segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Amizade em xeque: Distrito 9



São inúmeras as vezes em que a ficção acaba por ser usada para dar uma lição de moral na vida real. Algumas dessas lições, não raro, passam desapercebidas pela maioria e, como conseqüência, são confundidas com mensagem subliminares.

Já quando a lição é explícita, o problema pela não percepção cabe a nós, seres humanos. Ignorar o que nos é transmitido é um ato que vai da nossa consciência social. Quem se acha no direito de fechar os olhos para isso ou para aquilo, talvez tenha em mente que tudo a sua volta encontra-se perfeitamente bem para ser questionado.

Esse mesmo questionamento sobre o que se passa ao redor é um dos motes centrais do filme que vi na última sexta-feira, “Distrito 9”. Você alguma vez já se perguntou quais são os seus amigos de verdade? Quem irá lhe socorrer se algo fora do comum acontecer? Amor e amizade são sentimentos “blindados” que independem de fatos externos?

Essa enxurrada de perguntas passou várias vezes pela minha cabeça durante o filme. Afinal, com quem eu posso contar, sempre?! É difícil, muito difícil de responder tanto essa quanto as demais perguntas que transcrevi acima (olha os spoilers aí, gente!).

Distrito 9 (District 9) é um filme perturbador. Não só por tratar desses pontos que relacionei antes. Mas, principalmente, por abordar o tema do preconceito (logo farei um post específico sobre isso) de uma maneira um pouco diferente da habitual. Se tivesse feito um filme sobre segregação racial, lutas entre brancos e negros etc., Neill Blomkamp não teria sido levado a sério e/ou chamado tanta atenção quanto fez com seu filme sobre a amizade entre um humano (prestes a se tornar um “mestiço”) e um alienígena. Enquanto um corre atrás da cura para a mutação pela qual está passando, o outro busca a liberdade de seu povo, num desejo saudosista de dias melhores para seus semelhantes. O caminho de ambos acaba entrelaçado porque a vontade de um é a causa do outro. A amizade que surge a partir daí serve de aprendizado para aqueles que, assim como eu, acabam menosprezando o valor futuro que as relações presentes podem nos proporcionar.

É um filme que recomendo mais do que qualquer outro que já vi esse ano. Claro que os efeitos especiais, apesar de fantásticos, devem ser deixados de lado para se apreciar melhor as lições que ele traz. É o tipo de filme para se ver entre amigos (como eu fiz). A discussão que ele pode gerar, pode ser enriquecedora. Ou não. Dependerá, como eu disse no início do post, da maneira como cada espectador assimilou as informações transmitidas.

No meu caso, a discussão foi mais do que proveitosa. Aliada a um texto que li no blog da Rakky, me inspirou para um outro post que aparecerá por aqui em breve. Aguardem...


H (qual o valor da sua amizade?!)

2 comentários:

The Owl disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
The Owl disse...

Acho que todos possuem o direito de fechar os olhos para alguma coisa, pois muitos dos que questionam tudo acabam exercendo o questionamento pelo questionamento, "pregando" idéias que não possuem ações correspondentes a elas.

O questionamento que vc propõe, no entanto, é interessante.