segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dia da saudade



Hoje, dia de finados, longe de ser considerado uma comemoração, para mim é um dia de reflexão, de recordação, dedicado a todos aqueles com quem tive o privilégio da convivência, porém, que por uma fatalidade qualquer, deixaram de existir fisicamente para co-existirem em outro lugar, além de viverem em nossas lembranças.

A primeira vez que fui "convidado" pela D. Morte a sentir falta de alguém foi aos 9 anos. Alguns colegas da escola foram até a minha casa e disseram que um amigo com o qual, quase sempre, voltava para casa, havia morrido num acidente, justamente quando esse voltava da escola.

Eu não sei quanto a vocês, mas, nessa idade, não tinha a mínima noção do que a palavra "morte" significava. Meus pais, reparando que eu não demonstrava estar nem um pouco chocado, resolveram conversar comigo naquele dia sobre isso. Na segunda-feira (tudo aconteceu na sexta anterior), na primeira aula após o ocorrido, fomos todos a escola, porém, a professora resolveu discutir com os alunos o que havia acontecido. Pude perceber nos olhos da professora a emoção que lhe surgiu ao ler o nome desse amigo na lista de chamada.

Ao mudar de cidade, de 1995 a 2001, topei com a D. Morte mais 13 vezes, perdendo familiares (minha bisavó em 1995 e meu avô em 2001) e amigos (inclusive o Michel, em 2001).

Sei que, chamando-a assim de "D. Morte", pode parecer que a considero, que a respeito. Mas não chega a tanto. Apenas sei da sua existência e a julgo merecedora de certa formalidade, nada mais.

Meu avô me disse, certa vez, que o ato de sentimos saudades de alguém denota o quão importante aquela pessoa foi para a nossa formação. Em outras palavras, saudade é sinal da influência do outro em nós.

Por isso mesmo, dedico esse post a todos aqueles que passaram pela minha vida, deixando marcas através de ensinamentos, sorrisos e trejeitos, linguajares e, principalmente, sentimentos. Um dia, espero encontrá-los. Mas, hoje não. Ainda não.

"Por dentro do peito, aqui no lugar onde resguardo meu valente pulsante, sou como uma miscelânea humana, como um Frankenstein [...], sou grato a cada um de vocês porque, se sou o que sou hoje, é devido ao pedaço de cada um de vocês que carrego nesse mesmo peito." [M. F.]


H (It's complicated)

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