terça-feira, 28 de julho de 2009

Auto-história: post convidado e meu carro favorito!

A história da indústria automobilística possui muitos capítulos importantes, com modelos de carros que marcaram época. Mas o sucesso mais espetacular pertence ao Mustang Shelby GT 500, que com seu ar selvagem, tornou-se um dos maiores clássicos americanos, sendo uma das mais poderosas e desejáveis versões do Mustang.

Eleanor, um nome de mulher para uma das máquinas mais fantásticas já desenvolvidas (em minha humilde opinião). Quem assistiu ao filme "60 Segundos" sabe do que estou falando, onde o personagem Memphis Raines, vivido por Nicolas Cage, tem a missão (ou seria prazer?! Sem apologias, claro!) de roubar 50 carros. No topo da lista está um Mustang Shelby GT 500 1967, batizado de Eleanor. Porém não estamos aqui para falar do filme (deixemos isso para nosso amigo cinéfilo e dono deste blog), mas sim deste modelo de Mustang que fez história, não só por sua limitada produção (pouco mais de 2000 unidades) mas também por estar ligado a uma das maiores personalidades da história recente do automóvel: Carroll Shelby.

Com seu sucesso nas pistas, fez fama nos Estados Unidos e começou a receber ofertas para pilotar carros-esporte de milionários americanos. Embora estivesse vencendo tudo o que podia, não conseguia pagar suas contas. Apesar do reconhecimento - foi considerado o Piloto do Ano pela revista Sports Illustrated em 1956 e 1957 -, as corridas nos EUA eram estritamente amadoras e ele não ganhava muito dinheiro. Foi então que decidiu ir para a Europa. Lá, pilotou para a Aston Martin com a qual, junto de Roy Salvadori, venceu a 24 Horas de Le Mans em 1959. Retornou aos EUA em 1960 e ainda estava vencendo tudo o que podia quando um problema de coração o afastou das pistas.

Apesar de envolvido com outros empreendimentos, a paixão de Shelby era mesmo os carros - e em 1961 surgiu a oportunidade de voltar ao mundo do automóvel. Quando a pequena fábrica inglesa AC Cars perdeu seu fornecedor de motores (um 2,0 de seis cilindros), a Bristol, Shelby vislumbrou a chance de fazer seu próprio esportivo. Impressionado com a dirigibilidade e estabilidade do pequeno carro inglês, anteriormente chamado de Ace, sugeriu equipá-lo com um V8 americano. A partir daí, começa a trama entre Carroll e a Ford.

O ano é 1964, a Ford apresenta um automóvel chamado Mustang dando início aos modelos chamados “Pony-Cars”, carros esportivos, porém com desempenho equilibrado o que os impediu de serem considerados verdadeiros carros esporte. Logo após a introdução do Mustang, a Ford procurava formas de competir diretamente com o Chevrolet Corvette, ícone dos automóveis esportivos. A montadora entra em então em acordo com o antigo piloto de corrida Carroll Shelby e sua empresa de engenharia automotiva homônima, para modificar os Mustangs e produzir modelos de alto desempenho que pudessem concorrer com o Corvette. Começando em 1965, a Ford assumiu a produção destes especiais “Shelby” Mustangs, incluindo o Shelby GT 500.

Para tornar os Mustangs 1965-1966 campeões das pistas, Shelby os transformou em puros-sangues, pouco indicados para o uso no dia-a-dia. Em 1967, no entanto, o público de Shelby começa a exigir mais civilidade, e o pequeno carro original sofre uma transformação que finalmente dá lugar a um motor “bloco-grande” de alta potência.

Com a apresentação dos modelos de 1967, os Mustangs padrão poderiam sair de fábrica equipados com um motor V8 de 390 pol³, 324 cv de potência (SAE bruta, padrão usado nos EUA até 1971, quando passou a SAE líquida) e carburador de 4 corpos. Shelby, naturalmente, foi além. O GT 350 manteve seu V8 de 289 pol³ e potência de 310 cv. E um novo modelo, o Shelby GT 500 1967, ganhou um motor "interceptador de polícia" melhorado de 428 pol³. Esses últimos eram reservados para modelos maiores da Ford e tinham uma potência de 350 cv. Shelby adicionou um coletor de admissão de médio comprimento, feito de alumínio fundido, do Ford 427, dois carburadores quádruplos Holley de 600 cfm (metros cúbicos por minuto) e outras modificações para obter uma potência conservadora de 360 cv. Na linha de produção ou nas concessionárias, alguns Shelby GT 500 1967 foram equipados com um motor Ford V8 de 427 pol³ que era praticamente de competição.

O GT 500 apresentava a opção de câmbio manual de 4 marchas ou automático de 3, com relação de diferencial variando de 3,50:1 a 4,11:1. Diferente da suspensão de competição, esta era uma versão reforçada daquela utilizada no Mustang GT, com freios a disco dianteiros e pneus E70 de aro 15, ambos de série. O interior com 2 bancos e cintos de segurança do tipo usado em competições do GT 350, foi abandonado.

Todos os Shelbys GT 500 de 67 tinham acabamento interno do mesmo nível do Mustang GT; ar-condicionado e direção hidráulica eram os novos opcionais de fábrica. O contagiros de 8.000 rpm, o velocímetro de 140 mph (225 km/h) e o arco de reforço acolchoado, no entanto, permaneceram como itens de série do Shelby. Sempre procurando aumentar o desempenho, Shelby equipou os GT 500s com peças de plástico reforçado com fibra de vidro (FRP) na carroceria, inclusive o nariz alongado, o capô com tomadas de ar funcionais e 4 entradas de ar laterais. A traseira em FRP tinha um defletor moldado, e as lâmpadas de seta seqüenciais foram tomadas emprestadas do Mercury Cougar. Faróis de longo alcance foram colocados no centro da grade. As faixas duplas "Le Mans" eram opcionais oferecidos pelas concessionárias para qualquer Shelby GT 500 1967.


Os Shelby Mustangs haviam se tornado menos carros de corrida e mais máquinas de grã-turismo, isso foi ótimo para os compradores, que gostaram logo de cara do novo Shelby. O Shelby GT 500 1967 custava apenas US$200 a mais que o GT 350 e vendeu com facilidade 875 unidades a mais que seu companheiro com motor de bloco pequeno.

Em 1969, o contrato entre a Ford e a Shelby expirou e Carroll Shelby recusou-se a renovar o contrato, preferindo colocar sua empresa em uma nova direção, para conceber seus próprios carros de alta performance. A Ford continuou a produzir o Mustang GT 500, acrescentando algumas revisões para o modelo de 1969. Na ausência de Shelby, a Ford anunciou o fim do GT 500 (juntamente com o GT 350) e os modelos de 1969 foram todos vendidos em 1970.


Para os cinéfilos, além do já citado "60 Segundos", o GT 500 também pode ser visto em ação ao lado de Steven McQueen no filme "Bullitt", de 1968 e "Um Homem e uma Mulher", de 1967. E, para aqueles que gostam de ronco, segue um pequeno vídeo que, ao assistir, me fez refletir muito numa pergunta: "por que máquinas tão lindas quanto essa deixam de ser fabricadas de uma hora para outra?" Vale ressaltar que grande parte do texto foi escrito pela Juliana Almeida, futura senhora "Mumu Amor" (rsrsrsrsrs).



H (valeu, Jujuba! rs)

Um comentário:

Juliana Almeida disse...

Olha vou te dizer, esse post me fez gostar ainda mais desse "carro". Putz, é muito estranho chamar um Mustang Shelby de carro, ele é muito mais...rs

Bjoooo