quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Penalizado



Se tem uma coisa que não gosto de sentir pela outras pessoas é pena. Acho um sentimento degradante, humilhador demais para nutrir pelo próximo.

Hoje mesmo, dentro do busão que sempre pego para chegar ao reduto “vidro-concrético” da Paulista, uma moça passou mal. O motivo eu não sei ao certo, até porque, não sou do tipo que se interessa pela vida de um desconhecido. Mas voltando: o ônibus estava lotado (como sempre!) e quem estava ali perto fez o que pode para ajudá-la. Quem teve a sorte de se encontrar um pouco mais afastado do ocorrido, se achou logo no direito de fazer aquele semblante de “aí, que dó!” como se estivessem contemplando um espetáculo da companhia circense “Vila Anastácio / Paraíso” que não estava surtindo o efeito desejado.

Eu, com meus fones de ouvido e sentado quietinho no meu lugar, apenas lancei um olhar ao redor e continuei o meu vislumbre matinal da Avenida Angélica. Logo que a moça conseguiu juntar forças (e espantar uma dezena de pessoas cheias de repulsa), a loira que se encontrava do meu lado ficou me encarando como se eu fosse um vidro enorme de água oxigenada em promoção.

Ela não disse nada, mas eu sei no que ela estava pensando: por que eu não demonstrei estar penalizado pela moça em nenhum momento sequer?! Se ela tivesse me perguntado, eu responderia: porque, se eu não podia ajudá-la de alguma forma ativa, sentir pena não iria confortá-la de maneira alguma.

Talvez eu não gostei de sentir pena por alguém porque também não gosto que as pessoas sintam o mesmo por mim. Ser rotulado de “coitado” (ou, ainda pior, pelo seu diminutivo: “tadinho”) é mais do que perturbador... é uma falta de respeito.


H (e amor.. por pena?!)

Um comentário:

The Owl disse...

É, acho que concordo com vc. Ninguém gosta de passar por situações que inspirem pena. Caras de "ai que dó!" só servem para aumentar o constrangimento da pessoa.