domingo, 14 de junho de 2009

Auto-história: o primeiro touro italiano

As lendas são tão constantes no universo dos carros esportivos quanto a evolução de uma geração para outra. E uma dessas lendas diz respeito a dois dos mais importantes financiadores de sonhos da Itália: Ferruccio Lamborghini e Enzo Ferrari. Tudo começou quando o primeiro exigiu explicações do comendador sobre os problemas que sempre enfrentava com seus ferraris. Diante do pouco caso feito por Enzo, Ferruccio, herdeiro de uma grande fábrica de tratores, decidiu se vingar. Um dia, faria o comendador ficar de queixo caído diante dele.

Assim, o primeiro Lamborghini saiu do forno em 1964. Era bom e tinha um motor forte. Mas não passava disso. Mas Ferruccio tinha um ás na manga. A idéia era fabricar um "superesportivo de rua", com motor central como o Ford Gt40. A tarefa não era fácil. E, para realizá-la, Giampaolo Dallara, Bob Wallace e Paolo Stanzani foram os responsáveis contratados para o projeto.

No Salão de Turim de 1965, ele foi apresentado ao público. Mas era só o chassi nu, uma amontoado de ferro com bancos, volante e motor. Mesmo assim, Ferruccio começou a receber encomendas e mais encomendas de aristocratas loucos para descobrirem o projeto final.

E que projeto final?! Ninguém, nem mesmo Ferruccio, sabia como ele seria! Aqui brilhou a estrela do jovem projetista Marcello Gandini, de apenas 25 anos, que foi contrato junto a Nuccio Bertone, dono da Carrozzeria Bertone. Com pouco mais de 6 meses para a finalização do projeto, o quarteto formado por Gandini, Dallara, Wallace e Stanzani, trabalhou dia e noite para ajustar todos os detalhes. O desenho da carroceria foi inspirado no próprio Ford GT40, na Ferrari 250 LM e no recém lançado De Tomaso Vallelunga.

Na abertura do Salão de Genebra de 1966, lá estava ele, a mais bela criação da Automobili Lamborghini SpA. Chamava-se P400 (cilindrada de 4,0) Miura (raça de touros espanhóis). Alguns que estavam presentes juram que o próprio Enzo Ferrari ficou durante um bom tempo analisando as linhas da nova sensação italiana. O Miura era leve (980 kg) e baixo (1,05 m). O conjunto ótico trazia faróis retráteis jamais vistos até então. A grade dupla sobre o capô escondia a tampa do tanque de combustível e o radiador. Já na parte traseira, para auxiliar no arrefecimento do motor, foi colocada uma "persiana de vidro".

O sucesso do carro no salão foi tão grande que a Lamborghini aceitou 17 encomendas durante o evento e logo a produção estava em curso. Apesar disso, havia uma necessidade grande de melhorias em relação ao projeto original, de modo a transformar um carro de corridas em um carro de passeio que pudesse ser utilizado no dia a dia. Os principais problemas eram o calor e o barulho excessivos do motor que estava posicionado atrás dos passageiros. Como solução foi colocada uma janela traseira vertical com vidro duplo e a cobertura fixa sobre o motor foi substituída por uma em persiana que permitia a saída de calor do compartimento. A distância entre-eixos foi ampliada, afastando um pouco o motor dos assentos, e foi aplicado material para isolamento acústico; outras mudanças foram dutos extras de ar em volta do motor e novos radiadores frontais montados verticalmente.

No entanto, conforto não era um termo muito recorrente ao Miura. Devido ao pouco espaço e baixa altura, entrar no habitáculo não era tarefa fácil. Os bancos não tinha regulagem de distância. Fora isso, o calor e o ruído dentro do carro eram insuportáveis.

Ao todo, de 1966 a 1973, foram lançadas 3 gerações do Miura (p400, P400 S e P400 SV), com pouco mais de 750 unidades produzidas. Pois é, não foi um recorde de vendas. Mesmo assim, o Miura foi considerado não só um dos modelos mais importantes da Lamborghini, mas um dos mais importantes da indústria automobilística como um todo. Um dos carros mais belos já produzidos, o Miura com suas inovações mecânicas e de design influenciou diversos automóveis da sua época e até hoje é admirado pela beleza das suas linhas.

No cinema, dois fimes que me lembrei foram Um Golpe à Italiana (1969) que, apesar de consagrar os pequenos mini-coopers, traz um Miura logo no início e O Fusca Enamorado (1977), como um dos coadjuvantes que é logo ultrapassado pelo fusquinha Herbie.

Agora, para quem curte ronco, segue o vídeo do Auto Esporte:


Mais informações:
Best Cars Web Site


H (Quero um de aniversário!)

Nenhum comentário: