quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Uma aula de "história": Bastardos Inglórios



Poxa, que saudade desse quadro! Tentei puxar pela memória a última vez que havia feito uma análise sobre um filme que vi no cinema e, se não fosse pelo arquivo de posts aqui do lado, teria passado vergonha.

Meu tempo, recentemente, tem estado tão curto devido a outras prioridades que a rotina de assistir filmes tem permanecido, exclusivamente, reservada ao doce encanto do meu quarto. Porém, como não se pode comparar uma tela gigante com uma TV de 14’ (ainda terei minha LCD de 42’!) e, ultimamente, os lançamentos têm se mostrado bastante convidativos, resolvi abrir mão, nesta segunda-feira passada, do conforto do meu lar e fui assistir ao filme mais falado de Quentin Tarantino desde Pulp Fiction: Bastardos Inglórios.

É engraçado perceber a capacidade que alguns filmes (e, porque não, algumas companhias) têm de curar as piores moléstias que podem afrontar uma pessoa. No meu caso, era uma enxaqueca daquelas. Poderia muito bem ter ido para casa. Mas, como já havia vacilado uma vez com essa “Very Special Person” com a qual assisti esse filme, então resolvi agüentar mais um pouco. No final das contas, acabou sendo uma sábia decisão (é chegada a hora dos spoilers, people!).

Bastardos Inglórios (Ingloriuos Basterds), assim como deixei transparecer no título do post, é uma aula de história do professor Tarantino. Na verdade, uma anti-história, como num “wish-filme” didático. A trama, como muitos devem ter lido sobre, se desenrola a partir de um grupo especial de soldados judeus norte-americanos, que é destacado para espalhar o medo entre os alemães na França ocupada durante o final da Segunda Guerra. Apenas 8 indivíduos contra milhões de soldados do 3o Reich.

Apesar das incontáveis cenas de tiroteios e sangue espirrando, o que mais me chamou a atenção no filme foi a habilidade com que Tarantino conseguiu levar alguns dos (longos) diálogos. O bate-papo começa calmamente, percorrendo vários assuntos de maneira bem leve e superficial para culminar com uma revira volta quase sem precedentes. Christoph Waltz, no papel do coronel Hans Landa (prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes/09), conseguiu roubar a atenção voltada para o hollywoodiano Brad Pitt. Realmente uma das mais sagazes interpretações que já vi em filmes desse gênero.

Fora isso, o filme é uma comédia vingativa, contendo os mesmos artifícios dos outros filmes do diretor: a divisão por capítulos e a loira atrás de vingança (Kill Bill); o vilão que resiste até o fim da trama (Jackie Brown); a paixão que nunca dará certo (Pulp Fiction); além, é claro, da trilha sonora produzida sobre medida pelo próprio Tarantino (aqui, pode incluir todos os demais dele!). Juro que depois de assistir a esse filme, fiquei imaginando como seria bom vê-lo dirigindo um faroeste do tipo "Sete Homens e um Destino" ou "Por um Punhado de Doláres". Ficaria perfeito mesmo com Tarantino na direção e Ennio Morricone na composição incidental. Acho que vou mandar um email para ele com essa ideia. Quem sabe, não é?!

Para finalizar, uma coisa que não tinha me passado pela cabeça, porém a "Very Special Person" me alertou depois que saímos da sessão: na última frase do personagem do Brad Pitt, parece que Quentin Tarantino deixou transparecer um pouco do seu ego. Contudo, eu lhe perdoo! Não chega a ser a sua "obra-prima", Quentin.. mas você chegou bem perto!


H (excelente e hilário!)


* Imagem retirada daqui

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