Não sei exatamente quando o conheci. Talvez numa Quinta & Breja, no distante ano de 2010. Talvez
antes. Colegas e conhecidos em comum tínhamos aos montes. Apesar de convivermos num
departamento pequeno na faculdade, naquela época, sempre era mais fácil
encontrar o pessoal na prainha da ECA.
Hoje, eu sinto muito por isso.
Não estava passando pelo melhor dos meus momentos e, além disso, torcia para
conseguir sair o quanto antes daquele lugar.
Quando realmente posso dizer
que conheci o Saladino, foi numa viagem para o EREBD Sul, em Londrina/2011.
Três semanas depois da minha colação de grau, tinha decidido encerrar o ciclo por
ali participando dessa viagem de quase 8 horas com desconhecidos e entusiastas
do curso.
Na nossa primeira noite por
lá, enquanto todos se aprontavam para uma das várias festas noturnas que
teríamos, ficamos nós dois terminando um litrão. Ali, naqueles poucos minutos, percebi o quão humano ele era. Num dado momento, depois de muita conversa, ele
me apontou o dedo em riste e disse “grandes coisas ainda acontecerão à você, se
você se permitir.”
Mesmo brincalhão, ele tinha um
lado conselheiro, amigo para com todos. Assim foi comigo, ali naquela mesa e
pelos 4 anos seguintes. Sempre que nos encontrávamos, demonstrava uma
preocupação legítima com meus assuntos pessoais e profissionais. Era mútuo. Logo, chamá-lo de Sal, Salada,
Saladino ou qualquer outro termo variado era pouco. Luis Rodrigo, para mim, era
(e sempre será) o Mestre!
Infelizmente, de 2016 para cá,
perdemos o contato. A vida adulta nos compele a isso. Queria muito ter sido um veterano melhor, um amigo mais presente,
alguém mais útil. Às vezes, acabamos dando importância para coisas que, mais
tarde, percebemos que nem eram tão importantes assim. E eu sinto muito por
isso, amigo!
Guardarei até o fim da minha
sanidade seus conselhos e ensinamentos. O principal deles? Que a vida não lhe
deve nada. Se você quer algo, se realmente almeja algo, cabe a você (e a você
apenas) correr atrás desse algo.
Na minha opinião, esse era
você: alguém que não esperava nada. Porque tinha (e sabia de) tudo que
precisava; nem mais, nem menos. Um desbravador, um poeta, um amigo. Meu
Mestre.
No
longínquo ano de 2003, enquanto me recuperava de um inequívoco namoro terminado
depois de 15 meses e, além disso, procurava me readequar a uma nova vizinhança
e me preparar para prestar a Fuvest pela 2ª vez, meu primo mais velho, durante
uma bebedeira na festa de 19 anos da minha irmã (ainda viva na época), passou
quase duas horas comentando sobre um seriado novo que ele estava acompanhando.
Apesar
de bêbados, nossos risos não ressoaram tanto quanto a nossa calorosa discussão
acerca de super-heróis e suas ricas mitologias. Era evidente que ele entendia
(e ainda entende) de tais assuntos muito mais do que eu. Dessa forma, fiz o que
sei fazer de melhor diante dessas situações: ouvir mais do que falar.
Seu
fascínio pelo tal seriado surtiu efeito: pedi o box com a 1ª temporada
emprestado e, correndo contra o tempo (já que trabalhava quase todos os dias,
sem horários fixos) e o espaço (o pouco tempo que sobrava, eu dedicava à
leitura dos livros do vestibular), fiz o melhor que pude nas três semanas
seguintes: finalizei a temporada sedento por mais. Afinal, segundo meu primo, o
seriado já estava em sua 3ª temporada.
Cabe
explicar que, naquela época, seriados para mim eram, basicamente, limitados aos
exibidos pela TV aberta: “Três é Demais”, “Jack & Jill”, “Desaparecidos”,
“Simpsons”, “MacGyver”, “O Mundo de Beakman”, “Anos Incríveis”, “Arquivo X”, só
para citar alguns. Tinha comprado meu primeiro DVD Player há pouco. E nem
ganhava tanto assim! Logo, maratonar um seriado ainda era algo fora dos meus
padrões.
