domingo, 30 de novembro de 2008

Momento poesia V - J. G. de Araújo Jorge


J. G. de Araújo Jorge nasceu em 20 de maio de 1914, na Vila de Tarauacá, Estado do Acre. Passou sua infância no Acre, em Rio Branco, onde fez o curso primário no Grupo Escolar, 7 de Setembro. No Rio, realizou o curso secundário nos Colégios Anglo-Americano e Pedro II. Colaborou desde menino na imprensa estudantil. Com irrefreável vocação política, foi candidato a vários cargos públicos. Elegeu-se Deputado Federal em 1970 pela Guanabara, reelegendo-se já para o seu terceiro mandato em 1978. Ocupou a vice-liderança do MDB e a presidência da Comissão de Comunicação na Câmara dos Deputados. Foi conhecido como o Poeta do Povo e da Mocidade, pela sua mensagem social e política e por sua obra lírica, impregnada de romantismo moderno, mas às vezes, dramático. Foi um dos poetas mais lidos, e talvez por isto mesmo, o mais combatido do Brasil. Faleceu em 27 de Janeiro de 1987.

Segue uma das minhas favoritas dele (que reflete bem o momento):


Eterno Drama*

Por que esse desencontro tão constante?
Por que tão raro o amor completo, inteiro?
Sempre uma alma a se dar toda, exultante,
e um frio coração por companheiro.

Sempre um a querer mais, a cada instante,
o desejo a queimar como braseiro;
e o outro apenas seguindo, ao lado, e adiante,
quase como um estranho caminheiro.

Um, tranqüilo, confiante, satisfeito;
o outro, o ciúme a levar no coração
como um cão a rosnar dentro do peito;

eis, a toda hora, o drama que desponta:
- há sempre um que ama, escravo da paixão,
e o que se deixa amar... sem se dar conta.


* (Poema originalmente publicado no livro "O Poder da Flor", de 1969)


H (cansado de compreender)

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