sábado, 31 de janeiro de 2009

As duas faces da mesma moeda: bipolaridade


Como eu disse no post anterior, terminei a leitura da minha revista Superinteressante. E uma matéria me chamou muito a atenção: "Mais ou menos", sobre bipolaridade.

Já convivi com pessoas que sofriam desse mal (o próprio Michel tinha seus surtos algumas vezes). E, posso dizer com todas a segurança, diferente do que a revista diz, o caso é muito mais grave do que parece. A influência exterior (as experiências trocadas com outras pessoas, sentimentos vividos) não tem tanta importância quanto o interior. O que realmente "joga" uma pessoa bipolar para um extremo ou para outro é a sua auto-estima, a visão que faz de suas decisões e da sua vida como um todo. Como eu disse, é algo bem mais complicado.

O bipolar é uma pessoa, por natureza, muito desconfiada. Porém, essa desconfiança não se reflete nas ações das pessoas que a cercam, mas nas palavras. São pessoas fáceis de magoar e difíceis de agradar. E as fases de depressão, por conseguinte, costumam durar muito mais que os momentos de euforia. É mais ou menos como diz a letra da música "A felicidade", de Vinicius de Moraes e Tom Jobim: "Tristeza não tem fim / Felicidade sim".

E daí para o uso de drogas (sejam elas lícitas ou ilícitas) é um pulo. Segundo o Michel elas "prolongam o meu estado de ânimo o suficiente para eu não enlouquecer ou me matar". Ele tentou 3 vezes. As melhores poesias e contos que ele escreveu, foram justamente durante seus momentos de depressão. Quase sempre (quando ele conseguia "se reerguer"), as lia e depois queimava, dizendo "ninguém merece me conhecer dessa forma". Apesar de tudo isso, foi o melhor amigo que alguém poderia ter. Tinha mais fibra de pai do que meu próprio velho. Capaz de dar lição de moral (daquelas de te fazer pensar durante uma semana!), na beira de uma estrada às 3 da madruga!

Eu, como bom ciclotímico ("de lua".. rs), recomendo a leitura da matéria. A visão, como eu disse, é superficial. Mas vale a pena folhear e entender um pouco mais sobre essa moeda que, para algumas pessoas "... é um jogo dentro de outro jogo maior." (M. F.)


H ("o abismo fica mais perto do que você pensa")

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Minha vontade de mandar tudo para a pqp...

Psicose, de Alfred Hithcock

Terminei de ler a minha revista Superinteressante hoje. A edição de fevereiro! Pois é, agora terei um mês nada interessante pela frente (logo escrevo um post sobre essa revista). Descobri que as aulas começam dia 16/02 (por que tão cedo?!) e que não consegui o número de créditos que precisava para não fazer TCC1 nesse semestre. Realmente, a vida não poderia ser mais injusta!
Mas, alguns falariam "pense no lado bom das coisas", "pelo menos você tem dois braços e duas pernas", "a vida é assim, feita de pequenos obstáculos", etc. Se tem uma coisa que eu não preciso é disso: frases de efeito, ajuda motivacional e outras merdas do mesmo estilo.

Ontem eu fiquei puto da vida (desculpem a expressão, mas é verdade!) em ver que a pessoa que deveria dar o exemplo de disciplina e ordem no meu trabalho (no caso, minha chefe!), ao invés disso, praticamente foi conivente com tudo que uma outra funcionária fez de errado. TUDO! Quantos emails internos já não recebi com recomendações de como se portar durante o horário de trabalho, o que pode e o que não pode ser feito, entre outras coisas. Posso até ter achado uma baboseira quando li a primeira vez, mas depois vi que sem aquilo, tudo viraria uma balburdia, com cada um fazendo o que bem entende, achando que estava certo quando na verdade era o mais errado.

Depois de ontem, todas aquelas normas e procedimentos voltaram a ser apenas baboseiras para mim. Minha vontade é de largar tudo isso aqui e ir embora para nunca mais voltar! Mas, já que as coisas em casa não andam bem, tenho que aguentar até Deus sabe quando. Que frustração!

Como pode existir gente assim, tão mal agradecida pelo emprego que tem? Eu adoraria estar fazendo mais, dando mais do meu potencial aqui, mas para quê?? Ninguém vai notar mesmo! Trabalhar com mulher não é fácil (desculpem-me aquelas que estão lendo isso, mas é verdade!).. agora imagine trabalhar com 10 mulheres! É muito arriscado. O jogo de egos e richas é enorme. Sem contar a cobrança por você ser homem. Se alguma delas faz algo de errado, passa-se a mão na cabeça e bola pra frente! Agora, se EU faço algo de errado... só falta cair o teto na minha cabeça!

É complicado. A pressão é desgastante. Até perdi a conta de quantos dias mordi a língua para não mandar tudo pros infernos e soltar os vários palavrões engasgados. Mas eu tenho consciência que não sou o único nessa situação. Talvez minha decepção quanto ao termo "trabalho" tenha muito a ver com tudo que aconteceu nesses últimos 2 anos.

Mas está tudo guardado.. elas não tardam por esperar! Um dia eu me vingo de tudo. Minha "metralhadora de palavras" vai abrir o bico, daí a gente vai ver quem está certo.

Dedico esse post a todas as minhas colegas que tornam a minha vida um jogo de roleta russa TODOS OS DIAS!

H (Hasta vista, baby!)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Momento poesia X - dia especial


Para comemorar o meu primeiro ano de namoro com a minha Lindinha, esse post será especial. Uma das poesias que mais gosto (e que sei de cor!). Ela segue:

Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


(Vinícius de Moraes)

Obrigado Lindinha, por aguentar as minhas neuras, defeitos e mudanças de humor durante esses 366 ma-ra-vi-lho-sos dias!


H (feliz.. simplesmente)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Semancol - uso via... isso mesmo que você pensou!!


Não é de hoje que venho enrolando para escrever um post sobre esse fabuloso remédio citado no título. Depois dele, pode ter certeza, nem a sua, nem a vida de todas as pessoas ao seu redor será a mesma.

Essa frase anterior ficou parecendo até propaganda de verdade, né?! Mas é esse mesmo o intuito. Afinal, quem nunca sofreu com o famoso “Ataque de Sem-Noção”, também conhecido como “Que-vontade-de mandar-isso-para-pqp”, ou, ainda, popularmente chamado de “Vê se se enxerga”?.

Se você ainda não se deu conta de que sofre disso (ou que já foi uma vítima direta de algum “doente”), pensemos em alguns casos típicos: você está sentado (a) no ônibus e aproveita para ler alguma coisa; instantes depois, você repara que a pessoa ao lado parece acompanhar a leitura junto com você. O que você faz? Imagine agora a mesma cena, só troque a revista (ou livro, jornal, etc.) pelo seu MP3 tocando uma das suas músicas preferidas e a “leitura descarada” da pessoa ao seu lado por uma pergunta do tipo “que tempinho, hein! Será que chove hoje?” ou “você sabe se esse ônibus passa na frente da minha casa?”. Diante disso, qual seria a sua atitude, hein??!! Vamos às opções:

a) ( ) Finge que a pessoa está invisível e continua sua leitura / audição;
b) ( ) Faz um gesto vago, como fechar a revista ou simular um cochilo repentino;
c) ( ) Olha para cima e resmunga: “justo comigo!? Só pode tá de brincadeira!”;
d) ( ) Se levanta e prefere passar o restante do trajeto de pé;
e) ( ) #$@%&*!@#$ (muito bem falado, diga-se de passagem!)

Seja qual for a sua resposta, saiba que você acabou de enfrentar (hipoteticamente, claro! rs) uma pessoa “doente”. Um ser totalmente desprovido do mínimo senso de localização social e com grande aptidão para iniciar a Terceira Grande Guerra!

As variações dos ataques ou “surtos” dessa doença são os mais variados possíveis: perguntas, encaradas, esbarrões, tomadas de espaço excessivo, etc... fora os lugares: elevadores, trens e metrôs, pontos de ônibus, faculdade, trabalho...

