sábado, 23 de janeiro de 2010

Uma escapatória para nossas frustrações - Amor Sem Escalas


É estranho como algumas coincidências acontecem em nossa vida. Como alguns fatos distintos quando analisados separadamente, parecem correlatos quando postos a um detalhamento sequencial, lado a lado.

Na última sexta-feira, fui "convocado" a ir ao cinema por uma pessoa com quem estou saindo atualmente. Entre as opções de títulos "pré-escolhidos" por ela e horários disponíveis pela Avenida Paulista, decidimos por uma comédia nem tão romântica assim que estava em cartaz no Reserva Cultural.

Mas, como o horário era um pouco mais tarde do que minha hora de saída do trampo, resolvi, bem a contra gosto, fazer um tempinho na biblioteca, alienando na internet. Quando já estava de saída, comecei a conversar com uma das minhas chefes. Comentei que iria ao cinema com uma pessoa e ela perguntou se eu achava que duraria. Quando eu disse que não, ela respondeu: "que jeito pessimista de pensar! Você precisa imaginar que vai dar certo". Minha réplica foi, modéstia à parte, clássica: "se pensarmos que não dará certo e acontecer o contrário, aí sim ficaremos surpresos.. bem surpresos!"

Guardem isso como um primeiro ponto, ok?

"Amor Sem Escalas" (Up in the air) é o mais novo filme do diretor e roteirista Jason Reitman ("Obrigado por Fumar" e "Juno"). A trama, muito original (e atual), conta a história de Ryan Bingham, funcionário número 1 de uma empresa terceirizada, contratada por outras quando estas precisam dispensar seus empregados. Tal relação trabalhista, oferece a Ryan coisas que qualquer um odiaria, mas ele as adora: estar sempre viajando, passar menos de 2 meses (por ano) em casa, colecionar milhas dessas viagens etc.

Desfrutar tal estilo de vida, impossibilita qualquer tentativa de relacionamento duradouro. E esse é justamente o mote principal do filme. No início, você imagina que o personagem de George Clooney é apenas um preconceituoso anti-social que gosta de se isolar do mundo porque isso, para ele, é perda de tempo. Porém, próximo do fim, o filme deixa claro a sua mensagem (com relação ao personagem principal): se por um lado algumas de nossas relações humanas nos trazem felicidade, nostalgia, segurança etc., outras são capazes de nos decepcionar e fazer sofrer, quase sempre quando mais dependemos delas.

Guardem isso como um segundo ponto.

Um filme um pouco chato, engraçado em alguns momentos, mas que vale a pena ser visto. Não só pelas soberbas interpretações e diálogos muito bem escritos, mas também por mostrar que o segundo ponto só me deixa ainda mais certo quanto ao primeiro (lembram?!).. rsrs


H ("quanto pesa a sua vida?")

Um comentário:

The Owl disse...

Comecei com o mesmo pessimismo e até hoje estou me surpreendendo. Espero que vc tenha a mesma sorte :)