segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Cabeceira do H - criando um adolescente


Nada como umas férias bastante proveitosas para faz aquilo que realmente queremos (wish!) e/ou temos vontade. Encontrar tempo para rever velhos amigos, manter antigos hábitos, adquirir novos.

Eu, como bom cinéfilo que sou, poderia muito bem ter agarrinhado bons e desejáveis títulos para a minha DVDteca. Porém, resolvi apenas intensificar a conclusão de uma série que me tomou (com muito prazer, vale dizer!) todo um semestre e que teve seu fim no penúltimo dia de 2009.

Contudo, quando percebo adentrar essa época tão inspiradora formada pelo trimestre dezembro-janeiro-fevereiro, gosto de dar asas a outro tipo de vício: a leitura. E, se for sobre cinema então! Daí é como unir a fome com a vontade de comer!

E foi exatamente isso que fiz nas últimas duas semanas. Entreguei-me de mente aberta a leitura de um livro que, apesar de previsível ao primeiro olhar, se mostrou bem mais interessante e instigante. Mas, como de praxe, vamos ao famoso momento flashback:

Há quem pense que, ao se tratar de um (futuro) bibliotecário como eu, qualquer presente, independente da data a ser comemorada, resume-se em um livro. Porém, esse ano, decidido a me tornar um bom “tio”, resolvi comprar presentes para todos os meus 12 sobrinhos. Decisão difícil, eu sei. Mas, no final, depois de muito andar, pechinchar, gastar e gastar, até me sobrou um pouco do dinheiro que havia economizado para isso. E, foi numa dessas andanças, mais precisamente numa livraria, que, juntamente com a Tamires, o Cadu e outros dois amiguinhos deles (ainda não sei como sobrevivi a esse dia!), descobri um livro que me conquistou logo pela capa, com o título em relevo e a imagem de um sofá (aparentemente) muito aconchegante. Depois de ler as orelhas e algumas críticas no verso, além de exclamar uma ou outra frase de efeito do tipo “crianças, parem de mexer aí”, “não, o tio não tem tanto dinheiro assim” e “sim, meninas, é o livro do crepúsculo”, resgatei-o de seu repouso e me dirigi ao caixa.

O Clube do Filme (The Film Club), é o mais recente livro do escritor e crítico de cinema David Gilmour. A história se desenrola a partir do momento que David, sentindo-se culpado por autorizar que seu filho Jesse largasse os estudos, resolve propor uma nova e, até então, inusitada forma de lhe ensinar os segredos e mistérios da vida: ambos teriam que assistir a três filmes por semana, todos escolhidos por David, e discuti-los.

Para preencher o vácuo entre as sessões, David relata como foi se transformar, aos poucos, de pai ausente em mestre e confidente de Jesse. Fazendo um apontamento aqui e ali sobre as descobertas e frustrações de um adolescente, David começa a se questionar se realmente fez a coisa certa ao iniciar esse clube do filme com o filho.

Desde Cidadão Kane (1941) até Sexy Beast (2002), passando por clássicos de Clint Eastwood, Woody Allen, Quentin Tarantino, entre outros, o autor faz algumas menções sobre aquilo que pode ser considerado relevante em cada película. Tudo isso colabora, não num sentido literal, mas influencia na decisão que Jesse toma na parte final do livro.

Posso acrescentar que eu adoraria ter um pai como David Gilmour. E digo isso não só pelo fato de poder ter alguém entendido para compartilhar meus saberes cinematográficos, mas também por poder contar sempre com alguém que realmente compreende as dificuldades e as sensações labirínticas características da adolescência.

Eu sei que pode parecer que eu detesto o meu velho. E, podem acreditar quando eu digo que já cheguei bem perto disso. Afinal, refletindo bem sobre o assunto, provavelmente a grande maioria dos meus traumas e infortúnios da infância e adolescência poderiam ser evitados se eu tivesse um nome bem mais simpático com o português.

Deixando isso de lado para um post mais apropriado, eu reitero aquilo que já disse: indico esse livro para quem, assim como eu, adoro saber mais sobre cinema e filmes clássicos. Para quem tem filhos, mas, principalmente, para quem já foi um adolescente problemático, esse também pode ser um ótimo (e, porque não, diferente) manual de manutenção e preservação de relações entre pais e filhos.


H ("...como nossos pais...")

2 comentários:

The Owl disse...

É, eu também adoraria ter um pai assim. Pena que o meu já teve todas as chances que merecia. Agora já era...rs

Anônimo disse...

Acho que encontrei masi alguns motivos para não tirar esse livro dam inha lista de "ainda vou ler".