Se você topar com uma pessoa desse tipo, procure a junta médica mais próxima IMEDIATAMENTE! Logo lhe será receitado uma dose de SEMANCOL, o remédio que devolve o seu senso de noção junto a sociedade. (este medicamento não tem efeito em casos terminais da doença).

Agora, se você se encaixa mais no caso do (a) folgado (a) que gosta de ler descaradamente o jornal alheio, não pára (que se foda a nova lei ortográfica!!) de fazer perguntas sem lógicas nos piores momentos possíveis e/ou não possui o menor senso de espaço geográfico, então pare de ler esse blog para sempre.. esqueça que ele existe, porque de pessoas do tipo sem-noção já estou farto por hoje.... !


H (baseado em fatos reais)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Dica cultural II


Depois de mais de 10 anos, decidi ir ao teatro novamente. Não sou muito fã desse estilo “ao vivo” de apresentação. Gostava do extinto “Sai de Baixo”. Mas ir ao teatro, só em excursão da escola valendo metade da nota do bimestre!

Vamos ao que interessa: como bom funcionário da Fundação Cásper Líbero que sou, não sabia que tinha direito a um par de ingressos gratuito para o Teatro Gazeta; logo, achei uma boa oportunidade de fazer algo diferente junto com a minha namorada. Mas, qual peça??

Teria que ser uma comédia! Assim, me interessei pela peça “Como passar em Concurso Público”, do pessoal da G7. Com o aval da minha Lindinha, pedi os ingressos para essa última sexta-feira (23).

Quase mixei de tanto rir. É o tipo de peça interativa, onde a platéia é convidada “forçadamente” a participar do espetáculo. E, talvez esse seja o grande triunfo do quarteto, já que exige um raciocínio rápido e um senso de improvisação muito bom, afinal qualquer coisa que o “convidado” da platéia tem que ser encarado com um deixa para uma piada.

Apesar disso, o pessoal do G7 também não deixa a desejar. É verdade que alguns personagens chegam a ser irritantes e algumas das piadas já estão mais do que batidas. Mas, num contexto geral, a peça é boa. Principalmente para quem não quer pensar muito, só rir... e rir bastante.

Fica, então, a dica:

CIA. DE COMÉDIA G7 em
Como Passar em Concurso Público
Teatro Gazeta - Av. Paulista, 900. Informações: (11) 32534102
Horários: Sextas às 19:30h, Sábados às 22h e Domingo às 20h.
Ingressos: R$ 40,00 sextas; R$60,00 sábados; R$ 50,00 domingos
No Youtube, tem alguns vídeos de trechos do espetáculo que eles apresentaram no Jô Soares. Vale a pena ver a imitação do ET.. rsrs

H (diversificando)

sábado, 24 de janeiro de 2009

Aos vencedores... o Oscar!


Finalmente, depois de muita espera (para os cinéfilos de plantão, principalmente!), foi divulgada a lista dos indicados ao Oscar 2009. Apesar de não ter assistido (ainda!) a maioria dos indicados, ariscarei alguns palpites (somente às principais categorias!), baseado nas críticas que já li, trailers que vi e opiniões de pessoas que conheço e que já tiveram a sorte (e tempo.. que inveja! rs) para assisti-los. Vamos a elas:

* Roteiro Adaptado: será, provavelmente, a prévia para o prêmio de Melhor Filme, já que 4 dos indicados também concorrem nesse outra categoria. Nos últimos 2 anos, o vencedor de Melhor Roteiro Adaptado ganhou também o Oscar de Melhor Filme. Apesar de achar que essa categoria é uma caixinha de surpresas, aposto metade das minhas fichas no "O Curioso Caso de Benjamin Button"; a outra metade fica para "Frost/Nixon";

* Roteiro Original: imagino que não exitirá qualquer surpresa nessa. "Milk - A voz da igualdade" deve ganhar com folga, apesar do robozinho ("Wall-e") estar recebendo muitos elogios. Por outro lado, isso é uma pena (para o "Milk...", mas logo mais vocês lerão porque);

* Ator coadjuvante: tão surpreendente quanto a indicação de Robert Downey Jr. (pela comédia sem graça "Trovão Tropical") será se Heath Ledger (best Jolker ever!) perder esse Oscar. A Academia adora premiar as pessoas postumamente. Vejo como a categoria mais previsível da noite;

* Atriz coadjuvante: Penélope Cruz é meu voto. Em "Vicky Cristina Barcelona" ela não está tão bem quanto em sua outra indicação ("Volver", 2007). E, ainda vai concorrer com Marisa Tomei, que está excelente em "O Lutador". Seja quem for a vencedora, será uma boa escolha (rs);

* Ator: gostaria muito que Frank Langella vencesse por sua perfeita interpretação de Richard Nixon, mas na minha simplória opinião, a disputa ficará entre Brad Pitt ("O Curioso Caso...") e Mickey 'Renascido das Cinzas' Rourke (quem assistiu o filme entendeu.. rs) por "O Lutador". Sean Penn, apesar de também estar muito bem em "Milk...", é um azarão;

* Atriz: assim como no prêmio de Atriz Coadjuvante, acho esse fica entre duas: Anne Hathaway, por "O Casamento de Rachel" e Kate Winslet, por "O Leitor". Finalmente parece ter chegado a hora dessa última ser agraciada com um Oscar mais do que merecido. Infelizmente (até porque ela também está muito bem em "A Troca"), Angelina Jolie corre por fora, bem distante;

* Diretor: aqui, vejo 2 possíveis vencedores. Um por merecimento e outro por pressão. David Fincher ("O Curioso Caso...") seria o mais certo para o prêmio. Mas, a repercussão e demais premiações que vem acumulando pelo mundo, podem fazer a Academia entregar o Oscar para Danny Boyle ("Quem quer ser um milionário?"), o que não seria de todo injusto. Ron Howard ("Frost/Nixon"), que já recebeu o Oscar por "Uma Mente Brilhante" só não ganha porque seu filme tem pitadas de humor demais para o gosto da Academia. Uma pena foi Christopher Nolan ("Batman - O Cavaleiro das Trevas") não ter sido nem indicado;

* Filme: "And the Oscar goes to..."; antes de falar sobre meu voto para o grande prêmio da noite do dia 22 de fevereiro, vamos seguir um pensamento racional até ele, eliminando cada um dos candidatos: "O Leitor", apesar de ser ótimo, não ganhará porque ficou ofuscado pelos seus concorrentes; "Milk..." também não vencerá por 2 motivos: não conseguiu a mesma repercussão que os demais candidatos e, porque a Academia não tem o costume de agraciar o vencedor de Roteiro Original com o prêmio máximo da noite (nos últimos 8 anos, isso só aconteceu com "Crash - No Limite", em 2006); "Frost/Nixon" não ganhará pelo mesmo motivo que Ron Howard não levará a estatueta de Diretor: tem pitadas de comédia além do gosto da premiação. Mas não deixa de correr por fora; Para os outros 2 ("Quem quer ser..." e "O Curioso Caso...") a conta é um pouco mais complicada. Tudo dependerá do vencedor da categoria de Diretor. Eu vou explicar: nas últimas 10 edições do Oscar, a Academia por 4 vezes premiou como Melhor Diretor aqueles responsáveis por filmes bons, porém, não bons o bastante para ganhar como Melhor Filme. Se você pensou em "prêmio de consolação", acertou. Vejam os casos:

1999
Melhor Diretor - Steven Spielberg "O Resgate do Soldado Ryan".
Melhor Filme - John Madden "Shakespeare Apaixonado".

2001
Melhor Diretor - Steven Soderbergh "Traffic".
Melhor Filme - Ridley Scott "Gladiador".

2003
Melhor Diretor - Roman Polanski "O Pianista".
Melhor Filme - Rob Marshall "Chicago"

2006
Melhor Diretor - Ang Lee "O Segredo de Brokeback Mountain"
Melhor Filme - Paul Haggis "Crash - No Limite"


Acho que "O Curioso Caso de Benjamin Button" leva, já que a Academia também gosta de premiar filmes adaptados de livros e/ou contos. Mas, "Quem quer ser Milionário?" apresenta (já um pouco tarde, é verdade) um pouco da maneira como a "Hollywood indiana" vem conquistando espaço no mundo cinematográfico.

