quinta-feira, 23 de abril de 2009

Cabeceira do H - 10 passos até o fim


Dia mundial do livro. Realmente não tinha me dado conta disso até que uma determinada letra do nosso alfabeto citou o fato numa lista.

E para comemorar esse dia tão literato, porque não indicar um dos livros que mais me fascinaram em toda a minha curta vida. Provavelmente, é o livro que mais vezes reli (pela minha última contagem mental, 6 vezes desde 1998). Como de praxe, vamos ao momento flashback que, dessa vez, não será totalmente inédito:

Como já disse num post do ano passado, descobri Agatha Christie por acaso. No fundo, eu gosto mesmo é de imaginar que estávamos fadados a nos trombar em qualquer estante empoeirada por aí. Pois bem, lá pelos idos de 1998, época que percebi a existência de um grande mundo fora das quatro paredes do meu quarto, elegi a biblioteca como minha nova fortaleza. E, depois de analisar minha lista dos livros da Agatha Christie que estavam na biblioteca, organizei os títulos numa ordem numérica crescente e um dos que li logo no primeiro mês foi justamente esse de que vou falar.

O Caso dos Dez Negrinhos” (Ten Little Niggers), não é só (obviamente!) uma história típica de Agatha Christie. Muitos dos elementos que ela utiliza para construir os trechos iniciais da trama são usados até hoje em filmes de suspense e seriados (só para citar: “Ponto de Vista”, “Lost”, “Os Outros” etc). E a desse livro era, apesar de já bastante batida atualmente, uma grande revolução para a época em que foi lançada. Tudo consiste num grupo de desconhecidos que são convidados para um fim de semana na mansão de um casal rico, instalada numa ilha totalmente isolada. A princípio, ninguém sabe exatamente por que está ali, já que nenhum dos presentes se lembra de ter conhecido o anfitrião. Mas, aos poucos, todos se dão conta de que não passam de peças de cerâmicas prontas para serem quebradas. O que eu mais gosto desse livro, são os versinhos que ditam todo o desenrolar:


"Dez negrinhos vão jantar enquanto não chove;
Um deles se engasgou e então ficaram nove.
Nove negrinhos sem dormir: não é biscoito!
Um deles cai no sono, e então ficaram oito.
Oito negrinhos vão a Devon de charrete;
Um não quis mais voltar, e então ficaram sete.
Sete negrinhos vão rachar lenha, mas eis
Que um deles se corta, e então ficaram seis.
Seis negrinhos de uma colméia fazem brinco;
A um pica uma abelha, e então ficaram cinco.
Cinco negrinhos no foro, a tomar os ares;
Um ali foi julgado, e então ficaram dois pares.
Quatro negrinhos no mar; a um tragou de vez
O arenque defumado, e então ficaram três.
Três negrinhos passeando no Zôo.
E depois? O urso abraçou um, e então ficaram dois.
Dois negrinhos brincando ao sol, sem medo algum;
Um deles se queimou, e então ficou só um.
Um negrinho aqui está a sós, apenas um;
Ele então se enforcou, e não ficou nenhum
."



Para quem não leu, fica a dica. Para quem já teve o prazer, releia.. vale muito a pena.




H ("O que não me faltam são idéias!" [L.C.])

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