Mesmo
assim, decidi começar minha coleção. E, ano após ano, adquiri todas as dez temporadas
do tal seriado. Algumas vezes, as comprei ainda em pré-venda, pagando valores absurdos
para os dias atuais.
Cada
vez que nos reencontrávamos, meu primo e eu, recomeçávamos nossas discussões
sobre o seriado: “em qual episódio você
está?”; “o que achou da temporada
passada?”; “onde conseguiu comprar
esse box tão barato?” etc. Infelizmente, de 2009 para cá, perdemos contato.
E
como uma coisa leva a outra, por não encontrar ninguém tão entusiasmado para
discutir sobre, apesar de adquirir as 9ª e 10ª temporadas logo, nem procurei
retirá-las do invólucro. Somado a isso, meu interesse por outros seriados
despertou.
E
assim foi por 4 anos até que, recentemente, assisti ao documentário Look, up in the sky!: the amazing story of Superman. Bateu aquela sensação de algo por concluir. Em duas
semanas, aproveitando um pouco do tempo extra que tenho agora, consegui rever
todas as 8 primeiras temporadas (alguns episódios ainda considero meio que
inéditos rsrs) e, com aquele frio na barriga típico de estreias, lancei mão das
embalagens plásticas que envolviam as duas últimas e, com lágrimas abundantes,
finalizei o seriado.
Fazendo
uma análise rápida, não concordo com alguns que reclamam (ou melhor,
reclamavam) acerca do excesso de episódios obsoletos e falta de objetividade no
seriado. Fellas, o seriado mostra o amadurecimento
de um super-herói! Um jovem alienígena que, naturalmente, por ser criado como
um ser humano, também tem seus momentos de rebeldia, angústia e turbulência
adolescente. Acho todo o desenvolvimento dessa transposição da juventude para a
fase adulta muito bem estruturada durante o seriado. É impossível montar e
exibir todo o desenrolar dos 16 aos 26 anos em apenas uma ou duas temporadas.
Fora
isso, tenho de ressaltar os vários momentos em que os produtores do seriado me
surpreenderam, incluindo participações especiais ligadas de alguma forma a todo
o percalço televisivo e cinematográfico do Superman. Só para citar alguns:
Annette O’Toole (Martha Kent), que em 1983, deu vida a jovem Lana Lang no
desnecessário filme Superman III;
Margot Kidder (Bridgette Crosby), a estabanada Lois Lane dos 4 filmes
clássicos das décadas de 70 e 80;
Dean Cain (Curtis Knox) e Teri
Hatcher (Ella Lane), o casal título do emblemático seriado da década de 90,
As novas aventuras do Superman;
Michael McKean (Perry White), que fez uma pequena participação na já
citada série televisiva acima;
Helen Slater (Lara-El), a Supergirl do filme de 1984;
Christopher Reeve (Dr. Virgill Swann), que dispensa maiores apresentações.
Minha
ode à Pequenópolis não poderia ser completa sem alguns agradecimentos: meu
primo, Wellington, por ter me
apresentado o seriado; Alfred Gough e
Miles Millar, não só por
desenvolverem um ótimo seriado, mas também por criarem uma nova atmosfera para
a Liga da Justiça. A breve inclusão do Esquadrão Suicida talvez necessitasse de
mais uma temporada para ser melhor apresentada; Kristin Kreuk, por ser uma das minhas primeiras paixonites
impossíveis; Michael Rosenbaum, por
não ter aceitado renovar seu contrato e, dessa forma, ajudado a melhorar (e
muito) os roteiros das 3 temporadas finais; Jerry
Siegel e Joe Shuster, por criarem
o maior super-herói do universo DC; Mark
Snow, por sonorizar tão perfeitamente o seriado; e, um pouco fora deste contexto, mas não
menos importante, John Williams, o
mestre supremo e meu herói das trilhas sonoras, por ter criado a mais perfeita
música tema a representar um super-herói:
Enfim, quem
ainda não assistiu, fica a dica. Sei que a música tema pode irritar depois da 3ª ou 4ª temporadas. E até aí, o clima do seriado é um pouco parecido com "Arquivo X" (o que não chega a ser um ponto negativo! rs). Se quiserem discutir sobre, basta usarem
os comentários.