Agora é torcer. E que venha dia 22/02...


H (façam suas apostas)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Momento poesia IX


Repentinamente*


Tem dias em que aquelas lembranças
voltam com toda a força e nitidez;

Tem dias em que, por mais que eu queira,
nem um vulto delas vejo;

Tem dias em que sinto um nó apertado
na garganta, me impedindo de gritar!

Tem dias que, quando a garganta está livre,
parece que é a palavra que não quer sair!

Tem dias que a vontade de poder voltar atrás
se confunde com a própria vontade de viver.

Tem dias que a vontade de esquecer tudo
é tão forte quanto o instinto de sobrevivência.

Tem dias em que a visão mais simplória
já enche meus olhos de lágrimas.

Tem dias em que a raiva não me permite
nem ver minha imagem refletida num espelho.

Tem dias em que peço uma chance para
poder viver aqueles dias novamente.

Tem dias em que adoraria poder nunca ter vivido
aqueles dias repentinamente...



* Escrita em 20/12/2005

H (arrependido não é bem a palavra...)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Comentando o último post...


Durante esse último final de semana tentei escrever um post sobre o fato lamentável que aconteceu no dia 15 passado, na Avenida Paulista. Infelizmente, a inspiração não veio. Na verdade, ela até apareceu, mas, comparando com o email que uma amiga me mandou (a Bequinha), vi que o que tinha escrito não chegava sequer aos pés da essência que ela conseguiu captar. Ela, juntamente com algumas outras pessoas, participou do manifesto no final da tarde daquele mesmo dia. E fiquei arrepiado com as coisas que ela me contou.

Daí para perdir permissão de publicar esse mesmo email no meu blog foi automático. Ainda assim, gostaria de fazer alguns comentários sobre o ocorrido. Falar da morte nunca é fácil e nem pode ser verídico o bastante. Afinal, quem já passou realmente por isso para dizer como é a sensação? Para descrevê-la nos seus pormenores? Acho que ninguém (até conheço uma pessoa que se enquadra, mas isso não vem ao caso!).

Porém, não é preciso estar morto para perceber e se indignar não só com o incidente, mas também com a falta de respeito e consideração que a ciclista Márcia Regina sofreu. Sem contar sua própria família. Pior ainda é ser notícia, apenas para a distração das pessoas. Mais um motivo para elas dizerem (só da boca para fora!): "esse mundo tá perto do fim mesmo!"; "o que mais falta acontecer?"; "coitadinha!"; e daí por diante...

Isso acontece num momento em que todos (a mídia em geral!) fazem campanhas, implorando para usarmos meios alternativos e não-poluentes de transporte. Mas São Paulo não o tipo de cidade que sede espaço; que dá acesso a tudo e a todos (vide os deficientes físicos e visuais com relação aos principais prédios e estabelecimentos públicos!). São Paulo é uma cidade formada por pessoas (em sua maioria) mesquinhas, metidas e arrogantes.

Pretendo falar mais sobre isso, sobre essas "características" paulistas num próximo post. Por hoje, é isso. Se ofendi alguém com minhas palavras, não precisam me desculpar... é sinal de que, infelizmente, a carapuça serviu...


H ("... sobrevivendo sem um arranhão...")

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A morte ao alcance de nossas mãos - post convidado


A última quinta-feira (15/01) parecia um dia comum como outro qualquer. Numa grande cidade como São Paulo isso pode ser classificado por muito trânsito, chuva de verão, mais trânsito e algumas barberagens.

Viver numa cidade assim não é fácil. Ainda mais se você não é respeitado no seu direito mais puro: o de ir e vir. Sentir-se como um intruso, alguém sem espaço, sozinho na multidão. Pois bem, todos já devem saber da morte da ciclista Márcia Regina de Andrade Prado. Atropelada por um ônibus na Avenida Paulista em plena hora do almoço.

Agora, imagine o que já era ruim ficar ainda pior. Como naquela frase pessimista "não há nada tão ruim que não possa piorar". A realidade não é nenhum playground. Imaginem o que é ficar exposto durante mais de 4 horas, seu corpo já inerte, os curiosos aos milhares e você ali, incapaz de pedir explicações, ajuda ou, simplesmente, de pedir desculpas por "atrapalhar" o almoço das outras pessoas. Ser mais uma mercadoria, exposta na vitrine da vida.

E isso não é nenhuma novidade. Pode até chocar no momento, por alguns dias. Mas, depois, vira passado, fatalidade, coisa que se esquece com a maior naturalidade. Logo, outra notícia toma seu lugar, uma nova crise, a posse de um "presidentezinho". Enfim, a vida segue. Porque a realidade não é nenhum playground. Porém, o ser humano é ávido por distração.

No final da tarde daquele mesmo 15 de janeiro, algumas pessoas, que não tinham nada de curiosos, organizaram um protesto. Não só pela morte da ciclista Márcia Regina, mas por respeito, por conquista de espaço e convivência pacífica. Mas foi um ato isolado. Logo outra manchete surge e o que foi dito ou feito, fica enterrado. Guardado apenas na memória de quem, assim como eu tem mais do que apenas 2 olhos e 2 ouvidos... para quem também tem boca, cérebro e, principalmente, coração.

A verdade, é que até a nossa vida e, por conseguinte, a morte que nos é destinada, estão banalizadas. "Viver não é preciso; consumir é essencial!"


"E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
"


(Construção, Chico Buarque)


BeKa

* Imagem tirada do blog Different Thinker

História com "H" - IV


Janis Lynn Joplin (Janis Joplin): nasceu em 19 de janeiro de 1943, na cidade de Port Arthur, Texas. Ela cresceu ouvindo músicos de blues, tais como Bessie Smith e Big Mama Thornton e cantando no côro local. Joplin concluiu o curso secundário na Jefferson High School em Port Arthur no ano de 1960, e foi para a Universidade do Texas, na cidade de Austin, onde começou a cantar blues e folk com amigos. Cultivando uma atitude rebelde, Joplin se vestia como os poetas da geração beat, mudou-se do Texas para San Francisco em 1963, morou em North Beach, e trabalhou como cantora folk. Por volta desta época seu uso de drogas começou a aumentar, incluindo a heroína. Depois de retornar a Port Arthur para se recuperar, ela voltou para San Francisco em 1966, onde suas influências do blues a aproximaram do grupo Big Brother & The Holding Company, que estava ganhando algum destaque entre a nascente comunidade hippie em Haight-Ashbury. A banda assinou um contrato com o selo independente Mainstream Records e gravou um álbum em 1967. Entretanto, a falta de sucesso de seus primeiros singles fez com que o álbum fosse retido até seu sucesso posterior. O destaque da banda foi no Festival Pop de Monterey, com uma versão da música "Ball and Chain" e os marcantes vocais de Janis. Seu álbum de 1968 Cheap Thrills fez o nome de Janis. Ao sair da banda Big Brother, Janis formou um grupo chamado Kozmic Blues Band, que a acompanhou em I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama! (1969). O grupo se separou, e Joplin formou então o Full Tilt Boogie Band. O resultado foi o álbum Pearl (1971), lançado após sua morte, e que teve como destaque as músicas "Me and Bobby McGee" (de Kris Kristofferson), e "Mercedes-Benz", escrita pelo poeta beatnik Michael McClure. Janis Joplin morreu de overdose de heroína em 4 de outubro de 1970, em Los Angeles, Califórnia, com apenas 27 anos. Foi cremada no cemitério-parque memorial de Westwood Village, em Westwood, Califórnia, e numa cerimônia, suas cinzas foram espalhadas pelo Oceano Pacífico. O álbum Pearl foi lançado 6 meses após sua morte. O filme The Rose, com Bette Midler no papel de Janis Joplin, baseou-se em sua vida. Ela hoje é lembrada por sua voz forte e marcante, bastante distante das influências folk mais comuns em sua época, e também pelos temas de dor e perda que escolhia para suas músicas.

