Não sou o tipo clássico de pessoa comunicativa que podemos encontrar em qualquer repartição e/ou escritório de telemarketing. Acho que isso deve ser um reflexo da pressão psicológica sofrida durante a minha infância problemática em questão ao fardo humilhante que meu pai se encarregou (brilhantemente!) de me conceder.
“Claro”, alguns dirão, “é fácil jogar a culpa em algo que já se encontra fora de alcance. Uma típica atitude de fracassado!”. Não negarei que é realmente isso que me vem em mente quando repasso trechos nebulosos da minha primeira idade. Era uma criança retraída pelo simples fato de não querer para mim uma atenção que acabaria minguando ao ter que explicar o “que diabo de nome é esse?!” para todos que me olhavam com aquela cara zombeteira, misto de deboche e asco.
Sei que não será nenhuma novidade o que escreverei agora, mas, preciso dizer mesmo assim: infância é uma época boa para acumularmos traumas que nos perseguirão pelo restante de nossas vidas. E aqueles que nos cercam e, obviamente, já passaram por essa fase, ao invés de nos ajudar numa transição menos caótica, parecerem sentir prazer ao nos transmitir ainda mais ódio e decepção.
Às vezes, ficava com uma vergonha enorme de corrigir uma professora substituta (parida numa esquina e criada num beco qualquer!) que insistia em transformar meu nome numa paroxítona. Isso quando esses projetos rabiscados de analfabetas conseguiam pronunciá-lo!
Mal conseguia fazer novas amizades, sempre imaginando que tal intento vindo da outra pessoa só poderia ser uma tentativa futura de escárnio mais elaborado. Entregue a esse circuito fechado, foi instintivo transferir toda a responsabilidade por tal entrave na pessoa que, imaginava eu, era a verdadeira culpada: meu velho. Ao fim de cada nova discussão sobre o assunto, me sentia mais e mais afundado num poço de areia movediça, sem solução para uma crise que eu mesmo criei.
Coadjuvante da minha própria vida, me cerquei por grades, tornando-me recluso num mundo que eu não queria, mas precisei inventar para me manter sóbrio, porém, fora da realidade que não quis enfrentar. Arrebentar tais grades torna-se quase impossível quando se está do lado errado. Isso porque, inconscientemente, acabamos por nos entregar àquilo que nos parece ser destino, porém, não passa de um combinado de desânimo e frustração.
Esse marasmo só é interrompido quando surge um “carcereiro”, enviado exclusivamente para abrir sua cela e lhe mostrar que o real pode ser justo, basta apenas aceitá-la (a justiça) de bom agrado, convidando-a ao nosso convívio.
Hoje, superado tal trauma e aprendido com tamanho erro alheio, tenho comigo a convicção que, se me for concedido o direito de copiá-lo, farei o máximo para não repeti-lo. Assim, uma fase de bonança será poupada. Fraturas serão evitadas. Uma relação será bem vivida.
H (a diferença que faz bem)
Um comentário:
Acho seu nome legal, mas imagino que na escola deve ter sido um inferno mesmo...
Isso me lembra que estou adiando há um tempão o post em que falo mal da minha famíia..rs
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