sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A hora de jogar a toalha - O Lutador


Ontem à noite, depois de me entregar (integralmente!) a minha labuta diária (Mentira!!! rs), resolvi assistir o filme “O Lutador”, aproveitando o fato dele ainda está sendo exibido aqui na Paulista, coisa que logo mudará, tenho certeza.

Tinha lido e ouvido muito sobre ele, desde críticas ferrenhas até elogios rasgados direcionados, principalmente, ao diretor Darren Aronofsky e ao ator Mickey Rourke. Porém, eu sabia que precisava bem mais do que a opinião alheia sobre isso ou aquilo. Precisava ver com meus próprios olhos para, dessa forma, criar minha ilusão de tudo que está relacionado ao filme. E foi bom tomar essa decisão. Um amigo meu, num ataque de insatisfação, disse que nunca se arrependeu tanto de pagar para ser ludibriado. Eu, claro, discordo. Acho que agora chegou o momento em que posso estragar a vontade de quem ainda pretende ver esse filme, então, quem não quiser continuar a leitura, não se preocupe, eu entenderei! rs

O Lutador” é um filme que remonta, no seu início, aos tempos áureos das lutas livres para, logo a seguir, mostrar a situação atual das mesmas. Claro que as lutas forjadas apenas para divertir o público estão no filme, mas nem tudo é só diversão. E é aí que entra o personagem de Mickey Rourke. Randy “O Carneiro” é o que podemos chamar de astro desse universo decadente. E ele adora isso. Mas um ataque do coração faz ele rever essa maneira de levar a vida. Daí para correr atrás da filha esquecida já é de praxe. E ele tenta, realmente tenta mudar. Desiste das lutas, consegue um novo emprego, se reconcilia com a filha e até engata um psedo-romance com a stripper Cassidy.

Porém, e aqui fica o ponto que mais me chamou a atenção durante o filme, um fato faz com que Randy “jogue a toalha” para essa vida regrada e volte ao mundo das lutas, mesmo com o risco de morrer. E que fato foi esse? A negação de Cassidy em assumir o romance dos dois? A revolta de Stephanie (sua filha) ao ser “esquecida” novamente por ele? Nenhum dos dois. Eu vou contar: Randy trabalha como atendente no balcão de frios de um mercado. Mesmo não levando muito jeito para o serviço, ele até se diverte com isso (como em suas antigas lutas). A única coisa que o incomoda é ver seu verdadeiro nome no crachá que usa. Contudo, assim, atrás daquele balcão, ninguém sabe quem ele foi, ninguém lhe pede para tirar fotos e dar autógrafos. Ele vê que pode ter uma nova vida, com um salário e um emprego razoável. Mas, tudo muda quando um cliente o reconhece.

Randy se vê derrotado. Não adianta escapar do passado. Não adianta mudar. Ele (o passado) estará sempre ali, ao redor. Nada nem ninguém podem fazê-lo mudar. Ele é um lutador e ponto final. Nem mesmo a aparição de Cassidy (que, na verdade, se chama Pam) segundos antes de sua derradeira luta, é capaz de fazê-lo desistir. O ringue é a sua vida e os gritos do público lhe dão ainda mais certeza de que aquele é o seu lugar. Mickey Rourke consegue dar ainda mais força ao personagem porque é muito parecido com sua própria trajetória de vida. Provavelmente ganhará o Oscar por isso.

Tenho que ser sincero: “O Lutador” é um filme horrível. Horrivelmente bom. Por outro lado, te faz pensar em muitas coisas. Fica muito aquém de “Réquiem para um sonho” (que é do mesmo diretor), mas consegue ser um filme bom. Uma pena mesmo vai para a trilha sonora, que conta com uma música excelente do Bruce Springsteen (The Wrestler), ganhadora do Globo de Ouro, porém, que nem foi indicada para o Oscar. E durante o filme, só é tocada nos créditos finais! Uma injustiça.

Esse filme me fez lembrar de algumas coisas da minha vida. Algumas burradas que fiz para tentar mudar, me adaptar a uma vida que eu gostaria de ter, mas sabia que não era minha. Ainda vou escrever um post sobre isso. Agora só quero pensar no domingo à noite.

H (a vida é um círculo vicioso)

2 comentários:

The Owl disse...

Urso me falou maravilhas sobre esse filme, mas ainda não me decidi a ir ver por um preconceito meu contra filmes de luta. Mas tb acho que nem preciso, pq o que ele ainda não havia me dito, vc colocou no post, então é quase como se eu já tivesse assistido..rs.

Juliana Almeida disse...

Ele parou de lutar por causa de um ataque do coração? Poxa, se ele era bom...deveria ser treinador então!
=P