Edgar Allan Poe: nasceu, em 19 de janeiro de 1809, na cidade de Boston, no seio de uma família escocesa-irlandesa, filho do ator David Poe Jr., que abandonou a família em 1810, e da atriz Elizabeth Arnold Hopkins Poe, que morreu de tuberculose em 1811. Depois da morte da mãe, Poe foi acolhido por Francis Allan e o seu marido John Allan, um mercador de tabaco bem sucedido de Richmond, que nunca o adotou legalmente, mas lhe deu o seu sobrenome (muitas vezes erroneamente escrito "Allen"). Depois de frequentar a escola de Misses Duborg em Londres, e a Manor School em Stoke Newington, Poe regressou com a família Allan a Richmond em 1820, e registou-se na Universidade da Virgínia, em 1826, que viria a frequentar durante um ano apenas. Desta viria a ser expulso graças ao seu estilo aventureiro e boêmio. Na sequência de desentendimentos com o seu padrasto, relacionados com as dívidas de jogo, Poe alistou-se nas forças armadas, sob o nome Edgar A. Perry, em 1827. Nesse mesmo ano, Poe publicou o seu primeiro livro, Tamerlane and Other Poems. Depois de dois anos de serviço militar, acabaria por ser dispensado. Em 1829, a sua madrasta faleceu, ele publicou o seu segundo livro, Al Aaraf, e reconciliou-se com o seu padrasto, que o auxiliou a entrar na Academia Militar de West Point. Em virtude da sua, supostamente propositada, desobediência a ordens, ele acabou por ser expulso desta academia, em 1831, facto pelo qual o seu padrasto o repudiou até a sua morte, em 1834. Poe mudou-se, em seguida, para Baltimore, para a casa da sua tia viúva, Maria Clemm, e da sua filha, Virgínia Clemm. Durante esta época, Poe usou a escrita de ficção como meio de subsistência e, no final de 1835, tornou-se editor do jornal Sothern Literary Messenger em Richmond, tendo trabalhado nesta posição até 1837. Neste intervalo de tempo, Poe acabaria por casar, em segredo, com a sua prima Virgínia, de treze anos, em 1836. No verão de 1839, tornou-se editor assistente da Burton's Gentleman's Magazine, onde publicou um grande número de artigos, histórias e críticas. Logo, Virgínia viria a sofrer de tuberculose, que a tornaria inválida e acabaria por levá-la à morte. A doença da mulher acabou por levar Poe ao consumo excessivo de álcool e, algum tempo depois, este deixou a Burton's Gentleman's Magazine para procurar um novo emprego. Regressou a Nova Iorque, onde trabalhou brevemente no Evening Mirror, antes de se tornar editor do Brodway Journal. No início de 1845, foi publicado, no jornal Evening Mirror, o seu popular poema The Raven (em português "O Corvo"). Em 1846, o Brodway Journal faliu, e Poe mudou-se para uma casa no Bronx, hoje conhecida como Poe Cottage e aberta ao público. Cada vez mais instável, após a morte da mulher, Poe tentou cortejar a poeta Sarah Helen Whitman. No entanto, o seu noivado com ela acabaria por falhar, alegadamente em virtude do comportamento errático e alcoólico de Poe, mas bastante provavelmente também devido à intromissão da mãe de Miss Whiteman. Nesta época, segundo ele mesmo relatou, Poe tentou o suicídio por sobredosagem de láudano, e acabou por regressar a Richmond, onde retomou a relação com uma paixão de infância, Sarah Elmira Royster, então já viúva. No início de outubro de 1849, Poe foi encontrado nas ruas de Baltimore, com roupas que não eram as suas, em estado de delirium tremens, e levado para o Washington College Hospital, onde veio a morrer no dia 07 daquele mesmo mês. Poe nunca conseguiu estabelecer um discurso suficientemente coerente, de modo a explicar como tinha chegado à situação na qual foi encontrado. As suas últimas palavras teriam sido, de acordo com determinadas fontes, “Está tudo acabado: escrevam Eddy já não existe”. Diferentemente da maioria dos autores de contos de terror, Poe usa uma espécie de terror psicológico em suas obras, seus personagens oscilam entre a lucidez e a loucura, quase sempre cometendo atos infames ou sofrendo de alguma doença. A escrita de Poe reflete suas teorias literárias, que ele apresentou em sua crítica e também em peças literárias como "The Poetic Principle". Ele não gostava de didaticismo e alegoria, pois acreditava que os significados na literatura deveriam ser uma subcorrente sob a superfície. Trabalhos com significados óbvios, ele escreveu, deixam de ser arte. Ele acreditava que o trabalho de qualidade deveria ser breve e concentrar-se em um efeito específico e único. Para isso, ele acreditava que o escritor deveria calcular cuidadosamente todos sentimentos e idéias.


H (precisando de inspiração)

sábado, 17 de janeiro de 2009

Cabeceira do H: o livro da minha vida

"Há coisas que só se podem ver nas trevas. [...] Daniel, o que você vai ver hoje não deve contar a niguém"

Devo confessar que estou com medo de escrever esse post. Medo de ele não estar à altura desse livro que vou comentar. Porque ele merece muito. Farei o melhor. Perdoem-me se não conseguir ou se algo escapar. Desde já, dedico esse post a Irenita, que me fez rever minha lista de prioridades literárias e, assim, me mostrou o esplendor de Barcelona. Continuando...

Faz muito tempo que um livro não mexia tanto comigo como esse que vou indicar hoje. Na verdade, desde quando terminei de ler todos os livros da Agatha Christie, que não sentia um vazio tão grande, como se eu tivesse encontrado "o" livro e ler qualquer outro fosse inútil e irrelevante.

Para quem me conhece, sabe que isso, vindo de mim, parece incongruente. E realmente é. Durante os últimos dois dias, fiquei abismado, imaginando por que havia demorado tanto tempo para ler esse livro. Mas vamos ao momento flashback, que hoje merece uma história mais apurada, já que esse livro está ligado a uma pessoa muito importante para mim:

Meu namoro com a Marília (minha lindinha!) começou depois de 2 longos meses de paciência e investimentos (rsrs). Eu sempre brinco dizendo que fomos nos conhecendo antes mesmo de começar a namorar. Certo dia, no final de 2007, pedi uma resposta da parte dela. Mas não dei uma data limite. Ficamos sem nos ver durante a primeira metade do mês de janeiro de 2008, por isso, acabamos não trocando os presentes de Natal/Ano-novo. Exatamente no dia 26/01/2008, marcamos um cineminha no shopping Eldorado. Ela se atrasou de propósito porque estava comprando meu presente. Eu já havia comentado com ela sobre dois livros que gostaria de comprar. Mal sabia ela que era uma "dica" minha para o meu presente. Em contrapartida, eu não sabia que esse livro traria dentro a resposta que a tanto tempo esperava. Guardo essa carta até hoje, como prova de que os livros podem contar histórias além daquelas que trazem nas entrelinhas.

A sombra do vento (La sombra del viento), de Carlos Ruiz Zafón. É um romance crescente, que começa frio e vai nos esquentando aos poucos, nos envolvendo em suas histórias dentro da história, como num labirinto infinito. Foi bem assim que me senti lendo-o nessa última semana: como o próprio Teseu. Marcando meu caminho e procurando pelo Minotauro. Mas, ao contrário da mitologia, a morte do Minotauro (o fim do livro) não me deixou contente. Eu queria mais, esperava por muito mais além do que estava escrito.

A vida de Daniel Sempere, personagem principal do romance, me iludiu de tal maneira que eu gostaria de te-la vivido. Uma história que, como ele mesmo define durante a narrativa, trata "de livros malditos, do homem que os escreveu, de um personagem que fugiu das páginas de um romance para queimá-lo, de uma traição e de uma amizade perdida. É uma história de amor, de ódio e dos sonhos que moram na sombra do vento."

É uma história linda. E riquíssima. Muitos dos meus próximos posts serão baseados em frases e/ou ensinamentos que tirei da leitura que fiz desse livro. Um livro raro, que me conquistou não pela capa, pela indicação ou pelo formato. Um livro que, assim como a minha namorada, me conquistou pela sagacidade, pela história que tinha para me contar, enfim, pelo fascínio que me causou atrvés da sua trama.

