quarta-feira, 8 de julho de 2009

A religião que me cabe


Num distante post, fiz uma crítica sobre o filme Anjos e Demônios, do Ron Howard. E cheguei a comentar que, ao assisti-lo, me senti tentado a escrever sobre algo que nunca trato como um assunto pertinente. Bom, depois de enrolar por quase dois meses, é chegada a hora.

Eu sou descendente de uma família muito religiosa. Desde pequeno fui levado a crer que essa poderia ser uma das possibilidades de futuro ganha-pão. Com 8 anos, fui forçado a fazer minhas primeiras aulas de catequese. Como não gostava muito da professora (uma chata de galocha!), informei meus pais sobre a minha decisão de desistir daquilo. No início, eles aceitaram numa boa. Mas, foi apenas como um adiamento.

Por morar num bairro pequeno e afastado de todo o restante da civilização (mais ou menos como hoje.. rs), qualquer evento realizado por lá girava em torno da igreja, ou como sede do tal evento, ou com o apoio dela. Logo, eu podia dividir os meus amigos em duas categorias: aqueles que conheci na escola e encontra de vez em quando na igreja; e aqueles que conheci na igreja e os encontrava na escola. Fiz grandes amizades dessa forma, pouco vigentes hoje em dia, porém muito importantes.

Acho que meus pais tinham os sábados à noite e os almoços de domingo como momentos sagrados para a união da família. Se eles resolviam ir à igreja, então todos devíamos ir também. E continuou assim mesmo com a mudança de cidade. Uma pena eles não saberem que tudo que é forçado, cansa. E, às vezes, com muita rapidez.

Assim que terminei as aulas de catequese, concluindo a Primeira Eucarístia, e como o ganho significativo de conhecimento graças a idade, comecei a bolar planos para sabotar esses encontros familiares que, com a mudança de cidade, se tranferiram para as manhãs de domingo. Logo começaram os conflitos e batidas de frente com os meus pais.

E eu não os culpo pelo que estavam tentando fazer. Afinal, eles tiveram pouco ou nenhum estudo, ambos sendo criados por "substitutos" de seus pais. Dessa forma, acho que eles sempre imaginavam que uma família unida tinha que ser baseada nos alicerces de alguma religião (no nosso caso, na Católica Apostólica Romana).

Mas eu não desisti totalmente das nossas idas à igreja nessa época. Foi depois de assistir o filme Stigmata e, depois de algumas pesquisas minhas para a escola, descobrir que a Bíblia, na verdade, foi escrita por várias mãos e mentes, cada uma modificando a história conforme a própria vontade. Junte a isso, saber que a Igreja (maiúsculo por se tratar da instituição) não se pronunciou contra a escravidão (que só acabou porque a Inglaterra precisava de assalariados para comprarem seus produtos industrializados) e nem na época do nazismo.

Simplesmente assim, deixei de acreditar nessa instituição. Por que acreditar que preciso de alguém para emediar minhas conversas, perguntas, agradecimentos e pedidos a Deus?! A religião só se tornou mais um meio de fulano se mostrar mais poderoso do que ciclano, "porque o meu Deus é mais poderoso que o seu!". Nossa, quantas vezes ouvi essa frase!

Respeito a religião de todos, desde que a minha escolha por uma "crença" sem necessidade de uma religião propriamente dita seja igualmente respeitada.

Para finalizar, digo isso: acredito em Deus, em algo maior que criou e rege tudo e todos. Continuo fazendo minhas orações todas as noites. Porém, uma coisa que "exerço" muito mais agora é o fato de não olhar mais para o céu e pedir por algo inalcansável. Foi uma coisa que o Michel me ensinou: "Somente os invejosos pedem. Os espirituosos agradecem por tudo que lhes é dado porque sabem que conseguiram exatamente o que precisavam".

H (Acredite, respeite.. e basta.)

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