“Apenas os audazes deveriam fazer filmes, porque apenas os que têm força moral podem falar às pessoas durante duas horas e na escuridão.” [F. C.]
Nascido como Francesco Rosario Capra, em 18 de maio de 1897, no vilarejo de Bisacquino, Itália, era o sexto filho de um casal de camponeses. No ano seguinte, seu irmão mais velho, Ben, já na casa dos 16 anos, sai da Itália em busca de novos desafios. A família Capra fica sem notícias suas até que, em abril de 1903, recebem uma carta de Ben, dizendo que estava em Los Angeles, Estados Unidos. O pai, Salvatore, resolve então partir com toda a família para a Califórnia.
Frank, com seis anos, passou a estudar e vender jornais na rua para ajudar na renda da família. Durante os estudos, Frank ainda trabalhou como bedel em sua escola, tocador de banjo em um bistrô e encartador no Los Angeles Times. Em 1918, formou-se em engenharia química. Mas não conseguiu emprego em sua profissão e, depois de vagar pelo estado em diversas ocupações, soube que o Ginásio Israelita do Golden Gate Park, em San Francisco, seria transformado em um estúdio cinematográfico. Ele começou como técnico de um pequeno laboratório, para depois tornar-se roteirista de comédias para os dois maiores produtores do gênero: Hal Roach e Mack Sennett.
Seu contato com os dois possibilitou que, anos depois, ele fosse contatado por Mack Sennett para trabalhar com um comediante que então despontava: Harry Langdon. Nessa época, Frank co-escreveu e dirigiu, entre outros, ‘’O Homem Forte’’ (1926), considerado o melhor filme de Langdon. Porém, logo foi despedido pelo comediante, temeroso que o talento do jovem cineasta ofuscasse o seu.
No final da década de 1920, Harry Cohn, um dos donos da então desconhecida Columbia Pictures, escolheu o nome de Capra em uma lista de diretores desempregados apenas por intuição, esse sendo considerado o ponto inicial da sua estupenda carreira. Seus primeiros anos na produtora foram marcados por impulsionar a carreira da atriz Barbara Stanwyck, e pelo início da associação com Robert Riskin, roteirista por trás de alguns dos maiores clássicos do cineasta.
Sua temática recorrente era uma combinação de comédia e drama; a exaltação ao homem comum, cujo bom caráter prevalece sobre a corrupção e as armadilhas do sistema. Essas fábulas populistas, confiantes na democracia dos Estados Unidos, eram particularmente eficientes para a sociedade americana dos anos 30 e 40, abalada pela Grande Depressão e pela guerra.
Após a Segunda Guerra, Capra fundou a Liberty Films, juntamente com os diretores William Wyler e George Stevens, e o produtor Samuel Briskin. Apesar de contar com dinheiro da poderosa (na época) MGM nos seus primeiros anos, a promissora produtora não durou muito: em 1950, depois de fracassos de bilheteria como “A Felicidade Não se Compra” e “Sua Esposa e o Mundo”, ela foi vendida para a Paramount.
Na década de 1950, já deixando a sétima arte um pouco de lado, Frank Capra também se dedicou a televisão, produzindo alguns programas científicos. Seu último filme (na verdade, uma refilmagem), “Dama por um dia”, foi lançado em 1961. Em 1971, publicou sua autobiografia (“The Name Above the Title’’) e, em 1982, recebeu do Instituto Americano de Cinema um de seus três prêmios pela carreira, cujos melhores filmes são “obras-primas de timing e organização’’, como descreveu o crítico Leslie Halliwell.
Alguns vêem Capra como um cineasta de filosofia simplista e otimismo ingênuo, mas criticá-lo por tais motivos é negar uma das próprias razões de ser do cinema (e de qualquer cinéfilo, diga-se de passagem). E quando se fala em divertimento (e por que não, esperança), ele tem poucos paralelos. Seus filmes permanecem entre os maiores entretenimentos da história da sétima arte.
Responsável pelo primeiro filme a ganhar os 5 principais prêmios do Oscar® (Filme, Diretor, Roteiro, Ator e Atriz), “Aconteceu Naquela Noite”, de 1934 (os outros dois foram “Um Estranho no Ninho”, de 1975, e “O Silêncio dos Inocentes”, de 1991), e vencedor de 3 prêmios como Melhor Diretor, Frank Capra faleceu em 3 de setembro de 1991, de ataque cardíaco enquanto dormia.
Alguns de seus filmes que eu recomendo:
* Aconteceu Naquela Noite (1934)
* O Galante Mr. Deeds (1936)
* Do Mundo Nada se Leva (1938)
* A Mulher Faz o Homem (1939)
* Adorável Vagabundo (1941)
* A Felicidade Não se Compra (1946)
H (“Um pressentimento é a criatividade tentando lhe dizer algo.” [F. C.])
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