quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Se minha vida fosse perfeita...


... eu teria nascido num feriado. Assim, num futuro não muito distante, não precisaria me preocupar em matar aula ou passar pelo dissabor de trabalhar nessa data tão importante.

... eu seria filho único. Muito bem planejado, e não concebido numa noite de bebedeira, eu seria idolatrado pelos meus pais, tal como uma dádiva, um presente muito bem vindo.

... eu teria um nome comum e, ao mesmo tempo, representativo. Nada de junções, sopa de letrinhas ou inspirações nebulosas que não condizem com uma fácil assimilação. Meus pais, cheios de orgulho, encheriam a boca toda vez que o pronunciassem.

... eu seria o prodígio da turma. Porém, seria humilde, ajudando sempre aqueles que se mostrassem mais propensos a precisá-la.

... eu teria milhares de amigos, pessoas em quem poderia confiar sem vacilar um único instante. Fariam parte da minha família, assim como eu faria parte da deles. Fiel e sempre contente, seria tido por todos como um amigo para todas as horas.

... eu encontraria “a” pessoa no primeiro ano da faculdade. Seríamos análogos em vários gostos, pontos de vista e costumes. Namoraríamos durante a graduação e casaríamos logo ao fim dessa. Teríamos três filhos, um gato, um cachorro, uma casa grande num bairro aconchegante distante do centro. Juntos, formaríamos uma bela família, onde o amor, o respeito e a gratidão seriam seu tripé de sustentação.

... faria duas graduações (Psicologia e Cinema, Rádio e TV), além de alguns cursos na área de fotografia. Trabalharia com gosto, porém, sem me matar. Ganharia razoavelmente bem, ficando entre a média e o altamente agradável.

... eu teria uma velhice feliz. Sem vícios nocivos e/ou manias azucrinantes, apreciaria meus últimos anos ao lado da minha esposa, viajando por lugares que sempre tive a curiosidade de conhecer. Nada de lições de moral ou frases do tipo “na minha época”; seria um avô “pra frente”, com disposição de sobra para desfrutar os bons (e maus) momentos da infância dos meus netos.

... eu morreria de velhice, já no alto dos meus 78 anos. Consciente e grato pelo amor de minha família, feneceria numa cama de hospital, aos primeiros sinais do nascer do Sol, como se o brilho dos tempos vindouros fosse assim anunciado aos meus descendentes. Passaria pela vida sem arrependimentos ou mágoas, tristezas ou pendências.

... talvez, eu nunca teria nascido.


H (impossible)

Um comentário:

The Owl disse...

Se sua vida fosse perfeita, talvez vc acabasse se entediando...