Enquanto algumas estreias de nossa vida são facilmente identificadas, outras passam desapercebidas, encobertas pela avalanche de inícios que nos é apresentada.
Comigo não é diferente. E, se tem uma coisa que me deixa ainda mais saudosista nessa época de férias escolares é, justamente, correr atrás desses princípios que deixei passar.
Um, em particular, tem ocupado um bom tempo da minha atenção ultimamente: tentar lembrar o maior número possível de livros que li até chegar ao meu vício pela Agatha Christie e os demais romances policiais que a sucederam. Acreditem, não é fácil. Como eu disse para uma colega do trabalho recentemente, a pior parte de envelhecer não é a queda do cabelo, o acúmulo de gordura na região da cintura ou as manias inconcebíveis que são adquiridas, mas sim, o fato não poder mais confiar na própria memória.
Contudo, dez dias atrás, mais ou menos, tive uma ajudinha. Enquanto estava fazendo minha leitura de estante, mais do que compenetrado no meu trabalho (momento piada! rsrs), me deparei com uma das maiores pérolas que uma criança nascida na primeira metade da década de 1980 poderia ter lido. Instante flashback, please:
Quando se é criança, as pessoas acreditam que têm o direito de influenciar nas suas primeiras leituras, no seu gosto literário. Até mesmo as editoras, tidas como ausentes, criam uma série especial para os "baixinhos". Sim, eu estou falando da famosa série "Vagalume". E, sim, o livro em questão é "O Escaravelho do Diabo".
Escrito por Lúcia Machado de Almeida, a história toda gira em torno de uma cidadezinha (Vista Alegre) e seus casos misteriosos de assassinato. Cada vítima recebe um besouro e tem sua morte relacionada com o nome científico do tal animal. Ah, já falei que todos os afortunados são ruivos e sardentos?!
Voltei a relê-lo esses dias, para tentar relembrar o quê havia me atraído tanto na sua leitura quase duas décadas atrás. Achei incrível... incrível como crianças são tão suscetíveis e impressionáveis. Lembro que li uma versão ilustrada e, numa delas, via-se uma figura que assemelhava-se a uma sombra. Todos os meus amigos que já haviam lido-o, juravam que era a imagem da sombra do diabo! E, ingênuo como só eu era, acreditei sem questionar. Afinal, algum deles já tinha visto-o pessoalmente?!
Como somos (ou fomos) tolos, confiando em tudo sem pestanejar. Imaginando o mundo tão simples e divertido. Que saudade de ser assim...
H ("As mulheres são como as cidades, pensou ele. Perdem o encanto depois de decifradas...")
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