Às vezes, pode até parecer que
não sinto, mas tenho muita saudade deste espaço, desta possibilidade de
escrever sobre fatos corriqueiros e/ou assuntos dos quais tenho apreço. Porém,
e já entrando de supetão no assunto deste post, tornar-se adulto é um constante
ato de desencontrar-se.
Fui “forçado” a me despedir de
inúmeros hábitos para tentar enquadrar outros. Sei que não deve ser fácil tomar
tais decisões. Por isso as aspas no início deste parágrafo. Contudo,
particularmente, como sou um saudosista dos mais piegas, todo ADEUS acaba se
tornando um ATÉ BREVE que nunca acontece.
Exemplo maior está
sociologicamente vinculado a este dia, celebrado duas semanas atrás (sim, perdi
o dia da postagem!). Uma data parcialmente comemorada até meus 12, 13 anos e
que perdeu seu viés justamente por já ter idade o bastante para ter meus
próprios filhos. Só idade mesmo, porque as atividades e atitudes, não raras,
denunciam a “criança grande” que me tornei.
Pensando nisso e inspirado
pelo espírito (figurativamente falando, lógico!) deste dia, além da comemoraçãodos 25 anos da estreia de um dos melhores programas infantis da minha época, decidi
montar uma lista com os desenhos que marcaram minha primeira idade, numa era
ainda sem internet e responsabilidades.
Os desenhos aqui
listados, antes que me perguntem (até parece que alguém faria isso!), foram
dispostos em ordem alfabética e não em ordem de importância. Obviamente, gosto
de alguns muito mais do que de outros. Mas, pela preservação da minha reputação
e dignidade, prefiro manter tais informações em off.
1) A Corrida Maluca
O desenho passou por vários
canais. Mas me lembro de assistir na primeira delas: Rede Manchete. E o desenho
era sensacional.
2) A Formiga Atômica
Lembrar da Formiga Atômica é
lembrar da Vovó Mafalda.
3) Animaniacs
Os três irmãos eram muito loucos e me faziam rir
muito.
4) As aventuras da família
Mézga
Apesar de me lembrar pouco
deste, gostava muito dele por retratar uma família que se aventurava pelo
mundo, apresentando particularidades de cada nação visitada.
5) Capitão Planeta
Numa época em que a Rede Golpista de Televisão era
boa, a união de 5 poderes era o bastante para “salvar” nosso planeta. Ou apenas
nos apresentar algumas ilusões disso.
6) Caverna do Dragão
Confesso que era um pouco complicado de entender.
Afinal de contas, por que o velho baixinho não mostrava de uma vez a saída? Por
que o vingador voava num cavalo alado se ele também tinha asas?! Por que aquela
por$# da Uni não morria logo? Por quê?!
7) Cobi
O Cobi, para quem não sabe, foi o mascote dos Jogos
Olímpicos de 1992, na Espanha. No ano seguinte, a TV Cultura exibiu alguns
episódios do cartoon baseado no personagem. Entre muitas aventuras, o Cobi
também apresentava as regras básicas de alguns esportes olímpicos.
8) DuckTales
Como não gostar de um desenho que tem a canção tema
cantada pelo Bozo?!
9) He-man e Os Defensores do Universo
Mano, sério: tão imutável quanto Clark Kent, como o
Esqueleto nunca percebeu?! Alguns meses atrás, a Netflix me fez um enorme favor
e incluiu a 1ª temporada no seu catálogo. Não poderiam ter feito minha criança
interior mais feliz!
10) Johnny Quest
Lembro de assisti-lo aos sábados, pela manhã, na Rede
Golpista de Televisão. Nada mais do que isso, infelizmente.
11) Ligeirinho
Assim como a famigerada Formiga Atômica, o assistia no
programa da Vovó Mafalda.