De longe, o melhor livro da minha vida. Um vício que vivi durante uma semana. Uma semana inesquecível. No Youtube, achei uma trilha que, ao que parece, foi composta pelo próprio autor para esse romance.


H ("As lembranças são piores que as balas.")

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Compositores - Ennio Morricone


O maior dos compositores italianos de música de cinema nasceu em Roma, em 1928. Ainda pequeno, começou a estudar trompete e logo estava na famosa Academia de Música Santa Cecília estudando composição. Na década de 1950 passou a trabalhar em rádio e em arranjos de músicas para outros compositores de teatro e cinema. Nos anos sessenta, Morricone iniciou uma carreira imensamente produtiva no cinema europeu, tendo trabalhado com vários renomados diretores, entre eles Elio Petri, Gillo Pontecorvo, e mais tarde Henri Verneuil e Bernando Bertolucci. Mas Morricone passou a se tornar conhecido no mundo todo por sua criativa linguagem musical presente nos faroestes italianos dirigidos por Sergio Leone. Ele realmente inovou ao usar nessas trilhas elementos até então totalmente estranhos ao gênero, como gritos, assobios e guitarras. Suas pontuações bem humoradas e sincronizadas com ações dos personagens deram ao estilo faroeste um novo sentido, pois a música de certa maneira sugeria um tom mais crítico, mais sarcástico à narrativa dos faroestes. Em Era Uma Vez no Oeste (C´era una volta il West, 1968), as marcantes gaitas e suas guitarras típicas ajudaram a consagrar o seu estilo vulgarmente chamado de “Spaghetti Western” ou “Bang-bang à Italiana”, como se chamava no Brasil. Seus belíssimos temas com tempero italiano contribuíram para que este filme fosse considerado a obra maior do diretor Sergio Leone. O comentado Cinema Paradiso (Nuovo Cinema Paradiso, 1989) leva uma das trilhas mais inspiradas da história do cinema, e marca o início da bem sucedida parceria entre o diretor Giuseppe Tornatore e Ennio Morricone. O premiadíssimo trabalho da trilha deste belo filme conduz o drama de maneira única. É difícil imaginar o que seria do filme sem essa música, sem esses temas. Um dos pontos altos da trilha, o tema de amor de Cinema Paradiso, é composição do filho de Morricone, Andrea Morricone, ainda que em parceria com a melodia do pai. O envolvimento do compositor com o diretor ainda na fase de concepção do roteiro do filme garantiu uma sintonia dramática perfeita entre música e filme. Nos últimos anos, sua música e seu nome ganharam ainda mais fama particularmente junto ao público mais jovem, com a utilização de seus temas nos filmes Kill Bill, do criativo diretor Quentin Tarantino, declarado fã de Morricone.

Desde o início de sua carreira, Morricone sempre fez questão de arranjar e orquestrar suas próprias composições, dispensando a parceria de orquestradores. Com a evolução das técnicas de orquestração e gravação, o compositor assumiu uma postura bastante crítica em relação aos novos talentos, chegando a afirmar que um compositor que não tem o conhecimento e a capacidade de orquestrar suas próprias composições não pode ser chamado de compositor. Polêmicas à parte, por sua valiosa e vasta obra musical para o cinema, Ennio Morricone com certeza já tem o seu lugar garantido no seleto time dos grandes mestres da trilha sonora.

Após suas cinco indicações sem conquistar nenhum prêmio, finalmente Ennio Morricone foi condecorado com um Oscar® honorário no dia 25 de fevereiro de 2006. A Academia de Hollywood decidiu premiá-lo “por sua magnífica e multifacetada contribuição à arte da música de cinema”. A entraga do prêmio coube a Clint Eastwood, que ficou famoso ao atuar na trilogia Por um Punhado de Dólares (1964), Por uns Dólares a Mais (1965) e Três Homens em Conflito (1966), todos os filmes musicados por Ennio Morricone. O compositor nunca quis se mudar para Hollywood, ou tampouco aprender inglês. Até hoje, mora e trabalha em Roma, e apesar dos seus 80 anos de idade, tem feito alguns espetaculares concertos nos últimos anos na Europa. Morricone é um dos compositores de trilhas sonoras mais prolíficos da história tendo composto até hoje música para mais de 400 filmes.


Algumas de suas composições:

Por um Punhado de Dólares (1964)
A Batalha de Argel (1965)
Três Homens em Conflito (1966)
Era Uma Vez no Oeste (1968)
Sacco e Vanzetti (1971)
Meu Nome é Ninguém (1973)
Malena (2000)


H (A Itália corre em minhas veias!)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O veneno alheio... correndo em nossas veias


Esse está sendo um dia atípico para mim. Geralmente não fico triste quando termino de ler um livro, mas hoje, como eu disse, é um dia atípico. Contudo, esse é um assunto para um próximo post.

O tema desse girará em torno de uma conversa que tive com uma colega de trabalho (e uma pessoa que está se mostrando uma grande amiga também) ontem. Até aquele momento, era um dia normal como todos os outros. Mais um dia enrolando até às 17h. Lutando contra a preguiça e o sono.

Depois de questioná-la sobre um procedimento que sabia que estava errado, ela me chamou num canto e disse que, já que todos os outros funcionários estavam fazendo suas tarefas de qualquer jeito e ninguém verificava para posteriormente corrigir os erros, ela não via motivo para se esmerar nas tarefas que lhe eram passadas. Juro que fiquei tentado a apoiar sua conduta com essa justificativa. Tive saudades da minha época de estagiário, quando o mundo era uma maravilha e todo o trabalho para mim era uma nova lição. Fazia tudo com gosto, sem reclamar ou discutir.

Mas isso já faz quase três anos. Era mais imaturo e a biblioteconomia era mais um hobby do que meu "ganha-pão". Mais tarde naquele dia, chamei essa amiga para conversar e contei uma história que, na verdade, era a minha história naquele lugar: cheguei empolgado, disposto a aprender a cada dia e, assim, me ajudar a não desistir de vez do curso que, até aquele momento (3º semestre), me parecia técnico demais.

Depois de algum tempo, quando já tinha ganhado alguma confiança, vi que o fascínio pelo trabalho estava no fim. Logo tudo era só um monte de métodos repetitivos. Quando me indicaram para a vaga de Assistente que se abriria, pensei durante um mês inteiro sobre as vantagens e desvantagens. Acabei aceitando porque o salário maior, no final das contas, compensava. Mas meu ânimo com relação ao trabalho foi cada dia definhando mais. Era difícil ser cobrado para fazer minhas tarefas e ver que as outras pessoas, que tinham o mesmo cargo que o meu, ficavam enrolando, faltando, fazendo ligações para casa para conversar com o pai, a mãe, o cachorro, o papagaio, etc. E NINGUÉM DIZIA NADA!!!

E esse é o meu presente. Faço as minhas tarefas quando tenho vontade, não me esforço nem 50%, faço várias pausas para tomar café e água. Volto para casa, recebo "a parte que me cabe do latifúndio" e ponto. Mas a alegria, a diversão, se foram...

Hoje, essa mesma amiga me disse que pensou muito no que havia dito e resolveu que vai fazer a parte dela, sem se deixar contaminar pela preguiça alheia, ou se conformar num canto. Fiquei muito contente. Naquele instante vi novamente aquele garoto cheio de disposição entrando pela porta daquela biblioteca, sedento por conhecimento.

Parece que nossas vontades, anseios e sentimentos envelhecem juntamente com o restante do corpo.


H (contaminado até os ossos... lucido até de madrugada)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Olhos de serpente - homenagem

Não. Esse não é de serpente

"Se acontecer de, instantes antes do momento fatal, assassino e vítima trocarem um olhar, por menor que seja esse instante e o conhecimento entre ambos, esse olhar de delírio e êxtase, de medo e aflição, será a experiência mais completa que terão em suas vidas. Um momento de cumplicidade sem igual."

