DS foi, sem sombra de dúvida, o carrinho responsável por colocar a marca Citroën no hall da fama automotiva.

Para os cinéfilos: no filme “Operação França” (1971), excelente filme policial com Gene Hackman, o DS é um dos primeiros carros a aparecer; Em “O Dia do Chacal” (1973), ele faz (perfeitamente bem.. rs) o papel de carro presidencial; Graças ao seu desenho futurista, ganhou uma ponta no filme de Robert Zemmeckis e Steven Spielberg, “De Volta Para o Futuro II” (1989), onde atua como um táxi voador do ano de 2015!; E, por falar em Spielberg, o DS também foi usado no divertido “Prenda-me se for Capaz” (2002), quando aparece na parte final da trama, como carro oficial da polícia francesa.


H (Estou pagando em dinheiro pelo tempo alheio!)

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