12) Muppet Babies
Esses bebês tinham uma imaginação invejável. O fato de
o rosto da babá nunca aparecer nem era percebido. Talvez meu episódio favorite seja
aquele em o Scooter acaba ficando doente e todos decidem “viajar” através do
seu umbigo para descobrir o porquê da doença.
13) O Fantástico Mundo de Bobby
Ah, esse já era esperado, né?! Afinal, de onde vocês
acham que tirei a inspiração para nomear este blog? O Bobby tinha uma
imaginação sem precedentes e ainda apresentava uma canções ótimas, como aquela
das formas.
14) Os Herculoides
Infelizmente, não posso dizer muito sobre este desenho
porque não me lembro. Foi um dos primeiros que sei ter assistido, também na era
de ouro da extinta TV Manchete.
15) Os Impossíveis
Os caras, além de ter superpoderes, ainda tocam numa
banda! Era um dos desenhos dos tempos áureos da TV Manchete. Eita saudade!
16) Pink e o Cérebro
Adorava a relação autoritária e “afetuosa” que eles
tinham. Perseverança era a palavra de ordem.
17) Pole Position
Basta ouvir essa música para
ficar com os olhos marejados. Acho que minha admiração por carros esportivos
surgiu aqui. Tenho o tema principal como toque do meu celular e meus olhos ficam marejados toda vez que recebo uma ligação.
18) Rua dos Pombos
Como todas animações que eram
exibidas pela TV Cultura, a Rua dos Pombos era muito educativa, mostrando o convívio
corriqueiro de uma vizinhança.
A prova de que bons desenhos
não precisam, necessariamente, de diálogos. Muito inventivos, os dois amigos
sempre tinham alguma ideia mirabolante para resolver um problema simples.
Gostaria de escrever aqui uma história engraçada que passamos juntos. Ou, até, contextualizar alguma de suas inúmeras lições de ética e moral, exemplificada sempre de uma maneira debochada e simplória.
Porém, cheguei a conclusão que nossas histórias não servem aos outros. Foram nossas e assim serão até que o Alzheimer ou a morte me visitem. Talvez, um dia, eu decida escrever algo mais elaborado sobre. Um livro anônimo ou um post multifacetado, quem sabe?!
Contudo, por enquanto, o quê posso dizer é: feliz aniversário, bela estranha. Esteja você onde estiver. E obrigado por esbarrar, propositalmente, em mim naquela festa. Infeliz daquele que nunca levou um esbarrão seu.
Alguns anos atrás, um pouco
depois de nossa reaproximação, você me disse uma frase que, lembro, no momento
achei das mais descabidas: “Você não nasceu mesmo para esse ‘jogo’.”
Ultimamente, por motivos que
não vale a pena comentar aqui, voltei a refletir sobre isso e (você adoraria
ouvir pessoalmente, eu sei!) posso afirmar: a sua versão sobre o meu verdadeiro eu não está
muito longe da realidade.
Não sei exatamente o porquê..
ou talvez eu saiba, mas não queira desperdiçar ainda mais tempo pensando sobre
isso e chegar a conclusões que me desanimariam além do possível.
A verdade é que eu certamente
não sei como se “joga” isso. E ninguém pode dizer que foi por falta de
tentativa, de paciência ou mesmo oportunidades satisfatórias. Não.
Talvez seja minha timidez excessiva..
Talvez seja o fato de não
querer mais ter aquela postura arrogante e desafiadora de outrora..
Talvez seja apenas a minha
mente lógica em conflito constante com sentimentos que, por algum motivo além
das estrelas, não consigo mensurar..
Talvez. Minha vida, de alguns
anos para cá, virou um grande “sei lá”. Parece que estou desaprendendo a jogar este também.
A única certeza que tenho
(além da óbvia) é que você está fazendo mais falta do que nunca. Você saberia o
que dizer, mesmo a milhares de quilômetros e certa de que eu não gostaria das
suas palavras. Esse era o “nosso jogo”. Eu não gostava, mas, ao menos, sabia
jogar.
H (let's poker!)
P.s.: segunda-feira vou te
visitar. Daí conversamos mais ;)