Essa frase (ou alguma coisa bem próxima dela.. rs) permeou um dos meus últimos sonhos. A história toda eu não me lembro. Mas essa frase me chamou muito a atenção. Principalmente porque me foi dita por alguém que nunca vi, mas sinto que logo, logo vamos nos conhecer.

Assim que acordei, anotei-a num papel e depois da terceira vez que a li, relembrei de uma época da minha vida, mais precisamente de uma característica (que não posso chamar de defeito já que era reflexo da minha excessiva timidez) minha que me perturbava muito: não conseguir encarar as pessoas, olhá-las diretamente nos olhos e sustentar esse olhar.

Eu parecia um parvo. A pessoa ali conversando comigo e eu fitando o chão. Pior que uma criança! Chegado o momento das vacas magras, quando decidi procurar meu primeiro emprego, uma pessoa (acho que já irritada com essa minha peculiaridade.. rs) me deu um "puxão de orelha": se eu continuasse a não encarar as pessoas durante um papo, elas nunca confiariam em qualquer palavra que saisse da minha boca. O começo foi estranho. A vontade de baixar a cabeça era muito forte. Hoje, não consigo conversar com alguém sem ver seus olhos. Com o tempo aprendi que eles (os olhos) também têm muito o que dizer. Mesmo (ou, em alguns casos, principalmente) quando palavras não são proferidas.

"Aonde quer que eu vá / levo você no olhar" (Paralamas do Sucesso)


H ("Quando a luz dos olhos meus..." rs)

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A soma de todos os (meus) medos: um desabafo


Esse último final de semana foi atípico. Tive muito tempo de sobra. E, se tem uma coisa que eu temo tanto quanto a falta de tempo, é o seu excesso. Ainda mais com pouquíssimo ou nada de útil para se fazer com ele.

A verdade é que eu não me conheço. Pelo menos não o bastante que eu gostaria. Mas, e eu sei bem disso, basta um tempinho dando mole para o meu subconsciente (tinha que colocar a culpa em alguém!) se achar no direito de "me" analisar, pesando minhas atitudes, julgando meus defeitos conhecidos (e até descobrindo outros!). É tentador, irresistível e até prazeroso, eu diria. Mas o resultado é, inegavelmente sempre o mesmo: sou complexo e neurótico, com baixa estima e totalmente desacreditado por quem eu menos imaginaria. Eu mesmo!

Tenho medo disso. Um medo equivalente ao de envelhecer. Questiono-me sem parar. Relembro algumas das minha atitudes e tomadas de decisões. Isso pode parecer normal (haverá quem diga que isso é até "comum"). Mas, para mim, isso tem outra denominação: me jogar contra a parede. Mostrar minha total insatisfação comigo mesmo. Revelar o que cheguei a duvidar (ou tentar esconder) durante mais de 10 anos: sou um fracasso. Tanto como pessoa, como profissional, como filho, como namorado, como irmão, como amigo...

Sei que pareço um autoflagelador. Usando meus pensamentos e julgamentos como chicote e o reflexo de minhas atitudes como corda para meu próprio enforcamento. Na sexta-feira à noite, uma tia minha me disse algo sobre mim que até agora não sai da minha cabeça: "Você é muito reprimido em relação aquilo que sente. [...] Você vê algo de errado, algo que não lhe condiz e, ao invés de falar, colocar para fora, acaba guardando para si. [...] E quando não consegue mais guardar nem meia palavra, você explode com o mesmo poder de uma bomba atômica!"

Pela primeira vez a verdade me surgiu. E, para comemorar, ela me deu um belo e sonoro tapa na cara. Qualquer dia ainda morro com essas neuras. Minhas fiéis companheiras de percalços.


"Minha vontade de morrer é inversamente proporcional ao merecimento que julgo ter dessa minha malfadada trajetória terrena." (Agamenon, 30/04/2001)


H (de Lua)

* Imagem retirada do blog: Menina Voadora

sábado, 10 de janeiro de 2009

Momento poesia VIII

Imagem retirada do blog: http://blog.ghizoni.art.br

Três meses antes de finalmente sair da pocilga que era a cidade onde morei (Leme), uma amiga que não via nem tinha notícia a tempos, me mandou uma carta (coisa raríssima hoje em dia!). Dentro do envelope, apenas um poema que transcreverei agora (e que gosto de ler em dias como o de hoje, de decepção):

Diante do espelho*

"Meu mundo
Minha alma vazia
Pensamentos...
Noite fria
Ausência
Minha mente se tortura
Morte, receio
Gritos, loucura
A ânsia
O silêncio
Vejo grades
Sinto meu espírito tão fraco
Preso nessa escuridão
Perdido meio ao vazio
E a uma imensa ilusão
Ninguém sabe de mim
Minha vida
Minha ira
Me resumo
Solidão."

* poema escrito por Andréia S. Farias, em fevereiro de 2002.

Decepção: sf. Malogro de uma esperança; desilusão, desengano.
Decepcionar: v.t. e p. Desiludir(-se), desapontar(-se).

(Informações retiradas do Dicionário Aurélio, de 1993.)


H (apesar de tudo, sobrevivendo)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

História com "H" - III


Elvis Aaron Presley (Elvis Presley): nasceu na cidade de East Tupelo (hoje, só Tupelo), no Mississippi, no dia 8 de janeiro de 1935. Na pequena cidade do interior dos EUA, ele aprendeu com a mãe e o pai a ser respeitoso generalizada e indiscriminadamente; independentemente de aspectos de qualquer ordem, quer étnicos, sexuais ou sócio-econômicos. Em 1945, Elvis participou num concurso de novos talentos na "Feira Mississippi-Alabama", onde conquistou o segundo lugar e o prémio de 5 dólares, mais ingressos para todas as diversões. Elvis, na ocasião, cantou Old Shep, canção que retrata o desespero de um menino pela perda de seu cão. No mesmo ano, o seu pai presenteou-o com um violão, que passou a ser a sua companhia constante, inclusive na escola. No período de 1948 até 1954, Elvis trabalhou em várias atividades. Foi lanterninha de cinema e motorista de caminhão. Nas horas vagas, cantava e tocava seu violão e, eventualmente, arriscava alguns acordes ao piano. Reza a lenda que apreciava cantar na penumbra e até em breu total. As suas influências musicais foram o pop da época, particularmente Dean Martin; o country; a música gospel; o R&B, capturado na histórica "Beale Street", em sua adolescência, na cidade de Memphis; além de seu apreço pela música erudita particularmente a ópera. Um de seus maiores ídolos era o tenor Mario Lanza e, naturalmente, cantores gospel como J. D. Sumner, seu preferido. No dia 5 de julho de 1954, considerado o "marco zero" do rock, Elvis ensaiava algumas canções no "Memphis Recording Service", filial da Sun Records, até que, em um momento de descontração, de forma improvisada, começou a cantar "That's All Right, Mama", provocando em Sam Phillips (dono da Sun Records) um grande entusiasmo. Surgia então o rock'n and roll. Em 1956, Elvis tornou-se uma sensação internacional. Com um som e estilo que, uníssonos, sintetizavam suas diversas influências, ameaçavam a sociedade conservadora e repressiva da época e desafiavam os preconceitos múltiplos daqueles idos, Elvis fundou uma nova era e estética em música e cultura populares, consideradas, hoje, "cults" e primordiais, mundialmente. Suas canções e álbuns transformam-se em enormes sucessos e alavancaram vendas recordes em todo o mundo. Elvis tornou-se o primeiro "mega star" da música popular, inclusive em termos de marketing. Neste mesmo ano, Elvis adquiriu a mansão Graceland, sua eterna morada. No período de 1956 até 1965, os seus filmes são um grande sucesso de público no mundo inteiro. Alguns críticos mais generosos, ainda que implacáveis acerca da qualidade duvidosa das películas, clamavam por melhores oportunidades e personagens para Elvis Presley que, entretanto, envolvido em uma ciranda mercadológica, não se dispunha a aprender o ofício e freqüentar Escolas de Artes Cênicas confiáveis, para aprimorar-se no ofício - a exemplo de Marlon Brando, e muitos outros. Em 1967, Elvis Presley finalmente casou-se com Priscilla Beaulieu, já residente em Graceland, Memphis, desde meados da década, o matrimônio foi realizado na cidade de Las Vegas. Nesta mesma cidade, no ano de 1969, Elvis retornou aos palcos, após 8 anos de afastamento voluntário do contato direto com o público. Apesar de estar mergulhado em problemas pessoais (seu casamento havia acabado em 1972) e de saúde, mas no auge como artista, em 14 de janeiro de 1973, Elvis Presley realizou o primeiro show via satélite do mundo, transmitido, ao vivo, para muitos países - inclusive o Brasil. A morte de Elvis Aaron Presley no dia de 16 de agosto de 1977, causada por colapso fulminante associado à disfunção cardíaca, surpreendeu o mundo, provocando comoção como poucas vezes fora vista em nossa cultura. Apesar disso, hoje em dia, Elvis Presley é dos artistas falecidos mais rentáveis. Admirado como o Rei do Rock and Roll e cultuado como um deus, muito a frente do seu tempo, ele sempre será “Elvis, the pelvis”.

