quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Momento poesia XII

Liberdade *
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer !
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não !

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

(Fernando Pessoa)

* Retirada do livro "Cancioneiro"

H (esperando pelo 100º)

Um comentário:

Juliana Almeida disse...

Quero liberdade!!
Sim, pois em pleno feriado de carnaval, estou eu aqui trabalhando mais de doze horas por dia...por um mizerê....

Vou morar nas montanhas!

=)