Galileu Galilei: nasceu na cidade de Pisa, em 15 de fevereiro de 1564. Foi um físico, matemático, astrônomo e filósofo que teve um papel preponderante na chamada revolução científica. Galileu Galilei desenvolveu os primeiros estudos sistemáticos do movimento uniformemente acelerado e do movimento do pêndulo. Descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da inércia e o conceito de referencial inercial, idéias precursoras da mecânica de Sir. Isaac Newton. Galileu melhorou significativamente o telescópio refrator e foi o primeiro a utilizá-lo para fazer observações astronômicas. Com ele descobriu as manchas solares, as montanhas da Lua, as fases de Vênus, quatro dos satélites de Júpiter, os anéis de Saturno, as estrelas da Via Láctea. Estas descobertas contribuíram decisivamente na defesa do heliocentrismo. Contudo a principal contributo de Galileu foi para o método científico, pois a ciência assentava numa metodologia aristotélica. Desenvolveu ainda vários instrumentos como a balança hidrostática, um tipo de compasso geométrico que permitia medir ângulos e áreas, o termômetro de Galileu e o precursor do relógio de pêndulo. O método empírico, defendido por Galileu, constitui um corte com o método aristotélico mais abstrato utilizado nessa época, devido a este Galileu é considerado como o "pai da ciência moderna". Galileu era cristão fervoroso, mas tinha um temperamento conflituoso e viveu numa época atribulada na qual a Igreja Católica endurecia a sua vigilância sobre a doutrina para fazer frente às derrotas que sofria pela Reforma Protestante. O Papa (Urbano VIII, na época) sentiu que a aceitação do modelo heliocêntrico como ferramenta tinha sido ultrapassada e convocou Galileu a Roma para ser julgado, apesar de este se encontrar bastante doente. Após um julgamento longo e atribulado foi condenado a abjurar publicamente as suas idéias e a prisão por tempo indefinido. A prisão de Galileu tornou-se um falso exemplo mais citado da "luta entre fé e ciência". Seus livros foram incluídos no Index librorum prohibitorum (Índice dos livros proibidos), censurados e proibidos, mas foram publicados nos Países Baixos, onde o protestantismo tinha já substituído o catolicismo, o que havia tornado a região livre da censura do Santo Ofício. Galileu, inclusive, havia escolhido precisamente a Holanda para executar o experimento com o telescópio que anteriormente construíra. Reza a lenda que, ao sair do tribunal após sua condenação, disse uma frase célebre: "Eppur si muove!", ou seja, "contudo, ela se move", referindo-se à Terra. Morre em Florença, em 8 de janeiro de 1642, rodeado pela sua filha Maria Celeste e os seus discípulos, de forma piedosa e de fé exemplar. É enterrado na Basílica de Santa Croce em Florença, onde também se encontram Machiavelli e Michelangelo, o que prova que a primeira condenação não poderia ter sido a de culpa de heresia mas a de somente "heresia formal". No decorrer dos séculos a Igreja vai rever as suas posições no confronto com Galileu. Em 1992, mais de três séculos passados da sua condenação, é iniciada a revisão do seu processo que decide pela sua absolvição em 1999.



H (It's Rock'n'Roll guys)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Meus 4 dias na pele de um turista


Ainda no clima de 2008 (afinal, ainda tenho 3 dedos do pé esquerdo fincados no ano passado), contarei as minhas aventuras pela "cidade modelo" de Curitiba, 4 dias antes das doze badaladas mais esperadas do ano.

Lá vai: pela primeira vez desde me iniciei nesse submundo chamado "trabalho", consegui "férias" nesses dois últimos feriados. Logo, minha namorada veio com a idéia de irmos para Curitiba e Paranaguá nos dias intermediários. Aqui abrirei um (grande) parêntese: turista é foda. Não é preciso muito esforço para ver, de longe, quem se encaixa ou não nesse estereótipo de "estranho sorridente", tirando foto de tudo e de todos, fazendo perguntas sobre localização que deixariam até uma bússola sem rumo!

Não tenho nada contra esse tipo de pessoa. Procuro ajudar, sempre que posso (entenda, "quando tenho vontade"!)... mas que irrita, ah isso irrita. Algumas vezes, é preciso até fazer uso de mímica, sinais (que quase chegam a ser obsenos! rs), etc. Pois bem, nunca pensei (doce ilusão!) que estaria eu, tão cedo, na pele de um. Mas estive. E posso dizer o quão estranho é. As pessoas te olhando de cima a baixo, fazem careta, gesticulam impacientes, daí para pior.

Contudo, no final das contas, foi bom. Tiramos fotos de tudo que podíamos. Torrei toda a minha conta na viagem, mas me diverti bastante, mesmo com a testa e o pescoço queimados e meus pés vermelhos e com bolhas (nem sempre pode-se acreditar em cobradores de ônibus!)...
Para aqueles que me conhecem de Orkut, podem conferir algumas das (várias!) fotos que tirei nas duas cidades. Mas logo colocarei todas no Flickr e postarei o link por aqui.

Uma obs.: valeu Irenita pelo comentário. Continue acompanhando o blog que, ainda esse mês (assim eu espero! rs) eu escrevo sobre o Vento que, sim, tinha uma Sombra.. rs


H (Mais tarde eu volto...)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Compositores - Elmer Bernstein


Nascido na cidade de Nova York no dia 04 de abril de 1922, Elmer Bernstein resolveu dedicar-se à música aos 12 anos de idade. Estudou piano, e gradualmente transpareceu que ele tinha um talento nato para a improvisação. Logo atraiu a atenção de Aaron Copland, que fez com que o jovem estudasse com um de seus pupilos, Israel Sitowitz. Elmer começou a dar recitais ao final de sua adolescência, e aos 21 anos, prestou o Serviço Militar. De uniforme, sua habilidade ao piano lhe seria de pouca valia, mas em virtude de seu grande conhecimento da música americana, ele foi transferido para o Serviço de Rádio das Forças Armadas, onde tornou-se arranjador, e em breve, compositor de músicas incidentais para produções radiofônicas.

Quando deixou o Serviço Militar (1946), Elmer havia composto para uns 80 programas. Apesar desta impressionante produção, teve poucas oportunidades no ramo, e voltou a ser pianista de concertos. Entretanto, em 1949, sua experiência como compositor de rádio foi lembrada, e foi convidado pelo serviço de rádio das Nações Unidas para compor uma partitura para celebrar o armistício conseguido pela ONU em Israel. O programa foi transmitido pela NBC, e foi ouvido pelo estimado escritor/produtor Norman Corwin, que contratou Elmer para compor o score de um de seus dramas de rádio. Este, por sua vez, foi ouvido por um executivo da Columbia Pictures, que convidou-o a musicar 2 filmes, "Saturday's Hero" e "Boots Malone", ambos em 1951.

A longa carreira de Elmer Bernstein, como compositor de cinema, finalmente começara. Contudo, nos primeiros anos, seus trabalhos limitavam-se a filmes menores, até que uma grande produção surgiu em seu caminho – "Os Dez Mandamentos", o épico de 4 horas de Cecil B. DeMille. Victor Young, que compusera a maior parte das trilhas dos filmes anteriores de DeMille, havia falecido, e o produtor/diretor necessitava de alguém que criasse uma partitura no estilo que fora consagrado por Young. Elmer provou que era capaz de fazê-lo, e ao mesmo tempo criar um estilo nitidamente próprio. "O Homem do Braço de Ouro", considerada a primeira grande partitura a utilizar o jazz, valeu a Elmer sua primeira indicação ao Oscar. E seu estilo próprio ficou ainda mais evidente quando a trilha de "Sete Homens e um Destino" definiu o som dos Westerns (e logo ficou conhecido como o tema dos comerciais dos cigarros Marlboro).

Agraciado com vários prêmios por seu trabalho no cinema, TV, teatro e rádio, Bernstein possui 13 indicações ao Oscar, recebendo-o em 1967 pelo score de Positivamente Millie, de George Roy Hill.

Quando soube que Martin Scorsese estava refilmando "Cabo do medo", Bernstein telefonou para o diretor e pediu para adaptar a partitura original de Bernard Herrmann. "Bernard Herrmann foi um dos meus heróis", explica Elmer, "e achei que seria um privilégio adaptar um dos seus scores. Compus 6 minutos de música original, mas usamos na maior parte o trabalho original de Herrmann. Como a versão de Scorsese é bem diferente da original, tivemos de redistribuir as faixas."

Aliás, nenhum outro compositor demonstrou maior preocupação, ou foi mais ativo, para preservar grandes partituras do cinema, produzindo gravações com recursos próprios. Em 1972, Elmer expressou a sua preocupação pelas composições de cinema em um artigo para a revista High Fidelity, intitulado "O Que Aconteceu à Grande Música do Cinema?". E porque acreditava firmemente na necessidade de estabelecer melhores padrões para a apreciação da música de cinema, Elmer criou sua própria gravadora, a Film Music Collection. Neste selo, ele gravou, em muitos casos pela primeira vez, a música de Max Steiner, Franz Waxman, Alfred Newman, Miklos Rozsa, Jerry Fielding, Dimitri Tiomkin, Bernard Hermann, e Alex North.

Em 2001, Bernstein completou 50 anos de carreira no cinema, tendo no período criado mais de 200 trilhas sonoras - foi o único compositor a, até então, atingir tal marca. Faleceu no dia 18 de agosto de 2004, em sua residência na Califórnia, aos 82 anos. Sabia-se que ele estava doente há tempos, mas a causa da sua morte não foi revelada.

"A arte de realmente apoiar um filme dramaticamente, onde o compositor é praticamente uma extensão do roteiro - isso é muito raro hoje em dia, o que torna a morte de Bernstein ainda mais triste", disse à revista Times Marilyn Bergman, presidente da Associação Americana de Compositores, Autores e Editores.


Algumas de suas composições:

Os dez mandamentos (1955)
O homem do braço de ouro (1956)
Sete homens e um destino (1960)
O sol é para todos (1962)
Positivamente Millie (1967)
Bravura indômita (1969)
O último pistoleiro (1976)
Apertem os cintos... o piloto sumiu! (1980)
Trocando as bolas (1983)
Os caça-fantasmas (1984)
Meu pé esquerdo (1989)
Os imorais (1990)
A época da inocência (1993)


H (Venha você também para o Fantástico Mundo do H!!! rsrs)

sábado, 3 de janeiro de 2009

3 CDs e 1 bonus


Num primeiro momento, pensei em entitular esse post como mais um "Cabeceira do H", porém, estou preparando um post especial sobre meu autor favorito para breve. E o "Cabeceira do H" é uma série de dicas literárias, não musicais.

Também pensei em criar um novo "quadro" no meu blog, mas falar de música é tão raro para mim que dificilmente esse quadro renderia continuações. Logo, esse será um post qualquer, com os quatro CDs que mais ouvi em 2008 e, por conseguinte, servirá de dica (para quem gostar, claro!) sonora para esse início de ano. Vamos a elas:

1) TRAVIS - Ode to J. Smith: Eles bem que tentaram repetir os ótimos trabalhos anteriores. O CD não é tão ruim. Mas poderia ser melhor. Tenho que confessar que só comecei a ouvi-los para ter algo em comum com a minha namorada (na época que a gente ainda estava "enrolando".. rs). Acabei gostando muito do som deles: um som engraçado, debochado, mesmo quando o assunto era amor ou morte. Mas nesse novo CD, a banda parece ter amadurecido rápido demais, o que deixou as letras e a sonoridade um pouco monótonas. Claro que o CD não é uma perda total! Das 11 faixas, destaco "Quite Free", "Something Anything" e "Song to Self";

2) KINGS OF LEON - Only by the night: Desde o primeiro CD deles (Youth and young manhood) que eu não ouvia nada deles. E estava esperançoso por algo realmente bom. À altura do Kings of Leon que descobri assistindo o Rock in Rio Lisboa. Os solos são perfeitos e a voz de Caleb Followill se destaca bem em quase todas as faixas. Vale a atenção nas músicas: "Be Somebody", "Notion" e "Use Somebody";

3) KEANE - Perfect Symmetry: Dentre todos citados, de longe o que eu mais gostei e, logicamente, mais ouvi em 2008. Vale cada faixa. O rock alternativo da banda ficou ainda mais alternativo. Algumas faixas trazem uma mistura que chega até a música eletrônica. Mesmo indicando TODO o CD, destaco essas faixas: "Again & Again", "Better Than This", "Love is the End", "Spiralling", "The Lovers Are Losing" e "You Don't See Me".

Mas não fica só nisso! Não mesmo. Para minha sorte (e a de quem também é fã), lançaram a coletânea "Michael Jackson King of Pop: Brazilian Collection"! Apesar de não trazer nenhuma música inédita, os novos arranjos para "Wanna Be Startin' Somethin'" e "The Girl Is Mine" ficaram muito bons. E foi ótimo também ouvir novamente "Heal The World", "You Are Not Alone" e "The Way You Make Me Feel". Michael Jackson da melhor espécie!

Bom, é isso.. ano que vem, faço outra lista.. rsrs


H (Música boa para bons ouvidos)

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A esperança nossa de cada ano

É natural. Desde que o calendário ocidental foi instituido, é comum na virada dos anos as pessoas fazerem suas retrospectivas, análises, balanços, pesagem de prós e contras, de perdas e ganhos durante os últimos 365 dias.

Como eu disse, isso é comum. Ou melhor, se tornou comum. Algumas poucas pessoas (eu incluso!) tentam se manter reclusos a essa tendência, mas é (quase) inevitável. Tenho uma amiga que, nessa época não aceita e nem felicita ninguém com "Feliz Ano-Novo". Segundo ela, somos seres mortais que agem como deuses entediados; achamos que tudo na vida tem uma pausa, às vezes estratégica (como no Ano-Novo), para podermos analisar um curto espaço de tempo e tomar uma decisão: o que pode ser mudado?

Concordo com ela em partes. Realmente esquecemos que a "Virada do ano" nada mais é do que uma sequência. Não é o fim de um ciclo. É apenas a sua continuação. Afinal, as esperanças podem até se renovar, porém, muitas das suas atitudes e dos acontecimentos que permearem sua vida em 2009 serão reflexos de fatos que ocorreram em 2008, 2007, 2006...

Fazendo minha mini-análise, posso dizer que foi um ano bom: namorada, efetivação, tema de TCC, etc. Comum como todos os outros. Mas um ano bom.

Ah, por falar nessa amiga que, como eu disse não gosta de receber felicitações e nem de dá-las, me ligou às 2h do dia 1º: "E daí? Tá sendo um bom ano pra você?"; "Não acredito que você, Bequinha, tá me ligando às 2h da manhã pra me desejar Feliz Ano-Novo! Acho que já estou com medo desse ano!". Depois de alguns segundos de silêncio, ela responde "vai se foder!", dá uma risadinha e desliga o telefone na minha cara. Vai entender! rsrs


H (Feliz Ano-Novo p/ você também, Bequinha! rs)